Tenshi no Tamashi escrita por AoiTakashiro


Capítulo 27
Capítulo 27 - Danos colaterais


Notas iniciais do capítulo

Conheçam um dos Sete Céus!!! Ou pelo menos uma parte dele.



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Tudo o que Ralph via era escuridão.

Ele sentia que estava em um sonho. Sabia que sim. Mas ele não sabia onde estava, e ele parecia estar sozinho. Onde estava Nesse e Mariah? Aos poucos ele foi percebendo que a negritude do local começou a se mover. Está se mexendo? Foi então percebeu que ele não estava emitindo som nenhum. Só era apenas o seu pensamento. O que é isso? Aquela negritude continuava a se mover, ondulando, em uma certa direção. Ralph olhou para esta direção e viu que aquela negritude estava se formando um redemoinho enorme.

Ralph tentou correr. Tentou gritar. Mas nada saia de sua boca. Socorro! Enquanto ele era sugado por aquele redemoinho. Ele viu uma sombra que havia aparecido. Parecia um homem, de capa preta que se mesclava à escuridão. Ralph não conseguia ver o rosto dele, e além disso, ele estava sendo absorvido por aquele redemoinho. Eu vou morrer! Ralph ainda tentava gritar, mas não adiantava. Até que ele conseguiu ver que o tal homem havia tirado o capuz que cobria a sua cabeça. Mas antes que pudesse ver o seu rosto, Ralph foi sugado completamente por aquele redemoinho. A única coisa que ele vira do homem em seu rosto foram... Os seus olhos, que cintilavam mesmo com aquela negritude.

Ele tinha olhos azuis.

Ralph acordou respirando com dificuldade e estava todo suado por causa daquele sonho. Se é que ele poderia chamar aquilo de sonho. Ralph se acalmou e tentou descobrir aonde ele estava. Ao que parecia, era uma enfermaria. Ele estava em uma maca de madeira com vários tecidos brancos bem confortáveis. Ele percebeu que o seu braço que outrora havia sangrado o suficiente para ele desmaiar estava cheio de bandagens e o melhor, pensou Ralph, já não doía mais.

Ele se levantou da maca e seguiu em direção a saída. Ele viu que aquela ala era bem grande, tinha ao todo dezesseis macas de madeira cheias de feridos. Alguns anjos se deixavam à mostra, deixando que os outros vissem suas asas feridas, pernas engessadas, etc. E outros que se mantiveram escondidos em véus brancos que se sustentavam um pouco acima das macas, deixando o indivíduo com um pouco de privacidade.

Ao sair da enfermaria, ele pôde saber mais aonde ele estava. Era o que digamos ser um acampamento. O terreno ali era bem rochoso, o eu dava para perceber que estavam em uma montanha. Ralph caminhou devagar, vendo as barracas que ali estavam anjos fazendo coordenações, outros fazendo pequenos curativos e outros que ajeitavam armaduras prateadas e cintilantes que ardiam os olhos de Ralph só de ver.

Finalmente, ele avistou Mariah e Nesse, conversando de costas para ele. Ao se aproximar os dois amigos ficaram felizes e distribuíram seus abraços.

– Ralph, que bom que você está bem! – Exclamava Mariah, abraçando-o fortemente.

– Ficou inconsciente por uns dois dias. – Comentou Nesse.

– Nossa. O que aconteceu comigo? – Ralph não se lembrava direito.

– Você forçou demais o seu braço e ele quase foi amputado. – Comentou Mariah, já o largando.

– Quanta força, hein. – Brincou Nesse.

– Eu acho que me empolguei com a batalha. – Retrucou Ralph. Ainda tentando se lembrar dos detalhes, mas só se lembrava de fumaça e areia voando para todos os lados.

– O importante é que conseguimos fugir de Slam. – Mariah e Nesse estavam seguindo em direção à um templo que ficava logo à frente. – Venha, Ralph. Vamos te apresentar Gabriel.

– Não brinca!

– É sério. – Mariah deu uma risada e pegou na mão de Ralph, guiando-o. – Vamos logo.

Os três adentraram o templo. Ele era conhecido como o Templo da Harmonia. Era de tamanho pequeno, mas mesmo assim parecia enorme por dentro. O interior era branco e reluzia a luz que entrava do portão principal. Tinha cerca de quatro fileiras de colunas que sustentavam o templo. E bem à frente, sentado em um presbitério, estava Gabriel, O Mensageiro. Era um dos cinco arcanjos. Ralph sempre soubera de Gabriel, mas vê-lo ali na frente dele era como estar em um sonho. As vezes ele pensava que estava em um.

– Meu comandante. – Mariah prestou uma reverência e ficou curvada. Nesse e Ralph fizeram a mesma coisa. – Nosso amigo, Rafael. Acordou e está bem.

– Ei! Não precisa me chamar de Rafael! – Ralph cochichara baixinho para apenas Mariah ouvir.

– E daí? É legal. – Mariah deu uma risada baixa e se calou quando O Mensageiro despertou de sua meditação.

– Grande Comandante, este é Ralph. – Mariah deu uma afastada para Ralph passar. – O trouxemos para o manter seguro.

– Ótimo, Mariah. – A voz de Gabriel era uma sinfonia de pessoas falando ao mesmo tempo, além de ser uma voz serena e bem calma. – Bom trabalho.

– Obrigada, comandante. – Mariah fez mais uma reverência e ficou do lado de Nesse, curvada.

– Então, você é Rafael? – Disse Gabriel para Ralph, que quase se engasgou e assentiu com a cabeça. Gabriel tinha olhos cor de caramelo, cabelos curtos e castanhos e trajava uma armadura dourada com contornos prateados. – É um grande prazer lhe conhecer. Você tem o nome do meu amado irmão Rafael.

– O – Obrigado, comandante. – Ralph fez uma reverência. – O prazer é todo meu.

Gabriel chamou Mariah novamente. Ralph fizera a mesma coisa que Mariah e ficara do lado de Nesse, que nada disse. Mas a sua expressão não era boa. Xi! Acho que agora é a bronca! Ralph olhou novamente para Gabriel, que já não tinha mais a sua expressão calma.

– Mariah, eu havia lhe dado uma importante missão. – Ralph percebeu que as asas que Mariah as deixara retraídas estavam se mexendo impacientemente, sinal de que ela estava nervosa. – Você não conseguiu cumpri-la, nem você, nem Nesse. Quase botaram mais gente em perigo.

– Eu sei, comandante. – Mariah falava quase gaguejando, parecia a ponto de chorar. – Não fomos bons o bastante. Aceito qualquer punição que o comandante caberá a mim.

– Espere, comandante. – Ralph pedirá permissão para Gabriel para ele poder falar. – Permissão para falar?

– Permissão concedida. – O coro de vozes era ainda calmo e sereno.

– Eu entendo que os dois tenham falhado na missão. – Ralph deu uma pausa. – Mas, na possível situação. Eles tentaram de todas as formas de querer me proteger.

– Sim, mas como o inimigo fora mais astuto. Ele separou os dois de você além de fazer reféns. – Gabriel olhou para Mariah e Nesse, que não dissera uma única palavra.

– Eu sei, mas...

– Você foi obrigado a lutar. Mas acabou perdendo a luta. Teria morrido se não fosse isso que está dentro de você. – Gabriel falava sério, mas não perdeu o tom da calma.

– Sim, senhor. – Ralph já não sabia mais o que falar. – Obrigado pela permissão. – Ralph voltara a se curvar.

– Mariah. – Gabriel voltara a sua atenção para ela. – Acredito que não tenha nenhuma punição para nenhum dos dois.

Mariah olhou surpresa para os firmes olhos de Gabriel.

– Mas... Uma coisa muito importante para nós é a amizade entre nossos companheiros, e uma das coisas que preserva isso é a verdade de suas ações. Sabe do que eu estou falando.

Ralph não entendia do que Gabriel estava se referindo.

– Sim, senhor. – Mariah engoliu em seco. – Obrigada.

– Você e Nesse estão dispensados. – Gabriel voltara a se sentar no presbitério. – Quero falar a sós com Rafael.

Acho que Ralph teria que se acostumar ao ouvir o seu próprio nome e não o seu apelido.

– Como queira, senhor. – Mariah fez novamente a reverência e se dirigiu para Nesse. – Eu... Preciso falar com você.

Os dois anjos se afastaram de Gabriel e Ralph, indo em direção a saída do templo.

– Você parece ser um anjo exemplar, Rafael. – Gabriel se dirigiu para Ralph, que quase toma um susto. – Vejo que você não gosta de mentir para ninguém.

– Não, senhor. – Mas ele ainda não entendia porque Gabriel falara aquilo para Mariah. – Mas se me permite perguntar, porque disse aquilo para Mariah.

– Você descobrirá a razão em breve.

– Agradeço. – Ralph sentira uma imensa confiança estando diante de Gabriel. Aquilo seria a sensação de estar em frente a um arcanjo?

– Eu preciso falar com você, Rafael. – Gabriel ficara sério. – Sobre o que está dentro de você.

– Por favor, comandante. – Ralph era sincero. – Eu preciso saber o que é essa coisa dentro de mim.

– Claro, eu direi. – Gabriel respondeu com uma calma e abrangia Ralph. – Isso deixará as coisas bem claras.

Finalmente Ralph iria saber o que era aquilo dentro do seu corpo. Ele finalmente aceitara que ele era um anjo. O que mais ele poderia ser? Ralph engoliu em seco. Estava ansioso para saber o que ele iria ouvir de Gabriel. Tinha ansiedade e um pouco de medo também.


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Notas finais do capítulo

Qual será a grande verdade de Gabriel?