Elizabeth, Kevin, eu e Anne estávamos sentados no mesmo sofá, isso mesmo, no mesmo! O sofá era para três pessoas por isso Kevin estava sentado no braço do sofá. A única parte boa era que eu estava ao lado de Anne, muito perto mesmo. Ela ainda estava enrolada naquela manta. Na nossa frente Carla e Marcos passavam sermão. Eles tinham chego há alguns minutos estavam procurando eu e Anne antes, mas meu pai tinha ligado avisando que nós dois tínhamos aparecido.

-Por favor, pelo menos me digam o porquê dessa confusão!

Carla perguntou, fuzilando nós quatro com os olhos. Elizabeth olhou para Joanne, captei o olhar dela e fiz um não com a cabeça, Anne ficou vermelha e olhou para baixo, Kevin olhou para a janela, fingindo estar distraído com a chuva que caia.

-Elizabeth Claire Wolky, o que aconteceu?

Marcos perguntou a encarando, todas as chances de nenhum de nos dizer nada acabaram naquele instante. Afinal ele estava usando o seu poder secreto de fazer qualquer um dizer a verdade, ela não tinha a menor chance contra ele. Eu sempre tive medo dessa capacidade de Marcos...

-Pai...

Beth falou com uma voz suplicante.

-Agora.

Ele permanecia impassível.

-Bem, é que a gente estava na escola... Daí a Camila começou a implicar com a Jô, odeio aquela garota, a Camila, ok?

-E?

-Bem, a Camila falou dos pais da Joanne.

Olhei para Anne, ela ainda olhava para o chão. Ele era um reflexo do rosto que eu vi na praia. Peguei a sua mão por debaixo da manta e a apertei. Queria que ela soubesse que não estava sozinha. Ela me lançou um olhar de agradecimento.

-Camila? Sério esse é o nome?

Carla ficou de repente bem interessada no nome de Camila. Não entendi exatamente por que.

-É, a ex namorada do Luke, Camila.

Elizabeth respondeu, ela também parecia confusa.

-Que, ele é ex namorado da Camila, filha da Samantha?

Carla perguntou e começou a rir, Marcos tentava sem sucesso não rir, até mesmo Eduarda estava segurando o riso, apenas meu pai não ria para falar a verdade ele parecia bem bravo e até um pouco sem graça. Acho que não preciso dizer que eu não estava entendendo nada, assim como Anne, Beth e Kevin.

-Ok, Luke, vamos para casa.

Ele falou assim que as risadas acabaram.

-E você, Joanne, tem que ficar de repouso se não quiser que isso vire uma pneumonia. Não se molhe, não fique em um lugar frio, de preferência fique em casa o fim de semana inteiro. Descanse e se não quiser desmaiar novamente, ok?

-Sim senhor.

Anne falou meia sem graça pelo sermão. Quando larguei sua mão tive uma sensação de perda. Gostaria de ter ficado com ela para sempre, sentir o calor que emanava do seu corpo e a luz de seu sorriso, gostaria de poder ficar para sempre contemplando aqueles olhos hipnotizantes...

Me levantei, e para minha surpresa ela fez o mesmo. Lancei-lhe um olhar interrogativo, mas ela apenas acenou com a cabeça em direção a porta. Dei tchau aos outros: Beth, os pais dela, Eduarda e Kevin. Meu pai também se despediu deles, quando saímos do apartamento Anne também saiu.

Meu pai olhou para mim e para Anne, deu um sorriso afável.

-Acho que te encontro em casa, tá Luke?

Falou e foi pegar o elevador. Assim que as portas do elevador fecharam Anne começou a falar.

-Lucas...

-O que? Sem apelidos?

Ela sorriu. Eu estava realmente surpreso, então finalmente o seu estoque de apelidos tinha acabado? Bem, mas o estrago já estava feito. Depois que Elizabeth espalhou na escola, todo mundo me chama de Skywalker, até o professor de química! É sério...

-Bem, hoje foi um dia estranho. Minha cabeça ainda está meio que girando, dai eu meio que esqueci...

-Anne, está tudo bem.

Comentei, ela parecia realmente mal por ter esquecido de me dar um apelido.

-Obrigado.

Ela falou sorrindo. Meu coração deu um pulo ao ver aquele sorriso, tão lindo...

-Pelo que?

-Por ter ido atrás de mim, mesmo eu não tendo feito nada de legal para você. Por ter ficado ao meu lado mesmo quando eu estava em um momento bem emo- ela sorriu meio sarcástica. - E obrigado por ser tão... Incrível!

Eu estava ouvindo isso mesmo? Acho que não, acho que eu tinha batido a cabeça, ou tinha dormido e estava sonhando. Mas se era isso eu não queria acordar, aquele sonho era tão lúcido que eu poderia viver nele para sempre.

-Não tanto quanto você.

Falei sorrindo de orelha a orelha. Vi as bochechas dela ficarem vermelhas.

-Tchau Maluke.

-Tchau Anne.

Ela entrou no apartamento e eu fiquei ali, parado no corredor, sorrindo como um bobo e lembrando aquele sorriso.

-Pai, do que eles estavam rindo? O que é que tem a mãe de Camila?

Perguntei ao meu pai, tinha chego em casa há poucos minutos. Meu pai se engasgou com a torrada que estava comendo. Ele tinha ganhado o resto do dia de folga por causa da tempestade. Não sei se eu já disse, mas meu pai é o chefe da traumatologia do hospital, ainda me lembro de quando eu caí de uma árvore (não me pergunte o que eu estava fazendo lá em cima) e acabei tirando meu braço do lugar, meu pai disse que só estava olhando, então clack e colocou meu braço no lugar. Foi horrível!

-Nada. Mas e o seu jeito e o de Joanne? Não me diga que você largou da Elizabeth para ficar com a Joanne!

-Pai, a Elizabeth não é minha namorada!

Meu Deus! Quando é que ele entenderia? Achei que ele tinha superado essa fase...

-E a Joanne?

Ele me perguntou levantando uma sobrancelha. Como ele tinha conseguido virar o jogo assim? Agora quem tinha se engasgado era eu.

-Ela não é minha namorada, ao menos ainda não.

As últimas palavras eu falei mais para mim mesmo.

-Ainda?

Meu pai pelo jeito também tinha ouvido a ultima parte...

-Pois é.

-Mas você gosta dela?

Era uma pergunta tão simples, eu poderia ter dito que sim. E não estaria mentindo. Mas não seria toda a verdade.

-Ela é louca, irritante, egoísta e maléfica!

-Mas você gosta dela?

Olhei no fundo dos olhos do meu pai.

-Não. Eu a amo.