Pov. Elena

Olhei para o apartamento vazio, era horrível ficar sozinha naquele lugar, era grande demais, vazio demais, será que é permitido ter animais nesse prédio? Precisava descobrir isso, desliguei a televisão e peguei o notebook vendo as noticias do casamento.

“Em cerimônia digna dos filmes dirigidos e roteirizados por Mikael, mas um Mikaelson chega ao altar, dessa vez foi a única filha mulher da família que protagonizou o casamento do ano, nesse ultimo sábado, 30, o sortudo foi Matthew Donovan, médico promissor de Boston, os looks elegantes das madrinhas chamaram atenção de todos, principalmente o de Elena Salvatore, que entrou com um vestido diferente das demais, lembrando que a sete meses ela acordou de um coma de cinco anos, mostrando sua boa saúde, e que nenhum trauma físico ou mental foi causado a longo prazo, ela entrou com um belo e longo vestido rosa, e com uma leve maquiagem mostrando toda sua beleza natural.

Ela foi flagrada em dois momentos fofos com o marido, Damon Salvatore, o primeiro durante a dança dos padrinhos e logo depois eles foram fotografados em uma conversa intima a beira da piscina dos Mikaelson, lembrando que Damon teve um relacionamento de três anos e meio com a jornalista, Francesca Bordini, o relacionamento teve inicio enquanto Elena ainda estava em coma, Francesca foi madrasta de Miguel e Isabella, os gêmeos de cinco anos que mal chegaram a conviver com a verdadeira mãe, não a registros que a italiana foi a festa, de toda forma, desejamos sorte ao casal, nenhum dos dois se pronunciou sobre o assunto. Confira abaixo as fotos do casamento.”

Obviamente eles não iriam perder a oportunidade de me jogar no meio, revirei os olhos com as fotos, na maior parte sequer se via nosso rosto, fiquei por um tempo vendo alguns outros sites, muitos inventaram até mesmo entrevistas falsas, aquilo era realmente ridículo, fechei o notebook e levantei do sofá indo até a cozinha e pegando um copo de água, antes que eu pudesse voltar a me sentar no sofá o interfone tocou e eu fui até ele pegando o aparelho.

– Oi. – Falei rapidamente.

– Olá, aqui é o Jean, a Sra. Salvatore está aqui, posso autorizar a subida dela? – O porteiro perguntou calmamente.

– Qual das senhoras Salvatore? – Ele levou um tempo para responder.

– Grace e Rose, posso autorizar a...

– Claro. – Desliguei o aparelho e esperei pela campainha que tocou poucos minutos depois, levantei do sofá abrindo a porta e recebendo um abraço apertado de Grace que mal esperou que eu terminasse de abrir a porta.

– Como vai, bambina? – Ela falou enquanto me abraçava, olhei para Rose que deu de ombros enquanto Grace me espremia.

– Bem, e você? – Ela não afrouxou o abraço eu já estava ficando sem ar – Não vou sumir, Grace.

– Desculpe, acho que ainda não me acostumei em vê-la assim. – Ela passou a mão em meu rosto com um sorriso maternal, segurei sua mão.

– Eu sei, minha mãe ficou assim por um tempo também, mas eu estou aqui, não precisa me abraçar como se fosse a ultima vez. – Ela assentiu entrando no apartamento e eu olhei para Rose que segurava Jack nos braços, ele estava dormindo encostado no ombro da mãe, então Rose me deu um abraço de lado.

– Como vai, Elena? – Ela perguntou enquanto entrava e deitava Jack lentamente no sofá.

– Bem, e esse anjinho? – Me aproximei dela e passei a mão lentamente na cabeça de Jack.

– Fez tanta bagunça no carro que não aguentou chegar aqui acordado. – Ela falou em um sussurro.

– E o Chris? – Perguntei no mesmo tom que ela.

– Ficou com os gêmeos e Damon em casa, eles estavam brincando então não insisti muito, então... isso aqui ficou bem legal. – Ela olhou pelo apartamento.

– É, um pouco solitário, mas legal. – Ela colocou a mão na minha boca instantaneamente.

– Está louca? Não diga isso perto da minha mãe, ou você nunca mais fica sozinha. – Ela falou séria e eu assenti rindo.

– Então Elena, como vão as coisas com Damon? – Grace perguntou e eu abaixei a cabeça envergonhada.

– Mamãe! Não seja indiscreta! – Rose falou alto e Jack acordou tomando um susto – Oh, bebê, desculpe.

– Oi, pequeno – Falei sentando ao lado de Jack e fugindo do assunto – Como você está? – Ele balançou os bracinhos abraçando meu pescoço e ficando quase em pé no meu colo – Quem menino bonito, da um beijo na tia – Coloquei a bochecha perto dele e ele deu um beijo estalado.

– Elena, apesar da indiscrição da minha mãe, a pergunta é valida. – Olhei para Rose e voltei a colocar Jack sentado no sofá, Grace sentou no outro e Rose ficou ao lado de Jack.

– Estamos bem, acima de qualquer drama egoísta nós temos nossos filhos então estamos sendo compreensível, e em um relacionamento amigável, de forma que...

– Que história é essa Elena? Você não está diante de um juiz tentando convence-lo de algo, somos sua família, seja menos formal, e mais direta. – Rosa me interrompeu.

– Ok, conversamos, estamos bem, eu não odeio ele, ele não me odeia, amigos. – Falei rapidamente.

– Menos direta. – Ela pediu.

– Nós temos uma história incrível juntos, filhos maravilhosos, eu abaixei um pouco minha muralhas ante Damon, quero realmente que ele seja meu amigo, não vai fazer bem para os gêmeos no futuro se os pais deles não se falarem. – Elas assentiram.

– Bem, eu vim aqui para invadir sua cozinha bambina, Suzy não me deixa nem chegar perto do fogão e isso está me deixando louca! – Grace falou levando as mãos a cabeça – Posso invadir sua cozinha?

– Por favor, eu ia sair para jantar mais não dispenso sua comida por nada. – Ela sorriu se levantando.

– Então oque quer que eu faça? – Ela passou as mãos no meu cabelo e enrolou as pontas.

– Nada italiano, por favor mama. – Rose pediu.

– Eu comi um Quiche Lorraine incrível na minha viagem a Alsácia, na França, obvio que obriguei a me darem a receita, topam? – Assenti mais que rapidamente.

– Minha mãe encheu os armários, eu ainda não vi tudo, mas acho que você acha tudo que precisa – Ela assentiu – É só ir reto.

– Eu vou lá então, ragazze. – Ela sumiu na porta da cozinha e eu olhei para rose confusa.

– Ragazze significa meninas – Assenti e Jack saiu de perto da mãe e veio em cima de mim segurando meu cabelo – Filho, larga o cabelo da sua tia.

– Não, pode deixar não machuca – Falei colocando o garotinho sentado sobre minhas pernas – Queria ter visto meus filhos quando eles tinham essa idade.

– Ah, não, se você tivesse visto com certeza teria pedido por um tempo no hospital – Ela falou rindo e eu esbocei um sorriso – Desculpe, eu não quis dizer que... bem você entendeu.

– Tudo bem, eu só me sinto mal por ter perdido tanto da vida deles, mas estou tentando recuperar – Ela assentiu e Jack começou a puxar meu cabelo com um pouco de força – Você um brinquedo? Acho que Miguel deixou uns por aqui.

– Bluuzi. – Ele falou me fazendo rir, deixei ele no chão e me levantei indo até o quarto de Miguel e pegando um dos carrinhos dele, assim que voltei entreguei a ele que ficou sentado no chão fazendo um barulho fofo com a boca – Buuuuuuuu.

– Ele ainda não aprendeu direito a falar as palavras – Rose explicou – Levei ele no médico, mas me falaram que isso era normal – Assenti colocando meus pés em cima do sofá e segurando eles – Eu falei com Damon.

– Sério? Sobre oque? – Questionei.

– É, sobre tudo, foi a primeira vez que ele realmente falou comigo depois do que aconteceu. – Olhei para Jack que ainda fazia um barulho com a bochecha e ri quando ele olhou para mim e fez um bico.

– Desde que eu acordei? – Perguntei sem estar realmente prestando atenção.

– Desde o acidente – Olhei para ela rapidamente – É, Damon odeia demonstrar fraqueza, sabe disso – Assenti – Bem, depois do acidente ele fugia de perguntas que pudessem nos mostrar como ele realmente estava, no inicio as respostas sempre eram “Elena, ela é o importante” e mamãe e eu respondíamos “Nós sabemos, mas como você está?” e ele novamente fugia da resposta, depois de um tempo a resposta era “Meus filhos, eles precisam de cuidados”, se eu não me engano foi quando ele começou a passar noites com as crianças no hospital porque eles estavam fracos e abaixo do peso e precisavam do leite materno, e então eles ficaram bem e Damon passou a dar mais atenção a eles, a cuidar a leva-los somente algumas vezes, a realmente olhar para eles, e foi quando o próprio Damon começou a ficar doente, mamãe achou aquilo o fim e decidiu leva-los por um tempo, Damon conheceu Francesca e ela não foi especial para ele Elena, em nenhum momento, a única coisa que o fez ficar com ela foi o fato de que ela não demorou a descobrir o ponto fraco dele, ele não quer ficar sozinho, e quer proteger as pessoas que tem ao seu redor, no caso, ela falou dos gêmeos para ele, e ele caiu na mão dela.

– Eu sei que ele é seu irmão, mas ela não fez magia para ele ficar com ela, ele escolheu isso e...

– Sim, mas quem você acha que colocou na cabeça dele que “Os gêmeos precisavam de mãe” que “Ver Elena todos os dias é deprimente” e que “Os gêmeos ficariam mal se soubessem e estado da mãe deles” ? – Balancei a cabeça negando – Eu não estou defendendo ele, nem poderia, mas essa mulher entrou na cabeça dele como uma doença, se instalou e o fez acreditar em tudo que ela dissesse.

– Rose, seu irmão não era nenhuma criança, ele quem errou. – Ela assentiu com pesar.

– E quem não erra, Elena? Somos todos humanos, erramos, caímos, aprendemos, seguimos em frente, seja oque for que você ache certo, só peço que quando considerar se o Damon merece ou não uma segunda chance, porque eu sei que vai, lembre de como meu irmão pode ser inseguro, paranoico, e quando quer imaturo e sem noção, meu irmão não é um anjo Elena, mas também não é um monstro. – Assenti.

– Esqueceu que ele tem uma irmã maravilhosa. – Falei e ela esticou os braços me abraçando forte.

– Se disser a ele qualquer parte dessa conversa, eu nego até a morte. – Ela falou rindo e batendo nas minhas costas.

– Será que sua mãe quer ajuda? – Perguntei quando ela me soltou e ela negou rapidamente deitando no sofá com a cabeça nas minhas pernas.

– Pelo que conheço da Mama Salvatore, se chegarmos perto daquela cozinha seremos aniquiladas – Ela falou com um sorriso e esticando os braços para Jack que se levantou e veio aos tropeços para perto da mãe – As únicas pessoas que ela deixa chegar perto da cozinha são os netos, de resto, você morre.

– Onde está o pai deles? Não me lembro de ter visto o Trevor no casamento – Ela segurou Jack um pouco mais forte e voltou a se sentar no sofá – Ohh, eu disse algo errado?

– Não é que... Trevor e eu nos separamos.

– Desculpe Rose, eu não sabia – Falei rapidamente – Eu sinto muito.

– É, acontece que ele tem mais dois filhos além do Jack e Chris – Olhei para ela surpresa e Jack levantou o rosto a escutar seu nome – Chris tem 6 anos e Mike tem 5, sem esquecer da Lisa de 3.

– Então ele... – Ela assentiu – Eu sinto muito.

– É, eu também sinto, só que mais por eles, eles sabem que tem irmãos, mas eles nunca se veem e desde que Trevor e eu nos separamos eles só veem o pai duas vezes por mês, não que ele cumpra o acordo – Ela falou com pesar – Mas vamos mudar de assunto, como você está indo com os gêmeos.

– Bem, eu acho... eles são meus filhos então eu tenho essa idolatria por eles, mas não sei se eles já passaram a me ver como mãe, sabe uma mãe de verdade, a que vai dar colo sempre que precisar, que vai beijar todos os machucados, acho que a Francesca ainda está um pouco nesse lugar. – Ela balançou a cabeça negativamente.

– Não se preocupe com essa vadia, ela nunca mais vai se meter na sua relação com eles, e você tem todo o tempo do mundo com eles agora – Jack jogou o carrinho em Rose que olhou para ele – Oque foi?

– Vloooooommmm. – Ele falou rindo com a mão na boca.

– Isso é um carro e não um avião seu bobinho – Ela pegou o brinquedo e devolveu para ele – E nada de jogar na mamãe.

– Vlooooommmm. – Ele arremessou o carrinho em mim dessa vez, não chegou a doer já que ele não lançou forte, mas eu fiz uma cara de choro falsa.

– Na tia Elena também não! – Rose falou alto e pegou o carrinho dessa vez colocando em um lugar alto – Pede desculpa para a sua tia agora!

– Clulpa? – Ele falou fazendo um biquinho e erguendo os braços pra mim, aquele menino era tão fofo que dava vontade de morder.

– Oh seu pequeno terrorista, é claro que eu desculpo. – Peguei ele dando vários beijo em sua bochecha.

Depois de ligar a televisão para distrair Jack, Rose e eu conversamos por um tempo, segundo ela, Trevor e ela estavam casados a 5 anos, e um dia ele chegou em casa e jogou a bomba que tinha dois filhos fora do casamento e que iria morar com a mãe deles, oque ele fez, mas não aguentou duas semanas e se mudou para Califórnia, agora ele vai a Itália uma vez por mês para ver os filhos, oque ele faz a cada dois meses, depois de quase uma hora falando sobre ela decidiu me fazer perguntas.

– Como foi o acidente? – Ela perguntou e eu abaixei a cabeça – Não precisa responder.

– Não, é só que... não são boas memórias – Me mexi um pouco no sofá – Eu tinha terminado de colocar os bebês no berço, Damon queria pegar o álbum estupido dele e apesar de eu tentar impedir, ele entrou no quarto e pegou, o energúmeno do seu irmão deixou o álbum cair e eles acordaram, acho que aquilo despertou uma cólica ou só Deus sabe oque neles e eles começaram a chorar, liguei para minha mãe e ela me ofereceu um remédio que faria o choro passar, eu fui na casa dela e então peguei o remédio, voltei para o carro, eu estava naquela estrada de areia que fica entre a casa da minha mãe e a do Damon, eu olhei para baixo por um segundo e quando olhei para estrada tinha um carro literalmente na minha frente, e depois eu não lembro muito, não lembro nada, para falar a verdade.

– Está explicado – Ela falou e eu a olhei confusa – Quando o médico falou sobre o coma profundo tudo que o Damon falava era: “É minha culpa” “Aquele maldito álbum” “Deveria ter sido eu” “Oque eu fiz?”

– Não foi culpa dele, foi um acidente, ele sabe disso. – Ela balançou a cabeça incerta.

– Não sei muito se é isso mesmo, segundo ele “acidentes não acontecem acidentalmente” – Ri e ela me acompanhou – Ele se culpava por ter acordado eles naquela noite sabia? Era o jeito dele de transferir a raiva e a culpa para alguém.

– O jantar está pronto meninas, venham. – Grace gritou da cozinha e nós nos levantamos, ela pegou Jack e fomos até a mesa, Grace já tinha arrumado a mesa e assim que nos sentamos ela colocou os pratos na nossa frente, para Jack era algo diferente, não sei exatamente oque, depois que ela se sentou fomos liberadas para provar.

– Santa Grace! – Falei depois da primeira garfada – Venha morar aqui, por favor.

– É só chamar querida, adoro cozinhar para você, diferente dessa daqui – Ela apontou para Rose – Você sabe apreciar um bom prato.

– Claro mãe, Elena é puxa saco porque você é sogra dela, já eu sou a filha então posso falar a verdade – Ela falou rindo e Grace deu um beliscão nela que deu um saltinho na cadeira – Ai, doeu mama.

– É, acha que só porque tá grandinha pode me desrespeitar? Você sempre amou minha comida só ficou chata assim depois que cresceu. – Grace falou séria me fazendo rir.

– Mas devo admitir mama, isso está incrível. – Rose falou em um suspiro e Grace abriu um sorriso vitorioso.

– Esperem para ver a sobremesa, ainda gosta de torta de maça, Elena?

– Gostar? – Perguntei indignada – Eu amo torta de maça, eu casaria com uma torta de maça, eu e torta de maça, isso sim é true love.

– Damon tinha ciúmes de você com a torta de maça da mamãe, chegou até a pedir para você escolher entre eles uma vez lembra? – Rose falou rindo baixo.

– Eu escolhi a torta, ele ficou sem falar comigo por uma semana. – Ri com a lembrança.

– Você ainda vê um futuro com meu filho Elena? – Grace perguntou e eu parei de rir – Desculpe, mas eu precisava perguntar.

– Bem Grace, eu vou ser sincera com você, a única coisa que eu vejo no futuro agora é a torta de maça. – Tentei ficar séria, mas acabei rindo.

– Ok, não precisamos falar sobre isso agora, não é? – Rose falou, voltamos a comer conversando sobre assuntos menos desconfortáveis, Jack acabou se engasgando e dando um susto em todas nós, mas ele logo se recuperou, Grace retirou os pratos e colou grandes e suculentos pedaços de torta de maça na nossa frente, ataquei a torta como se não houvesse amanhã – Como surgiu esse seu amor platônico por torta de maça?

– Acho que a primeira vez que eu comi essa maravilha dos deuses foi... no meu primeiro encontro com o Damon, antes disso eu nem sabia oque era torta de maça. – Elas arquearam as sobrancelhas surpresas, eu voltei a comer a torta enquanto memórias brincavam em minha mente.

Flashback On

Não contive o sorriso ao perceber que as mãos do moreno a minha frente tremiam enquanto ele passava aqueles lindos olhos azuis pelo cardápio, ele olhou para mim e eu levantei um pouco o cardápio impedindo que ele visse meu rosto.

– Acho que... – Falamos juntos e rimos um pouco envergonhados.

– Você primeiro. – Ele abaixou um pouco o cardápio olhando em meus olhos.

– Que cavalheiro, obrigado – Fechei o cardápio e o deixei em cima da mesa – Acho que uma Vitela ao Porto e compota de frutas secas.

– Sim... Vitela ao Porto e compota de frutas secas? – Assenti.

– Você não gosta? – Perguntei – Oh, meu Deus você é vegetariano.

– Não, é só que é o preferido do Stefan. – Ele voltou a olhar para o cardápio.

– Encontrei alguém pior do que eu em primeiro encontro – Sussurrei, mas ele ouviu já que olhou para mim curioso – Dica para o futuro: nunca mencione o ex da garota no primeiro encontro, principalmente se ele for seu irmão.

– Desculpe, eu não pensei antes de falar – Ele abaixou os olhos novamente – E eu não planejo que tenha outro primeiro encontro.

– Como assim?

– Só pode ter um primeiro encontro em um relacionamento, e esse é o nosso. – Ele sorriu e eu senti borboletas no meu estomago com o olhar doce e sincero.

– Retiro oque eu disse, você é ótimo nisso. – Ele assentiu erguendo a mão e chamando o garçom.

– Oque vão querer? – Um homem com um terno perfeitamente arrumado chegou ao nosso lado.

– Uma Vitela ao Porto e compota de frutas secas para essa bela dama – Damon respondeu – E um Coq au vin para mim.

– Algo para beber, Senhor? – O homem perguntou.

– Gostaria de um vinho Elena? – Damon questionou, assenti levemente – Alguma preferencia?

– Não sou muito boa com nomes de bebidas. – Admiti.

– Qual você me recomenda? – Ele se dirigiu ao garçom que apontou um vinho na carta.

– Essa é uma das melhores safras que temos aqui. – Damon assentiu.

– Parece ótimo, uma garrafa por favor – Depois de pegar a carta de vinhos o homem saiu – Eu fui bem?

– Oque? – Perguntei confusa.

– Nunca pedi um vinho na minha vida, eu fui bem?

– Melhor impossível. – Ele assentiu.

– Então, oque você faz Elena? – Ele perguntou interessado.

– Publicidade e você?

– Administração.

Depois de uma longa conversa nossos pratos chegaram assim como o vinho, ficamos comendo tranquilamente em meio a risos e algumas poucas vezes que realmente ficamos envergonhados por dizer algo errado, quando acabamos era hora da sobremesa, pegamos novamente os cardápios.

– Oque você me sugere Sr. Salvatore? – Perguntei passando os olhos rapidamente pelo cardápio.

– Sinceramente? – Assenti – Eu.

– Algo que eu possa comer. – Esclareci.

– Quem disse que não pode? Minha mãe sempre diz que eu sou um doce. – Ele nem abriu o cardápio.

– É sério, são tantas coisas gostosas.

– Pare de me paquerar, Elena! Eu já entendi que sou gostoso. – Revirei os olhos olhando para ele.

– Vai me ajudar ou não?

– Porque não ficamos com um clássico? – Fechei o cardápio e esperei que ele continuasse – A torta de maçã daqui é incrível.

– Eu nunca provei.

– Torta de maçã? Você nunca comeu? – Neguei – Uma americana que nunca comeu uma torta de maçã é como um italiano que nunca comeu massa.

– Ah, mas se eu comesse tudo que nós comemos acabaria obesa. – Falei rindo.

– Vamos resolver isso agora – Ele ergueu a mão novamente e o garçom se aproximou – Duas fatias de torta de maçã e dois milk-shakes, por favor.

– Já vi que vou sair daqui enorme. – Brinquei.

– Vai continuar linda – Ele me olhou de tal forma que senti meu coração pular e começar a cantar a canção mais linda e feliz da terra, ficamos nos olhando por um tempo até que o garçom chegou com as tortas e os milk-shakes – Experimenta e me diz se gostou.

– Ok – Peguei um pedaço da torta e levei boca, olhando para aqueles olhos azuis que me deixavam sem ar – Eu amei, com certeza meu favorito a partir de hoje.

Flashback Off

– Por favor, façam mais visitas assim. – Pedi enquanto levava Grace e Rose até a porta.

– É só chamar, ficarei feliz em vir. – Grave me abraçou forte, mas me soltou rápido dessa vez.

– Eu vou embora semana que vem, então... vou pegar muito no seu pé até lá. – Rose arrumou Jack que já dormia em seu colo e me deu um abraço.

– Eu fico tão sozinha aqui qualquer visita é bem vinda. – Elas assentiram.

– Até logo, bambina. – Grace falou enquanto se viravam.

– Até.

Fechei a porta e fui até o banheiro do meu quarto e tomando um banho relaxante, apesar do pouco movimento do dia eu estava exausta, talvez Nathan tenha razão e eu precise fazer exercícios mais vezes, assim que sai do chuveiro vesti um pijama quentinho e me joguei de barriga na cama, me enrosquei nos lençóis e liguei a televisão, estava prestes a dormir quando o telefone tocou, me sentei na cama e atendi o aparelho.

– Alo? Elena? – Reconheci ser a voz de Damon.

– Quem fala? – Fingi curiosidade, mesmo sabendo quem era.

– É o Damon, desculpe ligar agora, mas tem dois pequenos querendo dar boa noite pra mãe. – Ele falou com uma voz doce.

– Claro. – Logo depois um barulho foi ouvido e as vozes suaves de meus filhos no fundo.

– Oi mamãe! – A primeira a falar foi Bella – Eu queria dar boa noite.

– Boa noite, princesa. – Senti meu coração se apertar por não poder dar um beijo nela.

– Queria que você estivesse aqui. – Foi Miguel quem se pronunciou dessa vez.

– Eu estou, só não fisicamente, mas em pensamento eu estou com vocês o tempo todo.

– Não é a mesma coisa. – Bella falou em tom melancólico.

– É, eu sei, mas quando eu ver vocês eu vou enche-los com tantos beijos que esse tempo sem nos vermos nem vai fazer diferença. – Tentei me convencer disso.

– Boa noite, estou com sono. – Bella falou e depois deu um longo bocejo.

– Boa noite, meu amor – Pensei em como eu queria estar cobrindo ela nesse momento e dando um beijo em sua cabeça, mas eu não podia – Boa noite, filho.

– Boa noite. – Miguel respondeu com uma voz cansada e meio arrastada. Esperei por um tempo até que tudo que se ouvia era uma respiração leve e tranquila deles.

– Minha mãe já saiu dai Elena? – Damon rompeu o silencio.

– Sim, agora a pouco – Ele fez um barulho concordando – Ela fez torta de maça.

– É a especialidade dela.

– Damon, a culpa do acidente não foi sua – Falei, e poderia jurar que conseguia ouvir seu coração – De alguma forma oque aconteceu teria acontecido, com ou sem álbum, agora ou daqui a vinte anos, não se pode mudar o destino.

– Acho que eu passei tanto tempo colocando a culpa no álbum que é estranho pensar que a culpa pode ter sido do destino. – Ele riu baixo.

– A culpa não é de ninguém, só queria que soubesse disso. – Falei bocejando, também estava com sono.

– Durma bem, Elena. – Ele falou bem baixo.

– Você também.

Depois de desligar o telefone eu voltei a me enrolar nos lençóis e tudo que eu conseguia pensar era em como eu queria voltar no tempo, voltar para meu primeiro encontro.