A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 29
Threats


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoinhas?
Mais um capítulo para vocês!
Desculpem se ficou chato... tive que fazer correndo, e as próximas três semanas serão um c* na faculdade, com prova, estágio e TCC... não reparem se os próximos capítulos demorarem...
Boa leitura!



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HERMIONE

O atordoamento que me atingiu pareceu me prender ao chão, enquanto eu olhava num átimo para a porta, pensando no que fazer.

Para minha surpresa, Draco ergueu as mãos, levantando a própria varinha para cima.

– Eu não chamaria ninguém, se fosse você. Acho que não vai querer que os outros ouçam.

Finalmente, minha voz pareceu encontrar o caminho para fora da boca.

E, ainda assim, saiu estrangulada de choque e irritação.

– O que diabos você está fazendo aqui?

Os olhos dele reviraram.

Pisquei, pasma. Eu não via Draco Malfoy desde a condenação. Por que ele estava ali? O que queria comigo? O que ia fazer?

Porém, percebi que Draco não estava ali para me ameaçar nem nada. Li, em seu rosto, uma ansiedade urgente que me surpreendeu.

– Olha, eu fiquei sabendo de... coisas – ele bufou – achei que a juíza ia querer saber disso.

Minha surpresa foi tão grande que enverguei a cabeça.

– Você? – minha voz pingava incredulidade – querendo me dar informações?

– Sim, é isso, Granger – Malfoy cruzou os braços – por pior que seja lembrar, vocês e os dois patetas salvaram minha vida na guerra. Quem sabe, o que vou lhe dizer também salve a vida de vocês, e eu não tenha mais que ficar com essa dívida ridícula.

– Não queremos que pague dívida nenhuma, Malfoy – balancei a cabeça, soturna – mas acho que não é isso que você quer discutir.

Essa era boa. Draco querendo “me salvar.” Fala sério... a humildade daquele garoto não conhecia esse plano de existência.

Draco parecia dividido entre desaparatar do quarto e desembuchar de vez o que queria dizer. Estava ao mesmo tempo irritado e agoniado.

– Vai querer ouvir ou não?

– Fale de uma vez! – guinchei, exasperada.

Malfoy vincou a testa.

– Acho que vai querer sentar... não estou afim de ter que tirar você do chão quando desmaiar.

Minha cabeça girava, pensando no que fazer. Eu tinha duas opções: ou eu me invocava e fazia um churrasco de Malfoy ali mesmo, ou deixava de ser orgulhosa e ouvia o que ele tinha a dizer.

Escolhi a opção menos criminal.

Sentei na banqueta perto do criado-mudo, erguendo a sobrancelha.

– Desembucha.

– Bom... – Malfoy se debruçou no gaveteiro – é o seguinte, Granger. Como parte daquela condenaçãozinha que você deu á minha mãe, ela agora tem informações... privilegiadas... sobre os Comensais da Morte que sobraram. Está trabalhando como uma espiã indireta para ajudar a caçar e capturar os que restaram. E ela me contou algumas coisas... coisas que seus amigos do Ministério não querem dizer, por acharem que vão te apavorar por antecipação.

Assenti. Claro... Oliviene devia tê-la transferido para o setor de inteligência durante esses dias, para, ao mesmo tempo, usar seu conhecimento dos Comensais e vigiá-la.

– E o que ela contou à você?

– São só suspeitas... – Draco fungou - mas parecem que os restantes estão... se reagrupando de novo. Tendo contatos um com o outro.

Ergui-me um pouco.

Os Comensais estavam se unindo outra vez?

– E qual é a teoria? – senti um bolo se formar em minha garganta – que estão planejando mais outra tentativa de ataque?

– E não só isso... – Draco concordou com a cabeça - mas acho que eles tem um alvo em potencial dessa vez. São poucos, então não vão tentar um ataque massivo. E minha mãe também acha que só estão atrás de uma pessoa...

Fiquei ligeiramente enjoada, encarando Malfoy.

– Vão tentar me matar de novo, não é?

Ele deu de ombros.

– Provavelmente. Mas essa nem é sua maior preocupação, Granger.

Ele se aproximou, andando em círculos pelo quarto.

– Soube que assassinaram aquele tal do Lovegood. E isso tem tudo para ter sido um aviso... e um típico assassinato feito por um Wicca, não é?

Saltei da cama.

– É, eu também acho – rosnei – o problema é ter certeza dessa maldita teoria, considerando que era para eu ser a única Wicca viva desse século!

– Concordo, Granger. Nem tem o que discutir. Só você já é o suficiente – Draco desdenhou – até onde sabemos, o Ministro está revirando a Grã-Bretanha, tentando desvendar o que está acontecendo. Por que os Comensais estão se agrupando. Ou se há mais sinais de existência desse suposto Wicca... não encontraram nada até agora. Se esse bruxo existe, está tomando um cuidado muito maior do que Rodrick Carrow em cada passo que dá.

Respirei fundo, sentindo meu estômago revirar.

Aqueles últimos dias tinham tirado tanto da minha aflição quanto ao que estava acontecendo... e, agora, Draco me fazia recordar de tudo. Cada coisa que ele dizia parecia piorar tudo ainda mais.

Se fosse verdade... todos eles estariam á minha procura. E tentariam me matar. Derrubando quem agora simbolizava a justiça do Ministério da Magia - e de nosso mundo-, poderiam facilmente tomar o poder outra vez.

Mas eu mal me preocupava com minha vida.

O que me apavorava era a perspectiva das pessoas que eu amava se envolverem nisso.

Eles as usariam todas contra mim. Tinha memórias muito recentes de como eram capazes de torturar meus amigos... de ameaçar Rony.

Rony...

Minha garganta deu um nó.

Se algo acontecesse á ele, não precisariam me matar. Eu já ficaria mil vezes mais oca e destruída do que se me matassem.

– E não há suspeitos? – minha voz saiu num fiapo.

– Até agora, não... considerando que, por algum milagre genético, você faz parte da linhagem pura das primeiras Wiccas, ele pode ser qualquer um. Qualquer pessoa... – ele me encarou, sério – mas parece que você encontrou um páreo duro dessa vez.

– Como assim? – arfei.

– Há boatos... entre os próprios Comensais... de que alguns bruxos viram um dragão de quatro patas sobrevoando uma campina trouxa ao oeste de Londres. E nenhum dragão em sã consciência conseguiria vir para a capital.

Recuei, alarmada.

Um dragão de quatro patas... como em minha forma animaga.

Malfoy tinha razão... nenhum dragão de verdade conseguiria ultrapassar o território selvagem que lhe cabia.

E, se era mesmo um animago, o fato de ser um dragão gigantesco já indicava que não era um bruxo comum.

Se esse verdadeiro Wicca existia... tinha provavelmente os mesmos poderes que eu.

Antes que eu conseguisse digerir tudo aquilo, a vertigem que me pegou impediu-me de raciocinar. Os elementos, girando descontrolados com meu emocional abalado, pareciam loucos para preencher meu corpo.

Enverguei para trás, pondo a mão na cabeça. Estava tão tonta, que tropecei em meus próprios pés e desabei no chão, sentindo o sangue ribombar em meus ouvidos.

– Droga, Granger! – ouvi Draco murmurar.

Para meu maior espanto, Malfoy segurou-me nos braços, içando meu corpo quase inerte até a cama.

– Falei que não queria me desgastar socorrendo você, desgraça! – Draco ralhou.

O jeito como ele deu a bronca foi tão engraçado que eu quase ri, esquecendo por alguns segundo do torpor atordoante e do embrulho em minha barriga.

Ah, Draco Malfoy... se houvesse outro mundo onde aquele idiota não tivesse feito tanta merda e não fosse ele mesmo, provavelmente teria dado um ótimo amigo.

– Desculpa.

Ele me soltou, recuando vários passos.

– Você? Me pedindo desculpas?

– Cala a boca, Malfoy – levantei a cabeça um pouco, sentindo meu corpo todo amolecer no colchão como uma esponja torcida.

Antes que eu me desse conta, ouvi a fechadura se destrancar.

Mas eu me sentia tão abalada, tentando impedir os elementos de percorrerem meu corpo, que nem consegui alertar Malfoy.

Só assisti, quase impotente, Rony adentrar no quarto, encarar por alguns segundos a cena que estava ali e já se virar, furioso, na direção de Draco, empunhando a varinha.

Draco deu vários passos para trás, nem sequer se dando o trabalho de erguer a própria varinha.

– O QUE VOCÊ FEZ COM ELA, SEU DESGRAÇADO??

– Rony! – ciciei, tentando, em vão, erguer-me na cama, enquanto levantava a mão na direção deles – espera!

Rony estacou, me encarando, ainda olhando Malfoy com raiva.

Malfoy olhava de Rony para mim com uma expressão tão exasperada que não pude impedir um muxoxo.

– Ele te machucou? – Rony veio até mim, puxando meu corpo para seu colo.

– Não... não foi nada... me deu uma fraqueza por causa... de hoje cedo – menti. Não ia contar nada para Rony agora.

– E o que esse mané está fazendo aqui? – ele voltou a cabeça para Draco.

– Eu... explico depois – arfei, deitando a cabeça em seu ombro – tá tudo bem... ele veio ajudar.

Draco suspirou, sem nem tentar sustentar o olhar irritado de Rony.

– Bom, era só isso mesmo, Granger. Acho que fiz o que queria fazer aqui... não vou ocupar mais do tempo do seu noivinho.

– Ótimo. Já fez o que queria fazer. Agora caia fora da minha casa.

– Não precisa repetir – Draco fechou a cara.

Antes que ele desaparatasse, porém, um ímpeto me dominou.

– Obrigada, Malfoy.

Rony e Draco se viraram para mim, pasmos.

Vi o rosto pálido se contrair.

– Não agradeça. É só um pagamento de dívida, falou?

Assenti. Ainda assim, ia ficar devendo para aquele moleque. Ele não precisava ter dado uma única daquelas informações valiosas, e tinha feito isso. Como não agradecer?

Malfoy parecia estar se perguntando a mesma coisa, antes de desaparatar sem se despedir.

Assim que se passaram alguns segundos após a ida de Draco, Rony se voltou para mim, parecendo ainda confuso e espantado.

– Melhor?

Olhei-o, engolindo em seco. Tirando a moleza no corpo causada pelo esgotamento em controlar os elementos, minha sanidade mental depois daquela enxurrada de notícias e meu estômago dando triplos twists, eu estava ótima.

– Sim.

Rony apoiou minhas costas, me deitando lentamente na cama, como um bebê.

Toda a angústia que ainda varria meu corpo pareceu se dissipar com seu toque. Me senti ligeiramente melhor só com sua presença.

– OK... – ele afagou minha bochecha – agora me conta... o que ele veio fazer aqui?

– Veio me contar alguns... boatos... que queria saldar a dívida de vida que tem com a gente – revirei os olhos, me aninhando em seus braços.

– E algum boato serviu de ajuda? – ele indagou, sarcástico.

Não ia dizer sobre a suspeita de que os Comensais remanescentes estavam atrás de mim. Isso só o deixaria ainda mais preocupado.

– Pior que sim – choraminguei – até o Ministério já desconfia... que há mesmo outro Wicca.

Rony suspirou fundo.

– Ah, Hermione...

Seus braços me acolheram, enquanto ele beijava minha testa.

Um soluço angustiado e baixo cortou minha garganta.

– Está tudo bem... – Rony me balançou, acariciando minhas costas – não vai acontecer nada com a gente... já passamos por isso.

– Mas agora é diferente... – engasguei – não se parece nada com Rodrick Carrow.

Rony levantou meu queixo, até que eu pudesse encarar seus olhos.

– Sabe que vou matar mil vezes antes que qualquer um tente tocar em você.

E como eu sabia. O que aquele garoto já fizera por mim...

Meus olhos arderam.

– Essa é minha preocupação – senti o ar fugir de meu peito – e se... Rony... não quero você envolvido nisso... e...

Rony pareceu se desesperar com minha angústia, pois não pareceu nada hesitante antes de colar sua boca na minha.

Finalmente, ansiosa para tentar me desvencilhar das preocupações, resolvi me entregar ao beijo, sentindo meus lábios se moldando aos dele, daquele modo tão familiar e maravilhoso.

Bastou apenas um pouco para que o calor de seu corpo contra o meu e a ternura de sua boca na minha finalmente dissipassem todo meu desespero.

Quando seu rosto se afastou, por puro impulso, inclinei minha cabeça para caçar seus lábios de volta.

Rony riu, afagando meu braço.

– Já chega por hoje, mocinha. Precisa descansar.

– Mas eu quero descansar te beijando – brinquei, um pouco mais calma.

– Não . Agora obedeça e durma logo. Amanhã nós conversamos... – ele olhou de esguelha em direção ao ponto em que Malfoy desaparatara momentos antes – sobre tudo. Está bem?

Concordei com a cabeça, me acomodando junto ao corpo de Rony.

Eu já tinha pesadelos demais durante meu sono, para que eu transformasse minha vida em mais um. Precisava manter a cabeça no lugar. Não adiantava entrar em pânico agora, sendo que eu mal fazia idéia do que o futuro nos aguardava.

Mas, enquanto sentia Rony começando a ressoar sob meus braços, eu concluí que tinha três certezas.

Primeira: havia outro Wicca.

A segunda... estavam todos atrás de mim.

E terceira... Wicca ou não, fosse quem fosse, se qualquer um se atrevesse a tocar em meu noivo, eu faria questão de fazer seu sangue borbulhar dentro do corpo, até que ardesse de volta no inferno de onde viera.

Desta vez, eu não ia ter nenhuma hesitação em matar. E eu sabia que seria tão fácil quando desossar uma ave.

Minha parte Wicca já estava pronta para assumir sua posição natural...

A de uma assassina.

Se eu tivesse que assassinar um mundo para que Rony vivesse, isso iria acontecer. Sem remorsos. Sem culpa.

E, principalmente, sem compaixão.

Por que nenhum deles demonstrara nada disso ao destruir meus amigos.

E tampouco veriam isso em mim.

“Seja lá onde estiver, eu vou te encontrar. E prometo á você que vai preferir ter morrido em outras mãos. ”

Dopada de sono, finalmente deixei que os pensamentos ruins se dispersassem, e adormeci, abraçada à quem, agora, era praticamente a origem de minha vida...

Ou o que sobrara dela.


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Notas finais do capítulo

Então? Comentários? Xingamentos? Comentem o que acharam!
Kissus e até o próximo capítulo!



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