Fred caminhou para o meio do terreno, onde todos os outros anjos estavam caídos.

– Vocês foram muito bons. – O anjo negro caminhava olhando para a frente, e falava como se estivesse sozinho. – Suas técnicas me impressionaram muito, mas ainda não estavam em um nível alto para me deter. E agora... É o fim de vocês.

Mariah era a única desperta entre os demais, mas não quis falar nada para não chamar a atenção de Fred. Queria saber como Nesse estava, mas o anjo da água estava longe dela, e ele ainda estava desmaiado, com a garganta provavelmente quase destruída. E quanto aos outros... Todos estavam desacordados. Race era o que mais havia sofrido danos, e ainda recebeu um ataque daqueles... Seria sorte se ainda estivesse vivo. Enquanto fitava o anjo negro caminhando para o interior daquele campo sangrento, ela pensava o pior. Como isso chegou a esse ponto? Estávamos em maior número, e... Eu tenho certeza que somos fortes o suficiente. Não é? A ruiva se questionava, já não sabia em quê acreditar, não fora forte o bastante, o peso da culpa a inundava no peito. Que aquilo deveria estar nos outros também. Principalmente para aqueles que foram na missão anterior e enfrentaram vários anjos caídos. Mas havia algo estranho em Fred. Mariah sentia isso. O único que provavelmente está mais forte é Ralph. Mas ele não está aqui. O que vai acontecer com a gente?

Fred balançava a Fogo Negro no braço, e suas asas negras se moviam impacientemente. Ora ou outra o anjo negro apalpava a cabeça com a mão demonstrando tontura. Ele chegou até certo ponto, no meio do campo, e começou a flutuar com o uso das asas, até chegar ao céu nublado e cinzento, mas que provavelmente não iria chover.

– Está mais que na hora de resolver isso... – Fred estendeu um dos braços para cima, e uma esfera de fogo surgiu, antes pequena, mas que começava a aumentar cada vez mais, cobrindo o céu com a sua altitude. – Não há mais nada que reste a vocês senão lamentações, eu os deixarei vazios por dentro.

Mariah olhava cada vez mais aflita o tamanho do poder de Fred. O que, por sinal, era muito estranho. Até naquela hora, ele começara a usar fogo sombrio, e até enlouquecera com a sua Primeira Possessão. Que foi o bastante para derrotar dois Querubins. Mas seu poder voltara ao normal. E a prova disso era a tamanha bola de fogo que ele estava criando para exterminar a todos.

Saco! Ele pretende nos queimar? Eu... Preciso fazer alguma coisa para salvá-los! Mariah pensava rapidamente, mas o golpe que ela levara fora o bastante para não conseguir se mover, e sua energia estava baixa, mas ela não queria desistir. Eles precisavam de ajuda, e ela tinha esperança que o seu capitão iria ajuda-los.

Isabelle percebeu a presa dos amigos em relação ao tempo. E não era de se esperar. O céu estava todo nublado e deixara o dia cinzento e escuro, ela resolveu sair um pouco. Enquanto passeava pela cidade, sentia um mal pressentimento. Mas não sabia dizer o que era. Parecia que aquele dia estava fadado a dar errado. Todos estavam fechados e sérios desde que Ralph partira, e ela achava que o garoto loiro com cabelos espetados deixava a todos mais relaxados, até ela mesma. De certo, sua personalidade engraçada e descontraída a deixava feliz e calma. Ele a aliviava com o seu jeito de ser.

De repente, uma grande explosão aconteceu. Primeiro foi o grande estrondo que assustou Isabelle, depois foi o abalo. Parecia que a cidade estava sofrendo um terremoto. Prédios estremeceram com o fenômeno repentino, pessoas corriam apressadas para fora de alcance do local. Outras iriam direto para o local saber o que aconteceu, a garota queria sair dali, mas achou muito estranho o que havia acontecido, e resolveu também dar uma olhada.

Chegando perto do lugar, uma nuvem de fumaça e poeira se levantou. E Isabelle quase não conseguia ver para onde estava indo. Quando conseguiu ver aonde estava as outras pessoas, percebeu que estavam fugindo. Mas, quando aconteceu, foi muito rápido para Isabelle perceber, mas um prédio que estava perto dela estava ruindo. Ou melhor, despencando. O forte choque contra o chão fez a garota cair com tudo no chão, e já ficou tonta sem saber o que distinguir, só o que via era escuridão e fumaça.

Ralph e Chen chegaram no Templo da Harmonia. Gabriel ficou surpreso em ver o loiro tão cedo desde sua rápida visita ao treinamento. O garoto, por si só, demonstrava determinação e felicidade por concluir o seu treinamento carregado em seu rosto. Com um sorriso reluzente.

– Oh, vejo que venceu seus desafios, Rafael. – Entoou o Arcanjo.

– Sim. Muito obrigado, comandante. – O loiro não deixava de sorrir. Segurava a Vingadora Indomável em uma das mãos. – Não teria conseguido nada sem a sua ajuda!

– Hum. Amador. – Resmungou o panda. – Pois bem, comandante. Entrego Ralph aos seus serviços. O treinamento acabou. Ele pode ser considerado um verdadeiro soldado.

– Ótimo, Chen. Bom trabalho. – Disse Gabriel, satisfeito. Depois se dirigiu para Ralph – Rafael, você deveria usar uma bainha para a sua espada. É melhor para carregar.

– Oh, é mesmo. Tinha me esquecido disso. – Ralph olhou para a cintilante Vingadora Indomável. Um dos soldados apareceu com uma bainha feita de couro. Era para a cintura, mas o loiro preferiu coloca-la em suas costas, lhe pareceu mais confortável. Ele agradeceu mais uma vez o Arcanjo.

– Rafael, pode voltar à Haled. – Disse Gabriel. – Mas quero lhe assegurar que lá está perigoso para anjos desacompanhados como você.

– Hum? Perigoso? Como assim?

– Houve relatos de um anjo inimigo poderoso que pode acabar com mais de 20 Querubins de uma vez. – Pronunciou o Arcanjo, com o seu tom de voz sério, um coro cantando uma melodia melancólica.

– Um anjo de Miguel, talvez? – Perguntou Chen.

– Duvido muito. A sua Legião não caminha desse jeito pela Haled. – Respondeu Gabriel, pensativo. – Não tenho certeza, mas pode ser que os seus companheiros estejam em perigo.

– Nesse caso, preciso ir até lá o quanto antes. – Disse Ralph, preocupado, mas firme. – Com a sua licença.

– Boa sorte, Rafael. Espero o seu relatório.

O loiro se despediu de Chen e avançou correndo para saída do Templo. O panda o fitou ao longe, pensativo.

– Comandante, esse garoto é uma criança. E age feito um adulto.

– Esse é o jeito dele se preocupar com os outros. – Respondeu Gabriel, distante.

Chen não evitou de dar uma pequena risada.

Ralph cruzou o vórtice e logo se encontrou com a praia. Percebeu que o céu estava bem nublado. O que parecia ser um mal sinal. Ele concentrou a sua aura. E se assustou. As auras de todos estavam miúdas, e uma grande energia, uma energia maligna se concentrava perto dos seus amigos. E parecia que a aura de Race estava quase extinta.

– Não! Eu tenho que ir direto para onde todos estão! – O loiro liberou as suas asas e seguiu correndo, até alcançar velocidade o suficiente para poder voar. Ele as pressionou com toda a sua força para poder chegar rápido até onde todos estavam.