/Quando criança, havia aqueles momentos em que eu não entendia muito bem,

mas você me mantinha na linha

Eu não sabia por que você não aparecia nas manhãs de domingo

E eu sentia sua falta mas estou feliz que nós conseguimos conversar sobre isso

Todas aquelas coisas que a separação nos trás

Você nunca me avisou

Você nunca deixou isso a amostra porque você me amava

E obviamente haveriam muito mais coisas a falar

Se você estivesse aqui comigo cara a cara

Eu nunca pensei que eu poderia sofrer assim

E todo dia que a vida passa eu desejo

Que "eu possa conversar com você um pouco"

Eu sinto saudade, mas tento não chorar enquanto o tempo passa

E é verdade que você encontrou um lugar melhor

Mas eu daria o mundo para ver o seu rosto

E estar perto de você

Mas parece que você foi muito cedo

Agora a coisa mais difícil é dizer adeus

Até logo

E você nunca teve a chance de ver como eu estou

E você nem me viu voltando ao primeiro lugar

Eu queria que você estivesse aqui para comemorarmos juntos

Eu queria que nós pudéssemos passar os feriados juntos

Eu lembro quando você me colocava na cama a noite

Com o ursinho que você me deu que eu apertava tão forte

Eu achava que você era tão forte

que você conseguiria passar por tudo

É tão difícil ter de aceitar o fato que você foi embora para sempre

Eu nunca pensei que eu poderia sofrer assim

E todo dia que a vida passa eu desejo

Que "eu possa conversar com você um pouco"

Eu sinto saudade, mas tento não chorar enquanto o tempo passa

E é verdade que você encontrou um lugar melhor

Mas eu daria o mundo para ver o seu rosto

E estar perto de você

Mas parece que você foi muito cedo

Agora a coisa mais difícil é dizer adeus

Até logo

Esta é para as pessoas que acabaram de perder alguém

Seu melhor amigo, seu bebê, seu marido ou sua mulher

Levantem suas mãos bem alto

Nós nunca iremos dizer adeus

(Bye bye – Mariah Carey)

POV ANDREW

Depois do almoço, seguimos para mais uma aula chata. Felizmente estávamos acompanhados da nossa mãe e tudo parecia insignificante demais perto dela.

Sabia que tia Rosalie estava chateada e que provavelmente ficaria assim por um longo tempo, mas ela não tinha o direito de maltratar nossa mãe assim.

O professor de biologia explicava algo na frente da sala e escrevia constantemente no quadro, mas nada do que ele falava conseguia atrair minha atenção.

Minha mente girava apenas ao redor da pessoa sentada a minha frente em dupla com meu irmão. Isabella Welch. Nossa querida mãe, morta por tantos anos, agora está de volta ao lar.

[...]

No fim de todas as aulas seguimos os três em silêncio para o estacionamento. Um de cada lado de nossa mãe, ela era linda e atraia muito olhares para si. Porém, ninguém ousava se aproximar, devido a nossa presença.

Paramos ao lado do carro de nossa mãe e ela se virou para nós. – Vocês já tem que ir embora? – questionou, parecendo não gostar muito da ideia.

Um sorriso de canto surgiu em meu rosto, foi impossível não perceber a recíproca de sentimentos.

– Eu vou fazer o teste para o time hoje e Andrew vai me esperar, mas e você Bella? –

– Ah! Eu também tenho um teste para as cheerleaders hoje. – pareceu mais animada ao constatar que não nos afastaríamos tão rápido.

– Ótimo! Eu te acompanho Bella. Se você quiser, claro. – disse torcendo mentalmente que ela dissesse sim.

Seus olhos brilharam em minha direção. – Você iria comigo? – afirmei positivamente com a cabeça. – É claro que eu quero. Só vou pegar minha roupa e vamos para o ginásio, tá? – sorri para sua animação, mas captei pelo canto do olho Anthony fazer uma careta.

– Relaxa irmão, ela é nossa mãe e vamos compartilhar juntos todos os momentos que perdemos. – murmurei para ele num tom que ela não ouviria e toquei de leve seu ombro tenso, ele relaxou e assentiu.

Caminhamos em direção ao ginásio, Bella pediu para eu esperar na arquibancada enquanto ela se trocava no vestiário. Anthony foi para o lado oposto também se trocar. Ambos os testes começariam as 16 horas, mas em locais diferentes.

As garotas fariam seu teste na parte interna do ginásio, enquanto os caras fariam seu teste no campo, mais tarde haveria o teste para o time de hóquei e o de basquete.

Sentando sozinho na arquibancada, aproveitei para analisar as pessoas ao meu redor, no centro da quadra do ginásio havia dez mesas ocupadas por garotas bonitas, com certeza as líderes de torcida. Reconheci duas delas, uma da aula de história e outra da aula de espanhol. A da aula de história era Ângela, uma garota magra, com cabelos escuros e um olhar bondoso, ela conversou conosco um pouco durante a aula e desejou sorte a Bella no teste, a da aula de espanhol era Jessica, dessa eu não gostei, ela olhava para Bella o tempo todo com uma hostilidade não oculta.

Suspirei balançando a cabeça para espantar esses pensamentos, talvez fosse minha imaginação fértil e instinto super protetor em relação a minha mãe que me fizesse ver qualquer coisa.

As dez garotas conversavam entre si a respeito das novatas e uma frase de Jessica chamou minha atenção. Apesar da distância, eu podia ouvir claramente o que diziam.

– Isabella! Não, acho que ela não serve. Eu fiquei sabendo que depois que o pai dela morreu, ela não teve mais compromisso com nada e abandonou a escola por um ano. Fora que agora ela está gorda e provavelmente destreinada. – disse ela maldosamente para as outras que soltaram risinhos.

Eu fechei minhas mãos em punho para me manter controlado, respirei fundo várias vezes e repeti para mim mesmo várias vezes. É só uma humana idiota, não a mate.

Tentei bloquear os risinho das outras, mas não pude. – Não seja assim Jessica. – a voz de sino de Ângela chamou minha atenção novamente. – Todos nós temos problemas familiares e perder alguém tão próximo não deve ser fácil. Agora não seja precipitada. Ela está ótima fisicamente e vamos esperar até a apresentação para tirarmos as conclusões justas. – disse ela firmemente encerrando o assunto.

Sorri comigo mesmo agradecido por sua postura.

– Você acha que ela vai te dar um dos amantes dela? Ah! Querida, não se engane, porque aquela puta tem dois namorados lindos só pra ela e não vai deixar nenhum deles te foderem para tirar sua virgindade. Ela devia ser uma vadia antes, já que no primeiro dia de aula descola dois gatinhos de uma vez. – Jessica abaixou o nível da conversa e eu me levantei para ir até ela e arrancar sua cabeça por falar assim da minha mãe. A cólera subia dos meus pés e se instalava no meu cérebro, eu não permitiria que uma humana qualquer falasse da minha mãe.

– CALADA JESSICA! A minha vida particular ou a de Isabella não te diz respeito, só porque a sua mãe teve um filho de cada pai e não sabe dizer para os próprios filhos de quem eles são, não significa que as demais se comportem da mesma maneira. Agora, pare de falar asneira antes que eu te expulse da torcida e te processe. –

Abri a boca em choque e voltei a me sentar antes que alguém notasse algo estranho. Anthony saiu do vestiário masculino com cara de poucos amigos e veio em minha direção.

– Eu vou mata-la se ela falar da nossa mãe assim mais uma vez. – avisou em tom baixo ao se sentar do meu lado.

Sorri de canto antes de responder. – Eu quase fiz isso agora, mas Ângela a defendeu antes da minha exposição. Temos que controlar nosso instinto, irmão. –

Ele assentiu e desviou o olhar ao mesmo tempo que eu. Bella saia do vestiário junto com as outras garotas, olhou em nossa direção, como magnetismo, e acenou sorrindo, devolvemos o sorriso ao mesmo tempo.

Ela foi se sentar com as garotas no outro lado da quadra. Anthony se foi para o seu teste e eu fiquei ali para sugar tudo que eu pudesse da mãe que eu nunca tive.

[...]

Bella foi muito bem na apresentação. Ela fez seus saltos e coreografia ao som da música da Ariana Grande – Break Free.

Tirando Jessica, todas as outras cheerleaders aplaudiram sua apresentação. Ela era perfeita.

O resultado sairia no dia seguinte, mas eu duvidava muito que ela não conseguisse uma vaga.

Enquanto ela se trocava, desci até a porta do vestiário para esperá-la e Jessica me lançou um olhar malicioso que eu ignorei completamente. Quando Bella saiu, eu joguei meu braço por cima de seu ombro e beijei o topo de sua cabeça.

Ela não disse nada e nem eu, caminhamos para fora e meu irmão também vinha em nossa direção.

– Você nos daria uma carona, Bella? – perguntei depois que ela destravou a porta de seu carro. Ela sorriu para mim e rolou os olhos arrancando um sorriso dos meus próprios lábios.

– Claro, mas você dirige. Já que você foi o único que não fez exercícios hoje, nada mais justo. – jogou a chave para mim e eu abri a porta do carona para ela, como um cavalheiro.

Anthony se jogou no banco de trás e eu fui para o meu lugar.

– Onde você mora, Bella? – perguntei ao dar partida no carro.

– Na zona noroeste, penúltima casa da rua Shorewood Dr. –

Arregalei os olhos surpreso. – Serio? – ela assentiu olhando pra mim com um vinco entre as sobrancelhas. Provavelmente não entendendo minha surpresa. – Nossa casa é a última da Shorewood. – afirmei dando-lhe um sorriso brilhante. Não podia estar mais perfeito.

– Ainda bem! Assim fica mais fácil perturbá-los. – respondeu ela sorrindo e ligando o rádio.

[...]

Estacionei o carro de frente a sua casa e desci acompanhado por meu irmão e minha mãe.

– Então... nos vemos depois. – abracei seus ombros e beijei seu cabelo loiro, da mesma cor do meu e do meu irmão. Eu não queria deixá-la, mas sabia que precisava ir para casa contar ao resto da família.

Meu irmão se despediu do mesmo jeito e seguimos rumo a nossa casa. Era um quilômetro de distância, mas caminhamos a passos humanos.

A medida que nos aproximávamos de casa, uma sensação de perda e vazio enchia meu peito. Eu sabia que era bobagem, mas eu não queria me afastar de Bella agora.

POV EDWARD

– Bom meus filhos, vamos dar início a essa reunião, Edward me mandou uma mensagem avisando que tínhamos problemas, quero saber de você qual o problema meu filho? – iniciou Carlisle chamando atenção de todos.

– Eu...- comecei a dizer, mas estava muito tenso. – E-eu estou...pagando meu pecado...do passado. – comecei com dificuldade.

Parecia ter uma bola em minha garganta dificultando a fala.

A sala caiu num silêncio incômodo aguardando que eu desse continuidade nas palavras.

[...]

– Edward, eu não entedi. – disse Carlisle completamente confuso quebrando o silêncio depois de alguns minutos.

Eu estava tão irritado e desolado com tudo que me levantei rápido demais derrubando minha cadeira no caminho. Estava em conflito internamente. A parte inconsequente de mim queria ir atrás dela e trazê-la para minha vida, mas outra parte, a parte racional queria simplesmente desaparecer.

Andei de um lado para o outro de frente a parede de vidro.

– Se você não se controlar vai acabar estourando de tanta tensão, deixe que eu te ajude. – ofereceu Jasper, mas eu o ignorei passando as mãos nervosamente pelos cabelos e me voltando para Carlisle. Eu não queria ser ajudado, precisava dos sentimentos para me sustentar.

Alice começou a soluçar alto, com certeza teve uma visão e não era nada boa. Olhei em sua direção e franzi o cenho, mais uma vez eu perdi seus pensamentos. Eu não conseguia compreender como uma simples humana podia me desestabilizar dessa maneira, a única que conseguia fazer isso era Bella, a minha Bella.

Alice abaixou a cabeça e Jasper apertou sua mão para ela tentar se controlar, como resposta ela deitou a cabeça em seu peito.

– Precisamos ir embora dessa cidade, eu achei que já havia pagado por me apaixonar por Bella com sua própria morte, mas eu estava totalmente enganado. Na escola tem uma humana idiota que nasceu com a mesma face, são idênticas. Eu achei que meu castigo não podia ficar pior, mas ficou e nenhum membro dessa família é obrigado a compartilhar a dor do meu erro do passado, vocês devem achar que sou um covarde e eu não nego, só não quero ter que ver aquela humana de novo. –

Quando terminei de falar minha respiração estava acelerada e eu segurava para não chorar. Virei de costas e encostei minha testa na janela de vidro fechando os olhos por um instante.

“Será mesmo que ele considera Bella um erro ou só está nervoso demais e se embolando nas palavras? Afinal é um choque muito grande ver alguém que já morreu vivo novamente, foi para mim e posso imaginar como deve ser pior para ele.” o pensamento de Rosalie me atingiu em cheio e eu olhei em sua direção questionando a intenção de suas palavras. Ela estaria com pena de mim?

O restante da família parecia em outro mundo. Cada um perdido em seus próprios pensamentos. Pensamentos que eu não fazia questão de ouvir.

– Vo-você acha a Be-bella...um er-erro? – pronunciou Alice com a voz trêmula.

E eu dei uma bufada irritado.