A Esfera da Herança escrita por FireboltVioleta


Capítulo 14
Water and Fire - Part 2


Notas iniciais do capítulo

Ae, pessoas!
Mais um capítulo pra vocês. Esse vai introduzir uma pessoinha nova na fic.
Lembrando que plágio é crime, e que a Maldição da Wicca, a Hermione Wicca e todo o pacote Wicca (rs) são propriedades intelectuais minhas (leia-se: to de olho em você, Tio Emerson... huashuas).
Boa leitura!



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HERMIONE

Nyree dava pequenos pulinhos de felicidade, me fazendo rir.

– Perfeito, perfeito, perfeito! – ela guinchava – que vontade de chorar! Tá linda! Tá divina! Tá mais formosa que Gaia!

– Que exagero, Nyree...

– Exagero é tua humildade, peste – Nyree fungou, ainda animada – minha nossa, Hermione... Rony vai se afogar com isso.

Ergui a sobrancelha. Disso eu não tinha dúvida.

Meu estômago esquentava só de lembrar a expressão fascinada e desejosa do meu noivo toda vez que entrávamos naquele tipo de situação.

O que só me fazia sentir ainda mais alegria, quando me recordava que aquele garoto maluco me amava. Eu me sentia protegida, cuidada e inabalável quando estava ao lado dele. Era a sensação mais incrível do mundo.

Virei-me para o espelho, afagando o tecido suave do biquíni que Nyree me emprestara. Era preto, cheio de brilhos nas bordas, e lindo de morrer.

O que, absurdamente, me deu uma idéia insana.

– Ele já está na piscina?

– Não sei – Nyree fez uma careta engraçada quando, repentinamente, o som de algo caindo na água se expandiu pela janela – pelo jeito, acabou de entrar.

– Vou descer – comentei como quem não queria nada – valeu pelo biquíni.

– Imagina – Nyree me empurrou, rindo – agora vai deixar Rony de boca aberta, anda...

Desci as escadas, extasiada, com um inusitado gelo na barriga.

Antes de chegar á varanda dos fundos, fiquei parada defronte à porta de vidro, ofuscada ligeiramente pelas cortinas.

Eu nunca tinha tentado permanecer na forma Wicca sem que fosse por motivos sérios, como a batalha de Beauxbatons e os julgamentos no Ministério – ou até mesmo o pedido de casamento inesperado de meses atrás.

O que aconteceria se eu ficasse em forma conjuradora só por diversão?

Minhas mãos formigaram, ansiosas, como se implorassem para produzir as chamas que varriam meu corpo.

Suspirei, erguendo a cabeça para o alto, tentando fazer aquilo funcionar. Não era tão fácil quando eu não estava zangada, séria, decidida ou espantada.

Emoções, emoções... o que McGonagall havia dito mesmo?

Pensei no como estava cada vez mais feliz com tudo que andava acontecendo. Minha surpreendente volta por cima depois da matéria do Profeta Diário, a aceitação de tantos bruxos no tribunal, o reencontro com nossos amigos da Austrália... a noite de dois dias atrás...

Quando senti a eletricidade dos elementos correrem dentro de mim, sabia que havia conseguido.

Não era tão difícil, afinal das contas.

“Ainda mais quando você lembrou-se da noite retrasada”, ironizou minha consciência, só de biquíni, agarrando seu exemplar de Hogwarts, Uma História como se fosse uma corda. “Aquilo acende até palito de fósforo... imagina os elementos.”

Que fosse. O humor que me invadiu com o pensamento quase me fez voltar á forma normal.

Caminhei até a porta de vidro, abrindo-a, e saindo na varanda.

Rony tinha acabado de emergir. Estava com os cabelos gotejando, de um jeito um tanto tentador, olhando para o céu.

Ouvi minha voz ecoar sutilmente.

– Rony?

Vi-o se endireitar, atônito e paralisado.

Ele virou-se lentamente em minha direção, hipnotizado e boquiaberto. Aproximei-me da beira da piscina, sorrindo para Rony.

O som delicioso e acelerado de seu coração encheu os canais do quinto elemento, fazendo o meu próprio coração dobrar de marcha.

– Hermione... – ouvi-o guinchar, rouco.

– Não vai me convidar para lhe fazer companhia aí dentro? – brinquei.

Ele ainda me encarava, aturdido, mas assentiu.

– Á vontade...

Entrei na piscina através da escada, estremecendo com a umidade que banhou meu corpo até o busto.

Rony piscou, parecendo querer comentar algo nada sutil sobre o tremor.

Eu sentia o fascínio e o ligeiro temor em seu olhar, gerado provavelmente pela minha forma de agora. Mas também podia sentir algo muito mais profundo surgindo nele, quase palpável na água que ainda nos separava.

– Está linda... – Rony se aproximou, ainda olhando fixamente para mim.

Mesmo com o quinto elemento, eu não conseguia distinguir o que diabos se passava dentro da cabeça dele. Estava surpreso? Contente? Decepcionado? O rosto de Rony era uma máscara. Seus olhos, um poço profundo de águas cristalinas.

E eu sinceramente não sabia quem estava dando mais medo em quem.

– Como se sente?

– O quê? – minha voz saiu ainda mais baixa.

– Estar como Wicca... sem precisar salvar o mundo....

– Ou ser pedida em casamento – murmurei, risonha.

O rosto dele se contorceu num sorriso. Mas ainda parecia ser uma fachada para o mistério dentro de seus olhos.

– Isso também.

Nadei levemente até ficar diante de Rony, á meros centímetros de seu corpo. Apoiei minhas mãos em seus ombros, baixando o olhar.

– Não sei... – sussurrei – posso sentir muitas coisas ao mesmo tempo – voltei a olhá-lo – posso sentir tudo agora...

– Pode mesmo? – percebi um fiapo de humor no tom dele, antes que se inclinasse.

Absurdamente sensível com o quinto elemento, meu corpo pareceu querer explodir quando seus lábios pousaram em meu pescoço. Apoiada em um abraço ao corpo de Rony, senti minha pernas se contorcerem levemente dentro da água, reflexo da violenta satisfação que disparou dentro de mim.

Minha nossa... aquilo era aterrador.

– Sim... – minha voz saiu meio choramingo, meio afirmação.

Rony abraçou minha cintura, guinchando-me para seus braços, enquanto nossos pés se debatiam dentro da piscina. Ele continuou a trilha de beijos, descendo pelo meu ombro, até que apoiou minhas costas dos ladrilhos da beira.

Reprimi a constrangedora vontade de gemer, mordendo o lábio e prendendo a respiração. De repente, estar numa forma tão indefesa aos sentimentos não fora uma boa idéia. Eu tinha quase certeza de que ia desmaiar ali mesmo, sufocada como estava de prazer.

“Mais um dos seus planos geniais que não deu certo. Guarda na pastinha da visita á Xenofílio Lovegood, junto com deixar a Nyree sozinha em Darwin”, bufou minha mente.

E eu pensando que Rony ficaria indefeso... droga.

– Ah... – arfei quando ele desceu, ainda me abraçando, os lábios até a parte de cima do biquíni. Quase pulei quando Rony fez menção de puxar o fecho frontal com a boca.

– O que você está sentindo? – ele parecia se divertir por me deixar daquele jeito. Maldito.

– Raiva – funguei.

Rony parou a investida, erguendo a cabeça e me encarando, confuso.

– Por quê?

– Por você estar contente ser o único que deixa a única Wicca viva do mundo completamente inválida – bufei, estreitando os olhos.

Finalmente, Rony soltou uma risada genuína, sem todo o ar misterioso de segundos atrás.

– Inválida?

– Não consigo... nem me defender – contestei.

– Do que? – Rony afagou meu rosto, curioso.

Mesmo sua mão sob minha bochecha fazia-me ficar arrepiada. Minha cabeça pendeu reflexivamente para o lado, apoiando-se em sua palma.

– Disso... – finalmente choraminguei.

Que merda. Eu, Wicca, me derretendo feito sorvete. Esperava que o desgraçado ficasse feliz.

Olhei para a expressão de Rony. Ele parecia ter voltado ao modo mistério.

Foi com espanto que recebi a boca dele na minha.

A reação do quinto elemento foi tão forte que reverberou em minhas mãos, correndo por elas até entrarem em contato com o corpo dele. Rony estacou, mas não parou de me beijar.

Ouvia os sons distintos de nossas palpitações, unidas na mesma música.

Nunca havia sentido um beijo tão profundo. Fosse por eu estar naquela condição, fosse por realmente nunca ter sido beijada daquele jeito, senti-me quase letárgica com o tornado prazeroso que me consumia.

Senti minhas mãos engancharem-se com mais força ainda em seu pescoço, içando-me em suas mãos, que apoiavam minhas pernas.

Eu podia distinguir o quanto aquilo o afetava também. Na firmeza de seus braços, eu podia sentir o desespero de alguém que não queria demonstrar o quanto estava vulnerável aos meus próprios efeitos sobre ele.

E aquilo me irritava um bocado.

Desviei o rosto do beijo de Rony, envergando minha própria cabeça para seu ombro, beijando seu maxilar.

Ele ofegou, surpreso, e senti, satisfeita, seu corpo estremecer e sua respiração acelerar.

– Hermione...

Ah, a desestabilização. Era aquilo que eu queria ver.

– Acho que já se divertiu o bastante – sorri sadicamente.

Rony me encarou de modo tão sério que quase fiquei com medo. Parecia que não ia querer perder tão cedo.

Só tive tempo de prender a respiração quando ele me puxou para baixo.

Dentro da água, contorci o corpo para escapar dos braços dele, sentindo vontade de rir enquanto nadava, com Rony em meu encalço, veloz e voraz como um tubarão.

O que eu tinha esquecido é que aquela maldita piscina era retangular. Então, naturalmente, chegou um momento em que eu finalmente fiquei encurralada em um dos cantos.

– Me deixa! – arfei, ficando exasperada quando senti as vibrações sumirem. Droga de Pentagrama que me abandonara logo agora!

– Por que eu deixaria? – o rosto dele se envergou com um sorriso macabro.

O que me lembrava muito de certa noite de Baile de Inverno...

Isso aí. Eu estava ferrada.

Talvez escapasse agora... mas não ficaria ilesa por muito tempo.

– Não está tendo pensamentos libidinosos, né? – tentei essa, desesperada.

– Eu não – ele murmurou falsamente – só estou sorrindo.

– Já fez uma Wicca parecer uma menininha de quinze anos – falei – já não está bom?

– Ah, não... – franzi o cenho para sua expressão solene – não acabou. Ainda vai ter mais.

Mais. Uma palavrinha tão pequena, com tantas possibilidades.

Aquela brincadeira toda era só um disfarce de algo muito mais profundo e irrevogável.

Quantas vezes aquilo teria que acontecer para eu sanar minha necessidade de Rony? Para sentir aquele amor, o suficiente para não depender mais dele? Ou nunca mais ter que me viciar naqueles joguinhos tão absurdos, mas tão maravilhosos?

Eu sabia a resposta. Uma vida inteira.

Eu podia ter ficado lá o resto da tarde, simplesmente olhando dentro dos olhos de Rony, deleitando-me com o que via lá.

Mas algo gelado resolveu cair em meus ombros, pesado e molhado.

Estava chovendo. Que saco.

– Ah, merda – Rony se queixou, erguendo a cabeça para o céu. As nuvens estavam negras, se aglomerando bem acima de nós – melhor sairmos logo.

Observei-o subir a escada da piscina, quase com vontade de rir de sua inusitada bermuda verde. Estava tão “ocupada” tentando sobreviver ao ataque de Rony que nem reparara naquilo.

Ele inclinou o corpo para me oferecer a mão. Segurei seus pulsos para sair, capengando um pouco na hora de recolocar o chinelo.

Enquanto apanhávamos as toalhas, a porta da varanda se abriu, e Darel surgiu na fresta.

– Entrem logo! Vão ficar doentes, seus doidos!

Rony pegou a minha tolha e a colocou em meu corpo, segurando minhas costas. A sensação era tão gostosa que me inclinei naturalmente para deitar em seu ombro.

– Calma, Darel – Rony sorriu, enquanto entrávamos.

– vamos molhar a casa toda... – comentei.

– Sem problemas... tenho gente pra limpar... – Darel brincou, desviando de uma almofada vinda sabe-se lá de onde, provavelmente jogada por uma Nyree indignada – brincadeirinha, amor... nossa...

– Sorte sua que eu estou com a menina no colo – ouvi Nyree resmungar, mas com um quê de diversão na voz.

Chacoalhei os cabelos que respingavam ainda na varanda, tentando poupar fosse lá quem enxugaria o chão.

Rony me assistia secar os cabelos com a toalha, com uma expressão soturna, que estava começando a me deixar envergonhada.

“Você é mesmo bipolar, garota”, comentou minha consciência, já dignamente vestida e fingindo ler seu livro, desinteressada. “Uma hora é uma selvagem, e na outra, parece uma garotinha inocente. Decida-se.”

Revirei os olhos para mim mesma. Como se eu tivesse algum controle sob mim mesma, quando se tratava de Ronald Weasley e sua índole possessiva.

Mas não fiquei pensando muito tempo nisso, já que, vindo da sala, ouviu-se um grito infantil de congelar a nuca.

– Tamahine! –arfei.

Esquecendo todo cuidado com o chão ensopado, corremos até a sala, atônitos.

Nyree embalava a filha, assustada, mas não conseguia tirar os olhos da expressão da bebê, que chorava sem lágrimas, e tinha o olhar fixo e apavorado em algo além de nós.

– Não, não, de novo não... – Nyree choramingou.

– É uma visão? – Rony indagou, arfante.

– Calma, Tama, calma...

Darel entrou na sala, desnorteado.

– Me dê ela, querida.

Nyree parecia insegura, mas deu Tamahine para Darel. A garotinha soluçava, angustiada, nos encarando tacitamente, tentando avisar-nos o sobre o que tinha visto.

– Shh... pronto... matua kei konei koe...

Darel afagou a cabecinha de Tamahine. Como num átimo, a menina ergueu a cabecinha e virou o rosto para a porta, parecendo desesperada.

Tentei não sentir um arrepio quando ouvi o som da campainha tocando.

Tamahine piscou, perdendo o foco, e parou de soluçar.

Todos nós nos entreolhamos, confusos.

– Não... Rony murmurou – acho que...

Será que era aquilo que Tamahine previra?

Esse fosse, então por que pareceu ser algo mais sério?

Eu não estava entendendo nada. Tamahine não choraria por qualquer visão boba.

– Eu atendo – ofereci-me.

– Não precisa... você está de roupa de banho... – Nyree disse, mas não parecia ser este o motivo de seu temor.

Darel interveio por nós duas, se adiantando e indo até a porta.

Aproximei-me da bebê, afagando seu rostinho ainda trêmulo, sentindo meu peito pesar de pena.

– Coitadinha – suspirei – tá tudo bem agora, Tama. Já passou.

Rony segurou meu pulso; provavelmente, em parte para me acalmar, em parte para, se preciso, sair correndo dali comigo.

– Boa tarde... – disse uma voz feminina, vinda da porta.

– Boa tarde... está procurando alguém? – ouvi Darel perguntar.

– Por acaso, sim... Darel Williams?

– Sou eu...

– Ótimo – a pessoa (uma mulher, talvez?) parecia estar muito contente – estou procurando por Hermione Granger. Fui até o Ministério da Magia e me disseram que ela passaria a tarde aqui.

Encarei Rony, pasma. Quem seria? Aquela voz não me era familiar.

– Você é algum amiga dela?

– Parente... nunca nos vimos – a mulher disse.

– Parente dela?

O que eu ouvi depois me fez ir correndo para a porta.

– Sou prima do pai dela. Praticamente prima também...

– Hermione! – Rony arfou.

Prima do meu pai... e prima, também, de Harold. Seria ela a pessoa que reconheceu o corpo do meu tio meses atrás?

Quando fiquei diante do portal, me deparei com a mulher de olhos castanhos e sorriso bondoso, me encarando satisfeita, com um sorriso absurdamente semelhante ao meu.

– Olha só como você cresceu, Hermione... ah, eu esqueci de me apresentar, senhores. Meu nome é Helen Granger.




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Notas finais do capítulo

Comentários, opiniões, teorias... fiquem á vontade.
Beijos e mordidinhas em todos, e até o próximo!



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