Cachecol Azul e Cabelo Vermelho escrita por Lirah Avicus


Capítulo 20
Capítulo 20




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“E lá está a televisão. Está tudo certo lá, tudo certo lá. Assista, escute, ajoelhe, reze. Comerciais! Não somos mais produtivos. Não produzimos mais nada. É tudo automatizado. O que somos nós para eles? Somos consumidores. Ah, sim. Ok, ok. Compre um monte de coisas e você é um bom cidadão. Mas se não compra um monte de coisas, se você não compra, o que você é para eles? O quê? Um retardado.”

Benjamin caiu na gargalhada. Sua risada ecoou por toda a sala branca, onde haviam mais três detentos vestidos de amarelo e cerca de 10 guardas em pontos estratégicos, numa sala sobressalente que formava um semicírculo ao redor da sala principal, protegidos por vidro blindado. Ao som de sua risada, os guardas pareceram se retesar, como se a risada dele representasse algum perigo. Os outros detentos não pareceram se importar. Um deles estava desenhando no chão. O outro resolvia um quebra-cabeças. Já o outro olhava pela janela com olhar distante, talvez imaginando como seria bom estar lá fora e, quem sabe, matar algumas pessoas.

O som da televisão era alto, mas não a ponto de ser insuportável. Presa a um suporte fincado na parede, encontrava-se num ponto tão alto na parede que um homem de estatura normal não conseguiria esticar a mão, alcançar a TV e alterar qualquer coisa. E ela era motivo de controvérsia. Benjamin sempre reclamava que a TV estava muito baixa. Os guardas reclamavam que a TV estava muito alta. Nenhum dos envolvidos alcançava a TV, e, portanto o assunto ficava por isso mesmo.

O policial Harold Lauriston entrou pela pesada porta branca, olhando através do vidro, ainda a tempo de ouvir Knight cair na gargalhada. Limpava seus óculos com a ponta de sua camisa, levando-os de volta aos olhos e guardando a camisa por dentro da calça.

—O que é isso? — ele perguntou ao guarda mais próximo.

—Ele fica mais calmo quando assiste filmes. — explicou o guarda. — Gosta especialmente de ficção científica. O filme que está passando é o predileto dele.

Lauriston escuta o guarda com atenção, daí observa Knight. Ele estava numa cadeira, de frente para a televisão. Pernas cruzadas sobre o assento, mãos juntas sobre o colo, lembrava uma criança assistindo ao show de um palhaço. Daí presta atenção ao filme que passava.

—“Os 12 Macacos”? — disse numa risota.

—Sim... Pelo menos assim ele não fica espreitando os guardas feito uma cobra...

—Nesse filme quase toda a população morre em virtude de um vírus.

—Ele gosta de ficção científica.

—O Bruce Willis foge da prisão, para Knight esse filme pode ser classificado como educativo.

—Mas...

—Se ele quisesse já teria fugido. — diz o outro guarda logo atrás deles.

—Como é? — ele olha o guarda, incrédulo.

—Nada o impediria se ele quisesse sair.

Lauriston pensa rapidamente.

—Isso é o que você realmente pensa?

—Isso é o que todos pensam. — disse o guarda, abrindo os braços. — Sabemos que se ele quiser nos matar, ele fará isso. Contamos que ele sempre terá a boa vontade de não fazer isso, de forma que possamos realizar nosso trabalho.

—Este... — Lauriston levanta a mão, balançando-a negativamente. — Este pensamento destrutivo e daninho... Não deveria existir aqui.

—Mas o senhor pensa assim também, não pensa? — interrompe o guarda com quem Lauriston conversara primeiro. Era um homem grande e ariano, e tinha uma manca na maçã esquerda do rosto. — Eu o ouvi falando com o detetive que veio aqui para ver Knight. Eu me lembro, foi há alguns dias atrás. “Se eu pudesse o mandaria para a cadeira elétrica”. O senhor disse isso sobre Knight, tentando convencer o detetive a não interrogá-lo, e citou para ele quando ele quase enforcou o Larry com uma linha.

—Minha preocupação era que um civil estava prestes a se encontrar com...

—Com uma máquina de destruição em massa. — disse o outro guarda, este de aparência latina e saudável, e especialmente musculoso. — Era isso o que ia dizer? Um matador, é isso o que dizem.

—Alguém que arranca sua cabeça de tanto girar com uma chave de fenda.

—Que te espanca até a morte com um pé de cabra.

—Mas de onde vocês tiram essas ideias?

—Ouvimos histórias... — começa o guarda musculoso.

—Coisas que Knight fez. — completa o guarda ariano.

—Não parece coisas... Bem... Coisas de ser humano.

—Não estamos numa ala para humanos. — afirma Lauriston. — Estamos na ala para criminosos insanos. Se vocês quiserem vigiar humanos vão para o outro complexo, é só pegar o elevador, descer, seguir pelo corredor e trocar de prédio. Lá vocês vão encontrar traficantes, ladrões, pedófilos, estupradores, bandidos de todo tipo, idiotas e humanos. Aqui não lidamos com humanos. Lidamos com criaturas que caçam humanos. Criaturas que olham para você e tramam coisas. Criaturas com o dobro de inteligência que todos nós juntos. Criaturas que não sabem a diferença entre arrancar o galho de uma árvore e o braço de uma velhinha. Portanto se decidirem ficar aqui, devem fazer o seu trabalho, ignorar histórias de terror e serem homens de verdade, eu fui claro?

—Sim, senhor. — disseram os dois homens em uníssono.

—Troquem de canal. — Lauriston vai até a porta branca pesada. — Esse filme me dá mal estar.

Ele se retira, e o guarda musculoso pega o controle remoto.

“Telefone? Telefone? Isso é comunicação com o mundo lá fora. Cuidados do doutor. Veja, se todos estes malucos pudessem apenas fazer ligações, eles poderiam espalhar a insanidade, vomitando através dos cabos telefônicos, vomitando dentro das orelhas de todas estas pobres pessoas normais, infectando-as. Retardados em toda parte, a praga da loucura. De fato, muito poucos, muito poucos de nós aqui são atualmente doentes mentais. Eu não estou dizendo que você não é doente mental, até onde eu sei você é lunático. Mas não é por isso que você está aqui. Não é por isso que você está aqui. Não é por isso que você está aqui! Você está aqui por causa do sistema.”

Knight apoia o queixo numa das mãos, soltando um suspiro.

—Ah, eu sei como é isso... — O filme desaparece, e surge no lugar um telejornal. Knight tem um sobressalto, plantando os pés no chão. — Mas o que...

—Vamos trocar de ares um pouco, Benjamin. — diz o guarda através do alto falante. — Vamos ver um pouco de notícias.

—Eu quero ver o filme, ainda estava no início!

—Você tem que pensar no que os outros querem também.

Knight olha para os outros detentos, e ri ironicamente.

—Eles não estão nem aí para o que passa na televisão!

—Nosso superior acha que aquele filme não é apropriado para você.

Knight solta um gemido de raiva. O telejornal falava sobre o problema do crescente lixo nas ruas de Londres. A repórter parecia querer pedir demissão. A pessoa entrevistada parecia pensar que estava num reality show. E o apresentador visivelmente usava peruca.

—Eu não quero ver isso! — Knight se levanta, virando-se para o vidro blindado. — Ponha de volta no filme!

—Relaxe, Benjamin, são só notícias.

—Isso não é notícia, é detrito em forma de imagem! Não serve para nada! Devolva ao filme!

—Ele está ficando agitado... — murmura o outro guarda. — Coloque de volta na porcaria do filme...

Enquanto isso o apresentador mudava de assunto.

“E agora temos um anúncio dado diretamente pela Scotland Yard, vamos para lá imediatamente com nossa repórter Lucy Applegate.”

“Obrigado, Howard, vamos ouvir agora a um comunicado por parte do detetive-inspetor Gregory Lestrade.”

“Estamos aqui para pedir a ajuda do povo londrino. Uma testemunha de um de nossos casos desapareceu...”

—Devolva ao filme! Devolva... — Knight para prontamente de protestar e vira-se para a TV, vendo surgir na tela ao lado de Lestrade a foto de uma moça muito bonita, ruiva, com os dizeres “desaparecida” logo abaixo. — Mas o que... — A tela muda. Ressurge o filme Os 12 Macacos, no ponto em que tinha parada anteriormente. —Ei, coloque de volta! Coloque de volta ao noticiário!

—Mas você não queria ver o filme?

—Coloque de volta, maldição!

—Da próxima vez deixo o controle remoto com você... — rosnou o guarda, trocando de canal novamente.

Knight caminhou até a televisão, seus olhos colados à tela, absorvendo cada palavra do inspetor.

“Se alguém tiver qualquer informação relevante, eu disse relevante, sobre esta testemunha, por favor, entre em contato. Não vamos responder a nenhuma pergunta. Obrigado.”

“Se você, telespectador, tiver informações sobre Violet Hunter, disque o número na tela. Agora vamos à notícias sobre esporte, no rúgbi...”

—Não pode ser... — Knight começa a dar passos para trás, até sentar-se na cadeira onde estava antes. Sem aviso, a TV retornou para o filme. Knight sequer deu atenção. Respirava lentamente, e não piscava. — Mas... Isso não é possível... Ele não tinha nenhum ponto de entrada, nenhuma brecha... Como isso foi acontecer? — ele pensava profundamente. Fechou os olhos, juntando as sobrancelhas com força e permanecendo assim algum tempo. Daí abriu os olhos e se levantou, respirando rápido. — Oh, não... Não é possível... Aquele filho da...

—Ei, Benjamin, tudo bem aí?

Benjamin olhou para o guarda, daí dirigiu-se até o vidro, encarando-o.

—Preciso fazer uma ligação.

—Está brincando?

—Eu tenho direito a uma ligação por mês, nunca liguei para ninguém, estou há mais de um ano aqui, portanto tenho direito a pelo menos 12 ligações.

—Detentos na sua ala não podem ligar.

—Eu vejo esses retardados ligando para a amante todo mês!

Você não pode, Benjamin. Sinto muito. Ordens de cima.

Knight respirou profunda e lentamente. Ergueu a mão e socou o vidro com tanta força que o guarda deu um salto para trás de olhos esbugalhados. Os outros guardas se concentraram ao redor do colega, apontando as armas. Knight abriu um sorriso malicioso.

—Esse vidro é blindado para os dois lados. A porta de acesso tem senha de doze dígitos. Não vão me acertar ou me prender a tempo de me impedir de fazer jorrar o sangue dos que estão comigo grades afora.

—Benjamin, nós não aceitamos ameaças!

—Eu só quero fazer uma ligação.

—São ordens de cima...

—Vou começar por baixo, por vocês, e vou carregar um pedaço de cada para os de cima que dão ordens, um souvenir como prova de minha má fé. E a propósito... Só uma pessoa pode me chamar de Benjamin, e ela está morta.

Os guardas se entreolham.

—Não vou abrir essa porta. — diz o guarda.

—Não precisa, me passe o telefone pela abertura de comida. Pode ficar ouvindo e desligar caso ache minha conversa perigosa ou agressiva de alguma forma. Não tem nada a perder.

O guarda concordou. O fio do telefone era longo, assim não houve problemas em levá-lo até o vidro, passá-lo pela abertura e entregá-lo a Knight, que se encostara na parede enquanto discava.

—Agora você tem direito a 11 ligações.

Knight abre um sorriso, ouvindo o telefone apitar. Seu sorriso sumiu, ele olhava para a janela de forma apreensiva.

—Vamos, atenda... Atenda, menina... — a ligação cai na caixa postal, e Knight desliga soltando uma praga.

—Não está em casa? — brinca o guarda, ainda visivelmente trêmulo, tentando deixar o clima mais leve.

Knight dá-lhe um olhar mal humorado, pensa algum tempo, daí disca outro número.

—Ligando para sua mãe agora?

—Não, para a sua. — ele espera, ouvindo o telefone tocar.

***

—Você é um idiota.

Lestrade queria brigar. Queria muito brigar, gritar, fazer escândalo. Queria mesmo. Mas Sherlock o insultara de forma incrivelmente calma, e isso o desarmara completamente. Ainda era um insulto, sim, mas não continha raiva e sim desprezo, algo contra o qual o inspetor não tinha contra-ataque. Ele esfregou o rosto com as mãos, suspirando e dando de ombros. Sentou-se em sua poltrona, derrotado.

—Eu já fiz. O que pretende fazer agora?

—Vou fazer meu trabalho, mesmo tendo você para atrapalhar o tempo todo. — Sherlock olha seu relógio de forma nervosa. Estava bem menos arrumado, usava apenas o sobretudo sobre a camisa e nem mesmo estava com seu cachecol. — Pelo menos você não citou meu nome...

—Você já é famoso o suficiente, se soubessem que o grande Sherlock Holmes está no caso iriam fazer fila na porta da Scotland só para conseguir uma foto sua usando deerstalker.

—Só para constar, você é culpado por isso.

—Pelos repórteres ou pelo chapéu?

—Os dois.

—Ele só pediu ajuda a quem tiver condições de ajudar. — diz John, que acompanhava toda a conversa. — Talvez alguém a tenha visto, quem sabe? Qual o problema nisso? Quanto mais pessoas ajudando...

—Mais difícil fica saber quem está ajudando e quem está só para aparecer, ou coisa pior.

Sherlock disse aquilo, mas estudava o amigo com atenção. John desviou o olhar, propositalmente evitando encarar o amigo. Lestrade ergueu os ombros.

—Que quer dizer com isso?

Sherlock abre um sorriso assustador.

—Imagine a cena: o assassino nos enchendo de migalhas falsas e nós seguimos, chegamos na casa da bruxa malvada e ela nos come.

John encara o amigo, estranhando a mórbida ilustração. Lestrade suspira novamente.

—Eu vou...

—Poupe seu fôlego, Gary, vai precisar dele para atender a todas as ligações que com certeza virão.

—É Greg, droga!

O celular de Sherlock toca.

—Sherlock Holmes.

—Como está se sentindo neste exato momento?

Sherlock prende a respiração. Olha o número registrado, e retorna o celular ao ouvido.

—Sherlock... — diz John. — Quem é?

—Está feliz? Orgulhoso de si mesmo? Espero que sim, por que assim serão duas pessoas felizes e orgulhosas, dentre todas as outras que estão preocupadas e talvez em breve mortas. Você e seu amiguinho desprezível. Talvez vocês sejam aliados, de fato. Talvez eu deva matar vocês dois.

—Como conseguiu meu número? — ao mesmo tempo em que perguntava, uma luz surgiu em sua mente, e ele fechou os olhos.

Acho que você respondeu mentalmente sua pergunta.

—O que você quer?

—Seu franguinho de granja... — aquela frase saíra como um sibilar de serpente através do fone. — Acha que a sorte estará sempre ao seu lado e arrisca, não a si mesmo, claro, mas a qualquer coitado que esteja no seu raio de alcance... E depois eu sou o assassino de sangue frio. — a voz solta um risada zombeteira. — Pelo menos eu encaro, eu olho nos olhos da pessoa que vou matar, você não é homem nem para isso. Pois agora sua maré de sorte está perdendo força...

—Você não sabe o que diz...

Sei o que você fez. Eu sei... Sei por que fizeram a mesma coisa comigo, várias vezes, até minha mente estar completamente destruída. Eu sei o que fez, como fez e o que usou. Esse é o lado bom de ter memória eidética, você se lembra de tudo o que vê, até coisas pelas quais você apenas passou os olhos. Você facilitou tudo. E agora ela vai morrer.

A voz saía como se a pessoa do outro lado estivesse cantarolando. Era um tom de voz enervante, provocativo, e com um toque de ódio bem no fundo. Sherlock trava os dentes.

—Ela não vai...

Ah, ela vai... Vou deixar uma pergunta no ar, pense à vontade e me responda depois: quando visitar o túmulo da sua musa, vai deixar um bilhete dizendo “Adeus” ou “Me perdoe”?

A ligação acaba. Sherlock baixa o celular, guardando-o no bolso. Encara John, que o observava em silêncio preocupado, e depois encara Lestrade.

—Resolva a bagunça que você começou, e não me apareça até fazer isso.

—Não pode me dar ordens.

—Não me provoque, Gray. Eu ainda posso te matar.

Sherlock sai da sala de Lestrade. John passa por ele, e aperta o passo, adiantando-se entre as várias mesas. Sherlock aperta o passo também.

—John...

—Não fale comigo.

Sherlock alcança Watson, caminhando ao seu lado.

—Eu só ia perguntar onde está Molly.

—Não me enrole, eu não estou bem humorado.

—John...

—Não! — John se vira para ele. Sua face era uma mistura de incredulidade, raiva e decepção. — Não me provoque! Eu estou numa condição em que, se você cutucar no lugar errado, eu mesmo te mato!

—Por favor...

—Você não tinha o direito... Você sequer pensou... — John fecha os olhos, respirando fundo. — Não... Você pensou. Esse foi o problema. Você pensou, mas não sentiu. Entrou várias vezes na fila do cérebro, mas se recusa a entrar na fila do coração. E você errou. Ponto.

—John, eu...

—Ainda vai precisar de mim hoje?

—O quê?

—Eu estou cansado, física e emocionalmente, quero te bater, quero bater em alguém, e quero saber se vou precisar ficar acordado mais uma noite para te ajudar. Portanto, seja direto, breve e específico. Não estou fazendo isso por você, Sherlock, e você sabe disso. Eu sou seu amigo, mas... No momento, não gosto de você... — John olha em volta. Todos estavam extremamente ocupados. Ninguém notara a conversa que se desenrolava entre eles. — Molly está com Mary. Pedi isso a ela. Sei que essa história não tem nada a ver com ela, mas... Eu estou com medo de deixá-la sozinha.

—Tudo ficará bem.

John abre um sorriso irônico.

—Eu menti no meu interrogatório. — disse ele em voz baixa. — Sabia disso? Eu não entreguei você. Eu poderia, eu queria... Eu devia.

—E por que não fez isso?

—Por que apesar de você ser o único e maior culpado pelo que aconteceu, eu sei que você é o único que pode trazê-la de volta. E é melhor trazê-la... É melhor trazê-la.

John ia dizer algo a mais. Abriu a boca, mas rapidamente a fechou. Olhou em volta rapidamente, balançando a cabeça negativamente. Deu as costas para Sherlock e foi embora.

Lestrade deixa a cabeça cair sobre a mesa, quando seu telefone toca. Ele aperta o botão de viva-voz.

—O que foi?

—Inspetor, recebemos até agora mais de trezentas ligações de pessoas que dizem ter alguma informação, e está aumentando.

Ele solta um gemido angustiado, sem levantar a cabeça.

—Já vou...

***

Knight devolveu o telefone ao guarda, que o olhava como se ele fosse o próprio diabo. Ele se levantou, caminhando pela sala, pegando uma folha e um lápis que estavam sobre a mesa, e foi até sua anterior cadeira, sentando-se. Cruzou as pernas sobre o assento, juntando as mãos sobre o colo, começando a desenhar. Ora desenhava, ora assistia a seu filme.

No filme, Jeffrey Goines, interpretado por Brad Pitt, liderava uma rebelião no manicômio-prisão em que estava, e gritava para animar os outros internos. Em certo momento, abaixou as calças e mostrou o traseiro para os médicos.

“Pulando, pulando, pulando! Lavagem intestinal para todo mundo!”

Knight terminou seu desenho, um retrato perfeito de uma moça muito bonita, de longos cabelos ondulados, que sorria para ele. Ele sorriu levemente de volta.

—Olá... Violet...

Enquanto isso, Jeffrey Goines ainda gritava.

“Seus idiotas, eu sou um doente mental! É esperado que eu enlouqueça! Esperem até vocês, seus imbecis, descobrirem quem eu sou! Meu pai vai ficar muito bravo quando ele ouvir sobre isso! E quando meu pai fica bravo, o chão treme! Meu pai é Deus! Eu adoro meu pai!”


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Notas finais do capítulo

Yep! Mais um capítulo...
Quero agradecer a todos os que comentaram, favoritaram, recomendaram e que estão acompanhando esta história... Muito obrigado. Espero que gostem deste capítulo.
Até a próxima, bjos



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