A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 35
Meetings - Part 1


Notas iniciais do capítulo

Eae, povo!
desculpe a demora para postar. Mamãe aqui ficou doente no fim de semana, e o bagulho no Spirit desandou feio kkkk
Boa leitura!



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HERMIONE

– Hermione! Rony!

Resmunguei, sonolenta, levantando a cabeça em reação ao grito, vindo do andar de baixo.

Rony – sacudi-o.

– Hum?

– Acho que sua mãe está nos chamando – bocejei,

Rony se ergueu lentamente, passando a mão pelos cabelos e piscando preguiçosamente.

– O que essa mulher quer ás oito da manhã?

Ri baixinho, afagando os cabelos bagunçados de Rony. Ele sorriu em resposta, se levantando da cama.

Eu havia passado a noite anterior remoendo tudo que acontecera. Tentando colocar minha cabeça – e meu coração – em ordem.

Ainda doía me lembrar que, apenas alguns dias atrás, tudo parecia estar se dirigindo á um futuro feliz e, do nada, o sonho se desmantelou, virando pesadelo.

A saudade de Becky me fazia lacrimejar em vários momentos, onde eu me via olhando pelos cantos, imaginando minha elfa escondida, pronta para dar seus costumeiros sustinhos em mim.

Não acreditava que ela realmente se fora.

Mas Rony, como sempre, tinha razão.

Eu não podia perder a cabeça ou deixar de viver minha vida, ainda mais agora. Becky nunca me perdoaria por ficar tão apática e enlutada daquele jeito.

Descemos para o andar de baixo após nos trocarmos.

Rony me olhava de uma forma curiosa, parecendo reprimir um sorriso.

Corei levemente ao pensar que talvez fosse pelo castigo que eu lhe dera no dia anterior.

Oh, céus. Agora eu estava me sentindo quase culpada.

– O que foi, mamãe? – Rony exclamou, entrando comigo na cozinha.

– Vocês têm visita – Molly sorriu para nós, erguendo um dedo antes que eu abrisse a boca – ah, não. Depois do café, meninos.

Encarei Rony, que parecia tão curioso quanto eu. Sentamos á mesa com os demais Weasleys, olhando de esguelha ao nosso redor, como se esperássemos a tal visita aparecer de supetão no cômodo.

Mas quando eu já havia devorado todas as panquecas do meu prato, percebi que talvez a visita que a Sra. Weasley dissera nem iria entrar na casa.

– Está com uma cara boa hoje, Hermione – Jorge comentou inesperadamente, sorrindo para mim.

Baixei o olhar, surpresa.

– Obrigada, Jorge.

– Acho que ela tomou a dose do melhor remédio do mundo ontem – Gui brincou, dando uma piscadela para Rony,

Senti minhas bochechas esquentarem.

O moleque nem fazia idéia.

– Cala a boca – Rony disse simplesmente, se levantando da mesa e fazendo a mãe e Jorge rirem.

Sorri. Fiquei feliz de ver que Jorge finalmente estava saindo de seu casulo e interagindo com a família outra vez.

Ao mesmo tempo, isso me lembrou de como Luna estava aprendendo, aos poucos, á lidar com a perda do pai.

Neville havia partido com Luna no dia anterior para a casa da avó, onde ficariam até que ela tivesse um lugar próprio para morar – ou, no caso, para morarem; Neville tinha pedido Luna em casamento antes da morte de Xenofílio.

Minha pobre amiga. De todas as pessoas, era a última de merecia estar sofrendo aquilo.

– E então? – Rony revirou os olhos para a mãe, me despertando do meu devaneio.

– Está lá fora, perto do riacho – Molly respondeu, sorrindo de modo conspiratório.

Franzi o cenho. O que ela estava tramando?

– Ah, anda logo, Rony – puxei-o, cortando a expressão apalermada de meu noivo.

Ouvi Rony resmungar atrás de mim, enquanto virávamos em direção á porta.

– Tem vezes que eu odeio essa mulher.

Até eu não segurei uma risada de concordância quando Gui berrou da cozinha, antes que saíssemos.

– Se você odiar ela assim mais um pouco, vai deixar a menina grávida!

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– Eu te odeio.

– Aham.

– Não ouviu? Disse que te odeio.

– Isso é pra concordar com seu irmão? – mordi o lábio, rindo, encarando Rony.

Até fiquei com pena quando suas orelhas avermelharam.

– Ah... sabe como é. Assunto delicado...

– Acha considerar a hipótese de ser pai um assunto delicado?

Rony franziu a testa para mim.

– Sim... – vi, espantada, Rony abraçar o próprio corpo, com uma expressão perdida – sabe... depois do que... aconteceu... fico pensando se eu seria a pessoa certa para criar uma criança. Mal consigo cuidar da minha futura esposa.

Arfei, segurando o pulso dele e fazendo-o parar.

– Como pode duvidar disso? – abracei-o, penalizada – você vai ser um ótimo pai, Rony. Qualquer criança adoraria ter um pai como você.

Rony suspirou.

– Queria acreditar de verdade nisso...

– Não, pare – bufei – por favor. Não comece a se menosprezar. Escolhi você por alguns motivos, Ronald Weasley – olhei-o, séria – e um deles é ter escolhido o melhor futuro pai para meus filhos.

Rony arregalou os olhos para mim, parecendo agradavelmente espantado.

– Pensou em tudo mesmo? – ele falou, com um leve toque de humor na voz.

– Sim – ri, beijando a ponta de seu nariz – pensei em tudo mesmo, Sr. Weasley.

Rony segurou minha mão, parecendo mais animado, enquanto nos dirigíamos ao riacho.

Quando nos aproximamos, porém, senti meus joelhos travarem. E a causa disso era provavelmente a figura que inundou a minha visão quando olhei para as águas do pequeno rio.

Rony parecia ter paralisado da mesma forma ao meu lado, boquiaberto.

– Calíope?? – ouvi-o guinchar.

Calíope... a líder das náiades da Floresta do Deão.... a minha dimon.

Só podia ser ela.

Aproximei-me alguns passos, chocada, encarando a igualmente espantada criatura diante de mim.

Era a minha fisionomia exata. Podia até dizer que estava olhando para um espelho. Mas o meu suposto reflexo tinha cabelos da cor da madeira e olhos amarelos inquietos. E eu nunca, em mil anos, teria coragem de vestir uma roupa translúcida tão fina.

“Ah... é você.”

Estremeci quando ouvi a voz etérea e surpresa em minha cabeça.

Rony riu, me olhando divertidamente. Parecia não estranhar a voz em sua mente.

Por dentro de meu espanto admirado, lembrei da desagradável realidade de que estava diante da mesma ninfa sem-vergonha que beijara Rony no estágio dos aurores.

– O que está fazendo aqui? – perguntou Rony.

– È... o que está fazendo aqui? – acrescentei, estreitando os olhos.

Calíope me encarou, parecendo desconfortável. Quase me arrependi de minha atitude defensiva.

Ei, eu disse quase.

“Quis ver minha humana”, ela pareceu sem graça. Debateu-se levemente na água, baixando o olhar. “Espero não estar incomodando”.

Rony piscou para mim, parecendo aguardar minha reação.

– Hum... – revirei os olhos – não, não está. Então... você é a líder das náiades?

“Sim...”, sua voz ficou humorada de repente, enquanto os lábios rubros se contorciam num sorriso. “E você? È a líder das Wiccas?”

– Talvez sim – dei de ombros.

Ela pareceu ler os pensamentos que pairavam entre mim e Rony. Aparentou dar uma engasgada envergonhada.

“Sinto muito. Deve estar me encarando como uma dissimulada, não é?”, Calíope murmurou em minha cabeça. “Seu parceiro salvou minha vida. Eu quis retribuir á altura... mas temo que não devia ter feito isto também. Ainda mais sem sua permissão”

“Mas nem com a minha permissão!”, quase deixei escapar em minha mente.

Porém, não conseguia ficar zangada com a ninfa. Por mais que tivesse motivos – ou a ausência deles – não conseguia me imaginar censurando-a por aquilo.

– Você fez o que achou melhor – suspirei.

“Então não me odeia por isso?”.

– Eu ainda estou aqui, sabiam? – brincou Rony, fazendo nós duas erguermos o olhar, e, surpreendentemente, também nos fazendo rir.

“Desculpe-me”, a náiade riu, voltando á olhar para mim. “Ela é realmente incrível...”. Vi-a franzir as sobrancelhas, pensativa. “Será que posso...?”

Ela ergueu a mão pálida para fora da água, na direção da minha.

Confusa, levantei a minha mão até que estivesse ao nível de Calíope. A ninfa se aproximou, segurando minha mão entre as dela.

– O que... – Rony murmurou.

“Só vou poder prever uma única vez. Então preste atenção. E me perdoe se não compreender o significado.”

Arfei.

Sim... as náiades tinham o dom da profecia.

Encarei Rony, boquiaberta. Ele parecia tão abismado quanto eu estava.

Senti Calíope estremecer. Ao mesmo tempo, um formigamento engraçado tomou conta de minha mão.

“Ah...”

Calíope ofegou.

“Há uma conspiração. Alguém em sua confiança irá lhe trair. O inimigo terá oportunidade de se redimir. O sangue da família será derramado. A criança amaldiçoada escolherá a luz ou as trevas. A Morte acompanha o Mal que a cerca. Sua alma será quebrantada. A Fênix será queimada.”

Tremi quando Calíope soltou minha mão, piscando atordoada diante de nós.

Rony agarrou meu braço, os olhos saltando arrebatados.

– Céus... – arfei, tampando a boca.

Calíope me olhou, tensa.

“Não sei o que significa. Desculpe-me.”

– Tudo bem – choraminguei, aflita – obrigada de qualquer forma.

Calíope se virou para Rony.

“Posso tentar prever para você também.”

Rony, para minha surpresa, balançou a cabeça, angustiado.

– Todo o destino que me interessa é o de Hermione. O meu não importa.

Em meio á minha aflição diante de uma nova e assustadora profecia, senti a ternura jorrar dentro de mim.

Como se nossos destinos estivessem separados... eram um único fio. Se o cortassem, o meu também deixaria de existir.

Ouvi um burburinho curioso na água, que foi seguido do surgimento de uma figurinha pequena ao lado de Calíope.

Quando vi a garotinha náiade,.senti minhas pernas já moles bambearem.

– Rony... – eu disse, atordoada – ela é... é...

– Sim. É uma pena que Neville não esteja aqui para nos ajudar a desvendar isso.

Calíope não partilhava de nossa conversa. Estava ocupada dando uma bronca enorme na pequena ninfa.

“Nina, volte para o rio central! Falei para esperar com Megara!”

“Mas mamãe... a Megara pediu pra eu te chamar.”, Nina fungou. “Disse que é urgente.”

Calíope nos encarou, parecendo sem graça, enquanto a filha mergulhava dentro da água e sumia de vista.

“Desculpem... vou ter que partir”.

– OK... obrigado pela visita... e, ahn... – abracei meu corpo, desanimada – pelo aviso.

“Era o mínimo que eu podia fazer”. A náiade se afastou, suspirando. “Espero que nada do que lhes disse traga nenhuma desgraça. Mas, sabe, Hermione... as profecias são relativas. Mudam conforme nossas ações. Podem tanto se concretizar quanto sequer virem a existir. Dependerá exclusivamente de você. E sei que sempre fará as escolhas certas... e não se entregará as tentações.”

– Obrigada – funguei, assentindo para minha dimon – bom... adeus.

“Adeus... adeus, Rony. Boa sorte.”

Quando Calíope desapareceu riacho adentro, senti meu corpo bambear para trás, e meus braços estremecerem, ao abarcar o rodopio dos elementos que tentavam emanar para fora de mim.

– Não, Hermione – senti as mãos de Rony me circularem com carinho.

Em vez de deixar os elementos me dominarem, simplesmente enfiei o rosto no peito de Rony, soluçando e me abraçando á seu corpo.

Era o único lugar do mundo onde eu me sentia verdadeiramente segura... em seus braços.

– Vai ficar tudo bem... – ouvi-o sussurrar, afagando minhas costas – vamos sair dessa. Como sempre. Está bem?

– Eu preciso entender essa profecia – ergui meu rosto para ele, sentindo meus olhos arderem – preciso saber o que Calíope quis dizer. E não acho que poderei mudar nada desta vez.

– Seja o que for... – Rony levantou meu queixo na direção de seu rosto, acariciando minha bochecha – vou estar com você... – seus olhos rutilaram com uma amargura que me fez arfar – sempre.

Assenti, sentindo o peso em meu peito diminuir.

Ele estava certo. Eu já sobrevivera a coisas tão ruins ou piores do que aquilo. Tinha que parar de sobreviver... e voltar a viver novamente.

O revoar de algo atrás de nós, porém, me tirou de meus pensamentos.

Rony encarou, também alarmado, a coruja minúscula que dava piruetas no ar, segurando um pacotinho nas garras.

– Pichí! – Rony disse, se aproximando da ave.

Pichitinho estendeu o pacote para Rony, animada, e, assim que ele a soltou da encomenda, planou alegremente antes de voltar em direção á Toca.

– Mandei uma carta para Harry explicando algumas coisas – ele respondeu meu olhar indagador, estendendo a carta anexada ao pacote para mim – pode ler?

– OK – pisquei, rasgando o envelope e puxando o papel da carta para fora.

Comecei a ler em seguida a carta de Harry.

Caro Rony,

Eu, Gina e Andrômeda já sabíamos de algumas coisas. Mas o que você nos contou deixou tudo mais completo... e pior.

Fico feliz que tenha se entendido com Hermione. Você nos deu um susto e tanto na parte em que descreveu a doideira que fez. Eu ia ficar muito chateado se você fosse palerma o suficiente para abandonar minha amiga só por essa honra boba na sua cabeça.

Olhei para Rony, reprimindo um sorriso, enquanto ele revirava os olhos. Continuei.

Nesse meio tempo, já que o Ministério não me deixa entrar no caso dos atentados, decidi que, já que não posso ajudar, deveria fornecer á vocês alguém que possa fazê-lo por mim.

Diga á Hermione para usá-la bem. Acho que, pela primeira vez, ela será muitíssimo útil.

Harry

P.S. Demorei um absurdo para reencontrá-la na Floresta. Faça o favor de não perdê-la, ou McGonagall me mata.

Ela? Ela o que?

Encarei o pacotinho mirrado em minhas mãos.

Rony assentiu, encorajando, igualmente atônito.

Com o coração já aos saltos, abri o pacote.

E cheguei a recuar de espanto quando reconheci o objeto pequeno e místico aninhado dentro da caixinha.

– Hermione! - Rony ofegou - é...

– Sim... - me boquiabri - é ela.

Ah... agora entendia.

Harry havia dado um jeito de eu reunir a melhor ajuda possível...

Era a Pedra da Ressurreição.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Patadas? Gritos? kkk
Beijinhos e até o próximo capítulo! *U*



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