Lost in Paradise escrita por Drylaine


Capítulo 25
Seu sangue dirá...




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Damon

"Olá Elena! Como vai você?" Stefan murmurou sem jeito, quando Elena decidiu aparecer repentinamente, nos pegando de surpresa e me fazendo desconfortável.

"Eu me sinto horrível. Mas, vou sobreviver." Ela caminhou sorrateiramente até a sala, parando na nossa frente. Seu semblante parecia tão cheio de angústia.

"Quando foi a última vez que você falou com a Bonnie? Ela parece que saiu da cidade e..." Antes que Stefan terminasse, Elena o interrompeu.

"A última vez que a vi, ela estava em Withmore." Ela suspirou parecendo meio cansada e seu olhar me deixou com um péssimo pressentimento. "Nós tivemos uma conversa difícil e dura... E ela conseguiu me devolver as minhas lembranças perdidas. Todas elas, Damon! Todas as nossas lembranças de amor." A mulher possuía uma expressão apaixonada, esperando que eu retribuísse com a mesma emoção, mas apenas parei lhe olhando sombriamente, sem saber o que dizer. "Você não vai dizer nada, Damon?"

Uau, agora eu estava chocado. Bonnie devolveu as memórias dela? Então, era isso?! Elena veio aqui para me contar que agora ela recobrou suas lembranças... Como se isso mudasse, alguma coisa entre nós.

A verdade é que Elena e suas memórias não me importavam mais. Elena era passado. Agora tudo o que eu queria, era Bonnie.

Eu queria desesperadamente Bonnie de volta!

"Mas, minhas lembranças restauradas não mudam nada, não é." Ela ficou ali parada, provavelmente, esperando que eu negasse.

"Olha eu já falei tudo o que tinha pra falar..." Eu queria me trancar em meu quarto e me lamentar sozinho, mas a vampira como um borrão trancou a minha passagem.

"Por favor, apenas me escuta! Eu preciso falar com você." Ela parou e olhou suplicante para Stefan. "Stefan, será que você poderia nos dar um momento?" Seu pedido foi atendido brevemente e Stefan sumiu como um flash, deixando-nos sozinho.

"Eu não sei se temos mais o que falar." Olhei pra ela, tentando controlar a minha impaciência, que aliás, estava bem difícil.

"Bem, não é fácil confrontar a sua indiferença. Mas, eu entendo." Nos olhamos frente a frente. Ela estava triste e confusa, isso estava refletido em seus castanhos tortuosos. "Sabe, eu queria tanto te odiar. Eu queria tanto odiar ela..."

"Elena. Para!" Rosnei frustrado porque não queria mais discutir.

"Mas, eu não posso." Ela tocou meu rosto com carinho, me olhando através de castanhos lacrimejados, cheios de dor. "Além das memórias que eu havia esquecido..." Troquei um olhar nervoso com ela, enquanto ouvia as suas próximas palavras. "Bonnie também compartilhou suas memórias do mundo prisão."

"Como assim?!" Perguntei sem entender o porquê a bruxa faria isso.

"Eu vi o beijo. Eu até podia sentir os mesmos sentimentos que ela sentiu quando você beijou ela." Suas mãos ainda permaneciam segurando o meu rosto, me forçando a continuar confrontando seu olhar meio apaixonado e conflituoso. "Bonnie estava confusa e com raiva, mas ela parecia ter um sentimento que a assustou, pois não sabia como decifra-lo." Eu estava perplexo com cada palavra. "Mas, eu conheço bem a sensação. A sensação de se apaixonar inesperadamente por alguém que é inalcançável, ou proíbido." Segurei as suas mãos, me afastando de seu toque, o que lhe causou um olhar cheio de dor. "Foi assim que me apaixonei por você, mesmo sabendo que era errado. Mesmo sabendo que machucaria Stefan."

"Nós dois machucamos ele. Mas, eu acho que é tarde demais, pra querer remoer o passado, Elena."

"Essa não é a minha intenção." Ela abaixou o olhar envergonhada, antes de resolver me enfrentar de novo. "Eu só queria dizer que, depois da Bonnie me deixar sozinha com essas lembranças... Eu chorei, fiquei com raiva e, principalmente, pensei sobre nós, Damon. E em como tudo mudou, desde que você e Bonnie ficaram presos em 94."

"Elena, o que você quer realmente aqui?" Não queria soar duro ou indiferente, mas eu não sabia como reagir aquela situação de outra forma.

"Eu só decidi vir aqui, quando achei a carta da Bonnie."

Então, tudo começou a ser explicado. Elena havia achado a carta da Bonnie caída no chão do dormitório de Withmore. Era provável, que a pequena bruxa foi embora sem perceber que perdeu a carta. A vampira curiosa decidiu abrir o envelope e leu, depois ficou dividida entre destruir o pedaço de papel ou me entregar.

"E o que te fez me entregar a carta?" Eu estava desnorteado por tudo aquilo.

"Me lembrei das últimas palavras da Bonnie. E de como ela tem se sacrificado por mim tantas vezes." Se havia uma verdade absoluta sobre todos nós, é que Bonnie Bennett era a verdadeira heroína dessa história. Sempre se arriscando por todos nós. "Eu deixei a carta aí, curiosa pra saber qual seria a sua reação depois de ler."

Elena esperava que no fundo, a carta de Bonnie não iria me afetar da forma como me afetou. Ela queria encontrar o mesmo olhar cheio de paixão que eu costumava ter por ela, antes do mundo prisão. Só que aquele Damon loucamente apaixonado, que seria capaz de tudo por Elena, de matar e morrer por ela, já não existia mais. A vampira também desejava que suas memórias restauradas, seriam o suficiente pra nós dois reatarmos. Pra nos darmos uma segunda chance. Entretanto, tudo havia mudado.

"Além daquele beijo, Bonnie também me mostrou como era a rotina de vocês lá. Você já havia me contado como era. Mas, ver isso do ponto de vista da Bonnie, me deu uma outra perspectiva. Especialmente, sobre o significado das panquecas." Se eu tivesse um coração vivo, talvez, já teria sofrido um enfarte agora.

Por que Bonnie fez isso? Por que ela iria compartilhar algo tão íntimo com Elena? Ainda mais sobre o nosso beijo e as panquecas...

"Eu queria conhecer a sua perspectiva, mas seus olhos refletem tudo o que eu preciso saber." Novamente ela se aproximou de mim e me olhou num misto de amor e tristeza. "Você também se apaixonou por ela, não é." Sua voz estava embargada, ela tentava controlar suas lágrimas. E suas lágrimas me fizeram triste.

"Elena, eu nunca quis te magoar. E nem Bonnie."

"Eu sei. Eu não vim aqui pra julgar." Eu a puxei em meus braços e deixei ela chorar. Acho que era o mínimo que eu podia fazer pra tentar acalmar as coisas. "Agora sei que o Damon a qual amei, morreu junto com o Outro Lado. E que o Damon que voltou, já pertence a Bonnie." Apesar daqueles olhos castanhos tristes, havia um grande conforto em saber que entre nós dois, não precisaria existir mais ressentimento. "Damon, você está bem?" Nos separamos do abraço e ela me deu um sorriso simpático ao qual não consegui retribuir com naturalidade.

"Não." Me afastei de Elena, sentindo novamente a vontade de me entregar a solidão. "Então, agora você sabe de todos os meus segredos. E deve saber mais dos segredos de Bonnie Bennett." Eu estava tão louco que comecei a morder furiosamente os meus lábios, sentindo o gosto do meu próprio sangue. "Você deve saber que ela fugiu e, talvez, esteja se preparando pra casar com Kai." Grunhi com amargura, vendo olhos castanhos se arregalarem parecendo meio assustados e meio em choque. "E se ela tiver com o Clã Gemini eu nunca poderei encontra-la."

"Por que você acha que a Bonnie vai casar?" Agora ela me olhava como se eu fosse um louco. "Ainda mais com Kai?! Por mais que eu ache que eles formariam um casal bonitinho." Ela disse só pra me provocar. "Mas, Bonnie não seria tão radical a ponto de casar com ele." Decidi controlar um pouco a minha raiva, percebendo que de fato Elena parecia alheia ao tal casamento.

"Ela é Bonnie Bennett! A garota mais temperamental, irritante e muito determinada que já conheci. O prazer dela é nunca facilitar a minha vida." Elena riu, achando divertido a minha desgraça.

"E você é Damon Salvatore! O cara egocêntrico, louco e muito teimoso. Que quando quer algo, nunca desiste fácil." Ela cruzou os braços e ficou lá me desafiando com arrogância. "Sei que se a ama... você nunca desistirá dela sem uma luta."

Eu estava surpreso que agora minha ex-namorada parecia que estava lidando bem com o rompimento. E que ela seria importante pra me salvar dessa miséria.

"Eu não sei sobre casamento nenhum. Mas, por acaso vi na bolsa de Bonnie, duas passagens para Nova Orleans." Caramba! E eu pensando que ela tinha ido para Portland.

"Nova Orleans?! O lugar onde vive nosso antigo inimigo Niklaus Mikaelson?" Isso poderia ser bem perigoso, ainda mais, porque aquela região era dominada por vampiros que serviam à Klaus. Nova Orleans não seria um lugar seguro para bruxas como Bonnie Bennett. Sem contar o quão controvérsio isso parecia para alguém que estava tentado fugir do mundo sobrenatural.

Mas, afinal, o que ela foi fazer em Nova Orleans?!

 

 

 

 

Nova Orleans, Luisiana...

 

 

Bonnie

Chegamos em Nova Orleans, numa viagem super cansativa. E pra piorar a minha exaustão, descobri que o tal amigo de Lucy, Marcellus Gerard, era vampiro e amigo fiel de Klaus e que a cidade era o lugar comandado pelos vampiros Originais o que me deixou tensa. Mas, não tive muita saída a não ser confiar no amigo de Lucy.

Marcellus ou Marcel, como ele preferia ser chamado, tinha muitos contatos com as raras bruxas do lugar. Não era uma relação fácil, mas mesmo assim, o vampiro parecia manter um controle forte sobre as bruxas que ousavam viver na cidade, já que o lugar era território dominado por vampiros. Ou seja, as bruxas basicamente tinham que viver sob a proteção de Marcel senão quisessem entrar num confronto direto com Klaus e sua família, ou serem banidas da cidade. Embora eu pense que ser expulsas da cidade seria o menor dos males.

O vampiro nos levou para conhecer uma de suas protegidas, Davina. Ela era uma bruxa tão jovem quanto eu, mas que parecia ter muita experiência com forças obscuras e possuía alguns dons especiais. A garota quando me olhou a princípio parecia não querer ajudar. Davina tinha um jeito meio arrogante e me olhava com certo ar de superioridade que me deixou com raiva e chateada, ainda mais porque ela era apenas uma pirralha mimada que provavelmente não passou pela metade das coisas que tenho passado na minha curta vida.

Já estava quase a ponto de desistir e ir embora, até que aquele vampiro de sorriso sedutor e postura imponente, conseguiu persuadir a outra bruxa.

"Vamos ver o que você esconde dentro de si." Davina disse se sentando em minha frente. Nós estávamos sentadas no chão, no meio de um círculo mágico feito de sal e algumas velas acessas, depositadas ao nosso redor. "Me dê suas mãos." Em seguida, usando um canivete, a bruxa fez um corte na palma de cada mão. Ignorei a breve dor e me concentrei nas gotículas de sangue que caíam sobre a tigela de porcelana colocada estrategicamente no chão entre nós duas. "Seu sangue dirá o que precisamos saber." Logo, seus olhos ficaram vidrados, fora de órbita, enquanto a mágica acontecia...

Eu podia sentir uma pequena ventania bagunçando nossos cabelos e parecia que o ar ao nosso redor se tornara pesado e obscuro, acompanhado de um arrepio gélido que me fazia tremer. Isso durou um minuto, mas pra mim parecia uma eternidade angustiante, até que as chamas das velas ao nosso redor se apagou e Davina reabriu os olhos e me olhou com um semblante indecifrável.

"Então, você não é uma mera mortal..." Afastei minhas mãos das suas e trocamos um olhar rápido. "Você está usando uma identidade falsa pra fugir. Mas, na real é uma bruxa... Uma bruxa Bennett!" Sua postura hostil de antes, agora foi substituída por algo próximo de simpatia. "Você está tentando fugir, mas seja pra onde você for, a ligação ainda permanecerá forte. E o outro bruxo estará sempre conectado a você." Me levantei já se sentindo meio atordoada. "Eu posso sentir suas magias entrelaçadas dentro de si. Uma magia muito poderosa e também muito volátil."

"Tudo o que quero saber é como quebrar isso." Mas, Davina não me respondeu de imediato, ela apenas me entregou um pedaço de pano para estancar o sangue das minhas mãos. "Me diz que há uma forma de quebrar esse vínculo?" Decidi rasgar o pano em dois e usa-lo para enfaixar as mãos.

"Existe uma forma de vocês se desvincularem..."

"Como?!" Foi Lucy quem questionou ansiosa.

"A única forma de se quebrar uma ligação de sangue entre dois bruxos... É criando um novo vínculo. Uma ligação com o seu inimigo natural."

"Seu inimigo natural? Você quer dizer... um vampiro?!" Marcel que também estava presente nos observando, inquiriu me olhando com certa malícia e fome, afinal, o cheiro de sangue ainda pairava no ar, o que me deixava muito insegura com a presença dele.

"Não qualquer vampiro. Tem que ser aquele com quem você já criou um laço muito profundo. Como o vampiro da carta."

Merda! Por que ela tinha que me lembrar sobre isso? Eu nunca deveria ter escrito aquela carta!

"Que carta?!" Lucy inquiriu estreitando seus olhos num sinal claro de desconfiança.

"A carta que ela escreveu se declarando para o vampiro de olhos azuis. Mas, que ela perdeu quando fugiu." Eu estava perplexa com aquela bruxa que foi desembuchando todos os meus segredos. "E ela deixou a chave da sua casa pra ele também. Por quê?" Aquela bruxa arrogante parecia estar se divertido às minhas custas.

"Uma chave pode ser algo muito simbólico." O vampiro que eu achava um Deus de ébano, também decidiu se meter na conversa me deixando ainda mais com raiva. "O que significa que a Miss McCullough, confia demais nesse vampiro." Miss McCullough era a minha nova identidade falsa.

"Merda! Você perdeu a carta e ainda deixou a chave da sua casa pra trás?" Engoli em seco. "Se ela cair nas mãos de Kai... Com a carta, ele pode nos rastrear." Lucy estava me repreendendo o que só me fez mais nervosa.

"Na verdade eu ia queimar a carta com todas aquelas palavras."

Dizem que quando você quer concluir algo mal resolvido em sua vida, você deve escrever numa folha qualquer e depois queima-la, para assim, poder seguir em frente. Então, eu ia queimar a carta, assim queimando meus sentimentos por aquele vampiro. Eu me declarei naquela carta, que nunca deveria ser lida. Todas as palavras, os sentimentos e a minha história mal resolvida com Damon, iriam virar cinzas junto com o simples papel.

"Não importa o quanto você tente... Você não pode enterrar esse amor." Tudo que Davina dizia estava me deixando com um nó no cérebro. "Existe um vínculo entre vocês dois. E é esse vínculo a brecha que você precisa pra quebrar a sua ligação com o outro bruxo."

"Eu ainda não entendo como isso vai me ajudar." Então, Davina começou a me explicar que a partir do meu sangue, ela viu e sentiu as minhas emoções e, também, sentiu a presença do próprio sangue de Damon fluindo em cada célula de meu corpo. E cada vez que o sangue dele fluía em mim, isso enfraquecia a minha ligação com Kai. Provavelmente, seja por isso que o bruxo se esforçou tanto pra me afastar de Damon. Entretanto, o sangue de vampiro ainda não era o suficiente pra quebrar a ligação. Para isso o meu vínculo com o vampiro Salvatore, teria que se tornar definitivo.

"Não é uma relação comum, ou apenas carnal e luxuriosa. É um vínculo raro e muito profundo."

Segundo Davina, um vínculo definitivo entre vampiro e bruxa só acontece quando ambos compartilham seus sangues, principalmente no momento do ato sexual. Ou seja, era uma ligação muito íntima, que exigia muita confiança, respeito e amor mútuo, que tornará ambos os seres sobrenaturais, amantes para a eternidade. Mas, havia uma conseqüência sobre essa ligação... A bruxa que compartilha seu sangue com um vampiro, pouco a pouco iria se tornar um novo ser imortal, pois viveria pelo tempo de vida que seu parceiro vivesse, assim, perdendo a sua vida humana e também... a sua magia!

Que ironia do destino! Então, pra ser livre de Kai eu teria que fazer mais um sacrifício... Eu teria que perder a minha magia, pra sempre? E eu seria um ser como os vampiros?!

"Na real você não seria uma vampira, pois não precisaria morrer e passar pela dolorosa transição." Davina replicou como se tivesse lido a minha mente. "E você também não possuíria o extinto primitivo dos vampiros." Que era a sede por sangue humano. "Você apenas se alimentaria do sangue do seu parceiro." Ela continuava a dizer me olhando com aquele seu olhar feroz. "Para uma bruxa, sei que mais assustador do que virar um vampiro, é ter que abrir mão de sua magia."

Perder a minha magia seria como perder um pedaço de mim mesmo. E o pior de tudo é que eu já conhecia essa sensação. Eu não sei se conseguiria sobreviver de novo sem a minha magia.

Olhei de soslaio para minha prima que agora se mantinha em silêncio, muito pensativa. Engoli em seco novamente, sentindo-me conturbada. Eu decidi sair dali, tomar um ar fresco e ficar sozinha, relutando internamente contra as palavras de Davina.

 

 

 

Damon

Eu estava dirigindo mais do que era humanamente permitido. Claro, que pra não causar nem um acidente, peguei atalhos e continuei dirigindo desenfreadamente, vendo tudo passar como um borrão até que consegui chegar a Nova Orleans. Não foi o meu melhor tempo, mas serviu pra mim pensar um pouco e manter alguma sanidade. Olhei novamente, pelo retrovisor do carro e me lembrei da caixa de presente pairado no banco de trás, me fazendo apertar o volante de raiva. Na real meu desejo era destroçar aquilo. Mas, decidi mante-lo, porque queria entrega-lo pessoalmente a Bonnie e ver qual seria a sua reação.

Aparentemente, parecia que Nova Orleans vivia sem guerra, porém a aurea da cidade era bem sombria e, ao mesmo tempo, sedutora. E eu mesmo me sentia muito intimidado por aquele lugar que possuía um território com muita magia forte, atraíndo qualquer ser sobrenatural pra cá. O bom é que isso me tornava sempre em alerta.

Decidi parar com o Camaro e seguir a pé. Meu foco era encontrar a bruxa, então, como lógica pra encontra-la, eu teria que dar uma vasculhada em cada canto da cidade até que conseguisse alguma informação útil. Eu tive claro que hipnotizar algumas pessoas, ameaçar outras, ou invadir a mente alheia, até que meu caminho acabasse

se cruzando com um dos Originais.

"Ora, ora, se não é o velho Salvatore, passeando pela minha cidade." Lá, estava Klaus, o híbrido bastante intimidador, exalando arrogância e poder. "O que você faz aqui?!" Decidi ser civilizado e seguir os conselhos de Stefan, pois eu não vim aqui para comprar briga com ninguém. E não seria estúpido de entrar num confronto, ainda mais com um híbrido.

"Estou procurando por uma bruxinha temperamental, de pele cor de ébano e grandes olhos verdes indomáveis. Você a viu por aí?" Sorri com sarcasmo.

"Essa bruxinha temperamental, seria uma certa Bennett petulante?"

"Exatamente!" Ele estreitou os olhos ainda meio desconfiado. "É sério! Eu não vim aqui pra entrar em nenhuma confusão com você e nem com seus irmãos." Tive quase que mendigar por sua ajuda.

Hesitante, Klaus decidiu ser o meu guia turístico e me ajudar a caçar a bruxa, mesmo que no fundo, seus olhos ainda parecessem bem desconfiados com a minha visita repentina à sua cidade. Eu também tive que agir o mais cauteloso possível, ainda mais quando o híbrido decidiu me levar até seus outros irmãos, o que me fez mais apreensivo.

"Bom você sabe que nenhum ser sobrenatural passa pela cidade, sem o consentimento dos vampiros Originais ou por Marcel." Elijah dizia em seu tom ponderado. "A cidade é nossa!"

"E no radar de vocês, não há nenhuma Bruxa Bennett?"

"Não. Mas, com a descrição que você nos deu das duas mulheres. Pensamos que, talvez, elas tenham usado nomes falsos para entrar na cidade."

Claro! Lucy era espertinha, acostumada a sobreviver, fugindo, driblando regras e sempre escondendo seus rastros. Pena que ela acabou cruzando o caminho de um vampiro que já estava, há quase dois séculos, acostumado a trapacear para sobreviver, muito antes dela vir ao mundo. Obviamente, ambas as bruxas usaram codinomes ou nomes falsos para nos despistar. E, aliás, foi o codinome que Bonnie usou que facilitou para encontrá-la.

"Há dois dias chegaram na cidade, duas bruxas procurando por Marcel. É ele que te levará até elas." Elijah continuou me explicando despreocupado.

"Mas, já saiba que ele é bastante territorial e nem sempre gosta de colaborar com facilidade. Então, seja o mais cordial possível." Klaus com seu sotaque britânico, enfatizou tentando me intimidar.

"Obrigado, senhores!" Murmurei eufórico, sentindo a adrenalina e a tensão do momento tomar conta de mim.

 

 

 

Bonnie

Não consegui caminhar por muito tempo sozinho pela cidade, pois Marcel Gerard me encontrou e decidiu me fazer companhia, com o pretexto de que vagar pelas ruas de Nova Orleans sozinha a noite, não era seguro. Eu deixei que ele bancasse o meu protetor e até me distraísse mostrando seus lugares favoritos. Acabamos num dos Bares mais famosos do lugar, onde tinha além de bebidas para todos os gostos, pessoas animadas e simpáticas como Camille uma das garçonetes e amigas do vampiro. O pouco que conversamos, descobri que Camille era estudante de psicologia e a noite trabalhava de garçonete aqui. E trabalhando no principal Bar da região ela sabia de muitos segredos, até os segredos sobrenaturais que pairavam sobre sua cidade.

A jovem loira me fazia se lembrar um pouco de Caroline e, de repente senti saudade da minha amiga maluquinha.

Bem, eu precisava de alguma distração, então, pedi por um copo de Bourbon, mesmo sabendo que o cheiro e o gosto da bebida me faria lembrar de Damon.

Após mais alguns drinks, eu já me sentia meio tonta tagarelando e até flertando com Marcel. Naquele momento, eu só queria curtir a noite ouvindo uma boa música, aproveitando a boa companhia e sem pensar nos problemas que me esperavam. Entretanto, os meus planos foram frustrados, quando repentinamente vislumbrei, entre os vários fregueses do lugar, Klaus Mikaelson acompanhado por... inesperadamente, Damon Salvatore! Ambos estavam numa das mesas no ponto mais reservado do Bar, o local perfeito para ficar observando toda a movimentação dali.

Nossos olhos se encontraram e o vampiro de olhos azuis me deu um sorriso torto nada amigável. Já o vampiro Original decidiu erguer seu copo como se tivesse nos cumprimentando de longe. Voltei a olhar para Marcel pensando que estivesse vendo coisas, mas o outro vampiro acenou para eles mostrando que a presença do híbrido com Damon não era loucura da minha cabeça.

Eu paralisei dando um olhar do tipo incrédulo, vendo Damon conversando civilizadamente com Klaus. Agora eu estava me perguntando o porquê Damon estava aqui. Será que aconteceu algo em Mystic Falls? Ou será que ele venho atrás de mim? E como ele conseguiu me encontrar?! Pensar sobre isso fez meu coração falhar, eu estava prestes a entrar em pânico. Me levantei se sentindo tonta e quase caí se não fosse Marcel me segurar pela cintura.

"Você está bem?!" Mas, não deu tempo de lhe responder, pois logo senti um arrepio intenso, seguido pela presença abrupta de um certo vampiro de olhos azuis, que parou bem próximo de mim.

"Fica longe dela!" Ele grunhiu insano.

"Por quê? Quem você pensa que é?!" A tensão cresceu sobre nós e, por um instante, achei que ambos os vampiros iriam se confrontar ali mesmo, no meio de todo mundo, que nem mesmo a presença de Niklaus, iria conseguir impedir isso.

"Ei, ei, ei, senhores! Vamos se acalmar!" Ouvir aquele sotaque britânico perto de mim me provocava náuseas. Mesmo sob o efeito do álcool, eu ainda me sentia ciente que eu estava de novo diante daquele vampiro monstruoso que eu sempre iria odiar. "E você Salvatore, está muito longe do seu habitat natural pra querer bancar o herói. Aqui você tem que seguir com as nossas regras." Ele ainda possuía uma postura impenetrável e um olhar insolente.

"Niklaus tem razão. Você é apenas um forasteiro aqui." Eu era a única coisa frágil que os separava de um combate real, por isso continuei paralisada, sem me atrever a dizer nada. Afinal, eu estava numa situação perigosa entre dois vampiros voláteis prestes a duelarem entre si, sem esquecer do híbrido que era o rei do lugar e tinha poder de nos controlar se quisesse. "Esse é o meu território!" Ouvi Marcel rosnar com prepotência.

"E ela é a MINHA BRUXA!" Damon enfatizou de um jeito possessivo, me deixando boquiaberta. E, de repente, suas palavras fizeram Marcel recuar.

"Eu não sou sua!" Esbravejei. "E nunca vou ser!" Eu o fuzilei com os olhos desejando incendiar aquele vampiro vaidoso. Na verdade eu queria incendiar os três vampiros. Principalmente, o maldito Original que estava se divertindo com aquela estranha situação.

"Uau! Então, é ele o seu futuro companheiro, Miss McCullough?!" De repente Marcel estava sorrindo com certa excitação, parecendo intrigado por nós dois. "Ele é o cara da carta?!"

"Nãoooo!" Gritei exasperada, dando um passo desajeitado mais perto de Damon e o confrontando. "Na verdade eu meio que... o odeio!" Quanto mais tentava soar convincente, mais eu me atrapalhava com as palavras.

"Ela me odeia tanto, que me deixou uma carta, com um P.S. EU TE AMO!" Damon conseguiu me deixar completamente desnorteada enquanto seus olhos permaneciam fixos em mim.

Caramba, então, a carta realmente havia caído nas mãos do vampiro?! Droga! Todos os riscos que eu estava correndo pra tentar manter Damon protegido e, sobretudo, longe de Kai, estava indo por água baixo.

"Se vocês quiserem se matar, vão lá fora." Camille, a garçonete, decidiu interferir corajosamente. Eu estava chocada que aquela jovem mulher fosse tão cheia de audácia para enfrentar até mesmo Klaus.

"Perdoe-nos Cami!" Houve uma breve troca de olhar estranha entre o híbrido e a loira. "Vocês ouviram a moça, acho que é hora de acabarmos com o showzinho por hoje!"

"Otimo!" Mumurei mal-humorada, tentando me manter em pé, enquanto tentava fugir deles, sem sucesso.

"Quem diria, que um dia Damon e a bruxa Bennett, se tornariam amantes?!" As palavras do vampiro Original conseguiram me distrair e, mais uma vez, senti minhas pernas tremerem e a tontura fazer tudo girar ao meu redor, até que o vampiro marrento de olhos azuis dominadores, decidiu me tirar do bar me carregando no colo.

Eu tentei me debater em seus braços, mas não adiantava gritar e nem espernear. Enfim, acabei sendo vencida pelo cansaço. A última coisa que me lembro, era que lá fora estava um pouco frio, então, acabei me agarrando mais a seu corpo. Só sei que seu cheiro especial, misturado à couro e Bourbon me invadiu com tal força, que me dei conta do quanto senti a sua falta.

 

 

 

Damon

Pelo que entendi Marcellus foi criado desde criança por Klaus e anos depois transformado em vampiro pelo híbrido e parece que os dois tinham uma relação entre pai e filho. E o vampiro grandalhão afro-americano era considerado o Rei da cidade ao lado dos Mikaelson, por isso o cara diante de mim, aproveitava para se exibir todo pomposo, mostrando que quem mandava em Nova Orleans era ele e, se eu quisesse ficar, teria que jogar seguindo as suas regras.

Tudo bem, eu era o forasteiro e decidi que iria respeitar suas regras, desde que Marcel nunca mais tocasse Bon Bon.

Depois de ter reencontrado com a bruxinha naquele bar flertando com aquele vampiro grandalhão, nós tivemos uma luta que quase poderia ter terminado em sangue.

Tá, talvez, eu estivesse sendo um pouco dramático!

Enfim, tudo acalmou bem e eu consegui tirar a bruxinha... A MINHA BRUXINHA, daquele lugar. Bonnie, mesmo bêbada, tentou se debater em meus braços, me xingando de todas as ofensas possíveis, até que ela foi vencida pelo cansaço. E ainda meio sonolenta eu podia ouvi-la dizer que sentiu minha falta, aconchegando seu corpo mais ao meu, enquanto eu a carregava no colo.

Eu sabia que Bonnie havia se instalado na casa de Marcel que ficava do outro lado do Bairro Francês, mas eu não podia levá-la pra lá, debaixo do mesmo teto daquele vampiro petulante. Sei que estava me comportando como um namorado possessivo, mas mesmo que ela não fosse minha namorada, eu não queria a bruxa perto dele e ponto final. Sendo assim, decidi levar a pequena bruxa comigo para a mansão dos Mikaelson, onde eu fui pressionado a me hospedar enquanto estivesse em Nova Orleans. Decidi também que seria mais seguro se ela ficasse no mesmo quarto comigo, também porque queria vigiar o seu sono e vigia-la dormindo era algo que sempre me trazia paz. Obviamente eu tive que trocar a sua roupa, lutando internamente, para ser um cavaleiro.

Eu sabia que quando ela despertasse, entrelaçada em meus braços, as coisas poderiam ficar mais tumultuadas, mas realmente não me importava. Tudo o que queria agora era passar a noite, entorpecido pelo seu cheiro, sentindo seu sangue fluir cheio de vida por seu corpo, ou ouvindo o pulsar sereno do seu coração e, sobretudo, aquecido pelo calor de seus braços.

 

{Continua...}

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Hmmm Damon é tão safadinho! O que será que vai acontecer quando Bon Bon acordar e ver que passou a noite dormindo nos braços de Damon kkkkk. Será q ela vai pirar? Sem contar q ela está na casa de Klaus ohhhh isso num vai prestar!

PS: eu não assisto TO tudo o que sei são spoilers q ouvi por aí ou de algumas coisas q li sobre o universo dessa série. Então, eu estou na vdd improvisando. Eu não tinha planos de fazer um Crossover, mas enquanto escrevia esse cap a ideia surgiu e decidi me arriscar e ver no q isso daria. Bom, os próximos três capítulos do 26 ao 29 mais ou menos, a trama se passa em TO. Afinal, acho q Bamon deveria ter um tempo longe dos dramas de Mystic Falls. Tbm queria dizer q esse capítulo contém referências dos livros como o sobrenome McCullough e a questão sobre a troca de sangue entre humanos e vampiros. E o próprio título da fic foi inspirado por um conto da LJ Smith chamado "O sangue dirá" é uma pequena história que trás um final alternativo para Reunião Sombria. Pra quem leu Reunião Sombria recomendo muito. Bjus!



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