A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 27
Sky and Earth - Part 1


Notas iniciais do capítulo

Hello, pessoas!
Novo capítulo pra aliviar o fogo das meninas do capítulo anterior (SE A CARAPUÇA SERVIU, SIM, É VOCÊ! kkk)
Chega de flores e fofura. Vamos voltar pra matança, lágrimas e sofrimento rsrs
Tudo bem, SÓ MAIS ESSE CAPÍTULO. Tá? Depois a desgraceira volta huehue
Capítulo dedicado á Bibia Ferrari, Jennifer (ambas sumidas O__O) e MalfoyFilica... e á todo o resto que estiver lendo rsrs
Boa leitura!



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RONY

O sol invadiu a cama, finalmente me fazendo acordar.

Pisquei, a visão meio irritada com a claridade do dia que batia em meu rosto.

Assim que virei o corpo para o outro lado, algo menos irritante e igualmente ofuscante invadiu meu campo visual.

Hermione ainda tinha a mania de dormir encolhida, como um bebê. Era um adorável anjo de rosto sério.

As roupas assustadoras de couro agora pareciam quase deslocadas em seu corpo encolhido e com sua expressão tranqüila. Era como uma adolescente que fora forçada a crescer rapidamente em pouco tempo.

Vê-la tão vulnerável de manhã fazia uma onda de carinho me invadir. Ela dava vontade de cuidar... de proteger.

O que era ridículo, claro. Hermione sabia se cuidar muito bem. Sabia que tudo aquilo era apenas mais uma das infinitas armas que ela apresentava.

Doía-me ver o como tudo que havíamos passado havia forçado Hermione á sacrificar um pouco de sua infância e quase tudo de sua inocência. Ela sempre teve de ser mais madura e séria do que a idade dela deveria exigir.

E como Wicca, isso também não era diferente.

Um sorriso escapou de meus lábios quando me lembrei da noite anterior.

Tinha sido doentio, como sempre. Maluco como sempre.

Mas sempre era uma honra e um prazer imensuráveis poder ver e sentir o quanto Hermione reagia á mim. Ver, mesmo que por breves momentos, aquela garota durona se desmanchar. Perceber que, sim, eu afetava-a de todas as formas possíveis.

E, naturalmente, ficar engasgado com o amor que via em seus olhos, em todos os momentos.

Não precisava daquilo para me lembrar o quanto eu sempre seria indigno de sequer estar ao seu lado. Ou pisar no mesmo chão em que Hermione estivesse.

Mas eu não queria que aquilo me tirasse a alegria que tinha com Hermione. Então preferia enclausurar aqueles sentimentos ruins dentro de minha mente.

Pousei minha mão na dela delicadamente, com medo de acordá-la.

Podia sentir uma leve vibração em sua palma, como se os próprios elementos tivessem tirando um cochilo, ressonando em sua pele. Mesmo em sua forma normal, era possível ver um tipo de aura adormecida ao seu redor, só esperando, obediente, despertar sua forma Wicca.

Hermione tinha amadurecido em algumas coisas e rejuvenescido absurdamente em outras, em um tempo muito curto. Como a mesma criatura inumana que era sua forma Wicca podia ser a mesma pessoa dócil e carinhosa que estava adormecida ao meu lado?

O colchão guinchou quando ela se remexeu, suspirando.

Sorri quando seus olhos se abriram, sonolentos.

– Bom dia.

– Bom dia – ela riu, ainda preguiçosamente.

– Dormiu bem? – perguntei, preocupado.

Ela devia saber que eu estava perguntando dos pesadelos que Hermione tinha quase toda noite, desde a época de vampirizada.

– Sim – Hermione deu de ombros, sorrindo – quem diria. Foi uma noite ótima - ela estreitou os olhos, petulante, com um sorriso meio maroto no rosto, e acrescentou – até por que... depois de ontem...

– Ah, nem vem – guinchei, fazendo-a gargalhar – vai me dizer que dormiu como um anjinho... por que levou chicotada? Sério?

Ela virou a cabeça para cima, rindo gostosamente. Ah, como ficava linda rindo...

– O que? – Hermione perguntou, curiosa, quando me viu observando-a.

– Quando você ri, aparecem umas ruguinhas no canto dos seus olhos – comentei, distraído – são fofas.

– Hum... não.

– O quê?

Ela franziu o cenho, encostando o nariz no meu.

– Conciliar você agora... com o cara de ontem a noite. Não. Dá. Você - ela arfou dramaticamente – tem muitos de você... em você. Faz sentido?

Ri, afagando seu rosto. Hermione suspirou, sorridente.

– Pode ter qualquer um deles... quando quiser.

Hermione abriu a boca como se fosse dizer algo irônico, mas um estalinho ao lado da cama quase nos derrubou do colchão.

– AHHH!

Hermione só faltou ter um derrame de tanto rir quando Becky apareceu no pé da cama, parecendo ao mesmo tempo horrorizada e humorada.

– Oh, puxa – ouvi-a guinchar – acho que Becky chegou em má hora...

– Imagina, Becky – Hermione me socou, quase chorando de tanto dar risada.

– Becky ia avisar que o café está pronto – ela tagarelou, parecendo evitar me olhar – e que chegou uma carta para o menino Weasley. Está na janela.

Becky desceu da cama, piscando, parecendo tão constrangida quanto eu.

– Obrigada, Becky – Hermione fizera a caridade de cobrir o corpo assim que Becky surgira no quarto – já vamos descer.

A elfa assentiu, parecendo aliviada, e saiu correndo porta afora.

Assim que nos levantamos, antes de Hermione pegar uma muda de roupas para se trocar, ouvi-a dar uma risadinha.

– Acho que você seduziu a Becky, Rony.

– Quê? – arfei, o que só a fez dar outra risadinha.

– Você aí, todo sem camisa, trabalhado na musculação – ela parecia estar achando muita graça – acho que atordoou a coitada.

– Ninguém mandou a orelhuda aparecer aqui. Ela que agüente – rebati. Hermione deu de ombros, revirando os olhos e rindo, antes de sumir dentro do banheiro do quarto e trancar a porta.

Descemos alguns minutos depois, e tomamos o café silenciosamente. Becky parecia deliberadamente disposta e não se virar mais para mim, o que quase me fez engasgar com o cereal de vontade de rir.

A carta que Becky mencionara não tinha nada de mais. Era de Gina, só informando que Hogwarts estava um saco sem a gente lá.

E implorando para eu esperar ela voltar antes de dar um sobrinho para ela. Oi?

Previsivelmente, Hermione teve um ataque de risos quando leu a carta.

– É impressão minha, ou Gina nos chamou de libertinos? – ela indagou.

– Ela está com medo que eu te engravide – ri – ela confia um bocado na gente, hein?

Hermione franziu a testa, olhando para baixo.

– O que foi?

– Nada...

Fiquei defronte á ela.

– Hermione... – ergui a sobrancelha.

Ela afagou o próprio braço, parecendo meio perdida.

– Isso seria uma coisa ruim?

Pisquei, surpreso, recuando uns dois passos.

Hermione estava perguntando se seria ruim... termos uma noite de amor?

Ou... que, um dia... ela esperasse um bebê... a minha criança?

Senti minhas orelhas esquentarem.

Não achava que teríamos aquela conversa tão cedo... não depois de Alice Springs... depois do fiasco na Austrália.

Para minha sorte, por mais constrangedor que fosse, eu sabia a resposta tranquilamente.

– Não. Não seria ruim. Nem um pouco.

Hermione sacudiu a cabeça, as mãos perdidas de encontro á sua barriga.

Não ia tentar me enganar. Claro que eu já me pegara pensando nisso. Não tanto a evidente necessidade que parecia brotar em nós dois. Mas a perspectiva oculta de nosso futuro juntos.

Imaginar uma criança... meu filho... criando vida dentro daquela garota fantástica, era algo tão maravilhoso e mágico que quase me fazia engolir em seco toda vez que pensava naquilo.

Será que, com tudo que andava acontecendo, teríamos tempo o suficiente?

Será que simplesmente teríamos tempo?

Hermione arfou, me tirando de meus devaneios.

– Ai... desculpa... esqueça que eu perguntei isso.

Segurei suas mãos, levando a minha mão livre até seu rosto e afagando seu queixo.

– Não desculpo não – sorri, beijando sua testa – pare com isso... lembra do que eu disse? Sempre que precisar conversar... seja qual for o assunto – mostrei a língua, fazendo Hermione rir – pode conversar comigo.

– Ai, que vergonha – ela enfiou o rosto em meu peito, parecendo dividida entre rir e chorar.

– A gente só falta se matar numa noite... – falei, humorado – e no dia seguinte, ficamos todos sensíveis.

– Palhaço – Hermione me empurrou. Beijei sua bochecha, desmanchando sua expressão falsamente zangada.

__________________________O________________________

Depois que Hermione escondeu todas as “provas” de que estivemos na casa dos Granger e confiou á Becky que continuaria cuidando de tudo, voltamos á Toca.

Não é necessário dizer que mamãe deu aquela bronca por termos demorado a voltar (“o pudim de carne de vocês até estragou”), pela bagunça que foi salvar todo mundo na London Eye (“vocês podiam ter morrido! Que horror!”) e no fato de que teve de cuidar de dois vegetais o dia todo sozinha, já que os homens da casa estavam trabalhando (claro que ela não se referiu a Jorge e Luna assim, mas foi o que deu á entender, quando olhou exasperada para a ponta da mesa no almoço, vendo os dois se alimentando mecanicamente ao lado de Neville, que parecia querer convulsionar de agonia).

Saímos para tomar um pouco de ar fresco, depois do almoço.

Enquanto comíamos os bolinhos de mamãe, sentados na mureta, Hermione me contou do dia em que ficara me esperando, quando fui para o estágio de aurores – quando ela havia desgnomitizado o jardim usando seus poderes.

– As crianças adoraram – ela comentou, rindo – ah, olhe só. Ali tem duas.

Realmente, havia dois bruxinhos acenando para nós do outro lado da mureta.

– Ei, moça! Faz aquilo de novo!

Meneei a cabeça, curioso. As crianças pareciam maravilhadas com a simples presença de Hermione. Deviam ter adorado a sua forma Wicca.

– Não tem mais gnomos – Hermione disse, quando elas se aproximaram – vou ficar devendo.

– Ahn, sei lá – um dos meninos falou – faz alguma coisa aí...

– Aberração de circo – brinquei, levando um tapa na orelha de Hermione antes que ela se virasse para as crianças.

– Oh, está bem...

Olhei para Hermione, que parecia ter tido uma súbita idéia.

– Hermione... – arfei, já arrepiado – qual a idéia?

Ela me encarou com um sorriso maldoso.

– Por que não mostramos á eles nossos novos talentos?

Olhei-a, confuso.

– Você está dizendo – a ficha caiu... e meu queixo também - pra gente mudar de forma?

– Por que não? – ela deu de ombros – até por que íamos poder testar nossa comunicação assim também...

– Vocês são animagos? – o menino mais novo guinchou – legal!

– Hermione... – murmurei – a gente não sabe como você vai ficar na forma de dragão Wicca. Não inventa moda.

Hermione me encarava teimosamente, e, no fundo, percebi que estava fazendo tempestade em copo d’água. Se ela se sentia suficientemente segura para testar sua animagia Wicca, na frente de crianças, era por que tinha confiança de que não perderia as estribeiras. Era uma evolução e tanto.

– Vai, moça. A gente quer ver! – o menino maior pulou, animado.

Eu já conseguia me transformar sem problemas – andara treinando na Toca durante as férias. Por isso, talvez até seria bom eu ser o primeiro, se algo desse errado.

Senti aquela queimação familiar dominar meu corpo, expandindo-o. A transformação já não era mais tão desagradável quanto antes.

As crianças recuaram, mas não de medo, quando terminei de me transformar. Rugi, fazendo eles e Hermione rirem.

Abaixei a cabeça para que um deles tocasse meu focinho. Eles sorriram, encantados.

Olhei para Hermione, que espichava o pescoço para me ver.

Ela parecia ligeiramente insegura de repente.

Afaguei seus cabelos com a ponta do focinho, encorajando-a.

Hermione suspirou, relaxando os braços ao redor do corpo e fechando os olhos. Os meninos arfaram de animação quando ela tomou a forma Wicca.

Pisquei para os olhos prateados que me encaravam do solo.

“Vamos lá... você vai conseguir”, tentei lhe dizer.

– Tudo bem – ouvi-a murmurar.

Recuei algumas pegadas quando seu corpo se transfigurou, tomando quase a mesma proporção que o meu.

Mas qualquer semelhança comigo parava aí.

Por que eu tinha certeza que nenhum dragão na Terra se parecia com Hermione na forma animaga Wicca. De um preto luzidio, olhos de cor prata e corpo esguio e flexível, mais parecido com um dragão oriental do que ocidental. E, naturalmente, com aquela aura assustadora que fazia você ficar de pé – ou pata – fincado no chão de medo.

Eu só podia comparar a beleza e a elegância dela à de um olho-de-opala. Mas nem ele chegava perto dela nesses quesitos.

Tentei falar com ela em forma de rosnados.

“Tudo bem?”

Ela sacudiu a cabeça, sibilando. As crianças pularam, encantadas.

“Acho que sim”, ouvi-a rosnar baixinho. “É muito... estranho...”

– Eles estão conversando! Que da hora! – o menino menor riu.

“Está sentindo tontura?”. Não queria que ela tivesse outro desmaio como da primeira vez.

“Não...”. Vi, humorado, Hermione estreitar os olhos prateados. “Só ouvindo minha voz ridícula.”

“Você sabe que, mesmo como dragão, seus rosnados assustam mais do que os meus?”,brinquei.

“Vai te catar, Ronald.”. Hermione, Wicca e como dragão, fazendo gracinha? Ali estava uma cena rara.

As crianças pareceram perder o interesse em nós dois, pois acenaram para nós do chão e saíram correndo, desaparecendo em meio ao gramado alto.

“Pestes!”, rugi. “Todo esse trabalho pra eles irem embora!”.

“Pare com isso.”

Hermione falou com aquela voz séria. Então nem precisou repetir.

Bufei.

“OK, Smaug. Qual é o plano agora?”.

Ela me encarou.

E, por mais incrível que fosse, no fundo do poço prateado de seu olhar régio, tudo que eu vi foi a animação travessa de uma garotinha.

“O que acha que vamos fazer?”.

Suas asas se abriram, imponentes, em direção ao céu nublado.

“Vamos voar, é claro... e você vai me ensinar”.


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Notas finais do capítulo

Então? Comentários? Teorias? Chineladas?
Kissus e até o próximo!



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