A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 49
Freed and Captives


Notas iniciais do capítulo

Oe, pessoas!! *u*
Novo capítulo para vocês!



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RONY

Ficamos de tocaia do lado de fora do Tribunal que o Comensal batedor informara, aguardando a equipe de ataque agir.

Senti-me aflito por ver Harry no grupo. Parecia-me tão injusto que ele corresse mais risco do que eu, quando poderia estar ajudando-os...

Mas Hermione me fizera prometer, em troca de ficar fora do confronto, que eu ficasse também fora de perigo. E estava determinado a impedi-la de tentar lutar.

– Eu odeio aquela garota convencida – ouvi Darel bufar.

– Também a odeio - brinquei, lhe dando uma piscadela, com meu olho recém-curado.

Pisquei, admirando a nitidez com que conseguia enxergar agora. Hermione não só havia curado o golpe que Helen causara em mim; havia aperfeiçoado minha visão de um modo quase fascinante.

Fiquei imaginando, pasmo, qual poderia ser a capacidade superlativa do poder de Hermione. Talvez fosse tão forte que pudesse curar uma doença, ou – como acontecera comigo – salvar pessoas á beira da morte.

Mas eu sabia que isso teria um preço. E eu não estava disposto a ver Hermione paga-lo só para testarmos minha teoria.

Conhecendo-a como eu conhecia, iria tentar ajudar os feridos e moribundos que talvez resultassem daquela nova batalha, desgastando sua própria vitalidade. Por isso fora taxativo em decidir afasta-la da zona de luta.

Havia, momentos antes, sentido a dor de sua partida. Sentido a agonia e a destruição dentro de mim, achando que nunca mais a teria ao meu lado.

E eu sabia muito bem que, após o confronto com Helen, se Hermione se arriscasse, sua morte não seria igualmente temporária. Enfraquecida como estava, após a manifestação de poder que conjurara sobre mim, estava tão vulnerável quando uma bruxa comum.

Não. Decididamente não era algo que eu pudesse deixar acontecer.

Nunca mais queria sentir aquele abismo dentro de mim.

Um som alto e vários gritos me despertaram de meu transe aflito.

Olhei para o outro lado do corredor, onde estava a entrada do tribunal, e só pude vislumbrar a equipe de intervenção dando espaço para a equipe de ataque adentrar.

– Merda! – guinchei, correndo com Darel para a dianteira.

Foi uma questão de tempo para uma zoada de feitiços e pessoas correndo se iniciasse.

Entre a dianteira de ataque, eu e os demais do grupo de defesa adentramos, procurando ansiosamente pelos reféns.

– Onde está o cavalo da Morte?? – ouvi um dos bruxos inimigos gritar.

Finalmente, localizei os rostos assustados dos reféns, ao fundo do tribunal.

Todos estavam ajuntados em grupos de dez, dentro de enormes gaiolas feitas de terra e fogo incandescente, cujas chamas quase atingiam suas vítimas encarceradas. Mesmo após a morte de Helen, os elementos utilizados na confecção pareciam estar firmes e inexoráveis, completamente invulneráveis á feitiços.

– Temos que tira-los destas gaiolas – Neville falou, os olhos saltados ao avaliar os combates entre linha de ataque e Comensais ao nosso redor.

Bombarda Maxima! – gritei, gesticulando com a varinha, fazendo uma tentativa sôfrega de abrir a gaiola.

Houve um estrondo e o som do impacto, mas, quando a poeira baixou, a gaiola mais próxima ainda estava intacta.

– Não adianta, Weasley. Só um Wicca pode destruí-la.

Entre as pessoas acocoradas dentro das grades, reconheci o rosto cansado de Narcisa Malfoy.

– O que?

– Ouvi-os conversando – ela tentou superar o som dos gritos que ecoavam ao longo do tribunal, estremecendo quando um jato de luz verde quase atingiu a gaiola vizinha, que os demais do meu grupo protegiam – Helen nos soltaria e nos mataria depois que acabassem com vocês.

– Bom, ela não conseguiu – balancei a cabeça, exasperado – droga. Neville, vá chamar Hermione.

Neville assentiu, segurando o braço de Luna e lhe dando um beijo na testa.

– Já volto – ele prometeu, entrando no meio dos duelistas e desaparecendo de vista.

Com a varinha em punho, virei-me de costas para a gaiola.

– Draco – Narcisa balbuciou, aflita – ele está bem?

– Mãe?

Afastei-me, dando passagem para Draco, que veio correndo em nossa direção.

– Draco, querido! – Narcisa exclamou, colocando a mão entre as grades faiscantes pra segurar a do filho.

Draco não conseguia esconder o alívio.

– Calma, mãe. Vamos tirar você daí – ele me encarou, tão agoniado, que sua expressão irritada só conseguiu me causar pena – onde está sua noiva, Weasley? Temos que arrebentar essa droga de prisão!

– Neville foi chama-la – respondi, ainda olhando para prováveis Comensais que tentassem nos tirar de perto dos reféns.

Porém, os Comensais pareciam quase certos de que não éramos ameaça para liberta-los, já que não se deram o trabalho de nos dar atenção até então. Ou achavam que Helen ainda estava viva, ou que Hermione estava morta. E eu não estava a fim de provar o contrário para eles.

Ouvi mais estrondos no centro do tribunal.

Estava tenso e aflito demais para focar em quem duelava, quem caía ou quem vencia.

Um rosnado ao meu lado despertou minha atenção. Virei o rosto, identificando o lobo cinza de focinho arreganhado, em posição de ataque.

– Eles sabem que não vamos conseguir – falei para Darel, que apenas abaixou as orelhas.

Não tinha coragem de prestar atenção no que acontecia á minha frente. Fiquei o tempo todo olhando para a saída, conformado - mas desesperado -, aguardando Hermione entrar. Percebi, curioso, que havia mais de nós do que podia contar. Talvez houvessem chamado mais reforços para nosso lado enquanto planejávamos o ataque.

Uma mão tocou meu ombro. Olhei para trás, suspirando de alívio quando vi Oliviene entre as grades da gaiola mais próxima.

– Rony! Está vivo! – ela apertou meu braço, sorrindo.

– Que bom que está ilesa – olhei de esguelha para nossa amiga abalada, ainda focando na entrada do tribunal.

– Nem tivemos chance. Helen Granger – ela murmurou, indignada – e nunca teríamos adivinhado.

– Não foi culpa de vocês – suspirei, me arrepiando com mais gritos adiante. Há tempos, havia perdido Harry de vista – onde está Kingsley?

– Helen o nocauteou e o e deixou-o preso no gabinete. Deve estar desacordado ainda – Oliviene tentou se aproximar, longe o bastante para as barras da gaiola não a chamuscassem – tiraram nossas varinhas. Estão todos desarmados. Qual é o plano de vocês?

– Libertar os reféns... proteger crianças e idosos até que possam fugir para fora do Ministério. Que, quiser lutar, poderá ficar – mordi o lábio – mas sem varinhas...

Não havíamos pensado nisso. Desarmados, os reféns teriam que ser escoltados o tempo todo, enquanto a batalha não terminasse. De repente, o melhor seria mantê-los ali, em segurança, até que tudo acabasse.

A surpresa desagradável das gaiolas elementares já havia minado nosso plano original. Eu não podia sugerir algum desvio agora... poderia causar ainda mais baixas do nosso lado.

Draco deu um ganido estranho quando sentiu o ar ao nosso redor se rarefazer ligeiramente.

A vibração foi de onde estávamos até as portas do tribunal, fazendo o chão reboar e os duelistas pararem de lutar, espantados.

Em vez de encarar os leves vislumbres de pessoas caídas ao meu redor, no chão manchado de sangue, foquei minha visão no vulto que adentrou no tribunal, encarando cada um ali com uma fúria decidida no rosto.

Estava mais que na cara que Hermione não viera ali só para abrir as gaiolas.

Talvez por conhecê-la muito bem, podia ver que estava ligeiramente mais abatida e fraca.

Mas para os demais, tudo que se via era uma Wicca completamente incólume e ameaçadora.

E, para os Comensais, a péssima notícia de que estavam condenados.

Neguei-me a voltar a atenção para o chão, que já estava coalhado de corpos de feridos e mortos, impossíveis de se identificar por hora.

Apenas baixei a cabeça por instinto, olhando os Comensais se afastarem, como presas acuadas, encarando Hermione.

Enquanto se adiantava diante dos bruxos inimigos, Hermione gesticulou levemente em nossa direção.

Um movimento tão gracioso e sutil, que produziu espanto, quando todas as gaiolas se desfazerem como pó ao redor dos reféns, que se ergueram e olharam entre si, surpresos.

Oliviene se adiantou até meu lado, cochichando.

– Vou atrás de Kingsley. Não podemos deixar nenhum deles escapar.

– Vá – cochichei de volta, enquanto ela passava por trás dos bruxos do grupo de ataque mais próximos e saía sorrateiramente do tribunal.

Ao lado de Hermione, Neville estava arrepiado e cabisbaixo, como um camundongo ao lado de uma leoa.

Agora que parara para perceber, havia rostos muito familiares na massa de Comensais arrebanhados no canto do tribunal. Como os poucos restantes da resistência de Voldemort, só podiam ser aqueles que ainda eram, até então, protegidos por suas identidades.

E que haviam acabado de cair por terra.

Não acreditei quando vi, entre os rostos inimigos, um dos garçons de Madame Rosmerta, dois alunos da Corvinal que haviam estudado junto conosco, uma garota da Lufa-Lufa do ano de Gina, e vários ex-colegas e funcionários do Ministério, que reconhecia de fisionomia, que trabalhavam com meu pai.

Todos, acima de qualquer suspeita. E vários deles diziam simpatizar com Hermione, desde a matéria do Profeta Diário.

Hermione pareceu perceber o mesmo que eu, pois não parecia mais tão furiosa e imutável. Com um suspiro baixo, mas que pode ser ouvido em todo o tribunal, ela se interpôs entre nós e os Comensais restantes.

– Mais uma vez, depositaram a fé de vocês na pessoa errada – senti um arrepio quando a voz dela ecoou – o Cavalo da Morte está morto. E vocês podem fugir do mesmo destino – Hermione ergueu a cabeça imperiosamente – não importa por que estão aqui hoje, nem os motivos que os trouxeram até aqui, pois poderão ser julgados depois. Agora, podem decidir se render e continuar vivos. Ou recorrerem á pior opção. A escolha é de vocês.

Balancei a cabeça, agoniado.

Se Hermione tivesse que dar cabo de alguém ali... aquilo a deixaria ainda mais fraca. E irremediavelmente curada em sentido emocional.

– Não vai nos matar, Wicca?

Todos encararam, perplexos, a garota corvina se aproximar de Hermione. O desafio em sua expressão era desbotado pelo medo.

– Acho que não, Heloísa – vi a garota enrijecer quando Hermione lembrou seu nome – como eu disse, será a escolha de vocês que decidirá quem realmente são, e não quem vocês foram. Se decidirem pela vida e pelo arrependimento, não há o que temer.

Senti um nó na garganta quando vi, nas palavras de Hermione, uma sombra do que Dumbledore nos dissera há tantos anos.

Mesmo com todos os motivos para sucumbir á justiça que poderia ser considerada merecida, Hermione via oportunidades de redenção em alguns ali. Nem todos eram como Helen ou Rodrick, que nunca poderiam obter o perdão de ninguém.

E ali, diante da fênix negra que deslumbrava a quase todos, vi o simples fato. Hermione nascera para ser Wicca.

Ninguém mais poderia usar de tanta clemência e sabedoria para ocupar aquela posição régia.

Heloísa baixou os olhos, parecendo lembrar que, anos atrás, havia ficado vampirizada e lutara ao lado da Wicca diante dela.

Eu não sabia por que Heloisa estava ali. Mas vi, sem eu rosto, que não estava disposta a pagar pelo que Helen a mandara fazer.

Com um gesto suave, ela jogou sua varinha aos pés de Hermione.

Assim como ocorrera na Batalha de Beauxbatons, achei que haveria algum, entre eles, que iria desafiar Hermione.

Mas o único movimento que pôde ser visto, em seguida, foi o de várias varinhas caindo, em sequencia á de Heloísa, e braços se erguendo no ar, em gesto de rendição.

VI alguns sinceramente dispostos a se render. Já outros não me convenceram.

E alguns deles, naturalmente, ainda assim pagariam pelo que haviam feito. Pois eu sabia, muito bem, que alguns dos corpos perto de nós haviam tido seu sangue derramado por aquelas mesmas pessoas.

Hermione gesticulou com a cabeça para que o grupo de intervenção imobilizasse os rendidos.

Suspirei, ficando levemente mais tranquilo, embora a perspectiva de identificar os caídos de nosso lado ainda me aterrorizasse.

Vi Narcisa se desvencilhar dos reféns atrás de mim para abraçar Draco. Enquanto isso, lancei um olhar aliviado para Hermione, que o retribuiu, assentindo.

Parecia que finalmente havia acabado. Contra todas as probabilidades, os Comensais sobreviventes estavam se rendendo. E Helen Granger, o mal que havia incitado aquilo tudo, nunca mais voltaria a ameaçar á nenhum de nós.

E tudo graças a Hermione, como não poderia ter deixado de ser.

Talvez minha decisão de afasta-la tivesse sido errada. Se Hermione tivesse intervindo antes, os feridos e mortos poderiam não ter sido vitimados.

Mas todos haviam concordado. E, por mais que me doesse, sabia que todos estavam cientes do que poderia acontecer.

Relaxei o corpo, assistindo os Comensais sendo presos pelos meus colegas aurores. Fiz menção de me aproximar para ajudar, mas Hermione balançou a cabeça, pedindo que eu permanecesse ali com os reféns.

Foi por um infeliz acaso do destino que desviei o rosto para encarar, abalado, um dos mortos mais próximos de mim.

Pois poderia ter evitado o que aconteceu á seguir.

Antes que Hermione sequer percebesse o movimento, um braço se destacou da massa de Comensais cercados, lançando algo prateado em nossa direção.

Senti Hermione conjurar o ar para desviar o projétil, mas foi tarde demais.

Quando finalmente me dei conta, senti um solavanco ao meu lado.

E assisti, horrorizado, Darel cambalear e cair, com uma adaga afiada fincada no peito.


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Notas finais do capítulo

O___O
Comentários? (desvia dos avadas).
Beijinhos e, ahn, até o próximo capítulo.
P.S. Chorei sim, tá? :( rsrs



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