Estávamos de ônibus, de volta ao acampamento. Seth dormia - e isso não é novidade - em um sono pesado. Rosalie estava rindo enquanto conversava com Nico - e isso fazia Mi e Thalia quase a matarem ali mesmo -, e eu estava conversando com Mi.

Eram assuntos genéricos, que iam desde iogurtes velhos à idosos e como nosso professor de matemática era um merda.

O trajeto foi calmo, e às vezes eu lia algo e Mi escutava uma música.

– O que você tá ouvindo? - perguntei.

– Adivinhe... - ela me respondeu, pausando a música. Me parecia difícil saber, mas eu logo entendi.

– Você ama esse cara, né? - indaguei, rindo. - Você é louca, prima!

– Como você não descobriu isso antes? - ela sorriu, erguendo - se até o banheiro.

Depois que ela voltou, eu acho que apaguei. Eu dormia pesadamente, e lembro-me das mil vezes que Mi tentou me acordar.

Até que eu acordei.

Passávamos por uma torre grega construída um pouco na frente, e passamos por um velho e escroto orfanato.

– Ah! - berrou Mi. - Rose, me ajuda! - ela me puxou e eu despertei.

– Que foi, mulher?

– Rose, me ajuda. Me tira daqui... por favor... - sussurrava ela, abraçada aos seus joelhos. Ela escondia algo... tenho certeza.

POV. Milena

Rose não acordava, apesar de minhas inúmeras tentativas.

– Rose! Acorda, prima! - a sacudi. Não obtive resposta. - Rose Granger Wesley, ACORDA, CARALHO!

Ela ainda não me respondeu.

Desisti e deitei minha cabeça novamente até conseguir relaxar. Pus meus fones e me desliguei do mundo em que eu estava.

Bufei e comecei a cantar junto com a música que tocava no celular.

They love you when you are all the covers,

When you're not, so, they love another.

There's a lots of pretty, pretty ones,

Wanna get you high,

But all the pretty, pretty ones,

Will leave you low, and blow your mind.

De repente, eu vi aquele orfanato. Muitas lembranças ao meu redor. Pânico. Medo. Talvez correr não fosse a resposta exata, mas eu precisava esquecer.

– ROSE! - berrei. Comecei a sussurrar coisas sem sentido e pedidos de ajuda. Tudo o que eu queria era esquecer.

Embora correr do passado não era esquecer, era apenas fugir e não encarar o seu medo.

E era isso o que eu estava fazendo.