Ralph pôde sair do hospital pela manhã. Ele percebeu que muitas pessoas haviam se machucado muito naquela semana, e ele se sentiu um pouco culpado pelo o que acontecera. Mas o mais incrível foi em uma semana seus ferimentos se curassem tão rápido. Essa era uma das vantagens de ser um anjo.

Ralph passou pelos corredores até chegar na recepção. Desceu as escadas do lado de fora do hospital. Antes, que havia silêncio no hospital, fora dele era uma barulheira só. A cidade ainda estava se reerguendo do incrível golpe de Ralph, agora ele entendia o que Mariah estava querendo dizer.

– Ela tem razão. Eu não sei ser discreto. – Ralph comentava consigo mesmo, olhando o estrago que causara. Vários prédios ainda estavam caídos, destruídos, obstruindo várias ruas e passagens. Algumas ruas tinham quilos de areia que atrapalhavam pedestres e motoristas, além de carros e árvores virados e jogados aqui e ali, parecia que um tornado havia descido ali e acabado com tudo. Ou pelo menos, era o que parecia.

Ralph teve bastante dificuldade para chegar em casa. Como havia muitas pessoas nas ruas que estavam limpas, era muito difícil achar um bom lugar para se desmaterializar. Quando finalmente chegou na sua casa, ele chamou pela mãe e pelos amigos.

– Ralph! Já recebeu alta! – Nesse que atendera a porta e saudara o amigo. – Entra logo! Está uma confusão lá fora.

– É... Eu percebi. – Ralph ainda estava um pouco constrangido pelo o que fizera.

– Não precisa ficar tão nervoso. Você superou algo que muitos anjos não puderam. – Confortou Nesse. – Apesar que não precisava ter destruído a cidade, então, é um meio ponto para você.

– Pra mim é menos que isso! – Mariah desceu as escadas com o seu ritmo de conversa que era adorável. – Ah, olá Ralph.

– Oi... É assim que você cumprimenta as pessoas? – Ralph não acreditava que Mariah ainda agia sem se importar.

– É. Briga primeiro e cumprimenta depois. – Esclareceu Nesse. – Acostume-se com isso, Ralph.

– É isso ai! – Concordou Mariah, fazendo uma pose. – Vamos comer! Estou faminta!

– Eu mereço. – Ralph estava deprimido. – Sou acusado de quase ter destruído a cidade inteira e ainda aturo uma desnaturada.

– Não fique assim. Gabriel vai dar um jeito nisso. – Nesse tentava confortar Ralph, mas não adiantava, os dois caminhavam para a cozinha.

– É, e em mim também. – Completou Ralph, dando um longo suspiro. – Adeus, vida.

– Ralph! – Dona Melly estava na cozinha , preparando o café. Mariah já estava sentada na mesa. – Nem o vi chegar. Como você está agora?

– Estou melhor agora. – Ralph abraçou a mãe e sentou-se à mesa.

– Os dois me disseram que foi você que quase destruiu a cidade. – Comentou Dona Melly, concentrada no café.

– Ah, sim... Eu estava fazendo o meu trabalho, eu acho... – Respondeu Ralph. – Bom, mais ou menos.

– Bom, antes destruída do que enterrada. – Comentava Mariah.

– Enterrada, mas o que... – Dona Melly foi interrompida pela campainha, Ralph ia atender a porta, mas ela já estava se dirigindo para lá. – Deixa que eu atendo.

– Ei, Mariah. Não precisa também comentar tudo o que a gente enfrentou. – Ralph comentou baixinho para a mãe não escutar.

– Mariah, ele tem razão, você exagerou dessa vez. – Concordou Nesse. – Já pensou se ela descobrir que enfrentamos raptores? Ela não deixará Ralph partir outra vez.

– Partir...? – Ralph coçou a cabeça um pouco. – Ah, sim...

– Ralph, vem ver quem é! – Dona Melly ainda estava na porta. Havia alguém com ela, mas Ralph só conseguiu ver quem era quando se aproximou o bastante.

Ralph viu que era Isabelle e de repente ficou vermelho.

– Olá, Ralph. – Isabelle estava diferente. Vestia um vestido rosa que batia até os joelhos, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo. Ralph não conseguia tirar os seus olhos para o rosto de Isabelle. – Porque está tão vermelho?

– E – Eu... Só tomei... Café demais... – Ralph estava se constrangendo ainda mais. – Eu acho que ouvi o Nesse c – chamar...

Ralph se virou e se dirigiu para a cozinha o mais rápido possível.

– Não sei o que deu nele, hoje. – Comentou Dona Melly, sem entender a expressão do filho. – Pois bem. O que você queria mesmo?

– Ah, sim. Eu queria pedir para ficar aqui por um tempo mais. – Isabelle estava sem jeito de pedir aquilo. – M – Meu pai desapareceu completamente! M –Minha casa está toda vazia e não conheço nenhum parente.

– Oh, querida. Claro que pode ficar! – Dona Melly a acolheu. – Você é parte da família!

Ralph quase se engasgou com o que Dona Melly havia dito.

– Céus, Ralph. O que houve? – Perguntou Nesse. – Está muito exaltado hoje.

– Acho que só não tive uma noite boa. – Esclareceu Ralph, recuperando o fôlego.

– No jeito que você é... Aposto que estava sonhando com ela! – Mariah apontou para Isabelle. Ralph quase tem vontade de enforca-la.

– Nãao! N – Não é nada disso! – Ralph ficou vermelho de novo. – Mariah, vá se...

– Calma, Ralph. Você está muito nervoso hoje mesmo! – Dona Melly veio para a cozinha com Isabelle. – Isabelle vai ficar com a gente por mais uns dias.

– Tudo bem, mas acho que precisaremos sair daqui. – Comentou Mariah. – Já não é mais seguro.

– Ir pra onde, então? – Questionou Isabelle.

– Não se preocupem, nós temos um esconderijo que pode nos servir. – Confortou Nesse. – Fica um pouco longe da cidade, mas não tão longe assim.

– Porque você fala “esconderijo”? Se não é uma casa é... – Isabelle foi interrompida por Mariah. – Calma lá. Nós o chamamos assim porque... É uma casa afastada e é quase escondida, por isso!

O improviso ajudou bastante.

– Ah, agora eu entendi! – Isabelle deixou de ficar preocupada. – Assim fico menos preocupada.

Dr. Kima apareceu no Campo de Projeção e se referenciou para O Mestre. Junto dele estava Slam.

– Quero os relatórios. – Ordenou O Mestre. – Você primeiro, Slam.

– Sim, Mestre. – Slam fez uma pausa. – Ralph está muito mais poderoso que nunca. Parece que ele derrotou San Areno usando uma técnica mais forte, e ela quase arrasou a cidade inteira.

– Como são incompetentes. – O Mestre mostrava desprezo. – A única punição que merecem pelos seus erros é a própria morte.

– P – Perdão, Mestre. – Slam mostrou desespero e preocupação em seu tom de voz. – Se quiser que eu vá atrás dele agora, eu posso...

– Chega! Eu já disse o que você tem que fazer! – O Mestre intimidou ambos os subordinados.

– Sim... Mestre.

– Agora... É você, Kima. – O Mestre se dirigiu para o cirurgião espião.

– Meu Mestre, parece que Isabelle ficará juntos deles agora. – Esclareceu Dr. Kima, acredito que isso possa atrapalhar um pouco os planos.

– Tem razão, Kima. Não posso deixar uma mundana qualquer com eles. – O Mestre fez uma pausa. – Suponho que eles poderão se mudar dali por causa dos ataques do Quarteto Sombrio e a confusão na cidade.

– Tem certeza?

– Sim. Quero que vocês descubram que lugar será esse, ainda mais quero que aguardem um pouco porque terão que cuidar da garota.

– O quanto tempo for preciso. – Respondeu Dr. Kima.