Tenshi no Tamashi escrita por AoiTakashiro


Capítulo 169
Capítulo 169 - Consequências


Notas iniciais do capítulo

Depois de vários pedidos, EU TÔ DE VOLTA!! YEAH!! Só peço desculpas pela demora pessoal :v Faculdade é complicado >< ajshasjahsjhajsh mas é isso, povo. Boa leitura!!



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Primeiro de tudo, Isabelle não sabia se estava sonhando.

Se aquilo fosse algo de sua imaginação, ela só teria gostado dessa parte.

Toda a tensão que estava sentindo havia se esvaído. Mas em compensação, estava tão chocada com aquele par de asas nas costas de Ralph que não conseguia expressar reação nenhuma. Sua mente estava em branco. Suas mãos estavam geladas, apesar que ainda estavam repousadas nos ombros do loiro.

De repente, ela ouviu alguns ruídos se aproximando dela, como se fossem estalos. Porém, isso a fez sentir o coração, que bombeou com força. Era uma sensação de perigo, só que foi tomada por outro sentimento em um instante.

***

Ralph agiu tanto por impulso quanto queria.

Naquele momento, ele ficou dividido entre sua parte humana e sua parte angélica. Seu lado humano ficou totalmente extasiado com aquele momento. Nunca que em nenhum momento em sua vida ele imaginaria que receberia um beijo de... de Isabelle. O ato queimou seu corpo por completo, como se aquilo o revivesse novamente. Novo em folha. Só que sua mente mal acompanhou o que estava acontecendo naquele mesmo instante.

Suiren havia liberado sua técnica mortal, Chuva de Aço. As gotículas de água dispersadas calculosamente por entre os dois reagiram ao comando. Uma chuva pesada e barulhenta surgiu, mas o instinto protetor angélico do loiro agiu mais rápido. Numa fração de segundos, o par de asas cobriu o corpo de Isabelle e num salto desviaram do golpe mortal dos pingos metálicos. Ralph abriu suas asas, espalhando uma forte rajada de vento, espalhando os resquícios da chuva.

Quando Isabelle deu conta de si, estava apoiada nos braços do loiro, sendo erguida por ele. Os singelos movimentos das asas brancas de Ralph a cativavam de forma graciosa. Logo, ela sentiu uma forte pressão de vento a rodear, enquanto o loiro a segurava com força por entre seus braços.

Ela então viu sua expressão, mas já sabia o que ele estava sentindo naquele momento.

Ralph estava furioso.

— Como ousa?! – O loiro rangia seus dentes. – COMO OUSA FAZER ISSO COM ELA?! – Sua aura se irrompeu por completo ao seu redor, causando rachaduras por entre o solo. A pressão da aura só não assustava a Suiren como a expressão furiosa do anjo.

Isabelle contemplava a determinação do garoto de continuar intimidando. Porém, nesse momento, ela se engasgou pela pressão cardíaca e desmaiou.

— C – Como é possível?! – A forma de Suiren havia voltado ao normal. – Era para você estar sem...

Suiren não terminou sua frase ao ver a fúria do loiro. Ela sentiu uma crise de desespero, mas ainda tentou manter sua pose.

— N – Não se precipite! Ainda posso matar a garota. Esqueceu que tenho um pouco da minha aura nela?

Ralph grunhiu. Mas em vez de recuar, ele avançou aos passos.

— Você não fará mais nada contra ela. Isso eu garanto! – Conforme o loiro caminhava, o chão rachava perante sua aura. Uma corrente de vento o rodeou e formou acima de sua cabeça um pássaro de aspecto selvagem, que grunhiu como se estivesse com mais raiva do que o próprio Ralph.

— Como pode ter certeza? – Suiren estendeu sua mão. – Posso esmagar seu coração agora...

— NÃO PODE, NÃO!

Em um segundo, o pássaro de vento a atravessou com tudo, expelindo sangue de suas costas, além do impacto do golpe rápido a fazer ser jogada contra um destroço. Ao se chocar contra a pedra, ela cuspiu muito sangue. Seu abdômen estava totalmente ferido.

— EU VOU PROTEGER ELA! CUSTE O QUE CUSTAR! – Ralph berrou com toda sua raiva, e o pássaro de vento soltou um berro logo em seguida, criando uma pressão esmagadora contra a General, fazendo tremer todos os seus ossos. Ela fitava o loiro emitindo toda sua determinação e coragem para enfrentá-la com uma garota aos seus braços.

Suiren apertava a ferida em seu torso. Ela conhecia aquela expressão. Aquele sentimento. Era o mesmo que sentia para com Lucífer, desde que virou um de seus seguidores. Ela também já havia sentido aquela vontade de proteger a quem ama, não importasse o quanto, há muito tempo atrás.

Esse garoto está sendo movido totalmente por suas emoções. Do contrário estaria sem poder nenhum.

Suiren fitava tanto ele quanto o pássaro selvagem gigante.

Como ele não pode usar seus braços, ele criou uma personificação de sua fúria para me atacar... seus sentidos estão mais aguçados mais do que nunca! É diferente de antes quando estava segurando seu poder e o emanou de uma vez só!

A General engoliu em seco. Se dependesse da raiva do loiro, ela morreria ali mesmo.

Mas então, ela sentiu uma pressão vindo de longe.

***

Dentro do Golem de Nessie, os anjos inconscientes estavam se recuperando aos poucos. Aziel e Rimeria fitavam seus companheiros em silêncio. Todo o plano havia dado errado. Tinham sido pegos como ratos pelos demônios e os Anjos Caídos. Aziel chegou a pensar seriamente que acabaria morrendo em algum momento.

Mas aqueles rebeldes a ajudaram e a seus companheiros. Até tinha se simpatizado com eles. Que coisa!

Claro que ela não poderia comentar nada disso com seus superiores, afinal, ela era uma Legalista. As Legiões de Miguel eram totalmente fiéis às ações do Supremo Arcanjo. E ela sabia que Rimeria pensava igual.

Porém, naquele momento, diante de toda aquela situação, tinha como estar contra os rebeldes? O líder deles havia sofrido muito, talvez até mais que ela mesma pelos seus companheiros e por si mesmo. Ela apenas não entendeu o porquê de o anjo ter se submetido para aquela mulher ruiva, o que ela tinha que poderia deixá-lo desarmado?

Seria possível que aquela mulher poderia ser uma...? Hum. Talvez. Os rebeldes são uns tolos que se rebelaram contra as ordens de Miguel quanto às relações com os seres humanos. Chega a ser patético... mesmo assim, deve ter sido muito sofrido para ele...

O toque de Rimeria em seu ombro a fez sair de seus pensamentos.

— O que foi, Rimeria?

— Ralph está com problemas. Precisamos ajudar.

— Vamos apenas nos intrometer nos assuntos dele. Não precisamos ter essa necessidade. Vamos levar nossos companheiros. Eles já estão fora de perigo.

— Mas...!

— Nada de mas! Temos que relatar o que aconteceu o mais depressa possível. Além disso, se ficarmos aqui mais um pouco, nossas energias vão se esgotar por completo. Não temos que receber mais cuidados desses rebeldes.

As duas carregaram seus companheiros e liberaram suas asas, alcançando pouca velocidade por causa do cansaço. Por um momento, as duas olharam para trás, para onde alguns anjos ainda estavam lutando.

Sei que você vai sair dessa, Ralph. É bom que você fique vivo para ver que a nossas Legiões são o caminho certo!

Pensou Aziel, com um sorriso de desafio.

Não sei o que você e a Áries viram nos rebeldes, Belfrior. Mas verdadeiros artesãos sabem o que devem fazer, por isso estou nas Legiões! Espero que todos fiquem bem.

Pensou Rimeria, com uma expressão de preocupação por todos.

As duas ganharam altitude, e num instante estavam fora do alcance da cidade.

***

Nessie ergueu Mariah em suas costas, a boca da ruiva estava suja de sangue negro. Ele sentiu o momento em que alguns anjos foram tirados de seu Golem. As Legalistas devem ter partido. Elas o deixaram para resolver as coisas. Que prático.

Mas naquele momento, eles tinham coisas mais importantes do que se importar com o fato delas relatarem o acontecimento primeiro para Miguel. O mais importante era o agora!

Nessie suava frio, a demanda para manter seu Golem o estava degastando muito. Ele não aguentou ficar em pé.

— Gigan, carregue Mariah! Eu vou tentar fazer algo! – Exclamou Belfrior, totalmente atônito com o que estava para acontecer a seguir.

Ralph grunhia constantemente. Sua visão estava focada em Suiren, assim como o pássaro. Tanto que em dado momento ele já não sabia dizer se ele estava vendo por ele mesmo ou pelo pássaro.

Suiren, por outro lado, estava desesperada, mas nesse instante ela sentiu um pequeno tremor, algumas pedrinhas tremeram ao lado dela. Apenas sabia o que aquilo queria dizer. De qualquer forma, ela apenas sabia que tinha que fugir dali o mais rápido possível. A ferida em seu torso doía muito, o que a fazia se contorcer, mal conseguia se manter ereta pela dor.

Eu... eu preciso sair daqui...!

O pássaro selvagem gigante a intimidava. A General respirou fundo e prendeu sua respiração, um instante depois ela estava saltando por entre os destroços com toda a velocidade que podia, enquanto o pássaro selvagem a perseguia com toda fúria.

— NÃO VAI FUGIR! – Berrou Ralph. – ATRÁS DELA!

O pássaro se atiçou e atacou constantemente os destroços, tentando acertá-la, enquanto a General estava totalmente assustada.

— Pare, Ralph! Ela está recuando, devíamos fazer o mesmo! – Exclamou Belfrior.

— NÃO! EU NÃO VOU DEIXAR ELA FUGIR ASSIM! – Esbravejou Ralph, olhando para trás, na direção do Serafim. – EU NÃO VOU PERDOÁ-LA!

O pássaro ficou ainda mais agressivo e a atacou com tudo, que ela mal pôde fazer senão olhar aterrorizada pelo impacto vindo. Uma nuvem de poeira surgiu há alguns metros à frente.

Ralph começou a tremer por que nesse momento não sentiu mais a aura de Suiren.

Belfrior notou que toda a tensão do loiro havia se esvaído. O loiro caiu de joelhos, enquanto fitava o rosto adormecido de Isabelle, sendo erguida por ele pelos seus braços. Lágrimas escorriam de seu rosto. Ele se encolheu diante de tanta pressão que havia sentido.

— Que bom que você está bem... – Murmurou o loiro, chorando baixinho.

Belfrior fitava o loiro em silêncio enquanto o pássaro o rodeava acima, até se dissipar por completo em uma brisa comum em um cenário de desastre. Nisso, Ralph deitou de lado com a ruiva ao seu lado. Quando o Serafim se aproximou, notou que os dois estavam inconscientes.

— Ora, pelo visto ainda é um ser humano, apesar de tudo... – Expressou Belfrior, aliviado.

***

Quando as autoridades chegaram na cidade e acharam os moradores desorientados, lhes fizeram várias perguntas, mas nenhum deles soube dizer exatamente o que havia ocorrido. Apenas às buscas nos destroços viriam a descobrir que mais da metade da população havia perecido por terem encontrado as carcaças dos Raptores (ou o que sobrou delas). Os moradores sobreviventes foram encaminhados para abrigos públicos e receberam atendimento psicológico, mas nunca saberiam dizer o que ocorreu naquele dia.

O governo decretou que a entrada à cidade estava estritamente proibida até que ela ficasse fora da zona de perigo. O que muitos se perguntaram se isso iria mesmo acontecer. O acontecimento passou por todas as redes de televisão, foi alvo de diversas críticas e especulações, porém cerca de uma semana depois, as notícias se reduziram às novidades das equipes de busca. Logo depois, somente os conhecidos se lembrariam da cidade ou ela seria citada como um lugar de desastres.

***

Naquela tarde, Belfrior ligou para a casa de verão e pediu para que Fred viesse ajudar. Felizmente, ele já estava melhor, porém ainda estava com uma cara horrível. Quando soube de tudo o que aconteceu, ele chorou pelo irmão ter sofrido tanto. Queria poder ter ajudado. Mas foi de grande ajuda para levar todos de volta ao lar.

Graças a ele, foi o único que confortou Mariah por causa do Sangue Negro que foi injetado nela. De acordo com as informações dele, o efeito nauseante passaria caso ela se alimente bem e receba a água purificadora de Nessie.

— Falando nisso... – Começou Belfrior, junto a todos na sala de estar, exceto Ralph, Isabelle e Race. Já havia se passado três dias em que tudo aquilo havia ocorrido. -... e quanto às Legalistas? Elas ficarão bem?

— Estou certo de que os Legalistas devam ter seus próprios métodos para purificar eles. – Assegurou Fred. – Eles têm anjos como o Nessie, não?

— É, acho que sim...

Áries notou que Belfrior expressava certa preocupação pelos outros anjos, mas achou melhor não dizer nada. Ela instintivamente olhou para as escadas, preocupada com o Querubim mais idiota de todos.

— Acho que precisamos falar de algo mais urgente que isso... ai!... – Grunhiu Gigan, sofrendo por causa dos ferimentos que ainda estavam sarando. – O caso de Ralph. Isso é um grande problema.

— É, tem razão. – Belfrior estava pensativo. – Na verdade, é um caso de vida ou morte.

— O fato dele ter se mostrado como anjo para Isabelle é tão sério, assim? – Perguntou Fred.

— Muito mais sério do que imagina. – Belfrior suspirou. – Temo que nem mesmo nós Serafins podemos fazer algo quanto a isso.

Fred pressionou suas mãos contra as pernas. Estava com um mal pressentimento.

Mariah era quem se sentia a mais culpada dali. Ela se levantou e se desculpou com todos.

— Isso é tudo culpa minha...! Se ao menos eu estivesse com a cabeça no lugar quando eu fui enfrentar Toru, isso não teria acontecido...! Eu... eu não teria sido capturada por Kazan, e...

Quando ela percebeu, estava chorando de novo.

— Não adianta chorar por isso agora. – Disse Jack. – Todos nós nos arriscamos demais diante dessa batalha. Fomos totalmente pegos pela armadilha daqueles dois Generais. Só o fato de termos escaparmos com vida é algo surreal.

Todos ali queriam dizer que aquelas palavras eram um exagero, mas tinha sua porcentagem de verdade. Jack não estava querendo menosprezar ninguém, apenas estava mostrando a realidade. E aquilo era algo real.

— Por que o sangue negro resolveu agir logo agora? – Fred olhava para si mesmo com completa indignação. – Eu... eu poderia ter feito algo...

— E o que você faria? – Questionou Jack. – Sem ofensas, mas o Race te enfrentou de frente e, você viu como ele voltou dessa batalha, não é?

Fred engoliu em seco.

— Não é hora disso, pessoal. – Jack se levantou. – É sobre o Ralph de quem estamos falando. Todos nós temos nossa parcela de culpa, mas é ele quem pagará por isso, não é? Não acham que deveríamos falar com ele sobre isso?

— É, tem razão... – Concordou Nessie. Ele estava surpreso que Jack estava sendo tão receptivo com eles, já que antes ele mal dizia uma palavra. Ralph realmente o havia mudado, ainda mais com a responsabilidade que o loiro havia tido de enfrentar seu irmão mais velho. – Está previsto para os guardas chegarem em pouco tempo. Não sei se ele está acordado, mas podemos tentar falar com ele sobre isso.

Todos subiram as escadas em silêncio, já que os repousados ainda estavam dormindo. A porta do quarto de Ralph estava fechada. Nessie abriu a porta devagar:

— Ralph, está acordado? Nós podemos...

Mas o loiro não estava lá.

O quarto estava vazio. O cobertor da cama estava revirado e a janela estava aberta. A cortina esvoaçava com o vento da noite.


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