A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 50
Storm


Notas iniciais do capítulo

Oe, pessoinhas!
Eu, pessoalmente, acho que o capítulo ficou meio fraco. Talvez eu esteja ficando sem criatividade, então desculpem qualquer coisa :P
E TENTEM NÃO ME MATAR NO FINAL (de novo, pra variar). Bibia, calma. Beatrice Granger, respira. Bella, Minu, Betadizi, Serena, o cara TÁ VIVO.
Boa leitura!



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HERMIONE

Passaram-se segundos, antes de tudo acontecer ao mesmo tempo.

Vi alguém imobilizar o Comensal que lançara a adaga, um cerco de aurores se fechar ainda mais ao redor dos rendidos, e Darel tropeçar ao lado de Rony e cair no chão, trêmulo.

Era como o pesadelo de dias atrás... Rony apunhalado á noite...

Sem me importar com a onda de gritos e com os caídos em meu caminho, disparei em direção á eles, sentindo meu coração querer escapar pela garganta, e meu poder, já enfraquecido, querendo deixar meu corpo.

A luta com Helen e minha breve descida ao umbral haviam aumentado o poder dos elementos, mas enfraquecido meu corpo físico. Eu mal conseguia me manter de pé, mesmo com o quinto elemento que me encobria.

Mas não pensei nisso, quando vi meu amigo ofegar sofregamente no colo de Luna , estremecendo quando Rony retirou a adaga de seu peito.

Também estremeci ao ver o estado do ferimento.

– Está sangrando muito... – ciciou Luna, com os olhos arregalados.

Darel gorgolejou baixinho, com os olhos apertados.

Alienei-me do que ocorria ao redor. Estava determinada a ajuda-lo... não iria ver meu amigo morrer, como vários outros provavelmente já haviam morrido até aquele momento.

Ergui minha mão em direção á ferida.

Para meu espanto, porém, Darel reabriu os olhos e agarrou meu pulso, impedindo-me de pousar a mão em seu peito.

– Darel! – arfei, estática.

Ele me encarou. Mesmo com a expressão banhada de dor e fraqueza, seus olhos vítreos pareciam me sondar de modo sério e decidido.

– Não pode fazer isso... – ele bufou baixo, contraindo o rosto – não sabe... o que pode acontecer com você...

– Dane-se... – estava tão abalada que mal consegui dar peso zangado á voz – antes eu do que você... você tem uma família pra cuidar... e eu...

O desespero ameaçava me engolfar. Bem no fundo, onde a lógica ainda se debatia dentro de mim, sabia que Darel tinha razão. Usar novamente o quinto elemento ia me extrair ainda mais das poucas forças físicas que me restavam.

Mas aquilo não importava. Nunca mais ia ver nenhum dos meus amigos morrendo por causa de minhas fraquezas.

Olhei para Rony, ignorando os novos grupos de aurores que adentravam no tribunal arrebanhando os mortos e feridos.

Ele parecia completamente apavorado. Via a aflição devorando seu rosto, e a indecisão terrível em seus olhos.

Ver, em seu olhar, ele tentar decidir o que doeria mais – minha morte ou a de Darel – pareceu retorcer meu coração.

Ele fechou os olhos, tremendo quando Darel enrijeceu ao seu lado.

– Faça – ele voltou a me olhar, parecendo derrotado.

Sabia que me perder seria o pior para Rony. Mas ele também usara o bom senso. Um pai de família não podia ser sacrificado por minha causa. E muito menos um amigo tão querido.

Minhas mãos tremiam quando finalmente pousei-as no tórax ensanguentado de Darel.

– Hermione... – ele gemeu, balançando a cabeça.

– Se acalme, Darel... – senti minha garganta se fechar – vai ficar tudo bem.

Forcei-me á ignorar as emoções dentro de mim, focando-me no que estava fazendo. Senti, em meus dedos, a vibração tênue do coração de Darel, enfraquecido pelo sangramento.

Da ultima vez, o sangue de náiade me ajudara. Eu não sabia o quanto do quinto elemento seria necessário para cura-lo, agora que o precioso líquido não estava ali.

Concentrei-me, sentindo as bordas do ferimento começando a se fechar. A adaga não perfurara o coração, então era apenas uma questão de estancar o corte.

A respiração de Darel foi ficando mais suave, conforme eu curava a ferida.

– Está funcionando – Neville parecia aliviado.

Ele estava certo. A vibração de Darel estava voltando ao normal, embora não tão vigorosa quanto antes.

Senti meu corpo dar um solavanco, como se tivessem me espancado dentro do peito. Uma falta de ar se apossou de meus pulmões, quase me fazendo engasgar.

Finalmente, meu corpo estava cobrando o preço do uso abusivo dos elementos.

Tentei disfarçar minha fraqueza assim que retirei as mãos de Darel, terminando a cura.

Nosso amigo estava inconsciente, mas, por fim, estava fora de perigo.

– Ele está bem? – perguntou Luna.

– Vai ficar. Só precisa... descansar – arquejei levemente, tentando ignorar a sensação de fraqueza.

Neville ajudou Luna a guincha-lo, acenando para um dos aurores mais próximos.

Enquanto eles retiravam Darel do tribunal, seguindo o fluxo de pessoas que se retiravam, percebi que alguns de nossos amigos já não estavam por perto. Onde estavam Harry e Dino? E Oliviene?

Rony se ergueu, com a expressão indecifrável, enquanto nossos amigos e o auror sumiam de vista, carregando Darel.

– Onde está... Oliviene? – balancei a cabeça, encobrindo minha expressão cansada.

– Foi buscar Kingsley – Rony falou – já devia ter voltado.

Outro solavanco me fez estremecer. Uma sensação horrível de secura invadia minha boca. Minha cabeça parecia latejar, enfraquecida.

Não querendo preocupar Rony, forcei meu corpo a reagir normalmente, enquanto nos dirigíamos para a saída.

– Devia voltar ao normal – ele murmurou, segurando suavemente meu braço.

Eu imaginava que estar na forma Wicca era o único motivo pelo qual ainda estava de pé. Enquanto houvesse motivos para me preocupar, queria ter certeza que estava disponível para ajudar os feridos.

E, por mais que soubesse o que isso causaria á Rony – ver-me ameaçada e definhando pela minha própria vulnerabilidade – ele sabia, tão bem quanto eu, que era o certo a fazer, assim como vira com Darel.

– Tenho que ter certeza... que tudo acabou mesmo – falei, decidida.

Ele suspirou, parecendo ler o quanto eu estava abatida.

Continuei andando. Por que, se continuasse a ver a dor e a preocupação nos olhos de Rony, não sabia se conseguiria me manter inteira para quem precisasse de mim.

___________________________O_______________________

Quando finalmente fui visitar os feridos e mortos que ainda não haviam ido para o St. Mungus, alocados no tribunal ao lado, percebi que nem todos os Wiccas do mundo poderiam ter ajudado, no fim das contas.

Passei mais de dez minutos sem acreditar na quantidade de bruxos e bruxas que haviam entrado na batalha após o ataque, aparatados de diversos lugares, chamados por parentes e amigos, e que, agora, não podiam receber um único agradecimento – nem agora, nem nunca.

A lista de mortos ainda me assombrava, enquanto recebia a dispensa de ajuda de vários feridos, que se recusaram á receberem os cuidados do quinto elemento – a maior parte, amigos meus, que sabiam o que isso causaria á mim.

Não conseguia tirar da cabeça o corpo carbonizado de um dos amigos aurores de Rony, ou do rosto - tão sereno na morte – de uma secretária do Ministério que chegara na última hora, tentando ajudar os colegas.

Mas realmente ameacei desmoronar quando vimos o corpo encolhido de Parvati, cuja roupa ainda tinha uma enorme mancha rubra na parte da frente.

O comentário dela, horas atrás, parecia tão horrivelmente irônico agora...

Minha pobre amiga. Padma ficaria destruída quando soubesse.

Tentando tirar da mente os corpos sem vida que havia visto, segurei Joseph, antes de me retirar.

– Onde estão os rendidos?

– A maior parte já foi removida para os calabouços subterrâneos do Ministério, com escolta máxima. Vamos aguardar a chegada de Kingsley para transferi-los – ele falou mais baixo – o corpo do saguão... – ele estremeceu – também já foi removido.

Não quis lembrar o que havia ocorrido no saguão de entrada. Continuei.

– Faça com que todos os mortos sejam anotados. Vamos informar o Ministro – acrescentei, cautelosa – e fiquem de olho. Não sei se há mais Comensais por aqui.

Ele assentiu, fazendo sinal para um dos aurores mais próximo.

Deixamos o tribunal, indo em direção ao gabinete do Ministro, para procurar Oliviene. Ainda não fora ordenada uma busca em todas as dependências do Ministério, então poderia haver mais feridos – ou até mesmo Comensais escondidos.

Tentava encobrir a exaustão física e mental que me dilacerava, mas Rony parecia perceber o quanto eu estava definhando. Tinha no rosto uma expressão feroz, como se estivesse decidido, á todo custo, de me impedir, caso tentasse salvar mais alguém.

Senti sua mão segurar delicadamente meus dedos.

– Hermione... tem que descansar – ele murmurou, como uma súplica – posso procurar Oliviene e Kingsley sozinho...

Olhei para Rony, sentindo outra pontada no peito – que nada tinha a ver com meu esgotamento – quando percebi as feridas que Helen causara em seu rosto, que eu ainda não tivera tempo de curar.

Seus olhos estavam agitados, ainda sofrendo por tudo que tínhamos passado naqueles meses caóticos. E, no fundo, percebi a gratidão dele, pelo fato da família estar longe o suficiente para não ver o mar de desespero e angústia que nos afogava.

Contra todas as sanidades, ele permanecera, até agora, ao meu lado. Fizera por mim sacrifícios que nem ele mesmo devia se dar conta.

E eu sabia que nunca poderia agradecer o suficiente por ter aquele garoto fantástico em minha vida.

Não importava mais o quanto eu sofresse por pequenos deslizes. Nem que o certo seria Rony ficar longe de mim, para seu próprio bem.

Eu seria egoísta o suficiente para entender que nunca mais conseguiríamos nos separar. Ali, entre nós, havia uma ligação que ascendia ás meras convenções mortais. Não precisava ser explicada. Apenas sentida...

E vivida.

E eu o amava de formas e maneiras que também nunca compreenderia.

Não suportava vê-lo sofrer por minha causa. Mas agora sabia que esse sofrimento seria maior se eu não estivesse em sua vida.

Tentei sorrir, ignorando o novo solavanco dentro de mim.

– Obrigada, Rony.

Ele franziu o cenho.

– Por quê?

Balancei a cabeça, retribuindo o aperto em sua mão.

– Por tudo.

Ele piscou para mim, e, no fundo, percebi que tinha entendido.

Enquanto nos aproximávamos do gabinete, comecei a temer um desmaio ali mesmo. Meu corpo estava num estado quase tão deplorável quanto na vez em que Belatriz Lestrange me torturara, somado ás dores cruciantes de um corpo vampirizado.

Eu ainda queria ter certeza que não era mais necessária, antes de finalmente voltar á forma normal.

Bufei, irritada. Podia aguentar mais um pouco...

Antes que virássemos o corredor seguinte, porém, ouvimos um arquejo, vindo mais á frente.

Aproximei-me, tateando a parede de tijolos negros e chegando mais perto da origem do som.

E quando a vi, senti o pouco ar que me restava escapar por completo.

– OLIVIENE!

Rony se aproximou, parecendo horrorizado.

Oliviene estava caída, encostada na parede. Tinha o rosto e as mãos empapados de sangue, e chiava baixinho, sem conseguir respirar. Um corte, do tamanho de uma espada, se estendia de seu pescoço até a perna esquerda.

Ajoelhei-me diante dela, segurando seu rosto e forçando-a a me olhar.

– O que aconteceu, Oliviene? – Rony guinchou, chocado.

Ela estremecia, engasgando.

– Tem... um Comensal... Kingsley... ainda está... preso... lá dentro...

Havia sangrado muito. Ainda mais do que Darel.

Mesmo se eu fizesse alguma coisa... não sabia se iria sobreviver.

Olhei, desesperada, para Rony.

Ele me encarou com o mesmo desespero. Sabia que ele lia, dentro de mim, que aquilo provavelmente pioraria meu estado.

Vi Oliviene se forçar a me encarar.

– Tudo bem... Hermione... – um filete de sangue escorreu próximo ao seu ombro, me deixando ainda mais agoniada.

Baixei o olhar para minhas mãos.

As dúvidas me devoravam. E se eu não conseguisse salva-la? E se eu acabasse morrendo em seu lugar?

Suspirei, finalmente decidindo.

Eu devia ter morrido momentos atrás, no confronto com Helen. Eu simplesmente poderia apenas ter adiado aquilo. E se, de repente, fora para isso que eu sobrevivera? Um último ato bom como Wicca, antes de tudo terminar?

Não ia deixar meu medo bobo de voltar a morrer me impedir. Oliviene era minha amiga. Fizera por mim coisas que mais ninguém teria feito. E se eu tivesse condições de salva-la, era isso que eu faria. Ela merecia viver, tanto quanto qualquer outra pessoa.

Rony agarrou meu pulso quando toquei o corte de Oliviene.

– Hermione... – ouvi-o choramingar.

Não quis ver a dor em seu rosto. Mantive meus olhos em Oliviene.

Rony tinha que entender... não podia deixa-la morrer só por medo de que eu mesma acabasse morrendo.

– Tenho que fazer isso, Rony.

Rony me soltou, mas o soluço que ele deu não me passou despercebido.

Oliviene fez uma fraca tentativa de balançar a cabeça, mas não dei atenção. Voltei a canalizar o quinto elemento, irradiando-o por minhas mãos.

Enquanto o corte se fechava, senti a falta de ar se acentuar cada vez mais. Uma palpitação em meu peito surgiu, como uma tentativa desesperada de meu coração para manter meu corpo funcionando.

Oliviene piscou, estremecendo quando o quinto elemento se irrigou para dentro de seu corpo, curando as feridas internas. Com a ligação temporária que o elemento estabelecia entre mim e ela, percebi, em seu olhar desesperado, que Oliviene sentia meu enfraquecimento.

– Pare, Hermione... – ouvia ciciar, aflita.

Mantive o foco na cura, quase sem conseguir respirar.

O quinto elemento fechou a ferida, mas desapareceu de repente, sem terminar de curar Oliviene.

E foi naquele momento que senti um ultimo solavanco em meu coração, antes de tudo escurecer.


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Notas finais do capítulo

O_____O bom, é isso, até o próximo capítulo... rsrsrs
(Ei, pelo menos o maori gostosão tá vivo).
Beijinhos e, ahn, até o próximo... #fui
P.S. Eu pulei uma postagem. O capítulo seguinte é o ultimo da lista do índice da fic (capítulo 51 - Renovation), então vão precisar ler o último capítulo e voltar depois para continuar lendo o capítulo Translation. Desculpem, gentes. :(



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