Lost in Paradise escrita por Drylaine


Capítulo 7
O retorno


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, mas a internet nesses ultimos dias tem me deixado na mão. Espero q as emoções dos personagens tenham ficado bem descritos. Bon Bon agora tá de volta e as coisas nunca mais serão as mesmas... E falando nisso o que foi Bamon Reunion em 6x15. Perfect!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/584220/chapter/7

Damon

Quando a gangue soube que as consequências da Fusão afetaria o destino de Bonnie todos ficaram agitados, mas não havia como salvá-la. Claro, que todos lamentaram por ela da sua própria forma. Mas, no fim todos iriam ter que seguir em frente desejando que ela encontrasse um fim digno. Que Bonnie encontrasse a sua paz. Entretanto pra mim, estávamos todos fingindo que tudo iria ficar bem e que todos iriam se recuperar com o tempo. Eu sentia que as coisas não seriam tão simples assim, mas mesmo me sentindo pessimista e incrédulo e com vários outros sentimentos turbulentos dentro de mim, eu permaneci sendo ao menos companheiro e apoiando a todos. Pois alguém teria que ser forte e menos vulnerável às mudanças que viessem daqui por diante.

Eu olho pra Elena e seus olhos castanhos aflitos. Ela falava ao telefone com um Jeremy que do outro lado da linha parecia muito alterado. Ele havia partido pra faculdade há alguns dias, decidido a reconstruir a sua vida longe de Mystic Falls. A relação dos irmãos já não era tranquila e, parte disso, a culpa era minha. De alguma forma minha relação com Elena os afastou ainda mais e como se isso não fosse o suficiente, Jeremy me odiava por ter saído daquele inferno sem Bonnie. Querendo ou não ele tinha razão de me odiar, eu mesmo me odiava por isso. Tudo se tornou ainda pior, quando o jovem Gilbert descobriu que Bonnie não tinha mais chance de ser resgatada.

“Pelo menos ele estará seguro, construindo um futuro melhor e uma vida normal longe daqui. É tarde demais pra lamentações e... Bonnie provavelmente estará num lugar melhor do que nós.” Eu digo vacilante e desacorçoado a Elena que se aconchega em meus braços.

“Eu sei, mas Jer me odeia.” Ela diz fazendo círculos com as unhas no meu peito nu.

“Ele não é mais um garotinho e já teve que lidar com outras perdas. Vai sobreviver a essa.” Agora eu me sentia sem paciência para todo esse drama, pois querendo ou não Bebê Gilbert também falhou em lutar por Bonnie preferindo se afogar em bebidas e em garotas diferentes. Só de pensar nisso me sentia nausear.

“Damon, ele é ainda um garoto que teve que amadurecer rápido demais pra sobreviver ao nosso mundo sobrenatural.” Eu já estava cansado de tudo e não queria perder o controle, então apenas concordava com tudo que Elena dizia. Passei a noite em claro, enquanto Elena dormia tranquila do meu lado.

~~~*~~~

Hoje era o dia da Fusão, durante todo dia eu me isolei de todos até mesmo de Liz que me esperava pra passarmos a tarde juntos. Mas, hoje eu não era boa companhia pra ninguém, nem mesmo pra mim. Passei o tempo me enchendo de Bourbon e no meu quarto com o vídeo diário revendo aquelas lembranças malditas que eu não podia esquecer e que me perturbavam tanto. Fiquei ali até ser interrompido pelo chamado urgente de Stefan no celular.

Justamente hoje que eu não apareci pra ver Liz, ela teve uma recaída, passou muito mal e teve que ser levada as pressas para o hospital. É óbvio que me senti um tanto culpado por negligenciar a minha amiga. Mas, era tarde demais pra ficar me culpando.

Quando cheguei ao hospital, já fui preenchido por uma sensação ruim e angustiante.

“Ela passou muito mal e seu corpo começou a rejeitar o nosso sangue. Segundo Jo o nosso sangue acelerou o câncer.”

“O quê?” Eu não acreditava que sangue de vampiro não pudesse curá-la. Pois, nosso sangue já curou e regenerou até coisas impossíveis.

“Eu tô me sentindo tão impotente. Nós tentamos ajudar, mas...” Stefan diz titubeando.

“Não, não. Nós daremos outro jeito.” Eu disse tentando soar firme e confiante olhando pela vidraça do quarto de hospital onde Liz está com Caroline chorando ao seu lado. Logo, Jo e Elena se juntou a nós.

“Infelizmente, não há como impedir a progressão do câncer. Será questão de tempo pra perdermos Liz. E ainda temos a questão do sangue de vampiro fluindo dentro dela.” Jo diz ponderada. “Eu sinto muito por isso.” Sua expressão corporal mostra o quanto tensa e nervosa Jo parece.

E se a única saída fosse deixar Liz se tornar vampira?

Parecia que esse dia seria marcado por grandes acontecimentos. Grandes reviravoltas que poderiam mudar tudo. E naquele momento me senti completamente perdido.

Quando chegou a hora da Fusão, o céu estava iluminado por uma bela lua cheia. Havia um vento soprando sem parar e fazendo as folhas das árvores ao nosso redor se mexerem alvoroçadas, havia também uma energia forte e eletrizante pairada no ar. Vi Luke e Liv trocarem olhares no meio dos bruxos, eles estavam preparados para ser a força extra durante a Fusão. Ao meu lado Ric parece muito agitado com seus olhos estreitos e fixos em sua namorada.

Os membros do Clã formaram um circulo e no centro dele estavam Jo e Kai. A Fusão começa e eu posso sentir a magia fluindo por ali, mesmo não sendo um bruxo. Os gêmeos conectados entre si vão murmurando palavras que, pra mim, são desconexas. O tempo vai passando e junto à tensão só aumenta até chegar ao ápice da Fusão. Abruptamente, uma luz explodiu invencível como um raio fazendo até o chão tremer e trazendo consigo uma névoa passageira que faz minha visão ficar nublada até que tudo volta a normal e nítido.

Ric conturbado repentinamente corre para o meio do tumulto. Minha mente se torna consciente que a Fusão fora concluída e os dois irmãos permanecem caídos no chão em lados opostos. Por um momento me sinto confuso, sem saber quem ganhou até que vejo Liv chorando com o corpo morto de Jo em seus braços ao lado de Luke e Ric, ambos estão com semblantes tristes e inconsoláveis. Meus olhos vagam para o meio do tumulto daquelas pessoas que eu nem conheço até pousarem em Kai que agora já estava em pé com sua postura prepotente.

Um vento forte traz um cheiro de jasmim muito familiar que parece se impregnar em mim me deixando entorpecido. Sinto-me conturbado e ansioso demais, por algo que eu nem consigo explicar. Meus olhos continuam a viajar por entre as pessoas ali a procura de encontrar a origem do meu desespero. Eu posso senti-la ali com seu coração pulsando fraco e seu cheiro de jasmim.

E ali no meio de todo aquele tumulto eu encontro um corpo caído sobre grama. Sem hesitar eu a envolvi em meus braços. Ela estava ali frágil, delicada e viva de volta nos meus braços.

“Bonnie, você está aqui? Vamos, abra os olhos pra mim. Esta tudo bem agora. Vamos bruxinha, acorde!” Eu a segurei firme com medo de perdê-la de novo.

Uma parte minha sentia que era tudo tão surreal, me fazendo temer que fosse apenas uma ilusão. Mas, então o meu olhar se encontrou com seus lindos olhos esverdeados me fitando desnorteado e isso me encheu de paz e de uma alegria que eu não sentia há tanto tempo.

“Você sempre volta!” Eu permaneci com Bonnie presa nos meus braços, decidido a protegê-la de tudo e de todos. Senti seu corpo tremer pelo seu choro silencioso, enquanto nossos olhos continuaram conectados e naquele momento eu me esqueci de tudo que estava a minha volta, pois tudo o que me importava era a pequena bruxinha presa a mim.

Fiz uma promessa a mim mesmo. Estava na hora de honrar a promessa que um dia eu fiz a Emily Bennett e agora essa mesma promessa se tornou algo fundamental e muito intimo.

Eu vou proteger Bonnie Bennett até o fim, com a minha própria imortalidade se necessário. Farei o possível e até o impossível, pra mantê-la protegida.

~~~*~~~

Nosso retorno a Mystic Falls havia sido silencioso, Bonnie adormeceu novamente, sem nos dar a chance de trocarmos nem uma palavra. Alaric também estava perdido em seus próprios pensamentos, ele estava cabisbaixo. Com a morte de Jo as coisas podem ficar tensas por aqui, ainda mais agora com Kai a solta e se sentindo vitorioso. Pelo menos, ele já não seria mais problema nosso.

Que o Clã consiga sobreviver nas mãos de seu novo líder! Talvez, eu devesse ser mais sensível à perda de Ric, mas tudo o que estava em minha mente era a jovem dormindo pacificamente em meus braços.

Agora era a hora de juntar toda a gangue e dar a notícia maravilhosa, só que eu ainda não estava pronto pra dividi-la com ninguém.

“Então, vai chamar Elena e os outros?” Ric questiona sombrio passando a mãos nervosamente por seu cabelo e olhando para Bonnie que agora repousava sobre a cama no quarto que antes pertencia a Jeremy.

“Não ainda. Vamos deixa-la dormir. Ela parece muito exausta e provavelmente ela possa se sentir muito confusa na presença de outras pessoas. Além do mais, Elena e Stefan estão ajudando a Caroline. Eles já estão sobrecarregados com a doença de Liz. Vamos esperar até amanhã.”

Então, eu fui deixado sozinho com Bonnie ainda dormindo. Passei a noite inteira vigiando seu sono como no tempo em que passamos juntos presos em 94. Isso me causou uma sensação tão familiar e natural pra mim e eu percebi o quanto eu havia perdido dela, que pra qualquer outra pessoa poderia ser bizarro ou estranho, mas para mim cuidar do sono de Bonnie era reconfortante.

E assim, como nos quatro meses presos naquele lugar, Bonnie no meio de seu sono sereno murmurava coisas sem nexo. Entretanto, durante seus murmúrios algo me chamou a atenção.

“Kai espera! A magia é muito forte, muito forte, muito forte... está se esgotando.” É a primeira vez que ouço a sua voz depois de tanto tempo. Ela continua a balbuciar repetitivamente até se engasgar e suas feições se tornaram tensas. Eu precisava acordá-la antes que ela se sufocasse com sua própria saliva.

“Bonnie, está tudo bem.” Ela então abriu os olhos me olhando confusa e logo assustada se afastou abruptamente de mim como se eu fosse um monstro ou seu inimigo. “Ei, respire fundo. Você está segura agora.” Eu disse tentando me aproximar, mas ela se encolheu e foi se encostando à parede ainda em pé sobre a cama e abraçando protetoramente seu próprio corpo. “Bonnie sou eu, Damon!” Falei incerto e temeroso em me aproximar. Seu coração pulsava acelerado.

“Você é real?” Ela diz ofegante, seus olhos vagam incessantes por todo o quarto fazendo um reconhecimento meticuloso do lugar até seu olhar pousar em mim de novo.

“Sim bruxinha, você tá segura aqui. Eu não sei como foi possível, mas você conseguiu.” Eu disse sorrindo e orgulhoso por ela ter conseguido sair daquele inferno. “O importante é que você voltou pra casa.” Eu não conseguia parar de sorrir parecendo um idiota. E num segundo eu já havia conseguido puxa-la para os meus braços, num abraço apertado, cheio de saudade e lhe beijando o topo de sua cabeça. Isso tudo era uma sensação tão fora de mim.

Desde quando Damon se tornou tão sentimental? Eu acho que meu antigo EU estaria rindo de mim agora. Entretanto, percebi que meu abraço não foi recíproco e seu corpo ficou rígido sob meu toque o que me fez acordar pra realidade que me causou um incomodo em meu peito.

“Ah meu Deus!” Fomos interrompidos pela voz de Elena seguida por Stefan. Bonnie já havia se desvencilhado do abraço e olhava cautelosa para os dois intrusos que haviam chegado na hora errada. “Bonnie é você? Caramba, como você conseguiu?” Elena eufórica e irracional tentou se aproximar de Bonnie, porém a bruxinha com um simples sinal com uma das mãos, magicamente repeliu Elena antes de chegar a tocá-la jogando-a do outro lado do corredor contra a parede, deixando todos no quarto confusos e apreensivos.

O que mais me deixou perplexo é que Bonnie não tinha magia, pois a sua magia fora escondida em Miss Afagos e enviada para os dias atuais. Mas aqui, agora seu gesto de repelir Elena foi com pura magia. Aliás, eu posso sentir a magia fluindo dentro dela, forte e intenso. De uma maneira que eu nunca senti.

“Eu sinto muito. Eu só não quero que me toquem!” Sua voz saiu seca e mecânica me deixando perturbado. Ela fechou os olhos tentando se acalmar e quando conseguiu voltar a si nos deu um sorriso que não chegou a seus olhos. Eu senti como se houvesse uma barreira invisível nos impedindo de chegar até ela. Bonnie talvez não estivesse apenas com medo, mas também, se sentisse perdida e muito confusa com tudo e, sobretudo, parecia muito hostil. Não podíamos pressioná-la mais. Tínhamos que agir com calma e paciência.

“Desculpe Bonnie. Nós só ficamos muito surpresos e felizes pelo seu retorno. Mas, vamos lhe dar tempo pra se reorientar, está bem? Talvez, esteja com fome.” Stefan diz com seu tom natural calmo.

“É, nós podemos lhe preparar um bom café da manhã. Eu prometo, sem panquecas.” Eu disse tentando fazer piada com a situação e suavizar um pouco as coisas, mas a situação pareceu ficar ainda mais pesada.

“Ei, Bonnie... talvez, você deva tomar um banho pra relaxar um pouco enquanto eu acho umas roupas pra você. E vocês...” Elena diz tentando por ordem em tudo. “Preparam o café bem reforçado enquanto eu a ajudo.” Trocamos alguns olhares entre nós três vampiros antes de meus olhos pousarem na pequena garota ao meu lado que também me olhava inexpressiva.

Observando-a melhor percebi que Bonnie estava mais magra, seu cabelo havia crescido alguns centímetros do que eu me lembrava, mas o que mais me chamou atenção (além de sua magia fluindo como sangue por suas veias) fora a camisa xadrez que ela usava, era a minha camisa preferida e isso me pegou de surpresa fazendo um sorriso torto se formar inconscientemente em meus lábios. Isso me fez me lembrar de mais uma coisa, a última gravação que eu tinha dela no meu vídeo diário.

“Damon, obrigado por cuidar de mim. Adeus!” Naquele vídeo que parecia uma despedida ela usava essa mesma camisa xadrez.

Porém, voltando à realidade relutantemente deixei as duas garotas no quarto com sua privacidade, mesmo que por dentro havia uma vozinha gritando pra permanecer do lado daquela bruxinha assustada e confusa e mantê-la segura comigo.


Bonnie

Eu e Elena ficamos nos olhando por um instante, a garota que um dia já fora considerada quase uma irmã inocentemente por mim, me fitava insegura e ao mesmo tempo me avaliando. Eu sei que estava horrível e agora parecia paranoica.

Droga! Meus planos não eram pra começar desse jeito e agora percebo que as coisas podem não ser tão fáceis, eu percebi isso no momento em que acordei com a voz e o rosto de Damon tão próximo ao meu. Subitamente, comecei a agir por instinto, me sentindo perdida e com medo. Um medo inexplicável por estar em volta de três vampiros que eu já não confiava mais.

Se é que um dia eles foram dignos de confiança!

Claro que desses três vampiros, o dono de olhos azuis esverdeados é o que me deixava mais desconcertada, principalmente por aquele abraço súbito e depois por seus olhares penetrantes sobre mim.

Eu tinha um plano pra por em pratica, mas nesse momento eu necessitava controlar meus próprios impulsos naturais e essa sensação desconfortável de não querer que me toquem. Talvez, seja algo passageiro causado pelo meu isolamento forçado naquele lugar que eu quero esquecer.

“Bom, eu sinto muito mesmo Elena.” Eu digo com mais controle sobre mim.

“Está tudo bem, Bon Bon.” Ela diz sorrindo me fazendo revirar por dentro de raiva pelo apelido que para outros podia soar carinhoso, mas pra mim soava falso. Eu sorrio fingindo estar tudo bem, afinal esse era o plano. Fingir ser a Bon Bon estúpida, leal a todos.

“Eu vou tomar um banho.” Me tranco no banheiro e vou me livrando rapidamente das roupas que já usava há quase três dias. Durante o banho vou deixando água morna cair sobre a minha pele me aquecendo e relaxando os meus músculos. Fico ali por um tempo curtindo a sensação da água sobre o meu corpo e deixando minha mente processar várias informações, desde a minha saída da prisão de Kai ao momento da Fusão e, claro, até chegar onde estou aqui.

Sem querer acabei me expondo demais, quando usei minha magia contra Elena, o que me fez rir por um instante e voltar a si pra perceber que terei que inventar uma desculpa para minha magia estar de volta. Talvez, a melhor desculpa é dizer que nem mesmo eu sei explicar e deixar que as coisas sigam seu percurso natural, fazendo todos acreditarem que eu ainda me sinto muito desnorteada com tudo e que preciso de tempo pra me estabelecer de volta aos dias atuais.

Afinal, pobre Bonnie já passou por muitas coisas terríveis e sobreviveu a morte por duas vezes. Ela precisa de um pouco de paz e muita compreensão.

Eu me olho no espelho ainda perdida em meus próprios devaneios. Olhando para o reflexo do meu corpo nu vejo que não há cicatrizes físicas em mim, estou mais magra e o meu cabelo curiosamente cresceu alguns centímetros a mais, só em três dias fora daquele lugar. Talvez, você possa parecer confuso. Mas, eu já estou nos dias atuais há exatos 3 dias. Nesses três dias Lucy, Kai e eu planejamos o meu retorno e claro que tudo foi bem armado pra não correr o risco de ser descoberto, pelo menos por enquanto. Há uma parte minha que se sente nervosa, insegura e queria apenas seguir em frente e ser livre longe de tudo, longe desse lugar que me trás tantas lembranças ruins e dolorosas. Até mesmo Lucy acha que deveria seguir meu rumo e esquecer-se do plano. Contudo, há uma parte mais forte dentro de mim com um desejo indomável de me vingar. E eu penso que só quando eu concluir essa vingança eu conseguirei ser livre de verdade e seguir em frente, sem olhar pra trás.

Isso é mais do que justo, por tudo o que eu fiz por eles. Por todo o meu sacrifico e por todas as perdas que eu tive.

Bonnie precisa se focar em seus objetivos. E dane-se o resto!

Eu permaneço ainda olhando o meu reflexo no espelho e percebo que os meus olhos esverdeados estão sem brilho, os meus lábios só conseguem formar sorrisos forçados e ali, eu vejo apenas uma Bonnie muito distante de mim. Eu já não me sinto mais eu mesma.

“Bonnie, está tudo bem aí? Eu tenho as suas roupas.” Ouço Elena do outro lado da porta. Bom, acho que está na hora do jogo começar, eu respiro fundo pronta pra dar o próximo passo.

~~~*~~~

O café aparentemente correu bem, por um instante pude apreciar um bom café da manhã completo (sem panquecas), num silencio que pra mim era bom já que não tinha muito que dizer. Às vezes, meus olhos pousavam nas mãos entrelaçadas e na troca de olhares entre o casal perfeito e egoísta que me enojava, mas eu continuei me mantendo tranquila. Stefan parecia muito tranquilo também em torno do casal e pra mim tudo parecia muito bizarro.

Era engraçado estar ali no meio desses três que já formaram um triângulo doentio, formado por dois irmãos imortais que durante anos viveram se odiando, tudo por causa de uma garota qualquer e depois novamente a historia se repetiu e ambos foram envolvidos por outra garota da mesma linhagem. Não era apenas a aparência em si que as tornavam tão iguais, mas também, sua personalidade egocêntrica, manipuladora e fútil. Elena era a cópia perfeita de Katherine, só que ao contrario dela, Elena era uma hipócrita, mais impulsiva e tão dependente de ser o centro de tudo. Até eu mesmo havia servido cegamente a Santa Gilbert, acreditando em uma amizade que não era real.

Sinto um desconforto pairado no ar, os olhares se dividem em preocupados e ansiosos. Os três pareciam pisar em ovos em torno de mim até que começaram os questionamentos.

Como eu já havia planejado eu tentei ser mais objetiva, ao mesmo tempo, em que deixava algumas coisas inexplicáveis no ar, propositalmente pra confundi-los. Eu lhes disse que não sabia exatamente como consegui chegar aqui, ou como à magia retornou pra mim.

“Talvez, tudo estivesse conectado a Fusão dos irmãos Gemini e um portal se abriu me teletransportando pra cá, ou sei lá. Pra mim tudo parece um borrão. Eu simplesmente quero esquecer daquele lugar. Eu só quero um pouco de paz e eu me sinto tão exausta!” Eu disse alterada fingindo desespero e angustia, embora no fundo minhas palavras fossem a mais pura verdade.

Seus olhares me fitavam numa mistura de pena, apreensão e medo.

“Tudo bem, isso já não importa. Nós chamamos os outros. Caroline ficou toda frenética quando soube da noticia. No meio de tanta coisa ruim você chegou no momento certo.”

Só faltava Elena dizer que eu cheguei pra salvar o dia de novo e se sacrificar e, então, eles se juntariam pra rir de mim. Isso me fez me sentir como uma concha vazia.

“Bonnie, você está bem?” Isso era tão chato eles ficarem repetindo. Era óbvio que eu não estava bem, mas eu sorri docemente.

Houve uma batida na porta e num borrão Stefan já estava recebendo os convidados. Caroline, Matt, Alaric e Tyler, mas ainda faltava alguém. Olhei pra porta a espera de vê-lo e uma parte minha parecia prestes a desmoronar. Jeremy não estava ali. Não que isso fosse alterar os meus planos, entretanto, foi inevitável não me sentir traída e decepcionada. Não apenas por sua partida, como também, por imaginar como ele honrou a minha memória enquanto eu estava presa naquela prisão.

A sala parecia ter se tornado pequeno demais para a tensão que pairou no ar. Damon logo se posicionou na minha frente como se quisesse me proteger dos ‘Meus Amigos.’ No entanto, era eu quem dava as cartas e nesse momento decidi ignorar Damon e me jogar nos braços de Matt e chorar como um bebê. Toda a sala ficou em silêncio, eu podia sentir os olhos de Damon fixos em minhas costas.

“Matt, onde está o Jer? Porque ele não veio me ver.” Eu disse com a voz embargada. As minhas lágrimas para eles, poderia parecer de angustia ou nostalgia, mas era uma mistura de ódio, magoa e amargura. Amargura por saber que Kai tinha razão eles seguiram a sua vida enquanto eu permaneci parado no tempo.

“Bonnie ele foi pra Faculdade em Duke. Eu sei que...”

“Está tudo bem. Ele não podia viver esperando por mim a vida toda.” Eu disse me desvencilhando de Matt. No fundo eu sentia que meus amigos e aquele que eu pensava me amar haviam desistido de lutar por mim. Isso me fazia nausear só de pensar que olhando pra cada um desses rostos eu iria até o fim das minhas forças, sem desistir de nem um deles, sendo capaz de arriscar a minha própria vida.

“Ei, Bon Bon!” Caroline tinha um sorriso triste e sua face sempre linda e alegre estava abatida. “Eu nem acredito que você está aqui. É tão bom tê-la de volta.” Ela me abraçou desesperada e agora era ela quem chorava inconsolável em meu ombro. “Você fez tanta falta.” Suas palavras podiam ser sinceras e genuínas, mas naquele momento eu estava obscurecida por minhas próprias dores e perdas que eu não conseguia sentir nada por nenhuma de suas palavras.

No entanto, eu a consolei em meus braços, fingindo que tudo ia ficar bem, quando no fundo nada mais seria o mesmo, pois havia uma fúria me corroendo por dentro.

Uma semana depois...

Era praticamente um desafio terrível ter que me adaptar a essa realidade entre Mystic Falls atual, a rotina em Whitmore, mesmo que eu não frequentasse mais a faculdade de Direito e, claro, conviver dentre tantas pessoas, com os meus Adoráveis Amigos. Todos os meus sonhos de um futuro promissor como advogado, assim como meu pai, foram por água a baixo e tudo o que eu tinha agora era um emprego que acabei de conseguir num barzinho aos arredores da Universidade onde Liv trabalhava. Ah, e ainda tinha a minha vingança que eu estava levando lentamente, já que o momento era de apenas observar e absorver tudo o que pudesse pra daí pensar como afetar cada um deles.

Ainda tinha no meio de tudo Liz Forbes que estava com os dias contados. Havia dois lados brigando dentro de mim, aquela velha parte que se importava com todos e queria fazer o possível e até o impossível pra ajudar e a outra parte mais dominante apenas queria dizer: “FODAM-SE! Esse não é problema meu.” Mas, no fim se eu queria jogar as cartas certas e ganhar o jogo eu tinha que continuar bancando a amiga leal e prestativa.

Relutantemente eu disquei o número da única pessoa que eu pensei ter me livrado e agora ironicamente necessitava de sua ajuda.

“Kai, eu preciso de você. Me liga!” Depois da ligação eu decidi tomar um banho demorado. Eu havia resolvido viver no dormitório em Whitmore junta das garotas. Não era simples estar em torno delas e ouvir o blábláblá de seus dilemas e, por muitas vezes, eu desejava me isolar. Mas aqui era melhor do que estar em Mystc Falls ou na Pensão Salvatore. Eu não contei a ninguém, mas eu às vezes, sofria pra me orientar em torno desses dois lugares e entender que eu já não era mais prisioneira daquele universo paralelo, por isso preferia o tumulto daqui pelo menos pra me sentir lúcida.

Após o banho sai do banheiro enrolado numa toalha rosa e distraída não percebi que havia um intruso no meu quarto.

“Que Merda! O que você faz aqui?” Eu rosno assustada e irritada. E lá estava ele deitado em minha cama vestindo sua roupa preta de couro e jeans e me dando um sorriso malicioso. Seus olhos azuis intensos viajaram por meu corpo me causando um arrepio eletrizante por minha espinha.

Entretanto, dentre todas as lembranças que eu queria apagar daquela Prisão, Damon era o que mais atormentava minha alma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E agora o q será q vai acontecer. Não esqueçam de comentar. Bjus!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lost in Paradise" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.