O Inferno de Lizzie Horn escrita por Ramone


Capítulo 15
Capítulo 14




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Era inevitável não sentir algum tipo de medo, principalmente porque Lizzie não sabia nadar, e o rio era aparentemente fundo. Tentou não imaginar nenhuma situação desesperadora, mas só conseguiu fazer isso com eficiência quando Zack começou a conversar.

— Esta canoa foi um presente. Ganhei a uns dois anos atrás do meu pai. Ele era apaixonado por mar, barcos e todo esse tipo de coisa – contou com uma expressão distante, olhando para o horizonte atrás de Lizzie.

— Que legal. Mas você também gosta disso? – perguntou. Na tentativa de ficar mais confortável, Lizzie desceu da bancada, e se sentou no chão da canoa, dobrando os joelhos próximos ao seu corpo e ajeitando vestido sobre suas pernas, cobrindo-as.

— Não é o meu hobbie preferido, mas é tranqüilizante...

— Você disse que ele era apaixonado? Não é mais?

Zack ficou subitamente em silêncio, cabisbaixo, pensando antes de responder. Lizzie reparou que a expressão dele mudara totalmente para uma mais angustiada.

— Ele morreu um tempo atrás – explicou. Seus olhos visivelmente ferviam em sentimento de ira. Lizzie mordeu os lábios, comovida. Ela entendia o era perder um parente, mas provavelmente, os pais de Zack não deviam ser nada parecidos com a sua mãe Teresa, porque ela jamais conhecera se quer alguém similar a ela. Definitivamente, perder um bom pai como ela imaginava, devia ser doloroso. Ela enxergava aquilo no rosto de Zack.

— Espero que me trazer aqui não te traga lembranças tristes – disse com um sorriso de canto, tentando descontrair a situação. De certa forma funcionou, pois Zack ergueu a cabeça e deu uma risada.

— Não... Pelo contrário. Eu só tenho boas memórias neste local.

— Então eu fico feliz que o esteja dividindo comigo! 
— É, ele agora pode ser seu também – brincou.
—   Já veio com alguém aqui antes? – perguntou receosa.
— Só com o meu pai mesmo – respondeu, deixando-a estranhamente aliviada. Aquilo tinha mesmo importância? – E agora, você.
— Ótimo, agora me sinto especial! – riu. Zack também sorriu, mas continuou a encará-la. O sol tentava brilhar por trás das nuvens que se acumulavam cada vez mais no céu, criando uma tonalidade acinzentada, muito comum em Trenton. Mas enquanto não fossem nuvens pesadas, não havia com o que se preocupar.
 Lizzie tentava controlar o cabelo que voava, encaixando-os por detrás da orelha, enquanto Zack deixava com que suas madeixas esvoaçassem de forma que parecia incomodar os olhos, mas ele não ligava.

— Eu não trouxe lanche, mas planejo te levar pra lanchar depois. Não vou te deixar passar fome a tarde toda, fica tranqüila – disse, quebrando o silêncio.
— Não se preocupe. Não sinto muita fome...  Mas então quer dizer que vou ter que te agüentar a tarde toda? – brincou. Zack fez uma careta como se tivesse sido ofendido e ambos riram.
— Eu sei que eu sou um saco – respondeu fazendo bico e um olhar carente.
— Não mais do que eu – retrucou, porém, sendo sincera.
— Isso é verdade! – ironizou, fazendo-a dar um leve soco em seu ombro. Ela se achava chata e sem graça, mas não gostava de saber que alguém concordava - Estou brincando! – exclamou, fingindo massagear a área em que ela o acertara – Eu... Eu acho você incrível! Sério!
Lizzie parou com a falsa agressão e corou, assim como ele. Ela sorriu envergonhada e voltou a mexer no cabelo que insistia em incomodar. Sussurrou um “Obrigada” inaudível e não sabia o que falar naquela situação. Elogios a deixavam sem jeito, não tinha idéia de como lidar com eles; Ouvira poucos em toda a sua vida.

— O que você quer dizer com incrível? – perguntou por fim, realmente curiosa. Havia tomado como elogio pela positividade da palavra, mas não sabia exatamente o que ela poderia significar na cabeça dele.

— Bem... Você é doce, misteriosa, aparentemente frágil, mas tem determinação e garra. Não é mesquinha, nem superdotada... Gosta de informações novas e conversa sobre tudo, até mesmo quando não entendo do assunto. Eu reparei – sorriu – E... É li-linda. De uma forma diferente e exótica, que a gente vai percebendo conforme presta mais atenção – disse com uma voz calma e sem tirar os olhos da direção dos dela, que ouvia tudo com atenção.

— Er, obrigada – respondeu ainda mais corada, caindo os olhos para o chão sem conseguir mais encará-lo.  O verde daqueles olhos estava intenso, brilhante, penetrante. Alguma coisa em ficar o olhando a fazia estremecer, sentir uma pressão dentro de si, principalmente na região do baixo ventre. Não sabia o que era aquilo, até porque jamais sentira algo assim. Em toda sua infância e juventude Lizzie nunca tivera um contato como com outra pessoa da sua faixa etária, nunca havia se aproximado tanto de alguém ou criado afeto a não ser Fabrizzia, então como lidar com todas as aquelas novidades sem experiência?
As palavras de Zack foram digeridas devagar, e aos poucos ela foi se absorvendo os elogios, ficando radiante por dentro. Suas mãos suavam e ela não controlava um estranho sorriso de satisfação que ficava tentando brotar em seus lábios. Vendo a inquietação da menina, Zack abafou um riso.

— Você está bem, Lizzie?
— Er, si-sim... Ó-tima! – gaguejou. Os dois riram, e Zack imitou-a se sentando no chão da canoa, que agora balançava um pouco mais, fazendo-a involuntariamente agarrar as bordas, se segurando.
— Calma! Não vamos virar – exclamou ao ver o susto dela. Ela respirou fundo, sorrindo ao perceber que se exaltara demais – E se virarmos, eu te salvo – brincou.
— Porque? Já adivinhou que eu não sei nadar?
— Está bastante óbvio, né! – riu, e ela acompanhou novamente, se controlando.
— Tirando o medo, aqui é realmente um lugar relaxante – confessou, inspirando o ar com mais calma, sentindo aquele aroma de água fresca. A vista da margem do rio era belíssima, com todas aquelas árvores secas e o jardim. Zack assentiu orgulhoso – Então este é o plano? Relaxar tranqüilos em um outro lugar que não seja a casa do Martin? – perguntou sarcástica.
— Bem por aí mesmo...
— Hm, ta bom. Acho que posso fazer isso! – sussurrou,  apoiando as costas com mais conforto no assento da canoa e fechando os olhos. Sua idéia de relaxar era simplesmente curtir o ambiente de forma calma e cômoda, esquecendo-se de tudo em volta. Zack ficou observando-a pensativo, e de certa forma, sério. De repente então ele se inclinou em direção ao corpo de Lizzie à frente, usando os braços para se apoiar, deixando seu rosto extremamente perto do dela. Sentindo a respiração pesada do garoto sob sua face, ela abriu os olhos assustada, dando de cara com os olhos dele vidrados no dela.
— E eu acho que podemos fazer isso... – disse baixinho antes de beijá-la, levando seus lábios de leve até os dela.
Os lábios macios e quentes de Zack se moviam devagar, o que não foi muito difícil de acompanhar, até mesmo para Lizzie que jamais beijara. A principio ela não soube como reagir, não conseguiu pensar. Era como se todo o mundo parasse e seu coração simplesmente disparou em conformidade com sua respiração. Ela tremia, explodindo de nervosismo e diversos sentimentos da qual não poderia descrever, apenas sentir. Depois então que conseguiu sentir completamente o toque da boca de Zack é que ela pôde retribuir o gesto, um pouco perdida, mas depois foi como se não precisasse de nenhuma instrução; Seus lábios apenas se moviam com os dele, como uma dança envolvente que não pedia permissão. Era um beijo calmo, com um ritmo suave e envolvente.

Não era possível saber exatamente por quantos minutos eles ficaram ali se beijando. Pra Lizzie pareceram horas, mas ainda assim, insuficientes. Quando Zack afastou seus lábios, ela ainda ficou alguns segundos com os olhos fechados, respiração ofegante e pêlos do braço eriçados. Sentindo a falta do toque dele em sua boca, timidamente, ela foi abrindo os olhos, percebendo que ele continuava debruçado sobre ela também a olhando. Zack sorria e admirava-a em silêncio. Foram minutos um pouco constrangedores para os dois, que não sabiam o que falar ou como agir depois daquela situação. Lizzie sentia um turbilhão de emoções e sua cabeça girava, deixando-a por vezes tonta. O que tinha sido aquilo tudo?
O clima, instantaneamente, ficou mais frio. O céu rapidamente foi coberto por mais nuvens que se aproximavam do horizonte, e o sol fraco já quase não fazia menção de existir. Brisas demasiadamente gélidas cortavam o ar, deixando Lizzie ainda mais arrepiada. Só mesmo o corpo de Zack apoiado a alguns centímetros sobre o dela que conseguia esquentá-la um pouco.

— O que isso significa Zack? – perguntou num baixíssimo volume, quase um suspiro. Ela precisava entender o que aquele gesto queria dizer, saber que não tinha sido uma coisa à toa. Era importante para ela que seu primeiro beijo fosse significativo de alguma forma.

— Significa que temos uma conexão, uma química. Só eu senti isso? – franziu o cenho, inseguro.
Se ter uma conexão ou química com outra pessoa significava pensar nela, sentir falta dela mesmo depois de tê-la visto 5 minutos antes, ficar ansiosa pela sua chegada e animada com sua presença, então sim, ela podia concordar, pois era tudo o que ela vinha sentindo desde sabe-se lá quando. Aquelas sensações agora pareciam mais explicáveis, embora ela por algum motivo não quisesse confessar pra si mesma e para Zack que eles tinham aquela tão química. O motivo era óbvio: receio.

— E aonde isso nos leva?
— Eu não sei exatamente, mas pensar racionalmente nessas horas não faz parte das emoções que deveríamos sentir agora – respondeu. O hálito de erva cidreira quente de Zack tocava a pele da garota, fazendo a estremecer. Sua voz continuava baixa, rouca, sensual e seus lábios ainda muito próximos ao dela. Ela não podia fingir que não tinha vontade de novamente alcançá-los.

— E o que você sente agora, então? – insistiu, encarando-o nos olhos.
— Vontade de ficar exatamente aqui nesta canoa com você o tempo que for necessário para matar esse desejo de estar ao seu lado a todo o momento – respondeu enquanto beijava de leve o queixo de Lizzie. Ela virou os olhos e sua cabeça involuntariamente deitou-se um pouco mais para trás. Suspirou.
Zack tinha um jeito simples e eficaz de fazê-la sentir tranqüilidade, e contraditoriamente, eufórica. Com o mesmo toque suave, ele a beijou na boca novamente, mas daquela vez, o ritmo foi aumentando; Sua língua procurava à dela, e conforme a vontade ficava mais sediante, o beijo também era mais apressado e intenso. 
Os braços do garoto acabaram cedendo, e ele ficou totalmente debruçado sobre o corpo dela, agora mais estiado na canoa; Uma de suas mãos alisava o contorno do rosto de Lizzie, enquanto os dedos dela entrelaçavam no cabelo perto à nuca dele.

 

Eles certamente continuariam ali por longos minutos, ou horas, mas nem mesmo o sabor do beijo de Zack ou o calor que o mesmo causava em seu corpo foram capazes de conter seu medo quando a canoa começou a balançar com mais força. Obviamente o rio começara a ficar mais agitado em função dos ventos que começavam a intensificar, e em pouco tempo, a correnteza do rio também aumentaria. Deste modo, Lizzie despertou subitamente, abrindo os olhos num susto quando percebeu a movimentação da canoa; Suas mãos soltaram o coro cabeludo de Zack e agarraram a borda do objeto, enquanto ele por sua vez, não demonstrava o mesmo desespero e apenas afastou seus lábios dos da menina. Os olhos dela suplicavam para ser retirada dali, mesmo que todo aquele momento estivesse sendo mágico.
Zack observou sua volta, analisando como o tempo mudara em questão de segundos. Tudo bem, não era tão imprevisível que àquela hora o clima fechasse como sempre acontecia em Trenton, mas quando ele acordou naquela amanhã e viu o sol lutando para brilhar, teve esperanças de mudança e ignorou a realidade do clima local; Enganou-se, e agora precisava levá-los de volta ao cais e sair daquela área descoberta antes que começasse a chover, pois era o que as nuvens aparentemente avisavam.

— Vamos! Não quero que você fique com traumas – brincou.
Ele se ajoelhou com cuidado e começou a puxar com calma a corda que prendia a canoa. Lizzie respirou aliviada quando finalmente pisou com segurança na estrutura de madeira do cais, ainda que fazer isso significava parar com o que ela e Zack estavam fazendo minutos antes. Infelizmente, o medo que tinha falado mais alto, e de nada adiantaria continuar beijando o rapaz se isso resultasse depois num acidente ou numa morte de afogamento, como ela imaginava que poderia acontecer.
Mas nem mesmo o susto quando a canoa balançou com força e a despertou do beijo de Zack foi maior do que quando Lizzie, ao pisar no cais, “viu” Tito estagnado embaixo do arco ao fim da escada que subia para o jardim. Foi só naquele exato momento que ela percebeu que não sentia a presença da figura negra a dias, provavelmente, desde aquela manhã quando curou Lucy. Notar a presença de Tito novamente ali, justamente aquele dia, aquela hora, a deixou inquieta e insegura. Primeiro porque ele jamais havia se afastado da garota por tanto tempo, e segundo porque ele retornara logo numa hora tão especial e feliz para ela. Obviamente, Lizzie tomou aquilo como um tipo de pressagio, de aviso.  Não só bastava Tito estar ali de volta, mas ela ainda que relativamente de longe da figura dele, conseguia sentir uma energia renovada e pesada. Na mesma hora, temeu por Zack.  Olhou para o garoto que terminava de prender a canoa bem próxima a margem do cais e depois voltou a encarar Tito, ainda parado no fim da escada. Ela meio que se comunicava mentalmente com a sombra, suplicando para que não ali, não agora, alguma coisa ruim acontecesse, e ao mesmo tempo, ordenava para ele e a si própria que não deixaria nada acontecer. Era como se ela simplesmente tivesse certeza que a volta de Tito implicasse em alguma futura fatalidade, e obviamente, seria com a pessoa que ousava em se aproximar demais com a garota, assim como acontecera com Fabrizzia.
Quando Zack terminou de prender a corda e se virou para acompanhá-la até o caminho de volta, Lizzie se esforçou pra parecer tranqüila e não expressar nervosismo, que ficou ainda mais difícil de controlar quando ela viu Tito desaparecer do ponto em que ele estava parado quando os dois começaram a subir as escadas pra sair no jardim. Ela olhava a volta deles em busca da sombra, mas não via nada a não ser aquela bela paisagem ficando pra trás, assim como um inicio de tarde maravilhoso que só Tito poderia estragar no final.

Fizeram o percurso de volta em silêncio; Lizzie em estado de alerta e Zack cabisbaixo. De repente, quando chegavam perto do caminho das árvores secas, o rapaz parou de andar e segurou a mão dela, que também parou.

— Lizzie, eu quero que você saiba que isso foi realmente especial para mim – exclamou. Seus olhos verdes pareciam mais escuros devido à sombra das arvores. Ele não sorria, e na realidade, estava sério. Sem saber o que responder ou dizer em troca, Lizzie apenas assentiu e permaneceu calada, ainda espiando as costas de Zack – Eu não sei como aconteceu tão rápido, ainda mais pra mim, mas eu gosto de você – disse, e essas ultimas palavras deixaram Lizzie paralisada. Como uma garota comum que havia acabado de ter seu primeiro e fantástico beijo com um menino lindo da qual gostava, ouvir aquilo era exatamente o que se precisava para finalizar o encontro, mas ela não era uma garota comum. Da mesma forma que ouvi-lo dizer aquilo a deixou inconseqüentemente abobalhada, ela sentiu ainda mais receio porque teve vontade de dizer o mesmo, mas não podia. Não podia dar-se ao luxo de aproximar-se tanto de Zack e acabar o expondo a algum mal sobrenatural.
Zack olhou-a com interrogação como se esperasse alguma resposta, mas ela só conseguiu ficar estática e com os olhos marejados. Tinha vontade de beijá-lo de novo e dizer que tudo aquilo também tinha sido especial, mas precisou se conter. Ele ainda analisou a expressão perdida e silenciosa dela antes de soltar sua mão e voltar a caminhar em passos curtos.

 


Zack precisou alterar todo seu plano para aquele dia em função do súbito mal tempo, e em vez de levar Lizzie para comer o saboroso cachorro-quente do WaterFront Park como planejara, ele sugeriu voltar ali no fim de semana para recompensar. Ela bem que gostaria de passar mais tempo com ele, mas sua aflição continuava e a idéia de voltar pra casa não era tão ruim no fim das contas. Foi realmente uma pena como tudo pareceu conspirar contra o passeio dos dois, e mesmo Lizzie acostumada com azar, era revoltante! Principalmente dada às atuais circunstâncias.
Diferente de como Zack dirigiu para chegar a WaterFront Park, na volta ele acelerou fundo,  fazendo as curvas com agilidade; Seu olhar vidrado no asfalto das ruas e nenhum papo foi iniciado durante o caminho e nem mesmo o rádio ele chegou a ligar.
Lizzie fechou o vidro da janela quando percebeu que pequenas gotas começavam a cair, e por sorte, chegaram na Chambeer’s Street antes da chuva se intensificar.
Quando Zack estacionou o carro em frente à calçada da casa de Martin, Lizzie ainda continuou sentada pensando em algo para dizer a fim de acabar com aquele clima estranho que havia se instalado desde que haviam deixado a canoa; Não por culpa dele, mas dela. No entanto, quando ela olhou para fora do carro e viu Summer parada na varanda da casa de braços cruzados e uma expressão de desaprovação pronta para se aproximar, ela engoliu a seco.  Ainda olhou com interrogação para Zack, que apenas bufou.

— O que você quer Summer? – berrou abaixando o vidro da sua janela. A loira andou até eles, contornou o carro e se debruçou, observando o interior do carro e ignorando Lizzie completamente.
— Surgiu um problema – respondeu séria, encarando-o. Os dois estabilizaram um tipo de conversa só com o olhar impossível de Lizzie decifrar. Era como se ele entendesse imediatamente sobre o que ela estava falando.

— Eu já vou – sussurrou. Summer revirou os olhos e se afastou da porta.
— Mas vai mesmo porque ta começando a chover e eu não quero me molhar! – retrucou, se apoiando no carro dando as costas para eles. Zack respirou fundo e se virou para Lizzie, que ainda observava tudo sem entender. Ele chegou a gaguejar algumas palavras antes de escolher as que disse por fim.

— Eu preciso ir... Mas eu volto e a gente conversa, ok? – sua voz saiu baixa, tímida. Lizzie franziu o cenho e só conseguiu assentir. Zack se inclinou e estalou um beijo na bochecha da garota, que um pouco atrapalhada, saiu do carro e deu espaço para que Summer se sentasse com pressa em seu lugar.
Lizzie ficou parada na calçada vendo Zack dar partida no carro e se despedindo com um olhar constrangido até depois o veículo sumir ao virar no fim da rua. A chuva enfim apertou molhando o belo vestido que usava e fazendo-o colar em seu corpo, mas ela não correu. Cruzou o jardim de entrada, subiu as escadas da varandinha e sentou na rede. Ficou se balançando por longos minutos, repassando em sua mente tudo que havia acontecido naquele dia até aquele momento, enquanto ouvia o barulho da chuva e sentia o cheiro de terra molhada.


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