A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 24
From Heaven To Hell


Notas iniciais do capítulo

Hello, people!
Agradecendo ás pessoinhas lindas que favoritaram a fanfic até agora!
Se eu pudesse, daria um ingresso para o The Wizarding World Of Harry Potter para cada um!



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HERMIONE

Os três dias seguintes se resumiram á um torpor coletivo dentro da Toca.

Primeiro, vieram as notificações de Oliviene sobre a investigação do assassinato de Xenofílio. Tirando as teorias dedutivas da equipe perita, não havia nada ainda, além da certeza de que Luna havia sido convocada de Hogwarts assim que uma vizinha horrorizada contatara o Ministério.

Nem uma única pista ou rastro. Absolutamente nada. Quem quer que tivesse feito aquilo, tinha tido o cuidado de não deixar uma só pegada.

E, quem quer que fosse, não teve nenhuma hesitação em deixar claro o quanto era destrutivo e cruel.

As atividades de auror de Rony foram suspensas por uma semana, já que quase todas as equipes estavam voltadas á investigação. Isso, pelo menos, tirou um peso enorme de meu peito, já que eu estava tensa quanto ao seu retorno á ativa. A próxima missão não seria mais um estágio – estariam por conta própria.

Luna e Neviile pareciam ter se enclausurado num cubo de isolamento dentro do quarto de Gina, que parecia cada hora mais impenetrável.

Neville lutava para tentar desperta-la do que parecia ser uma letargia agonizante. Ela não dormia. Recusava comida. Já não lembrava em nada nossa amiga adorável e sonhadora.

Foi só quando eu ameacei ir atrás de Oliviene pessoalmente para localizar o assassino que ela começou a aceitar as colheradas de carne que o namorado, lívido, tentava colocar em sua boca.

Enquanto isso, tivemos notícias de Harry e Andrômeda, através de uma coruja que carregava a carta de escrita rápida e trêmula.

Teddy falara a primeira palavra, o que, não fosse o ambiente de luto que dominara a casa dos Tonks, quando contamos sobre os Lovegood, provavelmente teria feito a alegria de meu melhor amigo pelo resto da semana.

Aproveitei que todos pareciam estar se movimentando para desviar a mente dos acontecimentos e usei isso como desculpa para contatar Gina.

A carta que eu recebi era curta e precisa. Ela pediu que eu desse os pêsames á Luna. E respondeu, parecendo surpresa, á minha pergunta sobre ela e Harry, floreando a frase “já estamos noivos” antes de assinar seu nome no fim do pergaminho.

Isso explicava a cara de chuchu dela na noite antes de seu embarque para Hogwarts. Se Rony soubesse...

Rony. Minha mente, ainda atordoada e assustada, só não enlouquecera justamente por que ele ainda estava ali.

A perspectiva de realmente haver outro Wicca, pairando ali, fazia meus nervos ficarem á flor da pele. A última coisa que eu precisava era pensar que a morte do pai de minha amiga tinha sido um aviso.

Um aviso para mim.

Por que mais alguém mataria Xenofílio? Por que um suposto Wicca se daria o trabalho de eliminar um bruxo que mal sabia defender-se?

Eu tinha quase certeza. Se fosse realmente outro descendente, ele estava atrás de mim. E tinha acabado de mandar sua mensagem.

“Se atingi seus amigos, posso tirar tudo de você também.”

A fúria e o pesar se misturaram num turbilhão que me arrancou lágrimas dos olhos várias vezes durante o dia.

Eu tinha achado que tudo acabara. O ódio, os confrontos, o perigo... tudo devia ter se extinguido com Rodrick Carrow. Os Carrow haviam sido extirpados para sempre.

O que só me deixava mais agoniada ao pensar de onde viera essa nova Semente.

Mas isso não era o pior.

O pior era ver que todos que eu amava estavam em perigo outra vez.

Meu coração parecia rugir o nome de Rony.

“Mas espere um pouco”, guinchou minha cabeça. “Essa afirmação do assassino ter sido um Wicca é só teoria. Existem tantos bruxos e bruxas que conseguem conjurar elementos usando varinhas... e várias criaturas mágicas também. Talvez ele nem seja o que estou pensando.”

Talvez sim. Talvez não. Mas o raio de destruição que restara no morro não parecia ser coisa de uma besta irracional ou um bruxo qualquer.

Eu precisava parar de pensar nisso. Por mais que a dúvida e a angústia me assolassem, não podia voltar ao fundo do poço em que ficara no ano anterior, antes do Torneio Tribruxo. Eu tinha que reagir. Estar sã o suficiente para que, se realmente tivesse de lutar, estivesse preparada e com o coração no lugar.

Foi por isso, talvez, que Rony me encarou surpreso quando acordou, me vendo já trocada, esperando-o se levantar.

– Oi – ele franziu o cenho – aonde você vai?

– Aonde nós vamos – corrigi – vamos passear.

– Oi? – isso pareceu tirá-lo do estado sonífero, já que Rony levantou a cabeça, o cotovelo apoiado no travesseiro, com uma expressão assustada.

– Você ouviu, peste – sacudi-o, finalmente fazendo-o dar uma risada nervosa – anda.

Rony parecia confuso enquanto se levantava, me encarando como se esperasse ver meus olhos anuviados, como se esperaria ver em uma pessoa dominada pela Maldição Imperius.

– Não é melhor avisar meus pais? – ele indagou, já com uma calça jeans e uma camiseta mostarda.

– Já avisei Artur... e sua mãe está ajudando Luna a tomar banho – disfarcei a engolida em seco que dei quando me lembrei de minha amiga dopada – disse que voltaríamos logo.

– E aonde vamos? – ele suspirou.

– Hum... sei lá – brinquei – que tal irmos ao Westfield Stratford City? É um shopping bem legal.

– Shopping? – Rony piscou, curioso. Parecia achar graça na palavra.

– E tipo o Beco Diagonal. Mas só tem coisas... trouxas – revirei os olhos, rindo.

– Boa idéia... se você tiver paciência para ensinar tudo para o ignorante aqui.

– Vou ter toda a paciência do mundo – apertei seu queixo, fazendo-o rir de novo, e ergui a mão na altura da dele – vamos?

Rony parecia um tanto mais animado quando finalmente desaparatamos em direção ao leste de Londres.

Eu só esperava que aquele pequeno passeio pudesse desviar nossas cabeças de tudo que andara acontecendo até então...

__________________O________________

Não foi nada difícil distrair Rony dentro do Weastfield.

Difícil foi arrastar seu olhar maravilhado de tudo que via enquanto caminhávamos pelas lojas multicoloridas do complexo.

Ele simplesmente se divertiu enquanto eu experimentava algumas coisas na Cadenzza, uma loja de jóias. Dava risada até não conseguir mais com meus pulsos cheios de pulseirinhas coloridas e os anéis mais horrorosos que encontrei enfiados em meus dedos.

Coloquei a mão na cintura e fiz uma vozinha infantil grudenta, imitando Umbridge.

– Espero que não esteja rindo de mim, Sr. Weasley. Quinze pontos a menos para a Grifinória.

– Não, espera, espera! – ele gargalhava, puxando um cachecol cor-de-rosa detrás de mim e enrolando em meu pescoço - perfeita! Só faltava engordar cem quilos e ficar com cara de sapa!

Continuamos quase chorando de rir, até que um dos seguranças da loja finalmente fez menção de se aproximar, provavelmente de saco cheio dos garotos que gargalhavam como patos na entrada da Cadenzza. Não é preciso dizer que escapulimos de lá rapidinho depois disso.

A loja masculina BOSS estava ao lado da Cadenzza, e foi para lá que Rony se dirigiu, namorando, com a expressão admirada, todas as camisetas estilizadas e ternos da vitrine.

– Foi aqui que comprei aquele conjunto que você usou no Baile de Inverno – comentei, sorrindo.

– Sério? – ele pareceu reconhecer o modelo que eu comprara em um dos manequins – bom gosto. Espero que não tenha sido caro... – ele piscou, sarcástico – se bem que nada é caro pra alguém que reserva cinco hotéis de luxo na Austrália sem piscar um olho ao ver o preço.

– Ah, vê se morre, Rony – bufei, enquanto ele ria e beijava minha bochecha.

Quando entramos na Victoria's Secret, porém, ele pareceu calar a boca de uma vez por todas. Simplesmente ficou amuado do meu lado, com as orelhas vermelhas e o olhar de quem pedia socorro, enquanto eu olhava as peças lindas e absurdamente sensuais pela loja.

Para meu espanto, ele ficou subitamente interessado em um deles. Era um conjunto preto, provavelmente de couro, com uma liga em forma de cinto afixada na coxa do manequim.

– Acho melhor você esperar lá fora – falei, vendo-o olhar para os próprios pés – eu já saio. Vou só ver uma meia-fina aqui...

Ele não discutiu. Parecia tão envergonhado com as mulheres – algumas bem mais velhas que eu – que o encaravam, quanto eu me senti venenosa com as da minha idade, que pareciam encantadas da vida com sua presença - quase já ausente - na loja.

E Rony continuou sem dizer nada quando saí da Victoria’s com uma sacolinha exageradamente rosa em um dos braços.

De lá, como já era quase meio-dia, fomos para a praça de alimentação.

Imaginando se ele ia gostar de hambúrguer, arrisquei comprar um lanche completo para cada um.

Rony virava a caixinha do McLanche Feliz para cima e para baixo, tentando desviá-la dos olhares inquisitórios das crianças que comiam ao nosso redor. Os pais não pareciam menos divertidos com aquilo.

– Não acredito que você me fez comprar isso – rosnei, porém rachando de rir por dentro.

– Fiz mesmo... o lanche é bom – ele comentou, dando outra mordida e se lambuzando todo de molho especial – posso ficar com seu brinquedinho?

– Divirta-se – empurrei a Batada Fantasma empacotada para ele, rindo.

Subimos até o segundo andar, e indiquei á Rony a entrada da Vue, a rede de cinemas de Londres.

– Cinema? – ele testou a palavra – é onde passam aqueles “filmes” que aparecem nas televisões lá na Austrália?

– Sim... – assenti – escolhe um pra gente assistir!

Ele olhou os cartazes, até me indicar um deles. Uma foto de um casal abraçado, sobreposta á ponta de um navio de porte majestoso.

– Ah, é... fizeram esse aí baseado no naufrágio de um navio, há uns noventa anos... – sorri – vou comprar os ingressos.

Depois de enfrentar a fila da pipoca – que Rony já comia animadamente antes mesmo de sentarmos (anotei mentalmente que o coitado nunca comera pipoca antes – tal como o hambúrguer – e parei de cismar com ele), finalmente nos acomodamos nas fileiras da sala de exibição.

Rony não deu um pio sequer. Parecia pasmo até com a tela que se acendeu após o escuro pré-exibição.

Enquanto o filme passava, sinto, risonha, seu braço se estendendo por trás da cadeira, num abraço típico de casalzinho cinéfilo. Sua outra mão segurou a minha, enquanto víamos a coisa esquentando ironicamente entre o casal principal do filme.

Quando começaram as mortes na água, vi os olhos dele quase brilhando, tentando prender, com toda a masculinidade possível, algumas lágrimas afetadas.

– Vai chorar, bichinho? – esbarrei nele, rindo, embora eu mesma estivesse com o rosto todo molhado e os olhos lacrimejando.

– Cala a boca, Hermione – ele guinchou, me fazendo sorrir como uma boba, as lágrimas de emoção se misturando com as de riso.

Para minha completa surpresa, ele ficou me encarando quando o rapaz do filme cedeu a porta que boiava para evitar que a namorada ficasse na água congelante.

Os olhos dele rutilavam como safiras no breu do cinema. Com apenas o som do filme para me consolar, pude sentir sua respiração em minha pele. A mão que segurava a minha apertou carinhosamente meu dedos, e o olhar profundo que Rony me jogava fez meu coração bombear mais rápido e minhas bochechas corarem.

Reações que me deixavam completamente perdida e incrédula... como ele ainda conseguia fazer isso comigo?

Não precisei de – e nem tive – tempo para pensar nisso. Sua boca, gentil, carinhosa e cheia de um não-sei-o-quê que estremeceu meus joelhos, colou-se na minha.

Um arrepio gostoso, como eu nunca tinha sentido antes, se acomodou em meu estômago. Aquilo era tão estranho e tão banalmente fantástico... parecíamos dois adolescentes tendo seu primeiro beijo numa sessão de cinema qualquer.

Mas o que, em minha opinião, tornava tudo inusitado era justamente o fato de ser uma experiência nova para nós dois. Quem diria...

Parecia que eu nunca deixaria de me surpreender com Rony. Ou comigo mesma.

– Ei, pombinhos – riu alguém atrás de nós. Era uma mulher risonha que piscava para mim – chega disso. Já chorei demais com esse filme. Não me façam chorar também.

Rimos, com Rony ainda afagando minhas costas.

Quando o filme finalmente acabou, saímos da Vue, com Rony ainda comentando sobre o quanto gostara do filme.

– Mas gostei mais ainda da companhia – ele acrescentou, me fazendo ficar sem graça.

Finalmente, uma meia hora - e dois sorvetes de casquinha - depois, saímos do Westfield para irmos até o centro.

Fiquei pensando se Rony gostaria de dar uma voltinha na London Eye, então, peguei sua mão e o puxei para outra aparatação, enquanto a surpresa estampava seu rosto como um carimbo.

Quando reaparecemos, resolvi poupar-nos de uma lenta e chata espera na fila de entrada, e nos desembarquei já dentro de um dos vagões em forma de cápsula.

– Nossa – Rony sacudiu a cabeça – assim você acaba comigo...

Ele finalmente pareceu perceber onde estávamos, pois se aproximou da parede de vidro, apoiando as mãos no domo, os olhos se arregalando de espanto.

– Caramba... – ele estava boquiaberto – dá para ver Londres inteira daqui!

Sorri, relembrando que eu havia tido a mesma reação quando papai e mamãe tinham me levado à roda-gigante pela primeira vez. Podíamos ver tudo na cidade, desde o castelo de Buckingham até o Parlamento, a Torre de Londres e a London Bridge.

Estava tão entretida que mal vi o dia passando. As primeiras nuvens que antecipavam o pôr-do-sol já apareciam no horizonte. O sol, preguiçoso, brilhava sob o rio Tâmisa, reluzindo no domo de vidro da cápsula e iluminando a paisagem. Era lindo de se ver.

– Caramba – Rony repetiu – acho que nós dois precisávamos disso, Hermione... – ele segurou minha mão, sorrindo.

– É bonito, não é? – minha voz estava ridiculamente embargada – dá para fingir, por cinco minutinhos, que só existe paz em todo o mundo.

– É – ele concordou, suspirando – com certeza dá.

O vagão estremeceu, parando de novo.

– O ruim é que essa paz está me chacoalhando – ele resmungou, quebrando minha contemplação e me fazendo gargalhar.

Para a visível agonia hilária de Rony, a roda-gigante guinchou outra vez.

Mas, desta vez, o vagão não se moveu um milímetro sequer.

– Estranho... – murmurei.

Olhei para baixo, aonde uma fila de crianças esperava sua vez de entrar na London Eye, ao lado do operador, que parecia encarar o quadro de botões com o cenho franzido.

Dava para ver que era uma excursão, pelo jeito que elas estavam enfileiradas, guiadas por uma moça loura de jaleco.

Fiquei curiosa quando percebi que a rotina de cinco minutos para cada avanço havia parado. Já havia dez minutos que a roda não se movia. O que estava acontecendo?

Tentei não me preocupar. Em vez disso, continuei, ainda de mãos dadas com Rony, observando a classe escolar conversando animadamente.

E foi por isso que vi muito bem o momento em que o quadro de operações explodiu, engolindo o operador trouxa nas chamas que começaram a consumir a estrutura da roda-gigante.


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Notas finais do capítulo

Então? Comentários? Gente indignada com a quantidade de mortes por capítulo quadrado? (risada maléfica). Gente amando a fofura de Romione?
Kissus e ROAM AS UNHAS até o próximo capítulo rsrs #brincadeirinha #mamaeamavoces



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