O Inferno de Lizzie Horn escrita por Ramone


Capítulo 3
Capítulo 2




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A rodovia não estava com tráfego intenso, e Lizzie havia percebido minutos atrás uma placa anunciando que Trenton estava à apenas 4 km de distância dali. Poderia esperar o sol nascer, abandonar o caminhão ali mesmo na estrada e caminhar até a cidade, mas um veículo daquele tamanho parado na rodovia não ficaria despercebido por muito tempo. Afim de não despertar nenhuma suspeita, Lizzie puxou o freio de mão, rodou a chave, desceu do caminhão e usou o peso do corpo do homem morto para segurar o acelerador. Empurrou a porta do motorista e viu o veículo começar a disparar pra frente, saindo totalmente da estrada e caindo ribanceira abaixo, causando uma colisão seguida de explosão, a qual ficou observando por alguns minutos.

Tirou uma toalha da mochila, limpou os respingos de sangue de seu rosto e começou a caminhar pelo acostamento da estrada usando o luar e os faróis dos poucos carros que passavam por alí como iluminação.

Foram quase 4 horas de viagem contando a partir de Pennsylvania (cidade em que ficava o orfanato). Havia pego a carona com o caminheiro morto na região de Bloomsburg, e a explosão aconteceu perto da Pennsylvania Turnpike. Dalí, Lizzie caminhou até a saída 339-359 em direção à New Jersey, o que levou cerca de 1 hora e 20. O sol começava a dar sinais de que nasceria, e um belo tom entre o amarelo e o azul começou a aparecer no horizonte.

As manchas de sangue que espirraram na roupa de Lizzie já tinham secado, e um odor não muito agradável também foi despertado. Lizzie não estava em seu melhor estado: suada, suja, cansada, com sede e fome. Foi quando passava pelo pedágio próximo a entrada de New Jersey que alguém pôde vê-la com atenção para estranhar sua aparência.

– Ei, garota, venha aqui! - exclamou um dos homens que aparentemente trabalhava no pedágio, provavelmente, um segurança. Ele era alto, gordo, negro, usava uniforme e tinha uma pistola pendurada no coldre da coxa. Ao notar que havia sido percebida, Lizzie precisou elaborar uma história rapidamente para dizer caso fosse perguntada sobre algo. Se aproximou do homem e forçou uma expressão mais perturbadora.

– Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou preocupado, observando as manchas de sangue pelas vestes dela.

– Eu.. Eu.. Um homem.. Tentou me violentar... - fingiu gaguejar inocentemente enquanto tentava fazer os olhos marejarem.

– Quê? Onde? - o homem ficou eufórico, involuntariamente, levando a mão até a arma como se fosse encontrar o molestador naquele minuto.

– Já faz alguns minutos.. Não foi aqui...

– Você sabe aonde aconteceu? E como isso aconteceu? Como escapou? - continuou perguntando ainda agitado, olhando para todos os lados como se tentasse achar o tal estuprador

– Foi depois de Pennsylvania... Ele... Ele ia me dar uma carona... - Lizzie usava uma voz mais frágil que o normal, cabisbaixa e forçando um choro falso que convencia.

– Oh querida! Carona em rodovias nunca é seguro, ainda mais a noite! Você estava sozinha? Pra onde estava indo? Cadê seus pais? - agora ele estava mais tranquilo, voltando a observar a menina à sua frente com um olhar solidário, como se ela fosse uma criança.

– Eu sou or-orfã.,. Estava indo embora do orfanato... Ia... Ia atrás de um conhecido em Trenton...

O homem levou uma mão ao ombro de Lizzie, e ficou olhando-a com pena por mais alguns segundos.

– Hmm, ok. Eu vou conseguir uma carona SEGURA pra te levar até lá. Você sabe aonde mora exatamente este conhecido?

– Não.. Só tenho o nome dele... Mas eu posso procurar... N-não tem problema...

– Mas como assim menina?! Aonde você vai dormir, comer, se banhar ?

– B-bem... eu posso me virar... - Lizzie enxugava as falsas lágrimas e tentava se mostrar mais forte ao mesmo tempo em que condensava com uma imagem sensível.

– É, tô vendo que pode - disse ironicamente - Vamos! Eu vou pedir para um amigo do serviço te levar à um lugar em Trenton que poderás te receber. Mais tarde irei te levar na delegacia pra você fazer um retrato falado desse pervertido e depois procuraremos esse seu conhecido, ok?!

O sorriso extremamente branco do segurança era muito reconfortante, e pela primeira vez desde começou aquela cena, Lizzie se atreveu a esboçar um sorriso.

– Tá bem!

Ela quase não acreditou na facilidade de como o homem aceitou sua história e agora a ajudava não só a chegar a seu destino, como também forneceria um lugar para ficar.

O segurança então a levou até a oficina do pedágio, onde começou a procurar por alguém chamado Zack. A porta de um banheiro se abriu, e de lá saiu um rapaz jovem com cabelos à altura dos olhos verdes, que provavelmente não era segurança pois não possuía nenhuma arma e nem uniforme.

– Zack, essa menina sofreu um acidente e está sozinha. Leve-a até à casa da Lucy, diz que ela ficará hospedada por uns dias e que mais tarde irei lá para explicar. Pode fazer isso ?

– Uhum! - respondeu enquanto analisava Lizzie com um olhar desconfiado.

– Qual o seu nome mesmo, mocinha? - o segurança perguntou.

– Lizzie .. Lizzie Horn.

– Tá certo, Lizzie... Você estará segura com o Zack. Eu acho - brincou, fazendo Zack revirar os olhos - Vejo você mais tarde. Tchau e se cuida! - o segurança se despediu com mais um daqueles super sorriso.

– Vem, por aqui - chamou Zack, andando em direção aos fundos da oficina onde tinha um carro. Abriu a porta do carona para a menina e depois entrou, dando partida imediatamente - O que aconteceu exatamente com você mesmo? Se quiser falar, claro - perguntou olhando para o sangue na roupa dela.

– Tentaram me estuprar - respondeu seca, sem encará-lo, diferente de como quando falava com o segurança.

– Puxa! E você conseguiu escapar ilesa é?! - Zack começava a acelerar o carro, já deixando o pedágio pra trás.

– Sim, eu arranquei um pedaço da orelha dele mordendo e consegui sair do caminhão - mentiu.

– Nossa! Que sorte a sua... No fim das contas.

– Uhum...

– E você estava indo pra Jersey mesmo?

– Sim, estou a procura de uma pessoa de lá, em Trenton. Mas não sei onde ela mora exatamente, por isso ele vai me ajudar.. Qual o nome dele mesmo? - perguntou se referindo ao segurança.

– O nome dele é Martin, mas todos os chamem de Baby... Ele não gosta, claro - respondeu com um sorriso, exibindo dentes brancos e perfeitos. Lizzie tentou não olhar demais para o garoto - E qual o nome dessa pessoa que você está procurando?

– Raul. Conhece alguém com esse nome?

– Hmmm... Acho que não - Zack mordeu o lábio inferior pensando, mas continuou balançando a cabeça negativamente - Depois a gente procura saber.

– Obrigada... Por tudo - disse tímida.

Zack a encarou com um sorriso de canto e a sobrancelha arqueada.

– Agradeça ao Baby!


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