Pov. Damon

Encarei o relógio pela vigésima vez, a noite já tinha caído e nada do meus filhos, optei por trabalhar em casa hoje, se bem que “trabalhar” não foi bem oque eu fiz, fiquei aqui sentado na cadeira olhando para mesa de madeira por muitas horas, Francesca não voltou desde ontem a noite mas o irmão dela me mandou uma mensagem dizendo que ela estava na casa dele.

Tudo ficou tão confuso, eu queria poder dizer, queria poder falar para a Elena que se eu achasse mesmo que por um momento que ela acordaria eu nunca teria saído do lado, eu teria ficado, teria esperado, mas eu não acreditei, eu duvidei dela e agora estou aqui com a cabeça o latejando de dor, e com a culpa pesando na minha mente.

Destranquei a primeira gaveta e peguei a única foto que eu tinha da Elena aqui em casa, ela estava em um porta retrato de cristal, a foto mostrava ela sentada na cama do hospital com Bella e Miguel nos braços eu estava atrás com as mãos nos ombros dela, quem tirou a foto foi minha mãe e como ela estava chorando com o nascimento dos netos e a foto saiu um pouco tremula.

Batidas na porta me fizeram voltar e eu coloquei a foto na gaveta e a tranquei rapidamente, peguei folhas avulsas e joguei em cima da mesa pegando a caneta e fingindo escrever algo.

– Pode entrar! – A porta se abriu e Fran surgiu atrás da porta, seu cabelo loiro estava preso e seu olhos azuis estavam inchados e vermelhos.

– Podemos conversar? – Ela murmurou vindo até mim.

– Claro. – Apontei para a cadeira em frente a minha mesa mas ela veio até mim se sentando em minhas pernas.

– Eu tenho que pedir desculpas, eu exagerei muito ontem à noite! – Ela passou as mãos no meu pescoço e colocou a cabeça sobre a minha.

– Eu também tenho que pedir desculpas, deveria ter falado com você antes deles e...

– Tudo bem, ela é alguém importante para eles e para você também, mas... – Ela se afastou um pouco e levantou meu rosto – Eu te amo, muito, por favor, não se afaste de mim.

– Eu não vou, foi você quem esteve aqui o tempo todo. – Ela deu um leve beijo em meus lábios e depois se afastou de novo.

– Você é perfeito sabia? – Ela sussurrou.

– É oque dizem. – Ela riu unindo nossos lábios novamente.

Dessa vez o beijo foi mais intenso, mais urgente, ela parecia desesperada mas aos poucos foi se acalmando, nossas línguas agora só se acariciavam lentamente.

– Devo manda-los subir? – A voz de Paola fez com que nos separássemos rapidamente, ela estava com a mão nos olhos dos gêmeos.

– Não, claro que não, é... vou trocar de roupa e fazer um lanche, vocês já jantaram? –Ela perguntou dando um beijo na bochecha das crianças.

– Eu quero chocolate quente. – Bella pediu e Fran assentiu.

– Eu também! – Miguel se pronunciou e Fran saiu do escritório.

– Olha oque a tia Elena me deu! – Miguel correu até mim mostrando um carrinho vermelho.

– Ah, ela comprou quando você nasceu. – Peguei o brinquedo e analisei em seguida devolvendo a ele.

– Ela me deus isso. – Ela mostrou uma boneca vestida em um macacão rosa

– É linda, mas... porque eu ainda não ganhei um beijo? – Eles correram até mim dando beijos na minha bochecha.

– Nós pode assistir televisão? – Miguel perguntou pegando o carrinho.

– Não é “nós pode”, é “Nós podemos” – O corrigi, pode parecer rígido para crianças mas se deixar que eles falem errado agora vai ser mais difícil para falar certo – E vão tomar um banho e colocar os pijamas antes, vamos lá.

– É... Damon? Posso falar com você antes? – Paola perguntou e eu assenti.

– Vão subindo que o pai já vai lá, tudo bem? – Eles assentiram e saíram correndo do escritório, encarei Paola antes de perguntar – Quanto é que isso vai me custar?

– Oque?

– É, quanto vai? Lembra que eu já dei sua mesada esse mês – Ela revirou os olhos – Não revire os olhos para mim, mocinha.

– Primeiro: você não é meu pai! – Dessa vez eu revirei os olhos – Segundo: não é dinheiro, se bem que eu não reclamaria se você me desse, mas... – Ela balançou a cabeça como se quisesse tirar esse pensamento – Eu vou com a Elena amanhã no shopping.

– Que bom, significa que ela esta bem, fico feliz – Alcancei a carteira em cima da mesa – Tão feliz que vou te dar um dinheiro – Estiquei as notas para ela – Compre algo bonitinho.

– Não é isso, nós vamos comprar roupas! Para...

– Geralmente é isso que fazemos no shopping. – Comecei a andar em direção a porta.

– EueascriançaschamamosaElenaparairnafesta. – Ela falou tão rápido que não entendi nenhuma palavra.

– Fala novamente, mas devagar! – Ela respirou fundo.

– Eu e as crianças chamamos a Elena para ir na festa! – Ela falou e congelou.

– Por favor me diga que é para festa Di San Giovanni. – Ela fechou os olhos.

– Não, a festa não é na Itália, é aqui, em Boston, na verdade você vai estar lá. – Respirei fundo.

– Vai ser algo importante para Fran, vai ser a primeira grande reportagem dela fora de Boston e não deixe que a Elena estrague isso, você vai cuidar para elas não se encontrarem, ok? – Respirei fundo e ela assentiu.

– Sim, e só mais uma coisa, você é um idiota! – Ela saiu rápido do escritório e eu não consegui dizer mais nada.

Tirei aquilo da cabeça e fui até o quarto da minha princesa, ela estava ajoelhada ao lado da casa de bonecas dela, ela estava de costas com o cabelo cobrindo o rosto e não me viu chegar, entrei no quarto e ela segurava a boneca que Elena deu para ela.

– Filha? – A chamei e ela levantou a cabeça para me olhar.

– Oi papai. – Ela voltou a brincar e eu pingente em seu pescoço ficou a mostra quando ela colocou os cabelos para o lado esquerdo.

– Você gostou disso não foi? – Apontei para o colar e ela assentiu.

– Sabia que a mamãe é mais linda que na foto? – Ela murmurou enquanto colocava a chupeta na boneca.

– Sim, sua mãe é linda mas... ela não é a única, então... – Peguei a foto da Fran no meu bolso, eu cortei para que coubesse no pingente, me ajoelhei ao lado dela e abri o pingente – Filha, a Fran também é sua mãe, ela te ama muito.

– Eu sei, eu também amo ela. – Encaixei a foto na outra extremidade do coração.

– Papai, eu amo a Fran, mas esse colar é da mamãe. – Ela retirou a foto e colocou na minha mão.

– Tudo bem, vamos lá tomar banho, ok? – Ela assentiu e fomos até o banheiro.

Depois de dar o banho, vesti o pijama dela e ela desceu as escadas para ir assistir televisão, fui até o quarto do Miguel e ele estava dormindo, decidi não acorda-lo e só o cobri com o edredom e dei um beijo na sua testa.

Fui até as escadas mas a porta do quarto da Paola estava aberta, parei um pouco antes de passar por elas me aproximando do batente da porta, ela estava ao telefone.

– É eu vi a Elena hoje... Não ela está bem só um pouco abalada... não amiga, meu irmão é o culpado por ela estar abalada... as crianças foram ótimas mas... espera! – Só ouvi partes da conversa mas me mantive ali esperando ela continuar.

– Depois nós continuamos, meu irmão esta me espionando. – Droga! – Damon, entra! – Entrei no quarto, ela ainda estava com o telefone em mãos.

– Desculpe, só queria saber porque você me chamou de idiota. – Me sentei aos pés da cama dela.

– Quando eu era criança...

– Você ainda é criança. – A interrompi e ela me jogou um olhar assassino, tudo bem, talvez eu a protegesse um pouco demais.

– Quando eu tinha de 12 a 13 anos vi você e a Elena, vocês eram tão felizes, eu já tinha visto ela e o Stefan juntos, mas com você... eu não sei, era diferente, a quilômetros dava pra ver o quanto vocês se amavam, vocês eram a imagem do que eu queria pra mim no futuro, um amor de verdade que me fizesse sentir aquelas borboletas no estomago que as pessoas sempre disseram, mas hoje vendo a Elena sofrendo eu percebi que se você realmente amasse ela a Francesca não estaria na cozinha agora! O amor é uma droga, ele engana as pessoas.

– Você esta certa, amar é uma droga, mas eu realmente amei a Elena, amei muito mas do que parecia e me arrependo dos dias os quais eu não disse que a amava, mas maninha a vida é assim, você vai tomar pancadas muitos fortes, vai cair algumas vezes mas o importante é se levantar de novo, você viu como eu fiquei quando aconteceu o acidente eu estava devastado mas agora eu estou bem, tenho a Fran e as crianças...

– Eu sei que tem Damon, mas e a Elena? Você já pensou em como ela se sente? Ela não tem você nem as crianças.– Não havia resposta para aquela pergunta, eu fiquei tão preocupado comigo que não pensei nela.

– Você sempre me fazendo abrir os olhos não é maninha? Agora vai dormir amanhã você vai sair cedo com as crianças. – Ela arqueou uma das sobrancelhas.

– Eu vou? Pra onde?

– Vai levar as crianças com você, e vou te mandar o telefone das amigas da Elena e você liga para elas para levar elas com vocês, ok? Quero que ela tenha com que contar. – Ela assentiu sorrindo e eu a cobri com o edredom.

– Desculpe por te chamar de idiota. – Ela murmurou.

– Não se preocupe, e... sei que não sou o papai mas posso te dar um beijo de boa noite? – Ela assentiu e dei um beijo em sua testa – Durma bem, sua pirralha!

Sai do quarto dela fechando a porta, sabia que ela não iria dormir agora pelo celular na mão dela, desci as escadas vendo Bella deitada no sofá com a barriga pra cima a cabeça quase caindo no sofá, uma xicara de chocolate quente na mesinha, ela estava no sono mais pesado existente porque nem mesmo quando eu a ergui do sofá ela acordou.

Subi as escadas com ela nos braços até o andar superior, a acomodei na cama e a cobri até o pescoço dei um beijo na sua bochecha e apaguei as luzes do quarto deixando só a luz noturna acesa, Fran estava do lado de fora quando eu sai do quarto da Bella.

– Vamos para o quarto? – Ela chamou e eu assenti, ela segurou minha mão me levando para o quarto.

Assim que entrei me joguei na cama tirando a roupa e colocando só a calça moletom, me deitei na cama e Fran estava me encarando.

– Oque? – Perguntei me virando na cama.

– Você sabe que quando te chamei para o quarto não foi necessariamente para dormir? – Ela perguntou mordendo o lábio inferior.

– Ah, sim, bem... eu estou cansado, podemos só dormir hoje? – Ela assentiu e tirou a roupa colocando somente uma camisa minha.

Fechei os olhos e ela colocou a cabeça no meu peito passei a mão nos seus cabelos e logo peguei no sono.

––– 1 semana depois –––

Enfim chegou o dia da festa, o salão já estava parcialmente lotado, amigos nossos iam de um lado para o outro, nessa semana as crianças viram a Elena quase todos os dias e acho que ele finalmente se entenderam, Francesca e eu nos estranhamos mais algumas vezes porém sempre nos resolvemos.

– Esta gostando? – Fran surgiu atrás de mim, me virei e encarei seus grandes olhos azuis, ela estava com um vestido preto justo e um salto que a deixava quase da minha altura.

– Está ótimo.

– Acabamos de abrir o bar e trouxe isso pra você. – Ela me deu um copo de whisky.

– Obrigado.

– Você pode receber os convidados? Tenho que ver porque os garçons ainda não saíram com a comida. – Ela me deu um selinho.

– Você sabe que a festa é sua, não é? Relaxa. – Pedi a puxando para perto.

– Vou relaxar quando ver porque os garçons ainda não saíram. – Ela deu um leve beijo em meus lábios e saiu.

As crianças correram até mim e eu as ergui, uma em cada braço chegando até a porta, os coloquei no chão e fiquei lá dando sorrisos para varias pessoas as quais eu nem gosto, apertei mãos de homens que nem conheço mais tudo bem, são pessoas do trabalho da Fran e se ela esta feliz, eu estou feliz.

– Papai posso tomar refrigerante? – Bella perguntou puxando a ponta do meu blazer.

– Só um pouco, princesa. – Ela saiu correndo entre as pessoas.

– Você não quer? – Perguntei ao Miguel que negou com a cabeça.

– Estou esperando a... alguém chegar. – Me abaixei ficando da altura dele.

– É a Elena? – Perguntei e ele assentiu.

– Será que a Fran vai ficar triste comigo? Eu não quero que ela fique triste comigo! – Ele se mostrou assustado e triste.

– É claro que não, ela não pode e nem vai ficar triste, ela ama você. – Ele me abraçou e voltou a olhar para porta.

– Damon Salvatore, não esperava receber um convite seu! – Andrew Parker, um homem bem chato apareceu na porta esticando a mão para mim.

– Infelizmente não fui eu quem mandou os convites, Parker. – Ele riu irônico e passou por mim.

– Damon? – Fran colocou as mãos no meu ombro.

– Você convidou ele? – Perguntei me virando para ela.

– Qual é? Ele é importante, ele é herdeiro de uma grande empresa e eu sou jornalista, lembra? Preciso de contatos importantes e...

– Ele é um filhinho de papai, você sabe disso. – Ela balançou a cabeça incrédula.

– Falo o cara que já nasceu rico, ei! – Ela segurou me rosto em suas mãos – Esquece ele, vou ficar fora duas semanas para fazer essa matéria e quero ter uma noite incrível antes disso, tudo bem?

– Tudo, mas se ele der problema...

– Você chama o segurança, não tem problema, o cara é educado, não vai arranjar problemas. –Ela me deu um beijo, de inicio parecia ser leve mais foi se intensificando.

– Tia Elena! – A voz de Miguel se fez presente e eu me afastei rapidamente da Fran, encarei elena que estava com a mão sobre a cabeça do Miguel, ele a abraçava muito.

– Oi. – Falei a ela que não respondeu só se abaixou ficando de frente para ele.

– Trouxe um presente para você – Ela esticou uma sacola de detalhes azuis para ele – Onde esta sua irmã?

– Não sei. – Ele se ocupou em abrir o presente e Elena se levantou.

– Vejo que está bem. – Comentei enquanto me encarava, seu vestido rosa não era longo e não chegava aos joelhos, e uma bolsa com uma echarpe rosa.

– Não graças a você. – Sua resposta foi seca e firme.

– Sou a Francesca. – Fran passou por mim esticando a mão para ela.

– Imaginei, acho que sabe que sou a Elena. – Ela apertou firmemente a mão da Fran que recuou logo em seguida.

– Mãe! – A voz da Bella ecoou e todos nos viramos em busca de vê-la mas assim que Fran se virou se chocou com Bella que derramou o copo de refrigerante em cima dela – Ops.

Bella correu até Elena se escondendo atrás dela, ela parecia assustada e tinha motivo Fran estava começando a ficar vermelha e passar a mão descontroladamente pelo vestido.

– Desculpa. – Bella murmurou atrás da Elena que parecia segurar o riso enquanto passava a mão na cabeça da nossa filha.

– Que droga! – Fran gritou e todos demos um passo para trás assustados com seu tom de voz.