O dia estava nublado, tínhamos acabado de chegar à escola, os pais de Elizabeth tinham nos trazido para a escola, como faziam toda sexta-feira. Eu estava nervoso e ansioso, a quinta parte do plano era a mais difícil. Uma pequena parte de mim queria desistir, era errado fazer isso com a garota. Mas a maior parte de meu ser ainda estava com muita raiva pelo que tinha acontecido com meu computador.

Para cumprir a ultima parte do plano eu precisava colocar a caixa com bombons no armário de Joanne. Desde a sexta série que eu conseguia abrir qualquer armário da escola, tinha conseguido uma “chave mestre”. Fui para o armário, qualquer um que visse imaginaria que eu estava no meu, afinal o dela era o do lado.

Cheguei lá e rapidamente abri a o armário dela. No lado de dentro da porta tinha uma foto, nela estava Joanne, ela estava mais nova na foto, a esquerda dela estava uma mulher, de uns trinta anos, ela era bem bronzeada, tinha cabelos negros da cor dos da Joanne, seus olhos eram cinzentos, a semelhança dela com Joanne me deixou surpreso; a direita de Joanne estava um homem de uns trinta anos também, ele tinha cabelos castanhos claros e a pele bem bronzeada também, seus olhos eram verdes escuros. Fiquei atordoado ao notar que aqueles deveriam ser os pais dela.

Por um instante hesitei em fazer aquilo com ela, não era certo.

-Luke vem rápido!

Elizabeth gritou, ela estava vindo correndo em minha direção.

-O que foi?

Beth não era o tipo de pessoa que gritava, se ela estava fazendo isso algo de importante devia estar acontecendo.

-O que você está fazendo?

Ela perguntou ao chegar mais perto, e notar que eu estava mexendo no armário de Joanne e não no meu. Fechei rapidamente o armário e fiquei envergonhado pelo que estava fazendo.

-Nada. Mas o que foi?

Elizabeth me lançou um olhar estranho, possivelmente ela estava decidindo se tentava arrancar a verdade sobre o que eu estava fazendo ou se o queria dizer era mais importante. Acho que ela escolheu a segunda opção, pois logo começou a falar.

-Rápido Luke, Joanne e Camila estão brigando de novo, mas dessa vez o negócio está sério.

Quando terminou de falar Elizabeth começou a correr de novo, só que dessa vez me levando junto pelo braço.

Quando chegamos ao pátio, notei novamente um bolinho de pessoas, no meio delas estavam Joanne e Camila.

-Deve ser por que a sua mãe não te ensinou a não roubar o namorado de outra pessoa. Ah, eu esqueci, sua mãe está MORTA!

Camila praticamente gritou a última palavra. Notei um espasmo de dor transformar o rosto de Joanne.

-Cale essa boca imunda antes de falar uma palavra sobre meus pais!

Joanne não gritou, mas com certeza elevou sua voz alguns decibéis.

-Por quê? Não quer que ninguém saiba nada sobre a morte de seus pais?

-EU JÁ MANDEI VOCÊ CALAR ESSA BOCA!

Joanne estava ficando descontrolada.

-Bem, eu sei por que você saiu daquela cidade depois que seus pais morreram

-Do que você está falando?

Joanne ficou confusa de repente. Confesso que eu também estava, afinal, o que Camila estava dizendo?

-Não deve ser legal viver em uma cidade onde todos sabem que você matou seus pais.

-VOCÊ ESTÁ LOUCA GAROTA?

Joanne parecia furiosa, mas quem não ficaria ao ouvir alguém dizer que você matou seus pais?

-Devo dizer que mandar seu namorado fazer isso foi um golpe bem inteligente. Muito frio calculista da sua parte.

-Como você sabe...?

Do que elas estavam falando? Eu estava totalmente por fora do assunto.

-Saíram matérias em jornais sobre a morte de seus pais, logo descobri o nome de Cristian e o que diziam as reportagens sobre ele.

Enquanto Camila falava Joanne ia ficando mais pálida, seus olhos se encheram de lágrimas.

-Você não sabe de nada! Nada!

Ela falou enquanto as lágrimas corriam pelo seu rosto. Depois saiu correndo, esbarrando em todos que estavam em seu caminho.

O rosto de Joanne ainda estava em minha mente, às lágrimas que corriam pelo seu rosto. Fiquei com raiva de Camila por ter feito Joanne ficar daquele jeito.

-Você está louca Camila?

-Como assim Luke?

-Por que você fez isso com ela?

-Eu não menti!

-Juro que eu só não te dou um tapa por que você é uma garota.

-Eu não tenho esse problema!

Elizabeth falou, ela estava ao meu lado e parecia tão irritada quanto eu. Ela deu um tapa em Camila de deixar a marca dos dedos no rosto da outra. Camila tentou devolver o tapa, mas eu segurei o braço dela antes que encostasse em Beth.

-Não tente encostar um dedo em Elizabeth, a não ser que queira que eu reconsidere o que disse antes.

Ameacei-a, isso era mentira, jamais teria batido em Camila, mas ela estava me irritando!

-Mas Lucas, eu fiz isso por você! Para ela parar de te perseguir.

Camila falou, nem dei ouvidos aquela maluca. Larguei seu braço.

-Desapareça da minha frente!

Ela notou que eu estava falando sério, se virou e saiu andando. Nesse momento notei que a multidão ainda estava reunida. Eu e Elizabeth estávamos no meio do círculo. Luciana, uma ruiva de olhos ambar, alta, quase da minha altura, e uma das melhores amigas de Joanne veio falar conosco. Ela parecia preocupada.

-Luke, para onde Jo foi?

-Eu não sei.

-Daqui a pouco ira começar uma tempestade, é melhor ela estar em um lugar fechado.

Nesse momento entendi a preocupação de Luciana, aqui na nossa cidade acontecem furacões às vezes, e desde ontem tinha saído o alarme de risco, quero dizer, existiam grandes chances de acontecer um hoje.

-Precisamos encontrá-la.

Falei com convicção.

-Eu posso ir até o prédio ver se ela não voltou para casa.

Elizabeth se ofereceu rapidamente. Pude ver no seu rosto que ela compartilhava nossa preocupação.

-Eu vou com você.

Falou Kevin, notei que todos os meus amigos estavam ali: Julio, Kevin, Luciana, Janaina, Elizabeth, Marina e Carlos.

-Claro.

Elizabeth falou, sorriu e ficou vermelha.

-Eu e Janaina podemos procurar aqui na escola.

Luciana disse.

-E eu posso ajudar.

Marina disse, por mais incrível que pareça ela não ia seguir Beth, milagre!

-Pode sim.

Janaina disse, e elas já foram procurar. Elizabeth e Kevin também saíram.

-Nós procuramos na cidade.

Falei para Julio e Carlos. Eles saíram e eu também, acho que tinha um lugar em mente.