Mais uma vez acordei assustada no meio da noite, fui acordada por um grito de pânico, um grito do meu marido Sasuke Uchiha. Olho para ele, está sentado em nossa cama com os joelhos flexionados e com as mãos sobre a cabeça, suava frio e parecia assustado, com certeza tivera outro pesadelo, eles não são frequentes, mas às vezes acontecem. Eu me sento ao seu lado, é como se ele nem percebesse que eu estou ali, parece estar em outro mundo..
– Está tudo bem ? - Pergunto, ele nada responde - Quer conversar ?
Eram 3 da manhã, obviamente não era a melhor hora para uma conversa, mas não pude evitar, afinal depois de me tornar esposa e mãe acabei me tornando uma espécie de psicóloga também.
Ele nada dizia, apenas respirava ofegante e suava frio..

Me levanto e vou até a cozinha, ele continua parado como uma estátua, parece em estado de choque, me dói vê-lo assim mas posso dizer até que já me acostumei; pego um copo de água com açúcar para ele, isso sempre funciona, no caminho de volta para o nosso quarto eu paro por uns instantes em frente ao quarto de nossa Sarada, abro só um pouquinho a porta e vejo que ela dorme normalmente, pelo menos dessa vez ela não acordou com as crises noturnas do pai, na verdade ela só acordava quando era bebê, agora dorme feito pedra. Chego em nosso quarto e Sasuke continua do mesmo jeito, na mesma posição.

– Querido, toma - Eu entrego o copo para ele.

Sasuke me encara por uns instantes, seu olhar transmite um medo infantil, realmente seu trauma de infância foi grande.. Ele pega o copo das minhas mãos e bebe o líquido todo de uma vez, estava trêmulo e ainda parecia assustado, ele me entrega o copo e eu o coloco no meu criado mudo, em seguida me sento ao seu lado e beijo sua bochecha.
Eu o abraço, o trago para bem pertinho de mim, ele parece se sentir seguro assim, o aconchego em meus braços e o deito novamente com sua cabeça escorada em meu peito, Sasuke ainda respira ofegante, passa o braço esquerdo enfaixado sobre a minha cintura e me abraça com força, me abraça como se não quisesse mais me soltar, como se dissesse " Não me deixe sozinho ", ele teme a solidão e eu não o culpo por isso.
Começo a acariciar seus cabelos lisos e macios, ele gosta quando eu faço isso, alguns minutos depois noto que sua respiração se acalmou, olho para o seu rosto, ele dorme tranquila e serenamente.

Ainda me recordo da primeira vez que isso aconteceu, foi logo depois que nos casamos, na verdade estávamos casados a mais ou menos uns dois meses quando fui acordada por um grito de pânico, olhei para ele e vi seu rosto suado e pude ver algumas lágrimas em seus olhos, na verdade ele parecia querer reprimir um choro que insistia em sair, Sasuke pareceu se sentir envergonhado, não intendi o porque, sentiu-se envergonhado de demonstrar que tinha sentimentos como qualquer outro ser humano, dali em diante percebi que Sasuke era na verdade uma pessoa sensível, percebi que aquela criança traumatizada ainda vive nele, meu marido parece não ter superado seu trauma por completo, com certeza jamais se esquecerá da cena horrível que presenciou na infância, Sasuke sempre reprimiu seus sentimentos mas agora eu vejo claramente que ele ainda sofre com seu trauma..

Ele afrouxa o abraço, agora com certeza já está num sono profundo, ainda bem, muitas vezes ele demora para conseguir pegar no sono novamente, assim como uma criança ele só se acalma quando se vê aconchegado em meus braços. Fico imaginando como era quando Sasuke estava completamente sozinho, quando ele acordava no meio da noite e via que não tinha ninguém ao seu lado, devia ser uma sensação desesperadora para ele, e naquela época com certeza seus pesadelos eram mais frequentes..

Acaricio levemente seu rosto, ele parece calmo, acho que vai dormir tranquilamente pelo resto da noite, beijo sua testa e escoro minha cabeça na dele, vamos dormir abraçados até amanhecer...

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Mais uma vez os malditos pesadelos vem me perturbar no meio da noite, mesmo já tendo aceitado tudo, ainda assim as cenas horríveis daquela noite não saem da minha cabeça, as vezes sonho com isso e acordo atordoado, a Sakura sempre acaba sendo acordada também, ela não reclama de ser acordada aos berros de madrugada, ao invés disso ela me abraça e me conforta, me sinto seguro em seus braços, sinto que não estou mais sozinho, tenho uma sensação boa, uma sensação parecida com a que eu tinha quando minha mãe me aconchegava em seus braços.

Quando isso aconteceu pela primeira vez desde que me casei senti-me envergonhado, Sakura acordou assustada e me encarou, vi sua imagem embaçada pelas lágrimas que insistiam em sair, ela então percebeu do que se tratava, percebeu sem que eu dissesse uma única palavra, ela sorriu docemente e me abraçou.

– Está tudo bem - Ela disse enquanto acariciava meus cabelos - Estou aqui com você - Essa última frase me trouxe conforto e segurança, logo pude adormecer em seus braços.

Senti-me envergonhado naquele dia, pela primeira vez ela me viu chorando, a segunda foi quando nossa filha nasceu, acho que ela deve ter pensado algo do tipo " Não acredito que estou vendo o grande Sasuke Uchiha chorando na minha frente ", foi vergonhoso mas não me contive, senti-me fraco por demonstrar medo daquela forma, era óbvio que eu estava apavorado depois de um pesadelo medonho, me senti como uma criança que corre para os braços da mamãe após um sonho ruim, mas eu sei que Sakura me entende, melhor do que ninguém, ela me entende sem que eu diga uma única palavra, não é à toa que é a mulher da minha vida.

Nessa noite agora não é diferente, ela percebe o que aconteceu, pergunta se eu estou bem mas não consigo articular uma única palavra sequer, estou apavorado demais para isso, ela pergunta com a voz doce se quero conversar, novamente eu não respondo. Minha esposa se levanta, já sei que ela foi até a cozinha e trará água com açúcar para mim, isso sempre funciona, consegue me acalmar um pouco mas o que realmente me faz dormir tranquilamente de novo é o Abraço da minha amada.. Ela chega no quarto e me entrega o copo com o líquido transparente, a encaro por uns segundos e ela está com a mesma expressão doce e meiga de sempre, pego o copo e bebo tudo num gole só, depois disso ela me dá um beijo na bochecha, isso é bom.. Sakura me abraça, agora nossos corpos estão colados, sinto o calor do seu corpo, sinto seu coração bater, sinto-me mais calmo. Ela me deita suavemente sobre o seu peito, me aconchega pertinho de si, eu a Abraço forte, como se quisesse impedir que ela escapasse..

Me recordo das vezes em que acordei ofegante no meio da noite, na época que eu olhava para os lados e via que estava completamente sozinho, aquilo era desesperador, eu deixava as lágrimas caírem, ninguém estava vendo mesmo, então eu podia pôr tudo pra fora, geralmente nessa época eu chorava até o dia seguinte ou até pegar no sono novamente, mas agora tenho alguém do meu lado, alguém que me ama, que me conforta e me entende, não estou mais sozinho..

Sinto meu corpo leve, sei que logo dormirei novamente, estou nos braços da mulher que amo, minha Sakura, a mãe da minha filha querida, a mulher que nunca deixou de me amar e que nunca desistiu de mim, aquela que preencheu a minha existência vazia com o mais bonito dos sentimentos, o amor, a única mulher que eu sempre amei e que sempre vou amar.. Ela ainda me abraça, sei que sempre estará lá para mim, mesmo que ainda sofra pela morte do meu clã, ainda assim eu sou feliz, feliz porque tenho uma família novamente.