Absoluto escrita por Ero Hime


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Dedicado especialmente a bruninhazinha. Minha diva, quem me inspira a cada dia. Eu estava lhe devendo uma história, de qualquer maneira. Espero que goste, nii-san.
E sim, é ItaHina porque eu shippo eles pra caramba, eles são fofos e meus amores e eu não to nem ai.
Voltarei a ativa com algumas histórias curtas, em sua maioria oneshots, e trabalharei com alguns novos emparelhamentos, mesmo que ainda esteja trabalhando em um novo projeto NaruHina. Velhos hábitos custam a morrer.
Mas enfim. A todos que irão ler, espero que gostem!



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E cada segundo é uma tortura, esse inferno vai acabar. Estou encontrando maneiras de te deixar para trás, mas querido, não, eu não tenho saída”

Havia algo de melancólico na maneira que a garota de cabelos longos e escuros andava pelo corredor. Tal como o fios que se desprendiam de seu rabo frouxo, as roupas largas demais eram escuras e se misturavam com as paredes desprovidas de luz artificial. Há tempos que alguma luz natural entrava por aquelas janelas empoeiradas. Movia-se como uma sombra, arrastando os pés pesadamente pelo piso de porcelana – como em um funeral. Talvez representasse, no fundo, a morte de tudo que, um dia, fizera sua vida valer a pena.

O único ponto brilhante que a destacava da escuridão eminente era a bolsa cor-de-rosa dependurada sobre suas costas de qualquer maneira, com os livros e algumas partituras. Particularmente odiava a cor – o objeto era a única coisa aceitável que concordara em usar. Um último presente de sua irmã antes de partir para longe de si.

Finalmente, chegou até a porta do lado oposto, branca e lisa. Girou a maçaneta, suspirando um tanto aliviada. Despregou-se da parede, tentando se livrar da melancolia que a acompanhava desde que saíra do colégio. Quando entrou em seu quarto, escorregou a bolsa para o chão e fechou a porta, se jogando, por fim, em sua cama, onde sentia que todos os problemas não poderiam encontrá-la. Fechou os olhos, o resquício de um sorriso brotando sobre seus lábios, mas não tomando forma. Foi substituído por um longo e baixo suspiro.

Hinata não era uma garota dramática – tampouco depressiva. Talvez fossem as pessoas, talvez a solidão. O abandono, não sabia ao certo. A única coisa da qual tinha certeza eram os xingamentos que ainda rondavam sua cabeça, impedindo-a de descansar em paz. Rolou a barriga para cima, reprimindo a vontade de chorar.

Gorda demais. Baixa demais. Peituda demais. Estranha demais. Nerd demais. Quieta demais. Tímida demais. Envergonhada demais. Sozinha demais. Faminta demais. Desleixada demais. Apática demais. Branca demais. Anormal demais.

Havia muito mais de onde esses vieram.

Friccionou os lábios em uma linha reta, fechando os punhos com força – eles ainda estavam cobertos pela manga do moletom, grande demais para seu corpo franzino. E preto. Tudo preto. A saia, com um comprimento maior que o esperado para uma garota da sua idade, os sapatos fechados e de bico redondo, o moletom. Tudo preto. Uma escolha particular para tentar se esconder o máximo possível, se camuflar.

As vezes, queria sumir. Perguntava-se porque tinha que ser tão esquisita. Tão... desproporcional. Herdara isso dos genes da sua família materna. Sua mãe, avó e quaisquer antepassados de gênero feminino eram reconhecidos por sua imensurável beleza e proporções corporais magníficas. Infelizmente, Hinata só ficara com parte da genética. Sua altura era vergonhosamente baixa, e suas medidas não seguiam o padrão, fazendo-a com que ficasse com muito, muito corpo. Notou isso desde nova, quando seus peitos cresceram mais que qualquer garota do quinto ano. E não pararam mais. Em uma tentativa desesperada de ser normal, como as amigas, tão esbeltas e magras, começou a usar roupas largas, para esconder-se. O preto veio depois, apenas. As mangas longas e as barras largas lhe davam a impressão de ser mais gorda que o normal.

Hinata era bonita, sim – mesmo que não o visse. Herdando de seu clã, os olhos mais belos e exóticos que poderiam existir. Como pérolas. Sua mãe costumava lhe chamar assim, outrora, em um passado tão longínquo e feliz que a garota perguntara-se se realmente havia existido.

Minha pequena pérola.

As íris e pupilas tinham uma mutação genética rara, desconhecida para a ciência, que fazia com que a pigmentação clareasse até o branco mais pálido, misturando-se com os globos em um grande e único circulo ocular. Todos costumavam admirar seus olhos, que contrastavam de maneira exuberante com sua pele porcelanizada e suas maçãs sempre coradas. Seus lábios eram rosados naturalmente – de causar inveja. Ainda assim, admirável.

Mas isso foi antes de tomar para si o título de “esquisita”.

Não sabia como sua vida havia se tornado tudo aquilo. Uma grande oceano de depressão e tristeza, que a afundava mais e mais, puxando-a com todo seu peso para o fundo. A luz se distanciava a cada dia, e já não tinha mais forças para nadar de volta a deriva. Todos os dias, acordava pensando em como seria bom que não o fizesse. Dormir para sempre, envolta por seus sonhos doces, em um mundo onde não havia crueldade – sonhos, sempre sonhos. E então, banhava-se. Um dos rituais que mais gostava de fazer, sobretudo. Sentir-se limpa, cuidar de seu corpo. Por mais que o odiasse, dentro do banheiro, sob uma ducha quente, gostava de se admirar para o espelho e lembrar da mãe. De sua verdadeira mãe. Depois, ia para o closet desnecessariamente grande, e pegava qualquer muda de roupa – mais de três terços do espaço dava lugar as mesmas peças, como uniformes rigorosos. Moletons, saias e calças jeans folgadas. Perdidas em algum canto, mais para o fundo, peças coloridas, blusas e regatas e seus adorados pijamas confortáveis, eram esquecidos – sem falar dos vestidos e dos saltos. Hinata arrepiava-se só de lembrar de sua existência. Se trocava, arrumava, prendia o cabelo de qualquer maneira e suspirava, olhando-se no espaçoso espelho da penteadeira, tentando convencer a si mesma que ela poderia suportar mais um dia. Descia, tomava café na copa, com as empregadas. Gostava delas. Lhe respeitavam e lhe cumprimentavam – aparentemente, as únicas a fazê-lo. Seu pai era ocupado demais, saía pela manhã e voltava somente pela madrugada. Hinata não passava de uma existência passageira na desmedida e profusa mansão Hyuuga.

O sofrimento começava quando ela saía pela porta dos fundos, andando calma e desconfiadamente com seus fones e seu celular caro, um passo depois do outro. E quando se aproximava do prédio, rezava com todas suas forças para um Deus que não acreditava realmente que existisse. Mas não adiantava. Eles estavam sempre ali. Rindo. Apontando. Gritando como animais descontrolados cheios de hormônios sexuais irreprimíveis. Ela ignorava, como uma boa garota. Pegava seus livros do chão quando o derrubavam, limpava seus próprios arranhões. O óculo de descanso estava remendado pela terceira ou quarta vez, mas ela não se importava. Quando dava a hora de ir para casa, seu maior alívio era admirar as nuvens pelo caminho. Pensar em si mesma livre e flutuante como elas.

Entrava pelo portão principal, subia as escadas e, por um ligeiro momento, se misturava com as sombras do corredor escuro do segundo andar novamente. E tudo se repetia.

Era uma rotina chata – Hinata já havia se cansado dela. Quando sua vida havia se tornado aquilo?

Droga. – resmungou, sentando-se e arrancando os sapatos, guardando-os no espaço vazio do closet reservado para eles. Depois, tirou as meias cuidadosamente. Soltou o cabelo e guardou os óculos, coçando os olhos. Bocejou. Precisava de um banho.

Estava caminhando para sua suíte quando ouviu duas batidas leves na porta, antes da mesma ser aberta com leveza.

Hm, Hina? – ah, era ele.

O que você quer? – perguntou com uma irritação quase agressiva, um tanto indiferente. Reprimiu as batidas aceleradas que vinham de seu coração estúpido.

Calma, gatinha raivosa. – sua risada preencheu o ambiente e a garota bufou, corando – Só queria avisar que, se precisar de mim, vou estar com uns amigos na outra sala, tudo bem? – “outra sala” basicamente consistia em videogames caros, frigobar e televisões nada convencionais e grandes, com sofás gigantes. Quando estava sozinha, Hinata amava aquele salão. Mas, naquele momento, apenas assentiu rapidamente.

Tanto faz. Pode sair? Preciso tomar banho. – o enxotou diretamente, e ele sorriu. Nunca se deixava abater, não importa o quão rude ou ignorante Hinata fosse.

Tudo bem. Até mais. – e saiu.

Junto, levou um suspiro aliviado de Hinata, que tentava acalmar a respiração e a tremedeira das pernas. Respirou fundo, sabendo que estava vermelha no rosto inteiro. Correu até o banheiro, tirando a roupa para se enfiar em sua ducha quente e finalmente poder ter uma centelha de momento de paz, enquanto ele ocupava o resto de seus pensamentos. Como se ousasse sair de lá a qualquer hora do dia.

O motivo de seu martírio pessoal. Todo dia, toda hora. Ele estava ali, apenas... sendo ele. Maldito seja Uchiha Itachi, afinal.

Tudo começara de maneira conturbada, mas simples. Um casamento não bem-sucedido, regado de brigas e mágoas, por fim, chegou ao fim. Foi um divórcio tranquilo, a divisão de bens e os advogados, ambos entrando em um concesso diplomático pelo bem social. Até a hora da guarda das filhas – as duas únicas herdeiras de todo um império de bancos e investimentos milionários. Hiashi, o poderoso e afável Hiashi, queria ficar com ambas. Cuidar, zelar e educá-las para que, um dia, tomassem seu lugar de direito na presidência das empresas. Cuidaram de sua educação, ambos, até o momento que não suportavam mais conviver na mesma casa. Hinata tinha dez anos. Aulas convencionais para desenvolver os mais diversos talentos. Carisma, dotes musicais e etiqueta. Mas, para Hiromi, a doce e forte mulher do campo que se apaixonara pelo rapaz rico do vilarejo, as filhas deveriam crescer com a mãe, viver uma vida fora da mídia e do luxo.

Brigas judiciais, telefonemas e gritos a todo momento. Em alguns momentos, Hinata se trancava no quarto com a irmãzinha, cantarolando para ela dormir bem e longe daquela bolha inconstante. Um acordo foi feito, algumas semanas depois. Uma filha para cada um – como se fossem meros objetos, propriedades. Hinata nada pode fazer.

Hiashi ficou consigo. Como primogênita, tinha direito a herdar o trono imperial primeiro, e deveria ficar com o pai para aprender os ossos do ofício. Ambos concordaram. Mas Hanabi, sua pequena, rebelde e princesa Hanabi, iria com a mãe para o outro lado do mundo – Ohio, na América. Despedida foi triste, e sua mãe, chorando, lhe prometeu que a veria e a telefonaria sempre.

Só aconteceu três vezes. Em dois meses.

Aos poucos, os afazeres foram aumentando, a distância dificultou o contato. Por fim, seis meses depois, Hinata só recebia presentes em datas importantes e cartões de natal com mensagens curtas. Aprendeu a lidar com isso. Seu pai fazia o melhor que podia, afinal. Era um bom homem, ocupado demais, mas bom. Hinata estudava o dia todo, mas, por um momento, pensou que seu grande castelo de fantasias tornaria a se reerguer, e ela seria feliz.

Mas suas torres ruíram tão rápido quanto foram construídas.

Alta, morena, aprumada e sofisticada. Viúva, rica, meiga e paciente. Ela veio como uma tempestade, trazendo suas ondas furiosas para cima de Hinata com toda sua força. Mas, infelizmente, para Hiashi, ela era a mulher que roubara seu coração pela segunda vez. Colunista de um jornal nacionalmente conhecido, de Tókio, preferia o interior para morar (em sua nada modesta mansão) e acidentalmente trombou com Hiashi em um restaurante – clichê e totalmente nojento. Saíram algumas vezes. Uchiha Mikoto era seu nome. Era jovem e alegre, e sempre penteava o cabelo de Hinata quando saíam juntas. A garota gostava dela, internamente. Parte de si sentia que estava traindo sua mãe, mas ver seu pai feliz era tudo que importante. Então, aceitou quando o noivado veio, dois meses depois.

Foi uma cerimônia fechada – ambos eram muito famosos e queriam privacidade. Hinata fora dama de honra. A lua-de-mel passou rapidamente, e logo Mikoto trazia suas coisas para a mansão Hyuuga, instalando-se ali. Junto com seus dois filhos. Dois.

Hinata não sabia daquela parte – porque, se soubesse, nunca teria concordado com aquela insanidade absoluta. Um deles era seu pior pesadelo. Arrogante e pretensioso, Sasuke lhe atormentava com os outros na escola. Na frente da mãe, portava-se como um cavalheiro, lhe lançando olhares atravessados e sorriso debochados. Por sorte, morava com o tio do outro lado da cidade – grande demais para um mega shopping, pequena demais para universidades e para as pessoas que ali habitavam – e não frequentaria a casa. Mas o outro – mais velho – se tornaria seu demônio particular, nascido somente para fazê-la sofrer.

Foram seis anos. Seis longos anos. Hinata passou a ver cada vez menos o pai e a nova madrasta, sempre trabalhando ou ocupados. Nos fins de semana, conversavam um pouco. Hiashi ainda se esforçava para ser presente na vida da agora única filha – Hiromi o proibira de falar com Hanabi quando soube que ele pretendia trazê-la para morar consigo em Konoha. Mas não adiantava muito. Hinata ainda sofria na escola, e ainda tinha pensamentos filosoficamente depressivos no banho.

Seus pensamentos povoaram-se demais com o Uchiha mais velho. Ela tentara, desesperadamente tentara, de verdade. Mas não conseguia esquecer, não quando trombavam a cada cinco segundos no corredor, nos cômodos, ou quando ele invadia seu quarto. Ela crescera espreitando-se, e, naquele momento, longos anos depois, nada parecia ter mudado de fato.

O problema era que Itachi era um idiota – e perfeito. Não tinha defeitos aparentes. Tanto na aparência quanto em sua personalidade. Alto, sua marca registrada eram os fios negros, que desciam em cascatas lisas até seus ombros, sempre caindo por seus olhos – também tão negros quanto um céu sem estrelas e sem luar. Era musculoso, gostava de cuidar da aparência. Andava sempre bem-arrumado, cursava o segundo ano de administração em uma universidade na cidade vizinha. Era independente e gostava de ir até Tókio com o irmão para espairecer. Tinha seu próprio dinheiro, carro e vida, enquanto Hinata era uma garota chata e sem-graça do interior que era motivo de chacota em sua turma. Afora sua aparência absolutamente impecável e tentadora, Itachi era sinônimo de gentileza e bom humor. Nunca havia tempo ruim com ele. Seu sorriso criava rugas em seus olhos, e ele sempre fazia piadas da situação. Gostava de provocar Hinata só para vê-la bufar irritada e tentar lhe bater – baixa demais para alcançar, mas valia a pena. Era o tipo de cara que ajudava velhinhas a atravessar com as compras, o tipo de cara que jogava basquete com órfãos e que sua mãe certamente gostaria como genro. O tipo de cara que não saía da mente de Hinata.

Era como uma obsessão ridícula e estranha. Mas existia. Por Deus, existia cada vez mais, e Hinata simplesmente não conseguia parar de tremer quando ele entrava pela porta e sorria, ou quando lhe chamava de apelidos engraçados e carinhosos. Ou quando simplesmente era ele.

Nem seu ritual da ducha quente serviu para acalmar seus nervos. Suspirou, enrolando-se em toalhas e voltando para o quarto. Provavelmente ligaria a TV e comeria algum doce calórico. Mas antes, vestiria seus tão deliciosos pijamas. O melhor de estar sozinha em casa – ignorando Itachi e seus amigos populares – era, sem dúvidas, poder ser ela mesma. Sem cores tristes. Apenas shorts curtos e de pano e camisetas sem sutiã incomodando. Colocou uma blusa dos Smurfs apertada demais, sem se importar, e qualquer peça de baixo que tivesse elástico. Arrumou na polpa e passou seus cremes com cheiro bom. Penteou os longos fios, deixando-os correr por suas costas e sorriu satisfeita. Finalmente algo bom em seu dia.

Pendurou a toalha molhada e saiu do quarto, saltitando descalça. Não misturou-se com as sombras apáticas, iluminando a escuridão com seu brilho que poucas pessoas – quase nenhuma delas – conheciam. Não tinha amigos, a quem se entregar e compartilhar seus desejos e angústias. Acostumou a ser sozinha, e então, brilhava somente para si.

Desceu as escadas e foi direto até a cozinha. Procurou entre as prateleiras algo doce e cheio de glicose. Por fim, pegou uma colher de prata e enterrou em um pote de brigadeiro – um ótimo doce brasileiro que Mikoto trouxera de sua extensa bagagem cultural – levando até a boca e salivando com o sabor. Sorriu para si mesma. Nada de depressão naquela tarde – quase noite. Escolheria uma boa série no canal pago e assistiria, comentando para si mesma as coisas idiotas e rindo das piadas. Abraçaria um de seus ursos e dormiria tranquila, esquecendo que, no dia seguinte, sua vida não voltaria a ser o mesmo inferno de sempre.

Quando estava voltando para as escadas, uma das extensões dispostas pela casa do telefone tocou. Correu até a mais próxima, colocando no ouvido e apoiando com o ombro, enquanto comia seu doce na colher.

Alô? – perguntou, e sorriu ao ouvir a voz do outro lado – Nagato, oi! Nossa, quanto tempo. Não, estou bem sim, e como vão as coisas? Ah, sim... claro, ele está aqui. Vou levar. Beijos, se cuida hein. – sorriu mais alegre. Aquilo certamente melhorou seu dia.

Uzumaki Nagato – ironicamente irmão mais velho do capeta – era o melhor amigo de Itachi. Hinata o conheceu meses antes dele ir passar uma temporada fora do país, em intercâmbio. Se davam muito bem, o ruivo adorava Hinata, e o sentimento era recíproco. Eram como irmãos. A ligação custava caro, então se falavam via internet. Claro, o garoto queria falar com o melhor amigo.

Com preguiça de gritar para Itachi atender no outro aparelho, subiu as escadas em dois pulos, equilibrando a colher nos lábios. Subiu até o terceiro andar, correndo as duas portas douradas da sala.

Desejou não ser tão preguiçosa assim que entrou.

Lá estava Itachi, sem camisa (um detalhe muito importante, destaca-se), jogado no sofá e rindo de qualquer coisa. E, em volta, seus amigos. A TV ligada em qualquer coisa. Quando entrou, todos os olhares se voltaram para ela, e as risadas foram morrendo lentamente, como engolidas por algum universo, um vácuo interminável. Hinata engoliu em seco, tentando não babar e deixar o brigadeiro escorrer junto.

Seu pior pesadelo. Em uma só sala.

Lá estavam eles também. Os malditos. Roupas casuais, caras surpresas. Idiotas. Os populares. Os badboys. Os ignorantes. Os que, incessantemente, a irritavam e zombavam dela. Naruto, o loiro por quem era perdidamente apaixonada desde a sexta série e que, agora, namorava uma loira qualquer, e nunca havia lhe dirigido a palavra para que não fosse zombar de seus óculos remendados. Sasuke, irmão de Itachi, e seu semblante arrogante e superior. Gaara, o ruivo esquentado e pervertido, sempre tentando erguer sua saia enquanto subia a escadaria. Kiba, um garoto irritante e hiperativo com cheiro de cachorro molhado e colônia barata. Sasori, irmão mais velho de Gaara, incrivelmente parecido com o menor, embora sem a tatuagem, e o que menos implicava com a garota.

Todos os garotos que, dia após dia, faziam questão de lhe lembrar de como era feia e indesejável. Os garotos que zombavam, riam cruelmente. Os garotos que lhe davam apelidos. Agora lhe encarando com a boca aberta ridiculamente, em silêncio.

Hinata, depois do choque inicial e de superior uma luta interna e um debate sobre como acabar com a vida de cada miserável daquela sala, quase sorriu. A vingança era fria, e deliciosa. Superar suas expectativas, chocá-los. Aquilo não havia preço. Quase se esqueceu de que estava com roupas inapropriadas que mostravam absolutamente tudo que ela vinha tentando esconder, e que estava sem sutiã e de blusa cavada.

Quase.

A vontade de sorrir sumiu, dando lugar a vontade de cavar um buraco até que seu corpo se desprendesse da gravidade e caísse no núcleo da terra, queimasse e virasse cinzas de vergonha, jogadas no universo para o esquecimento.

- Q-quem, q-quem é... – Naruto gaguejou, os olhos arregalados.

Na visão dos garotos, aquela era uma deusa em forma de garota que fora os visitar. A pele perfeita, os olhos perfeitos, o corpo perfeito. Viam seus seios redondos, os bicos intumescidos saltando pelo tecido da camiseta. As coxas fartas, e quase podiam visualizar seu bumbum. Na medida certa. Ninguém a conhecia dali. Logo, viraram-se para Itachi, acusadoramente. O garoto havia mesmo escondido aquela beldade só para ele? Este estava sem jeito, engolindo em seco.

Ah, Hinata, não faça isso comigo.

Hi-hina, o que foi? – gaguejou estupidamente. Hinata sentia-se tão desconfortável quanto, ou mais. Não gostava de ser o centro das atenções, não estava acostumada. Principalmente daqueles a quem odiava profundamente.

O que?! – foi Gaara quem exclamou, alternando a cabeça entre Itachi e Hinata tão rápido que a garota se perguntou como não deslocara do lugar. Apenas o ignorou, corando nas maçãs, focando apenas em Itachi, e só nele. O telefone em uma mão e a colher quase vazia na outra.

Hm, Nagato no t-telefone. Quer falar com você. – murmurou, falhando no meio da frase.

O moreno se levantou em um pulo, tentando com todas suas forças não olhar para a garota. Não iria se controlar. Puxou o aparelho rapidamente, encostando seus dedos o suficiente para que ambos saltassem em um choque. Se fitaram por alguns milésimos, e o Uchiha esbarrou seus ombros, tocando-os com leveza. Hinata estremeceu, suspirando com as pernas bambas. Talvez nunca superasse aqueles sentimentos, guardados em desalento no fundo de sua mente.

Itachi saiu pela porta, a fechando atrás de si. Hinata respirou fundo. Uma crise começaria em questão de segundos, já conseguia sentir. As vibrações. Os olhares. As bocas ainda estavam abertas. Juntou todas suas forças, retiradas de um lugar que não sabia que existia, e voltou-se para eles. Rezou, novamente, para que as aulas de teatro servissem para alguma coisa naquele instante. Ela estava na corda bamba, e leões enfurecidos esperavam por sua queda.

Ela tinha que contornar. Não seria fraca, ou daria o braço a torcer. Estava em sua casa – eles não iriam lhe atormentar ali. O único lugar onde poderia ser, ou ao menos que fosse uma centelha de impressão, feliz. Sua faceta era séria, mesmo querendo correr de volta para seu quarto e jamais sair de sua cama confortável e acolhedora novamente. Lutava para não derreter de vergonha, ou esticar os braços a frente do corpo, protegendo-se dos olhares que lhe eram dirigidos.

Suspirou pesadamente, balançando-se de um pé para o outro. Tinha que falar com Itachi – era um ultimato. Claro que Sasuke era seu irmão e Nagato, seu melhor amigo, irmão de Naruto, mas aquilo não significava levá-los até sua casa, como amigos, expô-la sobre seu próprio teto aos garotos que faziam de tudo para que sua experiência colegial fosse inesquecivelmente árdua.

Eles parecem mais idiotas, pensou consigo.

H-hinata? – Gaara quem gaguejou, mais atônito que os demais. Seus olhos sempre rodeados de grande olheiras arroxeadas, agora pareciam maiores que jamais foram. Os demais não estavam diferentes. Uma única pessoa naquela sala parecia quase entendiada: Sasori. Ele tinha um sorriso brincando nos lábios. A garota anotou mentalmente para lembrar de perguntar a Itachi sobre aquilo. Mas, por ora, limitou-se a dar um sorriso debochado ao outro ruivo, cruzando os braços com firmeza.

Idiota. – disse, por fim, o fitando do alto. Não percebeu os olhares famintos em seu colo, agora mais ressaltado pelo movimento de pressão de seus braços sobre eles. Apenas controlou-se para não gritar. Sentia uma confusão de sentimentos dentro de si, se misturando.

C-como... c-como p-pode...? – Naruto era, de longe, o mais engraçado de todos.

Os papéis haviam se invertido de uma maneira deliciosamente engraçada. Uzumaki Naruto, tão diferente do irmão – era um babaca. Apaixonada perdidamente por ele, Hinata fizera de tudo para chamar-lhe a atenção: tentou ser prestativa nas aulas, tentou ajudá-lo nas provas, incentivando-o nos testes para o time de luta. Nada adiantou. A única coisa que mudara entre ambos foi o vocabulário de Naruto para ofensas, que aumentou consideravelmente. A garota não passava de mais uma piada, um nada que ele se apossara para seu próprio divertimento. Desde novos, zombava dela, principalmente, pro conta de sua vergonha e consequente gagueira – Hinata fez fonoaudiólogo por dois anos apenas para consertar aquilo.

Agora, ali, parada na frente dele e de seus amigos, sentia-se poderosa. Sentiu que sua vida finalmente fazia algum sentido.

Seu espanto me surpreende, Uzumaki. Mas não posso dizer que esperava muito mais de você e de seus amigos. – provocou, a voz dura, e nenhum deles ousou retrucar. Na escola, Hinata queria ser invisível, mas em sua casa, ela era quem mandava. A raiva borbulhou em algum lugar, esquentando-a por dentro.

Quem é você? – fora Sasuke quem o disse, falando baixo – Você não pode ser a Hinata. Você é... Deus, você é linda! – a garota teve de lutar bravamente para não corar e se entregar ao elogio estúpido. Deteve-se a um rolar de olhos cuidadosamente elaborado, escondendo-se novamente em sua máscara de dureza. Os demais concordaram com a cabeça. A TV preenchia o ambiente, disfarçando a respiração pesada da garota de olhos pérola.

Obrigada. – disse com uma frieza que não sabia que lhe pertencia – Mas eu sou a mesma pessoa. A mesma garota de quem vocês riem e tiram sarro. – uma risada triste escorregou por seus lábios – Deus, isso é tão divertido! – crispou os lábios em um sorriso duro. Os garotos não estavam entendendo nada – Vocês pensam que são os donos da verdade. Mas não sabem nada sobre mim. Vocês. Não. Sabem. Nada. – disse pausadamente, fechando as mãos em punho e dando dois para frente. Sentiu-se crescer. Sentiu que podia enfrentá-lo, fazê-los pagar.

Mas, naquele momento, Itachi rompeu pela porta, com o aparelho na mão e um sorriso divertido e os olhos tranquilos. Feição esta que mudou assim que retornou ao cômodo. Percebeu, palpavelmente, o clima assassino instalado, que penetrava entre seus poros, lhe arrepiando os pelos da nuca. Seus olhos foram dos amigos até Hinata lentamente, duas vezes. As caras surpresas, atônitas, as bocas abertas, os olhos arregalados. Mesmo de costas, a garota estava visivelmente tensa, as costas arqueadas, a respiração entrecortada.

Eu saio por dois minutos e isso daqui vira uma zona de guerra?

Ahn, Hina? – chamou, limpando a garganta. A garota se virou, respirando fundo. Seu rosto estava vermelho de raiva, e os olhos, injetados. O moreno usou toda sua força de vontade para não agarrá-la ali mesmo – O que aconteceu? – voltou-se para os amigos, que também nada disseram. Hinata deu de ombros, andando com passos firmes e decididos em sua direção.

Nada. – bufou – Preciso falar com você. Agora. – frisou.

Enganchou seu braço contra o do moreno, ignorando piamente o choque, ou a sensação terna, ou em como sua pele era macio e seus músculos eram definidos. O arrastou – ou tentou. Era fraca demais e baixa demais, quase um palmo ao seu lado. Itachi deu meia volta, confuso, mas se deixando levar pela garota. Estava mais túrbido que qualquer outro. Antes de sair novamente pela porta, olhou para trás, e os garotos encaravam Hinata, os olhos acusando-o de algo que ele não sabia o que era. Kiba e Sasori tinham sorrisos maliciosos parecidos.

Hinata fechou a porta com um estrondo, ainda o arrastando até uma sala vazia. Acabaram, por fim, no cômodo preferido de Hinata: a sala de música. Completamente vedada, era intumescida com luz natural pela grande janela de vidro, os mais diversos instrumentos ali dispostos, lustrados e afinados. A garota andou até o outro lado da sala, agora soltando o braço do Uchiha. Ambos lamentaram internamente – mas nenhum saberia. Apoiou-se em seu piano, presente do pai. Branco, grande e imponente – representando, talvez ironicamente, tudo que a garota sempre sonhara em ser. Ergueu os pés com maestria e se sentou, fitando o garoto que agora se aproximava lentamente, o rosto banhado em confusão.

Merda! Até assim ele tinha que ser perfeito?

Há muito que aguardavam aquele momento. Aquela oportunidade. Juntos, sozinhos. Cara a cara. Hinata tinha que enfrentar seus medos e sentimentos, ou nunca conseguiria descansar a cabeça em paz. Mesmo depois de toda a droga que passara na escola, ela tinha que enfrentá-lo. Superá-lo, se possível.

Mas suas pernas ainda tremiam, e seu coração ainda batia mais rápido que as asas de uma libélula.

O que aconteceu? – Itachi tornou a repetir, com a voz baixa, e a garota estremeceu. Ele se apoiou contra uma coluna (só Deus sabia porque Hiashi construíra uma coluna grega no meio da sala de música), e ressaltou os belos músculos, resultado de anos de treinamento e exercícios.

Hinata respirou fundo, focando-se apenas em seu rosto. Imaculado, másculo e simétrico. Hinata, pelo amor de Deus. Não havia escapatória. Todo e qualquer mísero detalhe a atraía, a puxava para aquele beco, para aquele precipício.

Por que trouxe aqueles imbecis aqui? – direta e reta, pegando o moreno de surpresa. Ele não conseguiu identificar o porquê de tanto rancor que escorria por sua língua junto com as palavras.

Eles são meus amigos. Eu te avisei que eles viriam. – respondeu simples, dando de ombros, e a garota rangeu os dentes.

Sim, mas... ugh! – grunhiu, assustando o outro, que lutou para não rir baixo. Hinata era tão estupidamente adorável para si – Devia ter me dito que eram eles! – gritou, mas Itachi sequer se moveu. Hinata não aguentaria muito mais. As imagens, as memórias, voltando com força total, preenchendo seus olhos – Na nossa casa, Itachi. – murmurou, baixando a cabeça e soluçando.

O moreno sentiu a garganta fechar. Não aguentaria vê-la daquela maneira – preferia a morte dolorosa antes de ver Hinata derramar qualquer lágrima. Ele a amava tanto! Anos e anos se evitando, percorrendo caminhos diferentes. Ele não queria. Sabia que era errado, que estava percorrendo um caminho que não tinha mais volta. Seu coração já escolhera – não importava-lhe o certo ou errado.

Ele se aproximou, hesitante. A cada passo, sentia as pernas tremerem um pouco mais. Chegou perto, encostando no instrumento. As pernas de Hinata estavam moles, e ele se acomodou entre elas, sem tocá-las de fato. Levou uma das mãos até o queixo da garota, engolindo em seco. Seu toque era firme e delicado. Hinata o olhou surpresa quando o sentiu erguendo seu rosto até que seus olhos se fitassem na mesma altura.

Cada sentimento, cada pensamento, cada desejo já tido voltou como um tsunami, destruindo tudo e todos, sem piedade. Se encaravam morbidamente, e não havia mais ninguém. Hinata fitava os lábios que tanto desejou beijar e dos quais tanto fugiu. Vermelhos, redondos e perfeitos. Itachi gravava novamente os detalhes harmoniosos que cansou de olhar.

Hina, por que não gosta deles? – perguntou baixo, mas sua voz escorregou para seus ouvidos, a fazendo deleitar-se.

Suspirou. Não queria dizer. Era duro, era difícil. Doloroso demais. Anos e anos. Mas ela nada podia fazer, não quando era ele ali, com seu rosto entre os dedos. O que ele não lhe pedia chorando que ela não fazia sorrindo? Ela também era uma idiota, apesar de tudo.

Eles são cruéis comigo. Na escola. Me atormentam, me humilham. Há anos. – admitiu, por fim, a voz baixa demais, mas Itachi conseguiu compreender.

Fora como um peso tirado de suas costas. A garota respirava com dificuldade, os olhos voltados para o chão. Os subiu, com medo. E o que viu a surpreendeu e confundiu mais do que qualquer coisa que já vira. Itachi. Primeiro, confuso. Depois, irritado. Ódio, incredulidade. Tristeza. Mais raiva. Alguns dos sentimentos que percorreram suas orbes negras, enquanto ele nada dizia. Hinata ficou com medo. Talvez tivesse sido melhor não dizer. Dois minutos se passaram, até que ele se pronunciou.

Não consigo acreditar nisso. – disse com os dentes cerrados. Estava magoado, sobretudo. Eram como irmãos para ele, e enquanto saíam e riam juntos, a garota que ele amava sofria em silêncio.

A garota que ele amava.

Compreendeu em um súbito todas as lágrimas, os olhos vermelhos, a irritabilidade. A aparência depressiva, o rosto triste e sombrio, as horas gastas dentro do quarto, escondendo-se. Como fora cego!

Eu não devia ter contado. – Hinata murmurou, arrependida. Itachi a fitou como se fosse louca. Começou a se aproximar lentamente, a mão que estava segurando seu queixo passando para a lateral, acariciando imperceptivelmente. Estava na hora. Ele não esperaria mais. Cada segundo que corria sem poder tocá-la era como uma tortura – Eu nã-

Foi interrompida quando sentiu os lábios quentes grudando nos seus. Assustou-se, o coração batendo tão rapidamente que doía no peito. Seus braços estavam ao lado do corpo, e os olhos, arregalados. Sua mente não estava processando. Havia derretido. Viu sua face, os olhos fechados com tranquilidade. Seu toque era tão quente e acolhedor. Afável. Amoroso. Sentia-se em paz. Era apenas um beijo simples. E então, seus olhos também se fecharam lentamente. Pode sentir mil vezes melhor o toque. O gosto, as sensações. Esperara por aquilo há tanto tempo, e agora apenas não sabia como reagir! Seu primeiro beijo.

Levou seus braços até o pescoço de Itachi, se prendendo ali, e apertou as pernas contra seu quadril, timidamente. O garoto ronronou internamente, levando aquilo como uma permissão. Aprofundou o beijo. Era infinitamente melhor que em seus tão inumerosos devaneios e sonhos. Hinata era doce e macia. Seus lábios eram agridoces, e deliciosamente viciantes. Cada movimento era gracioso. Sonhara com aquele momento a cada maldito dia desde que a vira, tão linda em seu vestido de dama de honra. Se apaixonara instantaneamente.


As línguas se embaraçavam desajeitadas, unindo os lábios o máximo possível. Encaixaram suas cabeças, e Itachi levou a outra mão até sua cintura, apertando o pequeno corpo contra o seu. Hinata arfou, apenas imitando os movimentos experientes do mais velho. Em suas fantasias, mergulhava seus dedos contra os fios negros, tomando-os para si. Tão perfeitamente o feito, não parecia real. Não lhe importavam o ar, a moralidade, o arrependimento que poderia vir depois. Só queria aquele momento. E nada mais.

Se beijaram com ardor e paixão. Dois apaixonados, escondidos em suas próprias cascas, cercados pelo medo da rejeição, das etiquetas morais, do que as pessoas pensariam. Mas não havia como negar. Itachi fora feito para Hinata, tal como ela para Itachi. E sempre seria assim. Fora feito para ser daquela maneira. Já haviam desperdiçado tempo demais.

Foi Hinata quem se afastou primeiro, milímetros e lentamente, com medo de que, em algum movimento brusco, acordasse daquele sonho. Ela não queria acordar. Manteve os olhos fechados, deliciando-se com o sabor ainda fresco em sua boca. Colou suas testas, respirando pesado. O moreno a imitou. Em todos os anos de sua vida, nunca tinha experimentado nada igual. Fora como se tudo tivesse sido um treino para aquele momento. Único. Era absoluto, era perfeito.

Isso... – soprou contra o rosto do outro – Nós... nós podemos? – queria desesperadamente que fosse uma pergunta retórica. Não queria pensar, apenas sentir. Como se não houvesse um minuto seguinte para se preocupar.

Quem se importa? – ele respondeu, e Hinata sorriu, podendo sentir o sorriso nele também – Estamos aqui, e isso é tudo. Por favor, não me faça acordar. Espere até amanhã. – sua voz era rouca. A morena falhou uma batida antes de enrolar uma mecha contra seu indicador suavemente.

Eu não vou. – sussurrou, voltando a beijá-lo. Não se cansaria jamais. E não o deixaria jamais.

Talvez sua vida fosse uma droga. Talvez ela não tivesse motivos para levantar da cama na manhã seguinte e dizer a si mesma: eu vou conseguir mais um dia. Mas ela não se deixaria pensar no amanhã. Havia somente o agora. Aquele único momento, onde seus sonhos se tornariam realidade, onde o mundo era perfeito. Perfeitamente seu.

Hinata poderia sonhar mais um pouco. Mas, naquele momento, ela só não queria acordar tão cedo – não enquanto tivesse os lábios de Itachi contra os seus.


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Notas finais do capítulo

Quem sabe não transformo essa one em um projeto a longo prazo? Gostei tanto de escrevê-la!
Enfim, me digam o que acharam e até nosso próximo contato :)



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