Enquanto você dormia escrita por Grazy


Capítulo 23
I Never Told You


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente!
Sei que muito agora querem me matar, ou que eu caia em uma vala fria e escura e morra de fome e sede enquanto apodreço até me reduzir a nada. (Espero que não desejem isso de verdade, Deus me livre)
Mas gente, foi um final de bimestre complicado, muitos trabalhos e provas, mas adivinhem? Estou de férias! Isso mesmo, terei mais tempo para escrever e mil perdões, sério!
Aproveitem o longo, longo, longo capitulo!



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– Pensei que tivesse desistido de vir aqui. – Dra. Kim falou enquanto eu me acomodava no pequeno sofá diante dela.

– Eu só tenho andado... ocupada. – Respondi.

– Bom, o importante é que aqui está você, então foram... 2 meses, como você está?

– Bem, na verdade, tem sido os melhores momentos desde que... do acidente – Ela assentiu sorrindo – Nathan me deu alta, a 1 mês e meio, apesar de termos passado um bom tempo sem fazer fisioterapia ele disse que eu já estou bem fisicamente, meu trabalho tem sido incrível, muito melhor do que eu imaginava, minha família também está ótima, mamãe e papai tem brigado bastante, mas acho que foi normal, e meus filhos... nem sei oque dizer sobre eles, parecem dois anjinhos, mas finalmente eu sinto que eles me veem como mãe deles, a única.

– Então a sua vida está parecida com a que você me contou que levava antes do acidente? – Ela questionou sorrindo, balancei a cabeça em negação instantaneamente.

– Não, definitivamente não, antes do acidente eu tinha 22 anos, era mãe de dois recém-nascidos, recém-casada, vivia em mundo perfeito, hoje vivo no mundo real.

– Aproveitando o “recém-casada”, você não me falou sobre o Damon. – Mordi a bochecha nervosa assentindo levemente.

– É, eu percebi – Ela abaixou os óculos me analisando – Eu nem sei oque falar sobre ele, quer dizer, ele está diferente, mas responsável e atencioso, não nos beijamos ou coisa parecida, mas ele me ajudou a conhecer meus filhos, tem me ajudado muito em tudo, sem esperar beijos ou abraços, mas... não sei, isso me frustrou um pouco.

– Frustrou? Você queria que ele esperasse abraços e beijos por ter te ajudado a conhecer inteiramente seus filhos? – Balancei a cabeça incerta.

– Não, mas apesar dele estar sendo ótimo, eu não consigo parar de pensar que ele pode ter perdido o interesse em mim, quero dizer, ele ficou com uma italiana enquanto eu estava em coma, não consigo imaginar como eu reagiria caso ele começasse um outro relacionamento, acho que seria extremamente doloroso.

– Eu preciso que você me responda uma pergunta – Assenti – Você ainda ama o Damon? Mas pense que se disse que sim, isso o faria entrar aqui, te beijar e lhe dar aquela vida de volta, se disser que não, ele desistiria, e deixaria que vivesse sua vida sem nunca mais tocar ou sentir algo por você.

– Não quer me perguntar como Einstein criou a teoria da relatividade? Tenho mais chances de dizer a resposta certa. – Ela sorriu negando.

– Oque acha de pensar na resposta e me contar na nossa próxima e provavelmente ultima consulta?

– Ultima consulta? Sério? – Ela assentiu.

– Sim, seu estado psicológico está impecável, não vejo porque continuar com o tratamento, mas se quiser continuar eu...

– Não, eu estou bem com isso – Me levantei esticando a mão para a mulher na minha frente – Obrigada, Dra. Kim.

– Por nada.

Deixei a sala, acenando para a psicóloga que me acompanhou com o olhar, entrei no elevador e apertei o botão do térreo, o prédio tinha somente quatro andares e eu estava no terceiro, não demorou até que as portas se abrissem, o dia estava começando a ficar gelado, e eu estava vestindo apenas uma blusa fina de frio, apertei mais os braços em torno do meu corpo e caminhei lentamente até um taxi que estava parado.

– Bom dia – O homem cumprimentou assim que eu entrei, sorri para ele – Para onde vamos?

– Esquina da Dorchester com a rua Elton, por favor.

Ele assentiu e o carro saiu do acostamento, peguei meu celular no bolso observando as horas, hoje os gêmeos apresentariam a peça e eu estava apavorada com a possibilidade de perder, mas o transito fluía bem, e só parávamos nos faróis, em alguns minutos estávamos lá, paguei o motorista e desci andando a passos hesitantes até o colégio das crianças, a sacada azul era decorada com lápis de colorir e cadernos, alguns desenhos de animais também estavam.

Uma grande faixa anunciava a peça e algumas setas indicavam o caminho até o auditório, dezenas de pessoas já estavam sentadas e algumas conversavam com as crianças próximo ao palco, consegui enxergar Damon com Miguel e me aproximei deles, não consegui ver Bella e fiquei preocupada.

– Oi, mãe. – Miguel saiu de perto de Damon e veio até mim, me abaixei deixando que ele beijasse minha bochecha.

– Oi, querido – Beijei sua testa e voltei a me levantar – Aonde está sua irmã?

– Lá atrás, tia Treena está maquiando ela. – Assenti observando as roupas dele.

– Você está lindo.

A roupa era simples, uma camisa branca que foi amarelada propositalmente, um colete marrom desbotado e uma calça da mesma cor, os sapatos pretos estavam desamarrados e eu me abaixei amarrando para ele.

– Mamãe! – Ouvi a voz fina de Bella ecoar em meus ouvidos e me ergui encarando minha princesa, ela estava linda com um vestido rosa desbotado e uma espécie de avental presa na parte frontal – Que bom que você veio!

– Obrigado pela consideração! – Damon falou ofendido enquanto Bella me abraçava – As duas.

– Desculpe, fiquei um pouco perdida – Me levantei contendo o riso diante da cara indignada dele – Olá, Damon Salvatore.

– Olá, Elena.

– Como vocês estão lindos! – Olhei para trás vendo um mar de pessoas entrando no auditório.

Paola e o namorado estavam na frente, meus pais logo atrás com Jeremy, Bonnie e Sophie, Caroline estava sozinha assim como Hayley, Lexi segurava Emma e uma bolsa, olhei incrédula para eles e Damon praguejou baixinho alguma coisa feia me fazendo rir.

– Oque vocês fumaram? – Ele perguntou balançando a cabeça.

– Eu nem posso fumar, estou gravida, lembra? – Caroline falou como se fosse obvio e nos fez rir, a barriga de 4 meses era discreta e mal dava para ver se a blusa de Car não fosse tão apertada.

– Quando vocês organizaram a caravana? – Questionei.

– Paola nos chamou – Mamãe explicou – Eu chamei Jeremy que chamou a Bonnie que... bom, chamou o resto.

– Eu queria agradecer por ter nos chamado de resto. – Hayley enfatizou.

– Por nada querida, vamos nos sentar enquanto Elena termina a conversa com os filhos. – Mamãe organizou todos no fundo do auditório que repentinamente ficou cheio, olhei novamente para meus filhos que estavam rindo sem parar.

– Vocês vão parar de rir quando tiverem 18 anos e a família do barulho estiver na formatura de vocês. – Damon brincou bagunçando os cabelos de Miguel.

– Desculpe atrapalhar, mas nossos protagonistas precisam estar na peça. – A professora deles surgiu no palco e Miguel e Isabella prontamente subiram ficando de frente para mim e Damon.

– Boa Sorte, mamãe ama vocês! – Beijei Miguel primeiro e depois Bella.

– Não me envergonhem, ok? – Damon falou rindo e eu dei uma leve cotovelada nele – Vocês vão se sair bem, ensaiaram tanto.

Depois de nos beijarem eles saíram em direção aos bastidores, me voltei para a plateia e só haviam três lugares vagas e um deles rapidamente foi ocupado pela bolsa de Emma, olhei brava para Lexi, Damon e eu seguimos até os dois acentos vazios e nos sentamos lado a lado, estava concentrada no palco até que senti a mão de alguém tocar meu ombro.

– Só quero lembrar vocês que estou aqui atrás, de olho. – Jeremy sussurrou e logo saiu de perto de mim, olhei para o palco e logo o primeiro ato começou.

A peça não era muito longa, uns 30 minutos, apesar de alguns tropeços nas falas eles foram ótimos, quando finalmente eles terminaram começou uma pequena confusão para decidir quem iria pegar na mão de quem para os últimos agradecimentos, mas logo se organizaram, quando acabou Damon se levantou e sumiu por alguns momentos voltando em seguida com dois buques de flores.

– Aqui. – Ele me esticou um e nós seguimos para o palco.

– Vocês foram incríveis! – Exclamei assim que consegui vê-los entre as outras pessoas.

– É, eu sei. – Bella falou convencida me fazendo rir, entreguei o meu buque para ela e Damon esticou o dele para Miguel que pegou relutante.

– Pai, eu sou homem, porque está me dando flores? – Ele questionou coçando a cabeça.

– É tradição, se não gostou, dá pra uma garota. – Miguel se virou e foi até a professora dele esticando o buque, ela sorriu e disse algo para ele que voltou sorrindo.

– Casa? – Damon perguntou e eles assentiram – Ok, mas antes vão falar com seus avós e seus tios.

Eles desceram do palco e seguiram até nossa família que deram beijos e abraços neles, olhei de relance para Damon sentindo uma imensa vontade conversar com ele, mas não conseguia pensar em algum assunto realmente confortável.

– Tive alta da psicóloga hoje. – Comentei.

– Sério? Não sabia que psicólogos davam alta.

– É, ela só pediu para me ver mais uma vez, para responder uma pergunta que ficou pendente.

– Hum... – Ele se virou para mim – Que pergunta?

– Poderia te contar –Confirmei – Mas teria que te matar.

– Ohh, então é melhor não contar.

– Sabia que hoje é aniversario da Bonnie? – Perguntei.

– Bonnie? – Assenti – Não era a Caroline?

– Não, a Bonnie, ela vai dar uma festa hoje.

– Ah, sim, recebi o convite, é em um bar não é? – Assenti – Péssimo lugar para se levar crianças.

– Hoje é sexta, vai ser uma festa para adultos, amanhã sim terá crianças e brigadeiros, e bem... tudo mais.

– Talvez eu de uma passada lá, se eu conseguir fazer Paola se desgrudar desse namorado e cuidar da crianças – Ele revirou os olhos olhando para irmã que está abraçada com o namorado, o garoto loiro conversava com meu filho que estava completamente confortável sentado na cadeira – Sabe o que eu não entendo? – Balancei a cabeça em negação – O quê as mulheres veem nos loiros?

– Gostaria de ajuda-lo, mas não faço a menor ideia.

– Papai, vamos? Estou cansado! – Miguel falou puxando o blazer de Damon.

– Claro, diz tchau pra sua mãe enquanto eu vou buscar o carro – Ele mexeu nos bolsos pegando a chave – Até mais Elena.

– Até.

– Mamãe, amanha nós podemos ir na sua casa? – Bella também veio para perto de mim.

– Claro, e não é minha casa, é nossa casa, ok?

– Uhum.

Me despedi deles que logo saíram com Paola, Caroline e Hayley, Bonnie se despediu rapidamente de mim e foi embora com meu irmão e meus pais dizendo que precisavam organizar as ultimas coisas para as festas, apenas Lexi ficou, e se ofereceu para me levar pra casa.

– Sabe que Damon ainda é louco por você, não é? – Ela comentou enquanto prendia Emma na cadeirinha – Completamente.

– Eu não acho, não mais, ele tem sido bem... indiferente.

– Amiga, você precisa se decidir, você quer que ele fique em cima, ou te de um espaço, porque nem eu estou conseguindo acompanhar.

Lexi entrou no banco do motorista e passou um tempo sem dizer nada, eu também não me atrevi, posso dizer que nesses dois meses que passaram desde que Emma nasceu, Lexi tem sido uma pessoa completamente diferente, para o lado bom, ela tem sido mais conselheira do que minha própria psicóloga.

– Hoje eu fui na minha psicóloga – Ela me olhou rapidamente – Ela colocou as coisas de forma apocalíptica e basicamente me disse que ou eu admitia que amava o Damon, ou ele pegava uma nave para marte.

– É um pouco estremo, mas te fez pensar pelo menos, e ai? Chegou em qual conclusão, diz que o ama, ou deixe ele ter um caso com uma marciana de três cabeças. – Ela falou rindo.

– Eu sou completamente apaixonada por ele, sabe disso – Ela assentiu – Mas estar apaixonada por ele é como segurar um pedaço de gelo, no inicio é só isso, só gelo, mas depois começa a te queimar.

– Você não respondeu, sim ou não?

– Não é tão fácil, Damon e eu não somos dois adolescentes que brigaram por ciúmes, coisas irreversíveis aconteceram entre nós, eu nunca vou esquecer o que ele fez, e as coisas vão ficar piores se nós abordarmos dessa forma sabe...

– Você não pediu o divórcio – Ela me interrompeu – Você ainda é uma Salvatore, vocês não nasceram para ficar juntos, isto está claro, mas o quê importa? Se Damon pisou na bola tão feio, pede o divórcio, vamos, eu te desafio, olhe nos fundos dos olhos azuis dele e diga que quer se divorciar.

– Sabe que não é tão simples...

– É sim, diga, “Damon, eu não te amo mais, você foi horrível e eu quero o divorcio” – Ela parou na frente do meu prédio e então se virou pra mim – Você conseguiria fazer isso?

– Eu poderia, mas...

– Sem “mas”, olhe pra mim – Ela segurou meu rosto me fazendo olhar nos seus olhos acusatórios – Diga que não ama mais o Damon!

– Eu não posso! – Admiti fazendo-a sorrir – É isso que você quer? Eu não posso dizer que não amo mais o Damon, porque é mentira! Eu amo! É com ele eu queria dormir e acordar todos os dias, é com ele que eu sonhei em ter uma vida, e eu não estou pronta para desistir disso! Feliz?!

– Muito, foi difícil? – Ela questionou – Que psicóloga que nada, você pagando caro para a pessoa não conseguir fazer uma coisa tão fácil, como te fazer admitir seus sentimentos.

– Você é uma grande maluca, como me fez dizer tudo isso? – Perguntei batendo de leve em seu braço.

– Talento, meu amor – Ela se gabou – Agora desce, a Emma tem médico hoje.

– Até mais tarde.

Desci do carro passando pelo porteiro apenas com um aceno de cabeça, entrei no elevador apertando o botão do 10° andar, assim que ele abriu fui até meu apartamento, tinha algumas horas antes da festa da Bonnie então me permiti dormir um pouco já que estava exausta.

Acordei três horas depois, ainda teria duas horas antes da festa então comi um sanduiche e assisti um pouco de televisão, depois tomei um banho demorado e relaxante, chamei um taxi para daqui a duas horas e fiquei um pouco confusa quanto ao que vestir, eu tinha engordado um pouco nos últimos meses, consequência da falta de exercícios e tudo parecia mostrar isso ao mundo, mas consegui encontra um vestido preto que não era tão luxuoso, mas ficava bom no meu corpo, deixei os cabelos soltos e passei uma leve maquiagem, coloquei os saltos e peguei a bolsa.

Eu estava pronta, mas faltava mais de 30 minutos para que o taxi que eu chamei mais cedo chegasse, então tirei os sapatos e fiquei deitada assistindo uma comédia, o tempo passou rápido e logo o interfone tocou e eu vesti novamente os saltos e peguei o elevador.

– Se me permite dizer, está linda Srta. Elena. – Jean elogiou assim que as portas do elevador se abriram.

– Obrigada e boa noite.

Passei pela portaria e fui até o taxi, passei o endereço que Bonnie tinha me entregado e em quase uma hora eu cheguei lá, paguei o motorista e desci do carro, a porta marrom não conseguia abafar a musica alta e as vozes das pessoas, suspirei empurrando a porta e vendo as pessoas no local, uma banda tocava no palco no canto esquerdo, algumas mesas espalhadas no meio e um bar no canto direito, assim que me viu Bonnie veio até.

– Que bom que chegou – Ela me abraçou – Comecei a achar que não viria.

– Até parece que eu iria perder, então... quem são essas pessoas?

– Aqueles são o chatos que eu convidei por educação – Ela apontou para um grupo de pessoas encostado em uma mesa – E ali, você conhece todo mundo.

Ela me puxou para o bar e eu cumprimentei todos rapidamente, alguns amigos de infância estavam lá, e eu não estava muito disposta a conversar então os respondia com monossílabas até que eles cansassem e fossem embora.

– Oi maninha. – Jeremy sentou ao meu lado.

– Oi.

– Sei que a festa não é lá essas coisas, mas que carinha é essa?

– Nada.

– Não use esse truque comigo! – Arqueei as sobrancelhas olhando para ele confusa – Eu que te ensinei a como fazer as pessoas pararem de falar, usando monossilabas, vai me dizer oque está passando nessa sua cabecinha?

– Adoraria, mas nem eu sei.

– Damon? – Ele perguntou fazendo uma cara de desdem.

– Também – Admiti – Jer, eu te amo, você sabe disso, mas esse ódio, repulsa, ou oque quer que seja que você tenha pelo Damon, tem que acabar, você foi incrível, me protegeu quando eu sequer sabia oque estava acontecendo, mas chega de tomar minhas dores, viver odiando alguém é o pior tipo de vida que alguém pode levar.

– Ele já andou balançando seu frágil e pobre coração, não foi? – Balancei a cabeça sem responde-lo – Escute, eu não apoio esse relacionamento, mas você também não apoiava eu e a Bonnie no começo, lembra? Achou que eu iria magoar sua amiga, então eu vou fazer o mesmo, dar um ultimo voto de confiança para ele, mas se ele te fizer sofrer, uma vez que seja, me diz que ele vai se ver comigo.

– Que irmão bravo eu tenho.

– Pior que sim, agora me deixe ir porque vão começar o Karaokê e seria uma maldade privar vocês da minha doce e incrível voz.

– Oh, não, vou acabar surda.

– Cala a boca! – Ele falou saindo de perto de mim e abraçando Bonnie.

– Elena? – Olhei rapidamente para trás e vi Andrew parado próximo a porta.

– Oi, Andy.

– Posso? – Ele apontou para a cadeira ao meu lado e eu assenti.

– Claro. – Ele sentou deixando o casaco sobre o balcão.

– Não te vi hoje, onde você estava?

– Sai mais cedo, precisava ver a peça dos meus filhos. – Ele assentiu.

– Bom, eu ficaria feliz em ir junto... – Fugi do olhar dele abaixando a cabeça – Desculpe, eu estou sendo um idiota, de novo.

– Não, eu vou te dizer o que eu sinto – Olhei para ele novamente segurando sua mão – Você é um amigo incrível, me fez rir quando eu precisava, me deu broncas, me ajudou no trabalho, e se fosse em outra época, eu certamente me apaixonaria por você, mas desde sempre você sabia que meu coração jamais pertenceria a você, que ele já possuía um dono, eu mesma entreguei para ele a muito tempo, e não existi setor de devolução para essas coisas.

– Vocês voltaram? – Ele perguntou de cabeça baixa.

– Não, não ainda. – Ele balançou a cabeça se levantando.

– Quão idiota precisa ser para se apaixonar por alguém como ele? – Ele estava alterado e eu não queria brigar com ele então fiquei quieta – Eu faria qualquer coisa por você, sabe disso, eu mataria por você, e você prefere o cara que te traiu? Que te abandonou!

– Eu não pedi que se apaixonasse por mim, ok?

– Não, mas você sabia que isso aconteceria! Mas eu também, assim como qualquer um que fique perto da doce e delicada Elena Gilbert – Ele debruçou sobre o balcão pegando uma garrafa de bebida – Perdão, Elena Salvatore.

Ele então saiu me deixando sozinha, me virei vendo a banda se apresentar, até que meu irmão pediu que começassem o Karaokê e começou a cantar com sua voz esganiçada e desafinada, Bonnie estava envergonhada enquanto meu irmão se esguelhava no palco.

– Acho que cheguei na hora errada. – Ouvi a voz de Damon ao meu lado e instantaneamente me virei para vê-lo.

– Não, acho que chegou na hora certa – Comentei sem conter o sorriso – Eu preciso conversar tantas coisas com você.

– Eu também, na verdade é tudo um pouco sério.

– Ei! – Viramos a cabeça observando Bonnie que subiu no palco – Elena! Será que poderia mostrar que a família Gilbert tem alguém que salva?

– Não, deixa pra próxima. – Falei envergonhada.

– Canta – Damon pediu – Eu adoro ouvi-la cantar.

– Sério? – Ele assentiu – Ok, talvez nossa conversa seja mais rápida desse jeito mesmo.

– O quê?

Não respondi, apenas passei pelas pessoas e fui até o palco, procurei no imenso números de musicas até que achei a que eu queria, sentei em um banquinho enquanto a doce melodia enchia o ambiente e as pessoas me olhavam com seus olhos curiosos, mas eu me concentrei em um único par de olhos azuis, então chegou a parte que eu deveria começar a cantar.

I never told you

I miss those blue eyes (Eu sinto falta desses olhos azuis)

How you kiss me at night (De como você me beijava de noite)

I miss the way we sleep (Eu sinto falta de como a gente dormia)

Like there's no Sunrise (Como se não houvesse nascer do sol)

Like the taste of your smile (Como o gosto do seu sorriso)

I miss the way we breathe (Eu sinto falta de como a gente respirava)

But I never told you (Mas eu nunca te disse)

What I should have said (O que eu deveria ter dito)

No, I never told you (Não, eu nunca te disse)

I just held it in (Eu simplesmente segurei dentro de mim)

And now (E agora)

I miss everything about you (Eu sinto falta de tudo sobre você)

Can't believe that I still want you (Não acredito que eu ainda te quero)

and after all the things we've been through (E depois de tudo o que a gente passou)

I miss everything about you (Eu sinto falta de tudo sobre você)

Without you (Sem você)

I see your blue eyes (Eu vejo seus olhos azuis)

Everytime I close mine (Todas as vezes que eu fecho os meus)

You make it hard to see (Você deixa difícil de ver)

Where I belong to (À que lugar eu pertenço)

When I'm not around you (Quando eu não estou com você)

It's like I'm alone with me (É como se eu estivesse sozinha comigo mesma)

And now (E agora)

I miss everything about you (Eu sinto falta de tudo sobre você)

Can't believe that I still want you (Não acredito que ainda te quero)

And after all the things we've been through (E depois de tudo que a gente passou)

I miss everything about you (Eu sinto falta de tudo sobre você)

Without you (Sem você)

But I never told you (Mas eu nunca te disse)

What I should have said (O que eu deveria ter dito)

No, I never told you (Não, eu nunca te disse)

I just held it in (Eu simplesmente segurei dentro de mim)

Quando terminei, estava completamente sem fôlego, meus olhos estavam embaçados e meus pulmões imploravam por ar, fechei os olhos por um momento enquanto recuperava o ar.

Quando finalmente recuperei o fôlego olhei na direção de Damon, ele estava parado em meio as outras pessoas que me aplaudiam, ele não demonstrava expressões então eu apenas sorri para ele, nesse momento ele finalmente fez algo e com um leve sorriso começou a se aproximar de mim, ele passava pelas pessoas com movimentos graciosos se aproximando com grande velocidade de mim, me virei para descer do palco, mas dei de cara com Andrew, ele não parecia nada bem.

– Andy? Você...

Antes que eu pudesse terminar, Andrew me segurou pela cintura e puxou meu corpo em direção ao dele, tentei me esquivar, mas suas mãos prenderam minha cintura com força, foi quando seus lábios cobriram os meus.

Eu continuava tentando me soltar, mas mal podia mover meus braços e corpo, então o que pude fazer foi afastar meu rosto usando certa força, quando finalmente consegui me desvencilhar de Andrew, olhei para as pessoas a procura de Damon, mas ele não estava mais lá, fechei os olhos sentindo as lágrimas caindo deles, enquanto uma dor poderosa tomou conta do meu peito, me virei para Andrew empurrando-o.

– O quê diabos você fez?!

– O que eu deveria ter feito a muito tempo. – Seu hálito exalava álcool e senti meu estômago revirar.

Empurrei ele novamente e desci as três escadinhas do palco, Bonnie tentou me alcançar porém que consegui me esquivar dela, saindo do bar, pude ver rapidamente Damon entrar no carro e sair em disparada pela rua.

– Elena, você está bem? – Jeremy questionou ofegantes perto de mim.

– Jeremy me diz que você está de carro, por favor – Ele assentiu – Ótimo eu preciso que me leve a um lugar.

– Claro eu vou só...

Não deixei que ele terminasse e sai puxando pelo braço, ele desbloqueou e entrou rapidamente, ele pareceu descoordenado na hora de ligar o carro e logo percebi que ele estava tenso, ele ligou o carro e saiu tão rápido quanto o possível.

– Pra onde? – Ele questionou.

– Casa do Damon.

Ele pareceu confuso, mas não fez perguntas, apenas acelerou o carro, chegamos tão rápido quanto eu jamais achei que seria humanamente possível, assim que Jeremy estacionou o carro eu pulei para fora.

O carro de Damon já estava estacionado e a porta levemente aberta, então apenas empurrei um pouco e entrei dentro da casa, estava um silêncio absoluto, cheguei a pensar que Damon não tivesse entrado.

– Elena? – A voz de Paola me fez virar a cabeça rapidamente para as escadas – O quê aconteceu?

– O quê? Como você sabe?

– Eu não sei de nada, Damon entrou correndo e se trancou no quarto, os gêmeos já estavam dormindo graças a Deus, eu pedi pro Lucas ir embora e ele deve ter deixado a porta aberta, e pelo seu estado deduzi que fosse algo com você.

– Onde ele está? – Questionei começando a subir as escadas.

– No quarto dele – Subi mais rápido até que Paola segurou meu braço – Lembre que os seus filhos estão a dois quartos de distancia, ok?

– Obrigada – Terminei de subir as escadas e caminhei até o nosso antigo quarto, bati algumas vezes na porta e Damon apenas respondeu com um “não enche, Paola” – Não é a Paola, sou eu.

– Elena? – Ele questionou.

– Sim, me deixe entrar, por favor. – Uns minutos de silencio absoluto e então pude ouvir o barulho da porta sendo destrancada e o fino ranger da madeira a ser aberta.

– Por que você veio aqui? – Ele questionou ríspido, encostado no batente da porta – Você não me deve explicações.

– Você não entendeu nada, não é? – Questionei passando por ele e entrando no quarto.

– Entendi o suficiente.

– Não, você ouviu o que eu disse, ou melhor, literalmente cantei para você antes? – Ele assentiu – E nada, não vai dizer nada?

– Sim, eu vou – Ele suspirou antes de continuar – Eu te amo, e ouvir aquelas palavras foram um dos melhores momentos da minha vida, mas logo em seguida eu fui trazido de volta a realidade, Elena, eu não estou chateado com você, não poderia, mas me doeu ver aquilo, e pior é saber que de certa forma você queria aquilo também.

– Não pode falar por mim.

– Posso, posso sim – Ele virou o rosto para uma caixinha transparente ao lado da cama, aonde tinha os primeiros sapatinhos que as crianças ganharam – Eu te conheço melhor que qualquer um, eu te vi em todas as suas formas, feliz, triste, animada, chateada, brava, com dor e finalmente morta, eu te vi morta Elena, eu te vi quando seu coração já não batia, e nunca pense que eu não fico feliz cada momento que eu lembro que ele ainda bate, cada vez mais forte dentro do seu peito, o que eu quero dizer é que, eu te vi nas suas mil formas, e eu garanto que te amei em cada uma delas.

– Por isso mesmo, você me conhece, por que acha que eu queria aquilo? – Perguntei já sentindo as lágrimas rolando meu rosto.

– Porque é a verdade, ou vai dizer que não ficou balançada por ele, eu já vi aquele olhar antes Elena, há muito tempo, e eu posso garantir o que aquele olhar significava. – Me levantei olhando em seus olhos que estavam avermelhados e um pouco inchados.

– Damon, não sei o que você viu, ou acha que viu, mas eu posso te garantir que não sinto nada por ele.

– Elena olhe pra mim – Ele se aproximou de mim segurando minhas mãos – O que eu ia te dizer hoje é que recebi um convite para fazer uma pareceria com uma empresa de Londres, serão 2 meses lá, e eu ia dizer que recusaria mas...

– Você só pode estar brincando? – Soltei minhas mãos da sua – Eu te digo tudo aquilo, eu te dou mais uma chance e tudo que você tem pra dizer pra mim é que vai passar dois meses em Londres?! Vai fazer isso porque um bêbado me beijou? Você tem noção que você já fez coisa muito pior e quando estava bem lúcido!

– É eu sei, e não há um dia nessa minha maldita vida que eu não me arrependa – Ele fechou os olhos – Você nunca vai me perdoar, não é mesmo?

– Eu estou tentando, mas você não está ajudando.

– Sim, estou, ficar fora vai ser a melhor coisa pra você, eu não vou deixa-la, nunca mais, porém essa é a sua chance de tentar perceber se sua vida é melhor com ou sem mim, porque eu não... – Ele se virou para porta e as palavras seguintes estavam embargadas – Não suportaria ser o cara que vai te fazer infeliz de novo, o cara que vai te deixar triste, o cara que vai estragar sua vida.

Ele então saiu do quarto fechando a porta atrás de si, passei a mão pelos cabelos lutando contra as lágrimas, será que ele tinha noção do quanto estava me fazendo infeliz ao dizer que vai embora? Será que ele não conseguia perceber que estar com ele é o único jeito de me dar uma vida feliz?

Perdendo a luta, as lágrimas agora caiam entre soluços e eu me sentei no sofá, colocando a mão sobre a boca impedindo que os soluços fossem altos o suficiente para acordar meus filhos.


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Notas finais do capítulo

Gente de novo eu sinto muito, e não se preocupem, no próximo capitulo vai ter o melhor momento Delena da fic, nada de hot, pelo menos não no próximo mais saibam que também está próximo.
E quanto a não responder os comentários ainda, não pensem que eu não me importo, ou que eu não leio, eu leio sim, mas geralmente estou ocupada para dar a atenção que cada um de você divos merecem, então aguardem que eu vou respondendo assim que tiver tempo.
Ah, e mais uma novidade que pra vocês não é tão boa já que é um motivo para eu demorar, eu comecei um livro, isso mesmo, me achei pronta para começar um livro, mas antes estou escrevendo uma fic, sem vampiros ou Damon e Elena para me apoiar, é a prova de fogo para saber se o que eu escrevo é bom ou não.
Por hoje é isso, nos vemos semana que vem Cupackes!!
(Capítulos de Broken Promises e Begin Again saindo, aguardem)