Slace ainda fitava Ralph flutuando envolta de várias ondas de vento. O rosto de Ralph estava sem expressão, ele mesmo parecia que havia desmaiado.

– Mas como isso é possível? – Slace estava confuso, assustado. – Eu estive tão perto...

Ralph abriu os seus olhos. Suas pupilas já não eram azuis como o mar, mas como os de uma águia pronta para atacar. Os ferimentos espalhados pelo seu corpo começaram a se curar e Ralph intimidou Slace com um rugido de raiva. Ele expeliu as suas asas, que estavam um pouco mais selvagens. Garras cresceram em suas mãos e Ralph expeliu o poder de sua aura, ainda rugindo, seu poder era imenso e fazia a membrana do plano físico oscilar, além de estar empurrando Slace para longe com a sua “nova força”.

Slace levantou aturdido, mas ao olhar novamente para Ralph. Ele viu que alguma coisa estava crescendo atrás dele. Como uma cauda. A tal cauda cresceu até ficar na altura de Ralph, e ela era estranha, era branca e pontuda, com pêlos brancos que a cobriam e fazia movimentos aleatórios.

– O-O Mestre sabia disso?! – Slace falava com medo. Como se “aquilo” não fizesse parte da encomenda. – Isso não fazia parte do contrato!

Ralph rugiu mais uma vez, fazendo Slace se calar. E então Ralph assumiu posição de ataque, e seguiu em direção em direção de Slace, mas ele foi tão rápido que Slace nem teve tempo de se defender, Ralph surgiu atrás de Slace e começou a atacá-lo com as suas garras, arremessando-o para cima. Slace tentou se manobrar no ar, mas Ralph foi mais rápido e apareceu novamente atrás de Slace e o lançou contra o chão, destruindo a calçada.

Longe dali, em um dos sete céus, Gabriel meditava tranquilamente. Quando uma energia muito poderosa fez a membrana oscilar e havia desfeito a paz e a calma que estivera ali.

– Que aura é essa? – Perguntava Gabriel para si mesmo. Sua própria voz parecia um coro de vozes cintilantes.

– Não, eu conheço essa energia. Então ele se libertou. – Gabriel fechara os olhos. – Isso não é um bom sinal. Então depois de tanto tempo a Besta finalmente se libertou.

Mariah finalmente havia chegado na esquina no ginásio quando avistou a calçada quebrada e, Ralph voando sobre ela, com uma aparência muito diferente. Ela ficou horrorizada.

Ralph havia jogado Slace no chão, e havia rachado a calçada. Mas ele desceu e desferiu um soco na cara de Slace que destroçou a calçada mais ainda. Slace tentou escapar dando um chute e Ralph se afastou o suficiente para ele se levantar e preparar as suas armas. Mas no momento em que Slace ia lançar suas facas, Ralph usa a sua “cauda” e o joga contra a parede do ginásio, o arrasta mais para cima, e o arremessa para o telhado.

Mariah apenas via o acontecimento, estava paralisada por causa da aparência de Ralph. Até que uma voz familiar soou de dentro do ginásio. Nesse.

– Nesse? Você está bem? – Mariah ouviu Nesse ofegando, mas ele respondeu. – Sim, estou bem. Mas preciso que me ajude a quebrar essa porta. Eu não consigo.

– Tá bem, deixa comigo. – Mariah se afastou da porta. – Se afaste da porta, Nesse!

Mariah incendiou a porta que, como ela era de madeira, foi facilmente tostada, liberando a passagem.

– Obrigado. – Mas assim que Nesse saiu do ginásio ele desmaiou. – Nesse!

– Droga. Ele foi mortalmente ferido! – Disse Gotay. – Precisamos leva-lo para casa!

– Água... Água. – Nesse murmurava. – Eu preciso... de água.

– Calma, Nesse. – Mariah não conseguia manter as lágrimas. – Eu vou te ajudar.

Mas no mesmo momento houve um tremor. Ralph ainda estava lutando contra Slace, encima do telhado do ginásio, que parecia desabar.

– Saiam do ginásio! – Alertou Mariah.

Lá encima, Slace tentava sem sucesso acertar Ralph com as suas lâminas. Mas Ralph era muito rápido, principalmente no ar. Slace lançou milhares de facas contra Ralph, que desviou delas feito vento. Ralph então “socou” o ar e a pressão do seu golpe fez Slace se desequilibrar. Então Ralph começou a tentar atacar ele com a sua cauda.

Ralph bateu três vezes seguidas com a cauda sobre o telhado do ginásio, que acabou cedendo. Slace agiu rápido e se segurou na cauda de Ralph, que tentava derrubá-lo movimentando sua cauda, impaciente.

– Droga! – Reclamava Slace, já sangrando pela boca. Ele apanhou uma faca. – Vou cortar a sua cauda!

Mas antes que pudesse fazer isso, Ralph balança a cauda pra cima, deixando Slace a uma altura em frente ao braço de Ralph. Que o acerta com um Whirlwind na cara. O poder do golpe foi tanto que Slace largou a cauda de Ralph e saiu voando durante todo um quarteirão. Ralph não o esperou cair e logo foi atrás dele.

– Ralph, não! – Gritava Mariah, ainda tentando ver se o seu amigo estava ali. – Droga ele não me escuta.

– Vá... Atrás dele. – Nesse ainda ofegava

– Tá bem. – Mariah havia parado de chorar. – Por favor. Leve Nesse para a sua casa e dê água para ele. – Ela se dirigia para Dona Melly. – Eu vou procurar Ralph e trazê-lo de volta.

– Tudo bem. – Concordou Dona Melly, aflita. – Por favor salve o Ralph.

Slace havia sobrevoado um quarteirão inteiro e só parara em um beco. A batida do impacto o deixara acabado. Estava todo coberto de sangue. Dele. E ao que parecia ele quebrara uma perna.

– Droga. – Slace reclamava para ele mesmo. – Eu... Preciso sair daqui!

Mas antes que pudesse sair do beco. Ralph apareceu ainda no mesmo jeito e o encurralou ali. Não tinha dúvidas. Slace estava preso.

Mariah conseguiu percorrer o quarteirão que Ralph havia arremessado Slace. Ela tinha que trazê-lo de volta. Era a sua missão.

– Droga! – Ela se amaldiçoava. – Não era pra isso acontecer! – Lágrimas escorriam do seu rosto. Ela voltara a chorar. Falhamos em nossa missão! Pensara Mariah. Não podíamos deixar uma coisa dessas acontecer!

– Eu me sinto culpada por isso! – Mariah chorava e soluçava. – Foi minha culpa que Nesse se machucou. Foi minha culpa que Ralph se transformou. Minha culpa!

Slace ainda tentou escapar, lançara suas últimas facas contra Ralph, numa tentativa de distração. Mas não dera certo. Algo invisível bloqueou o trajeto das lâminas, que giraram no ar e todas caíram no chão. Slace engoliu em seco enquanto ofegava.

– Não vou deixar... – Slace blefava exausto. -... Que eu ganhe um Fim de Jogo!