Cachecol Azul e Cabelo Vermelho escrita por Lirah Avicus


Capítulo 12
Capítulo 12




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“Mantenha a calma.”

“Fique calma.”

“Não perca a calma.”

Violet ouvira isso mais vezes naquele espaço de tempo de meia hora do que em todos os seus dias de vida juntos. Parecia que todos ao seu redor percebiam seu grau de nervosismo, que provavelmente poderia ser medido pela escala Richter, e pensavam que a deixariam mais calma simplesmente por pedirem isso. Não deu certo.

Ela encarava o espelho do banheiro, no andar da Divisão de Detetives da Scotland Yard, e controlava a respiração. Estava sozinha naquele lugar grande e frio, onde qualquer som ecoava como se fosse o bater de um martelo. A luz fixa no teto tingia de cinza todos os utensílios e o lavatório, assim como as paredes. O teto continha algumas teias de aranha. A janela denunciava que a noite caíra.

Violet sabia o que acontecera. E estava bem certa de que aquilo era muito ruim. Ela recebera uma mensagem, no mínimo, assustadora. Um aviso. Talvez uma ameaça. Ou então um convite. O assassino queria brincar.

Vários pensamentos, nenhum agradável, circundavam sua cabeça. Como ele descobrira seu número? O que ele queria? Será que ele atacaria? Quando? Onde? Seria ela a próxima vítima? Seria? Ou não? Será que ele sabia de sua doença? Se ele sabia, por que simplesmente não a deixava em paz?

Ela inclinou-se sobre o lavatório, encostando a testa no vidro frio do espelho. Seus dedos, de ambas as mãos, também tocaram a superfície lisa e gelada, e ela fechou os olhos. Sua cabeça estava quente, suas preocupações a esquentavam, assim como as perguntas que a impediam de raciocinar com clareza e faziam sua cabeça latejar.

Ela morreria? Ele a mataria? Como? Onde? Por quê? Será que ia doer? Quando aconteceria? Ela teria tempo suficiente para...

Estes pensamentos retesavam seus músculos. Seus dedos haviam se tornado garras contra o espelho, e suas unhas arranhavam o vidro sem que ela percebesse. Sua garganta emitia um gemido baixo. Ela ainda pensava. A iminência da morte a impedia de não pensar. Apertou os olhos, começando a tremer, e de repente, bateu a cabeça contra o vidro...

Violet se assustou. Afastou-se rapidamente do lavatório, ofegante. Onde antes encostara a testa, havia agora um quase imperceptível rachado. Ela olhou a própria testa, mas não encontrou ferimentos. Abraçou o próprio corpo, retrocedendo até a parede, encontrando-a e escorregando parede abaixo até cair sentada. Ficou assim algum tempo, olhando para nada com olhos marejados. Daí olhou para o teto, procurando algo estúpido com que se distrair. Estranho como sempre que estamos sob grande pressão acabamos por buscar o equilíbrio emocional numa coisa absolutamente estúpida. E Violet encontrou. Num caminho de formigas.

As formigas eram minúsculas. Elas andavam para lá e para cá numa linha preta e fina formada por centenas de outras formigas, que descia do teto até sumir detrás do lavatório. Elas eram idênticas. Então, como poderiam reconhecer umas às outras?

Mas elas se reconheciam. Conheciam muito bem umas às outras. E faziam isso pelo simples tocar de antenas. Elas se encontravam, tocavam suas anteninhas e sabiam quem era quem, pois quedavam-se algum tempo com a companheira e depois partiam para a próxima. Continuavam assim até sumir detrás do lavatório. Violet baixou o olhar, pensativa. Como seria um “tocar de anteninhas” entre os humanos?

Batem na porta.

—Violet? — era a voz de Mary Watson. Violet secou o rosto com uma das mãos, levantando-se. A boa esposa de John Watson, mesmo grávida, insistira em vir junto à Scotland, pois disse que toda mulher precisa de outra como companhia em horas difíceis. Mulher sábia, aquela... — Violet, está tudo bem?

—Sim. — ela respondeu. — Já estou saindo.

Ela se olhou novamente no espelho, tirando o cabelo afogueado da frente do rosto e passando no mesmo uma água para retirar as marcas de choro, desculpou-se mentalmente pelo rachado no espelho e saiu do banheiro, encontrando-se imediatamente com Mary. Era ela, pois era o mesmo casaco marrom escuro, o mesmo cabelo loiro e curto, e a mesma echarpe floral. E estava grávida, claro.

—Você está bem?

—Sim.

Mary tomou a mão de Violet, dando tapinhas amigáveis.

—Vamos. Fique calma. Vai dar tudo certo.

“Fique calma.”

Violet quis sorrir. Ia começar a contar mentalmente quantas vezes lhe diriam isso.

Elas caminharam até o gabinete de Gregory Lestrade, onde o mesmo, junto com John Watson e Sherlock Holmes, discutiam sobre qualquer coisa. Com a chegada de Violet, todos os olhos pairaram sobre ela.

Ela sentiu-se encolher. Detestava ser o centro das atenções.

Mary foi se sentar ao lado do marido, que se sentara mais atrás num pequeno sofá, e Violet viu-se obrigada a se sentar na frente, de frente para Lestrade, ao lado de Sherlock. Ela fez isso, olhando rapidamente para o rosto do detetive e sentindo-se aliviada por vê-lo exatamente como se lembrava. O nariz fino, as maçãs do rostos proeminentes, os olhos semicerrados, o cabelo cacheado... Era mesmo ele.

Enquanto isso Lestrade lia e relia a mensagem.

—Isso é um absurdo... — murmurou. Ele leu novamente, colocando em seguida o celular sobre a mesa. — Tem certeza de que este é o número do seu celular?

—Sim. — ela disse. — É o meu.

—Não havia celular na bolsa dela depois que vocês a recuperaram. — disse Sherlock. — E havia um celular na bolsa quando ela a perdeu.

—Então o assassino o pegou... — Lestrade olhava o celular com olhos parados. — E resolveu se aproveitar dos bônus da operadora.

Mary segurou uma risada, o rosto de John demonstrou desaprovação absoluta, Violet baixou a cabeça em descrença e Sherlock não reagiu. Permaneceu com a mesma expressão, juntando as mãos sobre o colo.

—Acho que isso deve deixá-lo um pouco mais alerta quanto à segurança de minha cliente.

“Minha cliente.” Violet não gostou daquela expressão. Era profissional e distante demais para ela.

—Sim, eu... Dimmock deixou um policial...

—O policial pode ser o assassino, não creio que você preferirá deixá-la sozinha com ele para descobrir, além disso, Dimmock tem sido completamente inútil em todos os sentidos para este caso, não sei nem por que ele ainda existe.

—Ele é o responsável.

—E, no entanto estamos todos na sua sala.

—Não é minha divisão.

—Será se a encontrarmos morta.

—O caso ainda será do Dimmock.

—O cadáver irá para o Barts, lá é sua divisão.

—Por favor... — Violet disse, erguendo uma mão. —Eu estou aqui, então... Tenham mais respeito pelo meu óbito, ok?

Os dois homens se entreolharam, e Lestrade foi o primeiro a falar.

—Falarei para Dimmock colocar uma guarda feminina de confiança em frente a casa da Srta. Hunter. É tudo o que posso fazer.

—Vai ainda falar com ele para fazer isso? — murmurou Mary, incrédula.

—E quanto ao programa de proteção à testemunha? — disse John.

—Ele não é como vemos nos filmes. — diz Lestrade, juntando as mãos sobre a mesa. — Circunstâncias muito precisas e normalmente motivos políticos fazem com que uma testemunha tenha direito a essa proteção, e no momento a Srta. Hunter não se encaixa de nenhuma forma.

—Com exceção de que vou morrer. — ela diz, que resultou num suspiro profundo da parte de Sherlock.

—Eu queria fazer isso. — Gregory tentava colocar para fora toda a preocupação que realmente sentia. — Eu não faço as regras, eu as sigo... Como um cachorrinho. Apesar de ser o chefe desta divisão, eu não mando em quase nada. Estou lhe oferecendo o que posso dar, agora depende de seu detetive para pegar o assassino antes que... Bem...

—Antes que ele me mate enforcada.

—Isso não acontecerá. — diz Sherlock. Lestrade recosta na sua cadeira.

—Tem um plano, eu presumo.

—Sim, mas ainda não cheguei à parte em que conto para você qual é.

—Fala sério? — Sherlock não respondeu. Lestrade suspirou. — Certo... Srta. Hunter, se sentiria melhor se fosse colocada uma policial, uma mulher, de guarda para protegê-la?

—Na verdade, sim.

—Ótimo. Então falarei com Dimmock.

—Por que você mesmo não faz isso? — disse Mary.

—Isso é uma má ideia. — diz John.

—Por quê?

—Mesmo sendo seguro para Violet... — John tentava montar a frase dentro de sua cabeça. — Não seria seguro para a policial... Na verdade acho que não seria seguro para ninguém. O assassino poderia atacá-la e depois atacar Violet... Daí nós teríamos dois corpos no Barts.

—A policial é bem treinada.

—Sim, mas ninguém nunca está treinado para o inesperado.

—Então o que querem? Querem que eu mesmo fique de guarda? Eu estou com insônia mesmo! Desculpe... — Lestrade coçou a cabeça. — Isso é completamente novo para mim, não conheço precedentes. Normalmente os assassinos interrompem seus crimes quando começam a ser perseguidos temendo serem pegos, eles não costumam prosseguir com eles para... Sei lá para quê.

—Adrenalina. — disse John, olhando para Sherlock esperando uma confirmação do que ele dizia. — Ele estava sem nada para fazer... Estamos agitando as coisas e ele está gostando.

Lestrade ouviu John, daí encarou Sherlock.

—Espero sinceramente, Sherlock, que você acabe com a diversão dele... Muito bem, — Gregory abre os braços. — não sou o responsável por esta investigação, mas insistirei que Dimmock designe uma policial para ficar de guarda... Uma grande e ameaçadora... E a senhorita não sairá sem companhia, seja ir ao supermercado, ao mercadinho da esquina, à praça, não vai sair de casa, — Violet mordeu o interior da boca. Naquele momento, dizia a si mesma para ficar calma. Sem pensar, estendeu a mão por debaixo da mesa e segurou o dedo mindinho de Sherlock. Ele não reagiu. — não entrará em contato com ninguém sem o nosso conhecimento, não vai entrar no seu e-mail, não enviará mensagens, não fará ligações, não fará nada sem nos contar. — Sherlock cerrou os olhos ameaçadoramente para Lestrade, que tratou de remendar a frase. — Ou melhor, não fará nada sem contar ao Sherlock.

—Tudo bem. — ela disse, baixando a cabeça.

—Faça o que puder. — Sherlock se levantou, e todos o imitaram por reflexo. — Mais alguma coisa?

—Hmm, não sei. Há mais alguma coisa?

—Não, não há. Boa noite.

Eles se retiraram da sala de Lestrade, caminhando por entre as várias mesas, a maioria já vazia.

—Podemos ir para casa agora? — diz Mary, abraçando o braço do marido. Sherlock deu uma leve tossida, e Mary percebeu que aquilo fora forçado. —Podemos, não podemos?

—Hmm... — Sherlock abriu um sorriso apertado, encarando Mary. — Você não poderia ceder o John hoje à noite?

—E por que eu faria isso?

—Tenho coisas importantes para fazer.

—Não me enrole, Sherlock.

—Quero interrogar algumas pessoas e estudar alguns locais de crime, e preciso de John para me ajudar.

Mary estica um sorriso malicioso. Voltou a andar, carregando John consigo.

—E você não consegue investigar sozinho?

—Não.

—Você investigou sozinho durante anos antes de conhecer o meu marido.

—Mas agora não consigo mais.

Eles desciam as escadas, passando pelo hall e chegando à calçada. O ar frio da noite envolveu-os, e saía vapor de suas bocas quando falavam.

—O que, ficou burro de repente? — Mary riu. — Por que quer tanto a companhia dele?

—Na verdade, confesso que... — Sherlock solta um longo e triste suspiro. — Tenho medo de escuro.

Violet encara Sherlock, espantada.

—Como é?

—Ele está mentindo, querida. — diz Mary. — Logo ele dirá que unicórnios radioativos atacarão Londres se John não sair hoje à noite com ele.

—Nunca se sabe... — Sherlock sorri. Mary quedou-se um tempo pensativa, daí apontou-lhe o indicador.

—Devolva-o inteiro e eu não arranco seus membros com um alicate. — ela se vira para Violet. — Violet, se importa de ficar comigo esta noite? Eu e minha menina vamos querer companhia.

—Será um prazer. — Violet sorriu.

—Muito bem, — Sherlock encarou John. — vamos?

—Vamos. — ele dá um beijo em Mary. — Até logo, querida.

—Divirtam-se. — ela disse. Violet começou a andar, assim como John, só que na direção oposta. Mary ia seguir Violet, mas Sherlock segurou seu braço.

—Cuide dela. — disse apenas.

—Pode deixar, Encantado. — ela disse numa piscadela.

Sherlock observou Mary caminhar, alcançando Violet, as duas foram até a sarjeta e conseguiram um táxi, entrando nele e partindo rua acima. Em seguida ele apertou o passo para chegar até John.

John abriu um sorrisinho.

—Deu beijinho de boa noite?

—Por que matar uma mulher direita?

—Hã?!

—Quero sua opinião. Por que alguém mataria uma mulher séria e correta?

John deu de ombros.

—Não sei, não tem...

—Não tem motivo, exatamente.

—Talvez ciúme ou...

—Não. — ele sai andando. — Venha.

Eles começaram a caminhar, cruzando ruas largas com pouco movimento, apenas alguns carros solitários, e chegando ao início do centro de Londres. A City. Daí o movimento os alcançou. Carros rápidos com som alto, pessoas andando para todo lado rindo e conversando, bares e pubs abertos com centenas de pessoas do lado de dentro e de fora comendo e bebendo. Mais bebendo que comendo.

—Já notou como, nos aniversários, à medida que você fica mais velho, diminui o bolo e aumenta a bebida? — comenta John. Daí, notando o cenho grave do amigo, deu um tom sério à própria voz. — Acha que Dimmock vai atender ao pedido de Lestrade?

—Por que ele faria isso? — diz Sherlock, com falsa admiração. — Com sua genialidade ele pegará o assassino sem que isso seja necessário.

Sherlock para em frente a um bar simples, mas cheio de clientes. Entra nele, John acompanha-o, e logo se vê entre pessoas alegres e bem vestidas, conversando animadamente, com garçons e garçonetes carregando bandejas cheias de cerveja e aperitivos. Sherlock cruza aquela pequena multidão, indo até o balcão de bebidas, sentando-se num dos bancos. John o imita, e um barman se aproxima.

—O que vão querer?

—Duas cervejas. — diz Sherlock. O barman trouxe as bebidas, e Sherlock lhe faz sinal para que o escute. — Leslie Whysley.

—Vinha aqui constantemente. — disse o barman. — Nunca sozinha.

John observou o barman com estranheza. Eles já se conheciam?

—Grupo ou casal?

—Aí dependia... — o barman começou a secar os copos. — Se vinha com apenas um acompanhante chegava cedo, umas 7 da noite e ficava apenas o suficiente para ficar bêbada, daí iam embora. Se ela chegava muito tarde era com uma turma grande, a maioria homens, daí depois de muita cerveja e vodca ia embora com um ou outro. Nunca era o mesmo, então não me pergunte nomes.

—Era constante?

—Na verdade sim, era difícil uma noite em que ela não aparecia. — o barman olhou o teto, tentando lembrar-se. — Raras vezes ela vinha sozinha, em dias que não haviam muita gente, e ficava bebendo até chegar na fase chateada.

—Fase chateada? — pergunta John, que ouvia a conversa em silêncio. O barman o encara.

—A bebida tem várias fases. Varia de homem para mulher, mas sei que tem a fase risonha, a fase confusa, a fase chorona, a fase briguenta, a fase em que você quer ligar para o ex...

—Já entendemos... — diz Sherlock, olhando para sua cerveja de forma cansada. O barman deu de ombros.

—De qualquer forma ela ia embora depois disso, só para no dia seguinte entrar por aquela porta parecendo um arlequim maluco cercada de outros iguais a ela.

—E na noite em que ela morreu?

—Foi a mesma coisa. — Sherlock não pareceu contente com a resposta. O barman suspirou. — Não sei o que quer que eu diga. Ela era só uma moça que gostava de se divertir, não havia nada demais.

—Ela era uma vadia.

Os três homens olham para a garçonete, que também estava atrás do balcão, e que parecia estar ouvindo a conversa havia algum tempo. Ela era loira, e tinha o cabelo preso por um palito chinês, era magra, e se assustou quando todos a olharam.

—Hmm... — John apoia-se no balcão. — Você conhecia Leslie?

—Não devia falar disso. — a moça respondeu. — Os policiais disseram que eu não devia.

—O caso foi reaberto. — disse Sherlock. — Pode falar conosco. Quem é você?

—Lacey Epson. — ela se aproximou do balcão, olhando para os lados. — Tenho que falar rápido, eu estou em serviço.

—Não queremos a história da sua vida, conte apenas o necessário.

—Conhecia-a bem? — pergunta John.

—Não éramos amigas. — ela disse rapidamente. — Morávamos perto, e ela gostava de frequentar o bar em que eu trabalho, eu ficava de olho nela, só isso. Alguns cumprimentos, sabíamos o nome uma da outra, nenhuma conversa realmente relevante.

—E por que diz que ela era uma vadia?

—Por que não encontro outra palavra que a descreva melhor. Ela saía com qualquer sujeito, não importava quem. Nunca a vi vir duas vezes aqui com o mesmo cara, e ela era extremamente bagunceira. Uma vez meu namorado estava aqui me esperando terminar meu período e ela deu em cima dele na minha frente.

John junta as sobrancelhas.

—Por que ela fazia isso?

—Ela sempre falava que só se vive uma vez, então ela tinha de aproveitar. “Amanhã posso estar morta” ela dizia... — Lacey baixa o olhar. — Ela disse isso naquela noite.

—O que aconteceu?

—Ela tinha vindo como em qualquer outro dia. Turma grande, idiota, já chegaram meio bêbados. Ela ficou com essa turma a maior parte do tempo.

—E depois?

—Depois não ficou mais. Ela encontrou um cara num lado mais afastado do bar e começou a conversar com ele.

—Viu o rosto dele?

—Não. Mas notei que ele vestia uma camiseta do Leeds United. Notei por que aquela era uma camiseta fora de linha, ninguém tem mais. Mas não vi o rosto dele.

Sherlock olha para John rapidamente.

—Excelente. — murmurou.

—Sim, — John também diz em voz baixa. — não precisamos de mais corpos.

—Por que você ficava de olho nela? — perguntou o barman à Lacey. Ela deu de ombros.

—Ela tinha um vizinho gato.

—Vizinho? — diz Sherlock. Ela sorriu timidamente.

—Pois é, ele era uma graça. Cabelo preto, magro, alto, o meu tipo. E tinha uns olhos... Ele não fazia parte da turma dela, na verdade parecia não gostar muito deles, assim como eu, mas às vezes eu os via conversar quando passava na rua. Nunca dava para eu me aproximar por estar sempre atrasada, e quando não estava atrasada eu não tinha coragem de conversar com ele, então achei que algum dia ele viria com ela aqui e... Eu teria coragem de, quem sabe...

O celular de John toca. Ligação. Mary. Ele se afasta, atendendo e tapando o ouvido oposto por causa da música alta.

—Alô, Mary?

—Ele é o seu tipo? — diz Sherlock, levantando uma sobrancelha. Ela balança a cabeça positivamente.

—Sim, eu gosto de caras diferentes e misteriosos.

—Isso é perigoso, Lacey. — comenta o barman. — Caras diferentes e misteriosos costumam fazer coisas diferentes e misteriosas.

Sherlock observa o barman, abrindo um quase sorriso.

—O cara que matou Leslie ainda está por aí? — pergunta Lacey.

—Sim. — diz Sherlock. — E vai matar de novo.

Peça ao Sherlock para olhar o celular dele agora. — foi tudo o que sua esposa lhe disse. John tirou o celular do ouvido, voltando ao balcão.

—Sherlock, está com seu celular?

Sherlock pega o aparelho de seu bolso, ligando a tela e percebendo que recebera uma mensagem. Violet. Mas a mensagem não era dela. Ela havia lhe encaminhado uma mensagem que ela mesma recebera.

—Temos de ir.

—O que é? — pergunta John, ficando nervoso, voltando o celular para o ouvido. — Mary, o que aconteceu?

Mary suspirou.

Vocês vão ter muito trabalho hoje, meu amor.

Eles saem para a rua a passos rápidos, Sherlock procurando um táxi naquela multidão que só queria se divertir. Moças risonhas se lançavam sobre os rapazes, e os rapazes bebiam e abraçavam as moças. John não gostou daquilo. Talvez ali estivesse o assassino, abraçando sua próxima vítima...

Após um certo tempo Sherlock consegue um táxi, os dois entrando.

—O que aconteceu? — diz John, enquanto o táxi partia. — O que tem no seu celular?

—Nosso destino. — Sherlock lhe estende o pequeno aparelho, olhando pela janela em seguida, apoiando o rosto numa das mãos. Por algum motivo, os dedos daquela mão esfregavam insistente e nervosamente o dedo mindinho...

John olhou a tela do celular, e os pelos de sua nuca se arrepiaram. Ele sempre gostara de poesia. Mas agora não gostava mais...

Precisam de ajuda com a polícia?
Eu darei uma mão
Um policial pendurado no Cleopatra’ s Needle
É a minha contribuição.


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