Cachecol Azul e Cabelo Vermelho escrita por Lirah Avicus


Capítulo 21
Capítulo 21




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Arquivo do caso 187

New Scotland Yard – Metropolitan Police Service

Interrogatório 5

Interrogador: Gregory Lestrade

Depoimento de Dr. John Watson

Dr. Watson, poderia por favor dizer primeiro seu nome completo, idade e ocupação?

John Hamish Watson, 45 anos, pratico medicina consultorial aqui em Londres.

Diga agora seu envolvimento no caso.

A vítima... A testemunha contratou o detetive particular Sherlock Holmes para, juntamente com a polícia... Resolver seu caso. Eu costumo assistir ao Det. Holmes em muitos de seus casos, e este foi um deles.

Defina “assisti-lo”.

Eu lhe dou uma visão humana do problema, e por vezes pude usar de meus conhecimentos médicos tanto para conseguir novas pistas como para salvar alguém ferido.

Então o senhor soube do atentado que o Det. Holmes sofreu, provavelmente um ataque orquestrado pelo assassino do caso 187?

Eu soube, mas não estava presente.

Onde estava quarta-feira, na manhã do desaparecimento de Violet Hunter?

Eu estava em casa, com minha esposa. Estávamos tomando o café da manhã, acordamos um pouco tarde naquele dia... Eu tinha ido dormir muito tarde. Eu não permaneci em casa por que Molly Hooper me ligou e disse que Violet havia surtado e sumido. Daí eu fui até onde Molly estava... Até onde a Srta. Hooper estava, para saber o que tinha realmente acontecido.

Onde e quando isso aconteceu exatamente?

Era 10 da manhã, 10 e alguma coisa, eu me esqueci de pegar meu relógio. Cheguei lá através da linha Bakerloo e desci na Piccadilly Circus. Molly estava em frente à Liberty, a loja de departamentos da Regent Street, ela havia ido lá com Violet... Com a Srta. Hunter, e foi lá que ela surtou. Encontrei Molly... A Srta. Hooper, muito agitada e ansiosa, disse que Violet estava normal, as duas estavam fazendo comprar, daí do nada ela soltou um grito, começou a falar coisas estranhas e saiu correndo portas afora. Molly não tinha ideia do que a havia assustado, tentou ir atrás dela, mas não conseguiu segui-la no meio da multidão.

E então, o que você fez?

A primeira coisa que fiz foi ligar para a policial que estava de guarda na frente da casa da Srta. Hunter, a Pol. Butler, avisando-a do ocorrido e pedindo ajuda. Ela ficou incumbida de pedir reforços e depois vir ao nosso encontro. Logo depois a Sra. Hudson me ligou dizendo que Sherlock estava muito agitado e que estava quebrando alguma coisa no segundo andar. Eu disse que iria dar um jeito nele assim que achássemos Violet. A Sra. Hudson ia dizer algo quando Sherlock audivelmente pegou o telefone da mão dela e me perguntou o que havia acontecido. Eu falei para ele o que eu sabia, e ele me disse que Violet havia ligado para ele, e que estava a caminho de Baker Street. Não sei se ela pegou metrô ou táxi. Ele me pediu para ir à Baker também, pois precisaria de mim, assim eu acalmei Molly, disse que já havíamos encontrado Violet e pedi que ela voltasse para casa, o que ela fez, depois de me fazer prometer que ligaria caso acontecesse algo. Eu peguei um táxi, e enquanto me dirigia à Baker liguei novamente para a Pol. Butler, avisando que Violet estava indo para Baker Street. Ela disse que logo chegaria lá. Eu cheguei na Baker, entrei no prédio onde mora o Det. Holmes e o encontrei discutindo... Conversando com Violet Hunter. Ela parecia muito alterada, chorava muito... Dizia que ia morrer. Daí ela gritou algo que não fazia sentido nenhum e desceu as escadas, fomos atrás dela e ela pegou um táxi qualquer. Daí não a vimos mais.

Poderia dizer que coisas sem sentido ela falou?

[pausa] Bem, ela disse que o assassino estava em seu sangue, que ele morava no quarto dela e que ela não conseguia tirar o sangue da Dra. Handler das mãos. Como eu disse, não faz sentido.

Fomos informados de que a Srta. Hunter estava apresentando um comportamento estranho nos últimos dias. Você notou tal comportamento?

Eu não a vi muito nestes últimos dias, para ser sincero. Mas ela parecia cansada e atenta.

Atenta?

Algo como... Como um animal que espera um ataque. Essa é a melhor descrição que encontrei agora. Mas imaginei que talvez fosse algum transtorno pós-traumático ou algo do tipo, nada que não pudesse ser tratado. Não imaginei que realmente havia algo acontecendo. Talvez se eu tivesse prestado mais atenção ou... Não deveria ter deixado ela sair daquele apartamento...

O que aconteceu não foi culpa sua.

É... Eu sei disso.

Você sabia que a Srta. Hunter estava tendo sessões com a psicóloga Ella Thompson?

Sim, eu sabia. Ela é minha psicóloga também.

Já havíamos sido informados disso. A Pol. Butler suspeita que ela seja, direta ou indiretamente, responsável pelo comportamento anormal da Sra. Hunter. O que tem a dizer sobre isso?

A Dra. Thompson me ajudou muito. Tenho estresse pós-traumático por causa de minhas experiências na guerra, e me recuperei em grande parte graças a seus esforços. Não vejo como ela poderia querer prejudicar uma pessoa a esse ponto.

Mas ela poderia fazer isso se quisesse? Teria essa habilidade?

Ela já utilizou hipnose com um colega meu para tratá-lo de síndrome do pânico... Mas não sei, não posso ter certeza.

Sr. Watson, o senhor parece nervoso. Há algo que queira contar?

Uma moça desapareceu. Uma boa moça. Sei que ela é boa por que a conheci. E agora ela está sabe-se lá onde, com quem sabe quem, que está fazendo sabe-se lá o quê com ela. Eu estou nervoso sim. Mas não estou escondendo nada.

Tem certeza?

Tenho.


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