A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 28
Sky and Earth - Part 2


Notas iniciais do capítulo

Hello, pessoas!
Chega de fofura e doçura.
AGORA VOU COMEÇAR O TERRORISMO... (risada maquiavélica).
Aí está o novo capítulo.
Aproveitando a deixa, gostaria de saber os momentos favoritos de vocês até agora na Esfera da Herança. Vou usar isso pra me nortear agora, vendo DO QUE O POVO GOSTA... POR QUE O POVO GOSTA MESMO É DE PALMITO!
(Le eu fico enjoada... não gosto de palmito... rsrs)
Boa leitura!



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HERMIONE

Vi os olhos azuis do dragão que me encarava dilatarem de surpresa.

“Está falando sério, escamosa?”

Rony tinha o talento de ser suficientemente hilário para quase me tirar da forma Wicca.

Em vez de deixar as gracinhas de Rony me desviarem a atenção, sacudia a cabeça, impaciente.

“Devia aproveitar que estou momentaneamente insana”, resmunguei através de um rosnado.

Os apêndices que eram minhas asas me pareciam tão inúteis, que era completamente irritante deixá-los simplesmente encolhidos contra meu corpo. Eu queria saber qual era o potencial que podiam atingir, quando usadas em minha forma animaga.

E depois, eu tinha que começar a treinar esta nova forma. Tinha que aprender a controlá-la como controlava a minha forma Wicca humana.

Mesmo com o costumeiro torpor dos elementos - indiscutivelmente correndo pelo corpo de dragão que eu tinha agora - senti um leve arrepio, que nada tinha à ver com medo, quando o dragão acobreado se aproximou, os olhos reptilianos, contemplativos, fixos em mim.

“Bom, vamos dar um jeito nisso”. O rosnado engasgado de Rony era obviamente uma risadinha.

Ele cutucou o focinho em minhas asas, esticando-as para os lados, como se eu fosse um avião.

“Tem que ficar com a coluna reta”, Rony demonstrou, deixando sua cervical ereta e erguendo o pescoço.

Imitei-o, olhando para as minhas asas, que ficaram imediatamente equilibradas, rentes á minhas costas.

“Bom”. Funguei quando percebi o como Rony parecia se divertir me ensinando. “Sente os músculos das asas? Consegue impulsioná-los?”

Era estranho, mas entendi o que ele queria dizer. Podia sentir as duas asas como um segundo par de patas, como seria em um dragão europeu. Imaginei que eram dois braços, usando a força que usaria nas patas dianteiras e transferindo-a para minhas costas.

Distendi-as, batendo-as vigorosamente. O vento que causei fez a poeira do quintal voar.

“Isso!”. Rony bateu suas asas também, encolhendo as patas dianteiras e se erguendo levemente nas traseiras. “Erga o corpo e continue batendo.”

Dei impulso com as patas dianteiras, enquanto batia as asas, vendo se conseguia deixar o solo.

Foi mais fácil do que pensei.

Em alguns segundos, eu já estava há pelo menos dois metros do chão, equilibrando o corpo e as asas no ar.

“Ah”, arfei, olhando-o.

“Ótimo!”. O dragão assentiu, rugindo animadamente, enquanto me acompanhava, planando.“Consegue ir mais alto?”

“Ah... acho que sim”, inclinei meu corpo para cima, tentando impulsionar-me mais alto.

Talvez tenha sido um erro de cálculo, mas quando fui me virar para olhar para Rony, meu corpo deu um solavanco para frente, quase caindo.

Rony se apressou em me ajudar, enrolando seu pescoço ao redor do meu, apoiando-o para que eu voltasse á equilibrar as asas.

“Ei, cuidado”. Seu rugido foi tão baixo e preocupado que sua censura quase não teve efeito.

“Hum... desculpe”, pisquei, sem graça. “Acho que me empolguei”.

“Estou vendo”. Vi o dragão acobreado abrir um esgar humorado, que mostrava todos os dentes afiados.

Bati o focinho no ombro dele, enquanto voltava a planar.

“Engraçadinho.”

Vi, surpresa, os olhos dele se contraírem. Rony envergou a cabeça alguns centímetros.

“Oh, céus”. Funguei, reconhecendo aquele olhar solene. “O que foi agora? Assustei você?”,acrescentei, irônica.

“Não”. Arfei quando ouvi seu rosnado sair quase engasgado. O dragão ruivo baixou a cabeça, ainda me encarando. “É que... tinha que se ver agora, Hermione. É a criatura mais fantástica e deslumbrante do mundo.”

Senti os espinhos de minhas costas se arrepiarem de choque e ternura.

Quer parar com essa adulação?”, desconversei, mais para disfarçar minha timidez do que outra coisa.

“Tem razão... acho que íamos voar, certo?”. Merda. Eu não tinha convencido Rony, dada sua expressão draconiana petulante.

Joguei meu corpo para cima, tentando voar mais alto. Rony me seguiu, seu rugido claramente querendo demonstrar uma risada satisfeita.

Criatura deslumbrante... balancei a cabeça, revirando os olhos – o que foi desagradável, já que dragões tem uma membrana, que os cobre toda vez que fazem isso –... até parecia.

Rony provavelmente nunca se olhou numa poça em forma de dragão. Até onde eu sabia, ele era bem mais “deslumbrante” do que eu. Fala sério.

Eu estava começando a pegar o jeito da coisa. Era só manter minhas patas encolhidas e concentrar toda a minha força muscular nas asas, equilibrando meu corpo. Não era tão difícil.

Eu ficava imaginando, depois do que Rony me contara sobre a batalha em Beauxbatons, se também conseguiria cuspir fogo.

Rony pareceu ler meu pensamento, por que fez mais uma observação sem graça.

“E você já não cospe fogo toda hora?”

O dragão abaixo de mim rosnou, claramente rindo, quando bati minha cauda em forma de lança no seu dorso.

Ele avançou, ficando á minha frente e subindo um pouco mais. Acompanhei-o, batendo as asas em direção ás nuvens.

Agora eu entendia o fascínio de Rony com o vôo.

Quando você era impedida de ter medo pelo torpor Wicca, finalmente conseguia desfrutar da experiência, que antes era aterradora. Podia sentir a liberdade que voar oferecia. O mundo ficava ligeiramente menor e mais simples, enquanto você se sentia muito maior do que a própria Terra.

“Uau”

Rony recuou um pouco, ficando ao meu nível de vôo. Parecia satisfeito com minha contemplação.

“É incrível, não é?”

“É fantástico”. Concordei, olhando-o.

Era mais outra nova experiência ao lado dele. E, quem diria, tão fantástica quanto as outras.

Suspirei, deixando o ar preencher meus pulmões. Era uma sensação maravilhosa.

“Acho melhor descermos”. Comentei. “Sua mãe vai ficar preocupada. De novo.”

Rony revirou os olhos – ai, aquela membrana. Que arrepiante. Pelo menos Rony não pareceu ficar cego, embora seus olhos tivessem ficado opacos e sem pupilas.

“Está bem, garota”. Rony mergulhou em direção ao chão. “Me alcance se for capaz!”, ouvi-o rugir.

O caminho inverso. Beleza.

Em vez de sustentar-me em minhas asas, simplesmente deixei meu peso me inclinar em direção ao chão. Até parecia que eu ia despencar daquele jeito. Nem sabia se ia pousar inteira...

Como um avião, planei lentamente de volta á terra, deixando minhas patas tocarem o chão antes de descer meu corpo.

Rony só me observava, piscando.

“Estava parecendo um testrálio. Ai!”. Ele se esquivou de minha pata, mostrando a língua.

“Você me paga, lagartixa!”.

Vi Rony dar um sorriso reptiliano de diversão antes de inclinar a cabeça e começar a voltar á forma normal.

O processo de destransformação era bem mais desagradável do que o de transformação. Eu me senti ridiculamente parecida com uma bexiga furada, encolhendo aos poucos até voltar à forma humana.

Quando terminei, nem consegui impedir a tontura que invadiu minha cabeça.

Rony, depois de tanta experiência na Redoma da Wicca, percebeu o que ia acontecer, e me aparou antes que meu corpo envergasse.

Os elementos se esvaíram tão rápido que pareciam ter fugido. Meu corpo amoleceu nos braços dele, enquanto a vertigem persistia.

– Ah, Hermione... – ele suspirou, me levantando devagar.

– Experiências demais... por um dia... – choraminguei.

Ele riu, mas ainda parecia preocupado.

– Tudo bem?

– Estou... só um pouco... cansada – respondi, deitando a testa em seu ombro.

– Acho que alguém precisa descansar – Rony beijou minha testa, afagando minhas costas – nada mal para o primeiro dia como animaga.

Sorri. Tinha sido mesmo uma coisa de louco.

“E você nunca fez loucuras”. Minha consciência tinha se recuperado do nocaute do dia anterior e agora estava folheando seu exemplar de Hogwarts, Uma História com uma lentidão muito suspeita. “Claro... ser chicoteada, lambida e virar dragão são coisas super normais...”

Se minha consciência tivesse fuça, eu ia adorar socá-la até afundar dentro do crânio.

Rony me levou suavemente de volta á Toca. E eu, como sempre, desfrutei do ninho seguro que era seu corpo, absorvendo sua presença ali e simplesmente começando a ficar mais feliz por aqueles pequenos momentos, do que preocupada com aquelas loucuras que andavam nos cercando.

______________________O_____________________

– Finalmente – ouvi a Sra. Weasley exclamar – por onde andaram a última meia hora?

– Mãe... menos – Rony falou, me fazendo disfarçar uma risada.

– Eu tenho uma teoria – falou Gui, piscando para Fleur com um sorriso malicioso.

Antes que Rony fizesse o deselegante favor de erguer o dedo do meio, segurei sua mão, murmurando.

– Estávamos lá fora, tomando um ar... – cutuquei-o – não é, Rony?

– Sim.

– Tô sabendo.

Se não tivesse visto a boca de Jorge se mexer, eu nunca teria adivinhado que era ele falando.

– Tem alguma outra teoria, Jorge? – incentivei-o, agradavelmente surpresa com aquela demonstração de ironia (ou de vida) tentando extrair um pouco mais daquilo.

– Lógico – ele deu um sorriso que deixou quase todo mundo pasmo – estavam esticando as patas... ops, digo, pernas.

Todos riram, menos Molly, que parecia ter visto minha cara chupada e somado dois mais dois.

– Ronald, arrastou a menina na forma Wicca como dragão? – ela disse, cruzando os braços.

– A culpa não foi dele, Sra. Weasley – ri – eu que quis experimentar.

Luna me sorriu da mesa. Para minha agradável surpresa, também parecia um pouco mais animada. Havia um brilho de vida em seu olhar que eu não via á quase uma semana.

Meu coração doeu ao ver minha amiga. Pobre Luna... sofrera o suficiente pelo resto da vida.

Neville também piscou para mim, abraçando a namorada.

– Bom... – a Sra. Weasley ainda estreitava os olhos para o filho – tome cuidado, querida. Pode acabar ficando desgastada com isso.

– Pode deixar – bocejei sem querer, me encolhendo quando Rony me encarou.

– Cama.

– São seis horas da tarde! – protestei.

– Não interessa – por que ele estava sorrindo pra mim? – cama.

– Pelo menos jante primeiro, Hermione – Percy ergueu a sobrancelha para Rony.

Depois dessa, eu até dava um beijo na boca do Percy.

– Estou com fome – fiz minha melhor cara de vítima – por favor...

Rony me fuzilou com os olhos, mas disfarçou e me levou em direção á sala, dando-se por vencido.

Enquanto nós jantávamos, eu estava simplesmente arrepiada com o olhar soturno dele em cima de mim.

Qual é? Eu tinha sido chicoteada vinte horas atrás!

Ele já estava querendo outra rodada ou era impressão minha?

“A culpa é sua”. Minha consciência parou de fingir que lia seu livro e me encarava. “Aquela roupa de princesa guerreira não ajudou ele á se comportar.”

Ai, minha Wicca... eu não ia agüentar outra rodada daquela. E se tivesse mais chicotadas...

Minhas pernas ficavam arrepiadas só de pensar.

Mas Rony nunca tinha feito o tipo previsível nessas horas. Sempre tinha uma novidade no meio... uma carta na manga.

Mas a culpa era minha mesmo. Eu tinha começado aquela ladainha doentia – e maravilhosa – há quase dois anos. Agora teria que agüentar isso por um bom tempo.

E então me lembrei do noivado.

Correção... uma vida inteira.

E a perspectiva finalmente já não me deixava engasgada.

Por que cada segundo daqueles ao lado de Rony seria mais um segundo extraordinário em minha vida. Então eu simplesmente iria desfrutar ao máximo.

E não. Eu não era pervertida - soquei minha consciência, que tinha aberto a boca para dar seu bedelho.

Só precisava de cada centímetro daquele garoto enlouquecedor perto de mim, pelo resto da minha existência. Simples assim.

Ninguém mandou eu me apaixonar pela cenoura que era meu noivo. Agora eu ia ter que me virar.

Conformada, terminei de comer e subi candidamente até o banheiro para tomar meu banho, sentindo os olhos de Rony em mim.

Já de banho tomado, me vesti, sem nenhuma segunda intenção, com minha camisola de seda rosa, tentando disfarçá-la com um roupão preto e fino que Gina me emprestara.

Rony e suas convenções malucas. Eu ainda estava muito zangada pelo meu tiro da noite anterior ter saído pela culatra. Eu ia dar a volta por cima – literalmente – e dar um belo de um castigo nele hoje á noite. Ele que se atrevesse á me deixar molenga de novo... ia ver só uma coisa.

Eu só precisava de criatividade. Por que só o chicote já não assustava mais.

O problema é que eu estava tão esgotada com minha transformação animaga Wicca que não conseguiria me conjurar de novo agora.

Ele tinha razão... eu precisava descansar.

E, na cabeça de Rony, isso era descansar embaixo dele.

Entrei no quarto, amarrando meus cabelos molhados num rabo-de-cavalo – um truquezinho de família para domar minha cabeleira rebelde. Nunca tinha feito isso em Hogwarts, simplesmente pelo fato de nunca ter tido vaidade o suficiente para isso.

Mas quando você está noiva, a coisa muda de figura.

Porém, quando fechei a porta – aliviada por Rony ainda não ter subido – e me virei para a cama, me deparei com alguém já defronte á ela.

E nunca, em mil anos, eu ia esperar que aquela pessoa estivesse ali.

O que diabos ele fazia ali?

Fiquei tão espantada, tão atordoada, que quase nem me dei conta de que a porta se trancara, sem ninguém encostar a mão nela.

Ótima hora para esquecer a varinha na pia do banheiro.

– Melhor assim. Teremos mais privacidade.

O estranho me encarava, seus olhos azuis me encarando com uma seriedade que eu nunca vira em seu rosto pálido.

Era Draco Malfoy.


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Notas finais do capítulo

E aí? EU FALEI QUE AS TRETAS IAM VOLTAR! rsrsrs
Comentários? Chutes, pedradas, socos? Elogios, sugestões ou teorias?
Kissus e roam as unhas até o próximo capítulo (hehehe)
Bye!



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