Tenshi no Tamashi escrita por AoiTakashiro


Capítulo 166
Capítulo 166 - Seja Maneiro até o Fim!


Notas iniciais do capítulo

DEPOIS DE MUUUUUUITO TEMPO LONGE DAS PÁGINAS DO WORD, AQUI ESTOU EU DE VOLTA COM MAIS UM FUUUUCKING CAPÍTULO QUE É DE EMOCIONAR CORAÇÕES!!!!!!! UMA SUPER LUTA COM DIREITO A UM INCRÍVEL DESFECHO!!!!
Boa Leitura ;D



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O calor do ambiente aumentava cada vez mais. O suor escorria como lágrimas pelo rápido movimento que os dois anjos faziam. Kazan estava a alguns metros acima deles, mas com aquela névoa alaranjada e espessa com o formato de um rosto demoníaco que os impedia de prosseguir. Não havia outra alternativa senão subir, pelas grossas grades de plasma, que chiavam com o tamanho de poder que detinham. Ralph estava pensando em somente atacar, mas esperava desesperadamente por alguma brecha que o General pudesse lhe dar. Algo aconteceu depois deste pensamento.

A boca do imenso rosto demoníaco se abriu.

Inúmeras rajadas de energia saíram do orifício fantasmagórico, mas os dois estavam tão concentrados pela adrenalina que automaticamente desviavam dos projéteis, mas isso os segurava de se manterem sempre na mesma velocidade, visto que o loiro era muito mais rápido.

Ele deve estar tentando nos separar...

Cogitou Ralph, indo na frente. Metros atrás estava Nessie encarando os golpes flamejantes de frente por seu Golem ser muito grande, mas isso não o dava danos e sim o retardava de continuar.

Desse jeito ele vai ser pego primeiro...

O loiro olhava de relance para baixo, enquanto pensava numa forma de contornar aquele fogo cruzado e ajudar o parceiro, mas foi surpreendido quando uma flecha azulada de quase dois metros de comprimento passou ao seu lado, dissolvendo-se ao entrar em contato com o rosto demoníaco gigante.

— Isso é um aviso, Kazan! – Berrou o anjo das águas, enfurecido. – Isso não vai me impedir!

Ralph cessou a velocidade. Soube naquele momento que seu plano de ataque direto seria completamente inútil. Em vez disso, desembainhou a Vingadora Indomável e seguiu para a sua esquerda em extrema velocidade. Nessie só conseguia visualizar movimentos ao ar destruindo as rajadas de energia.

O que está fazendo, Ralph?

De repente, o loiro começou a repetir os movimentos, fazendo loopings e círculos no ar. As rajadas de energia que passavam por perto eram destruídas só pela pressão do vento.

Mais rápido...eu preciso ser mais RÁPIDO!

Após alguns segundos, Nessie enfim entendeu o que o loiro estava fazendo. A formação circular de Ralph reunia aos poucos uma grande quantidade de vento, que além de abalar as rajadas jogadas contra eles, ainda...

— É uma medida de resfriamento! – Nessie estava impressionado com o rápido pensamento do loiro naquelas circunstâncias. Ele claramente notou que com o somente o poder deles não conseguiriam ultrapassar a névoa ardente. O Golem se impulsionou com tudo e em instantes o anjo estava envolto naquele anel comprido de vento. Nessie não conseguia ver Ralph e, ficou surpreso quando ele mudou sua posição e a pressão do vento se quebrou e formou-se dois anéis, inclinada e horizontalmente, um dentro do outro.

O anjo das águas queria se comunicar com o parceiro, mas daquele jeito seria impossível. Até que ele começou a notar algo vindo de seu Golem. No primeiro momento, achou que eram batidas, depois percebeu que eram na verdade vibrações em contato com o vento. Logo, Nessie entendeu que aquelas vibraões se davam pela variação de pressão. As pequenas ondas vibratórias que se propagavam pela água chegavam aos ouvidos de Nessie, que soube que havia padrão nelas.

É um código! É assim que ele está se comunicando!

Após demorar uns instantes para entender o código, Nessie ficou reflexivo, pensando se aquela estratégia daria certo. Logo, ele emanou sua aura pela água do Golem, enviando ondas diferentes, o que acabou espalhando um pouco de água ao seu redor.

Ele está querendo nos tirar dessa mas precisamos trabalhar juntos para fazermos isso direito! Eu também tenho um plano!

***

Ao alto dos céus, a ardência daquela névoa infernal deixava tudo amarelado. Kazan estava usando de toda sua mente para subjugar os dois anjos que não cediam. Além de ter a incumbência de matar Ralph, custasse o que for para aquilo ser realizado.

A função daquela névoa espessa era uma medida defensiva e, claro, ofensiva para ser usada como meio de ataques à distância. Porém, a mente do General estava perturbada e seu corpo estava danificado quase por completo. Demônios de nível alto tem altas chances de recuperação, mas contra armas sagradas, já era outra história. Só de tocar na aura de um anjo puro era prejudicial. Ele não sabia se Ralph tinha conhecimento disso, mesmo que fosse um pensamento óbvio. Mas, aquele anjo o havia surpreendido por ter conseguido arrancar seus dois braços com perfeição por entre suas estratégias.

Sim, ele estava surpreendido, mas mais do que isso, estava frustrado.

Ouvi dizer que ele é um humano, também. Isso explica suas maluquices. Humanos... humanos sempre foram imprevisíveis de todas as formas. Grr... isso me traz antigas lembranças...

Um resquício de suas memórias surgiu em sua mente, mas ele a ignorou. Naquele momento, ele tinha que deter aquela nova estratégia que aquele anjo maluco estava tramando. Seus olhos demoníacos espiavam por entre aquela névoa densa, algo que para ele era algo normal.

— Hora de te mostrar o que um verdadeiro estrategista lida com medidas patéticas de um ser inferior que desde sempre teve medo do fogo!

***

Os dois anjos continuavam a alimentar aquele conjunto de anéis de vento. Ralph tinha a ideia de criar um tornado de vento, mas aquilo estava sendo muito mais difícil do que pensava.

Achei que isso era normal para um anjo do vento, mas está demorando muito para conseguir criar um com perfeição!

Ralph havia lhe mandado sua estratégia por códigos pelas ondas vibratórias. Ele aprendera aquela técnica de comunicação com Belfrior, durante os poucos momentos que tinham de folga até realizarem aquela missão. O loiro apenas sabia algumas palavras, mas o aprendizado foi útil de qualquer maneira.

De repente, o loiro começou a se sufocar. O ar estava lhe escapando.

O ar que havia coletado havia se dispersado. Além disso, estava faltando oxigênio para que pudessem respirar calmamente. A garganta do loiro estava seca em tão poucos segundos. Ele encarou a névoa densa acima deles com o rosto frustrado e surpreendido.

— Maldito... ele aumentou... a temperatura dessa gaiola de plasma...!

— Ralph, cuidado! – Nessie o encobriu com uma pequena camada de água, fazendo-o se desviar de um golpe alaranjado que vinha na direção do loiro. Os dois anjos estavam chocados, por não vir somente da boca do monstro, mas da névoa em si vários demônios menores feitos de magma e fogo. – Ele está criando bombas suicidas!

Os dois começaram a se desviar dos monstros, mas eles eram espertos. Eram invocações, então seguiam os comandos que Kazan dera a eles como, “persiga os dois anjos”, “exploda a tal distância estabelecida entre eles”. Agora, além deles estarem quase sem fôlego, estavam cercados por todos os lados.

— Nessie... – O loiro chamou a atenção do parceiro sem desviar sua atenção para os inimigos.

— O que foi?

— É do jeito como você disse. Se não trabalharmos juntos, vamos apenas morrer aqui... – O loiro escolhia bem suas palavras, pela sua garganta estar seca. – Você me conhece, não é? Sabe o que eu estou pensando?

O anjo das águas ficou surpreso com o que ouvira, mas depois esboçou um sorriso.

— É claro. Quando quiser.

***

Mariah e os outros corriam como podiam, mas parecia que a estrada não tinha fim. Também não havia como ou onde se esconder, já que a cada segundo as grades feitas de plasma se moviam no intuito de mata-los. Race e Jack estavam desacordados, seriamente feridos, e isso não era uma exceção para Gigan, que levara tantos golpes dos espinhos de água de Suiren, porém conseguia ainda se mover e manter a consciência graças à Áries, que constantemente mandava mensagens mentais a ele, “Você consegue! ”, “Vai ficar tudo bem! ”.

Obrigado, Áries!

O Querubim robusto agradecia mentalmente à companheira que, na sua opinião, estava em um estado mental muito pior. A jovem Serafim desvanecia algumas vezes devido ao imenso uso de seus poderes, seus olhos mal se mantinham abertos, mas ela se recusava a desmaiar, não depois de ver que todos estavam seguros.

Belfrior estava encarregado de levitar Jack e os outros Legalistas. O ferimento que levara nas costas já não lhe era mais uma complicação. Agora, ele queria se dedicar mais do que qualquer um, enquanto seu atual capitão estava lutando contra o verdadeiro inimigo.

Mariah corria na frente, ignorando toda dor que podia sentir em seu estômago e corpo. Ela estava invicta que deveria correr, fugir, escapar, por sua vida. E não a vida de mais ninguém. Aziel a encarava de longe, e fazia o mesmo com os outros anjos rebeldes que se aliaram à Gabriel. Ela notou que Rimeria estava fazendo o mesmo.

— O que acha, Rimeria? - Ela cochichava com ela para não chamar a atenção do Serafim, por ele pensar em querer ouvir o que elas estão pensando.

Rimeria estava encarregada de manter um clima ameno diante de todo aquele calor de batalha. A geada que ela criava tinha propriedades especiais, relaxavam os músculos tensos e proporcionava uma melhor renovação corporal. Ele era uma artesã, um subgrupo dentro das funcionalidades de um Ishim. São anjos que usam dos seus poderes elementais para construir as construções estabelecidas nos Sete Céus. Ela, assim como um número alto de artesãos que se aliaram ás Legiões, foram colocados no Quinto Céu, Celestia. O lar dos Serafins, com suas mansões e pontos de estratégias para combate. Graças a eles, as construções são resistentes a bombardeios e ataques.

Porém, por passar tanto tempo com os Serafins, soube como seus raciocínios funcionavam. Os Serafins Legalistas eram esnobes e opressores, suas ordens eram para serem obedecidas ou tiravam as memórias de seus servos. E para um artesão, perder a memória de como fazer seus trabalhos era a mesma coisa que lhe tirar o sentido de viver. Muitos amigos de Rimeria enlouqueceram por esse fato. Por isso, quando ela recebeu a missão de Miguel para seu primeiro reconhecimento, seu objetivo era cumprir o objetivo com louvor, para que seu Comandante ficasse satisfeito para que, talvez, ela pudesse receber mais valor aos seus conhecimentos.

Naquele momento, em vez de serem eles, os Legalistas a dominarem a situação e tomar aqueles rebeldes como prisioneiros para Miguel, estavam sendo ajudados por eles, não por não terem escolha, mas por terem algo em comum: todos eram anjos.

Aquilo era um sentimento que Rimeria conservava mais do que tudo. Era o bem mais precioso que tinham recebido do Pai. Eles poderiam não ter o livre-arbítrio como os humanos, mas suas convicções de agir pelo bem de sua casta e entre eles mesmos era o que o tornavam conscientes de que estavam existindo por algo. Com aquela guerra entre o Céu e agora o armistício, isso tudo se tornou uma dúvida para muitos como ela. Por isso, ela estava confusa. Ouvira o plano de Aziel, de que quando fossem salvos daquela situação horrenda, eles obrigassem os anjos rebeldes a serem julgados por Miguel, no intuito de “vão receber o que merecem.”.

— Acho... – Ela tornou a falar depois de um tempo. – Que devemos esperar mais um pouco.

— Do que está falando?! – Aziel estava impaciente. – Está simpatizando com eles?

— De forma alguma. Anjos rebeldes sempre serão anjos rebeldes. – Ela respondeu, ríspida. – Mas exceções podem existir e, o armistício ainda está de pé. Não acha que o Senhor Miguel os perdoará por terem nos ajudado?

— Você quer que solicitem uma audiência entre a Rebelião e as Legiões? Ficou doida?! Sabe que o Castelo da Luz pode ser destruído se isso acontecer, não é?!

Rimeria enrijeceu. Sua cara ficou séria e encarou Aziel.

— Uma guerra não é feita apenas com lutas e pilhagens. Assim como esse armistício, os confrontos podem ser impedidos se os justos forem reconhecidos e usados como exemplos.

— Mas...

— Ou você está me dizendo que meus amigos artesãos e seus amigos que ficaram contra nós não são justos?

— Não. Pois não se juntaram conosco. São traidores, assim como todos os rebeldes.

— Então está apenas agindo como os humanos. Você também viu o que eles fizeram em sua última guerra, não é? Eles não quiseram escutar o outro lado, apenas pilharam e destruíram uns aos outros. E...

Quando as duas perceberam, estavam sem fôlego. A discussão as cansara rapidamente. Os outros anjos notaram o motivo da conversa, mas não quiseram dizer nada a respeito.

Antes que elas pudessem voltar a apressar, Belfrior as contatara.

— Nós também estamos pensando no que fazer quando esse confronto acabar. Mas, até lá, precisamos nos concentrar no que está à nossa frente. Sei que confrontos passados nos torna inimigos, mas isso será tudo o que restar se não sairmos daqui o quanto antes.

— Não precisa dizer isso duas vezes, Serafim. – Retrucou Aziel, avançando para a linha de frente. – Até que meus companheiros estejam a salvo, saiba que deve cuidar deles mais do que a si mesmo!

Belfrior queria retrucar, mas resolveu não criar um conflito de ideias.

Rimeria estava se dirigindo para onde Aziel estava, até que notou que Áries estava caindo. Antes que ela tombasse no chão, a Legalista a segurou pelo braço, colocando-o por entre os ombros. Ela fitou o rosto da loira e ficou assustada. Áries estava mal conseguia abrir os olhos, sua boca estava entreaberta e sua mente, praticamente desvanecida.

— Ei, você está bem?

Com os poucos milímetros de seus olhos abertos, ela visualizara os dois Querubins que sobrevoavam um pouco a frente delas.

— Preciso... continuar...

Gigan, assim como todo Querubim, tinha todos seus sentidos aguçados, incluindo a audição naquele momento. Ao ouvir os murmúrios de Áries, ele fitou o rosto do parceiro desacordado, que mesmo assim não largava do cabo da espada. Seu corpo baleado tremia.

Race... não morra! O que você faria numa situação dessas...?

***

O suor escorria cada vez mais de seus rostos, com os dois estando encurralados pelos demônios invocados por Kazan. Ralph e Nessie haviam montado um plano, que nem mesmo o General podia escutar da distância em que estavam. Os monstros começaram a atacar, e os dois desviavam e devolviam golpes, avançando por todos os lados.

Nessie prendia os demônios com seus chicotes de água, que queimavam em suas peles, mas a aura do anjo estava tão vívida que o líquido não derretia com facilidade. Já Ralph mirava nos membros dos monstros com a Vingadora Indomável, impossibilitando-os de se moverem, até que o loiro notou algo e se afastou o bastante para não ser pego por uma explosão repentina dos monstros que havia mutilado. O mesmo ocorreu com Nessie, que acabara perdendo os resquícios de água que ainda tinha, com o poder atual, não conseguia mais invocar seu Golem.

Mas isso fazia parte de seus planos.

— Você ainda tem água, não é, Nessie?

— Sim!

— Então... – Ralph levantou seus braços e reuniu energia, o quanto que ele podia até ter a quantidade que queria. – CONTROLE ATMOSFÉRICO! – Sua aura de vento se reuniu por entre seu corpo. Seu poder fez com que as pequenas quantidades de oxigênio remanescentes ali se reunissem ao seu redor. Seus músculos se enrijeceram pela técnica, já que era usada para assistência própria. – Se pensa... que é o único que sabe sair de uma situação, então vou te mostrar... o que um humano pode fazer em tempos difíceis!

Kazan ficou surpreso durante aquele instante.

— NESSIE, AGORA!

— Controle de Umidade! – O anjo das águas proferiu sua habilidade, do qual absorveu parte do oxigênio que rodeava o loiro e aumentou a quantidade de água ao seu próprio redor, onde anéis de água se formavam. – Dessa vez... será a minha vez de mostrar o poder que tenho!

O General ficou pensativo durante aquele tempo em que os dois anjos se prepararam para enfrenta-lo. Um sorriso surgiu em seu rosto. Um único pensamento se encontrava em sua mente, do qual era o que o motivava para exceder seus limites.

VOU MATÁ-LOS! VOU MATÁ-LOS! VOU MATÁ-LOS DA PIOR FORMA POSSÍVEL!

A boca do rosto demoníaco abriu-se novamente, e uma quantidade de energia o rodeava. Um ataque imenso estava vindo. E mais uma centena daqueles monstros suicidas estavam vindo da névoa ardente. Ralph ficou pasmo com a quantidade exorbitante de inimigos, mas Nessie teve a reação contrária.

— SAÍAM DO MEU CAMINHO! – O anjo novamente invocou seu Golem, que já estava armado de seu arco. No momento em que ele invocou sua flecha, um brilho cintilante a circulava, que o loiro percebeu e ficou ainda mais surpreso.

Essas luzes... são faíscas! Então... o Nessie pode colocar “Força” em seus golpes, também?!

— FLECHAS DE TORMENTA! – Uma salva de flechas saltou do arco gigante do Golem, que ao acertarem os inimigos, criava explosões luminosas e enormes. Nessie quase perdera o fôlego da quantidade de poder que estava usando.

— Nessie...

— VAAAAI! – O Berro do parceiro fizera Ralph se impulsionar para a direção do inimigo. Com o uso do Controle Atmosférico, Ralph moveu-se como o vento. O ar que reunia circulava por entre seus movimentos rápidos, nem mesmo as chamas ou as faíscas podiam alcançá-lo, apesar de todo seu esforço. Kazan sabia que ele estava indo ao encontro dele, mas se preparara para isso. O tempo que conseguira usando suas invocações como isca para reunir energia foi o bastante. O rosto demoníaco gigante estava com uma imensa esfera cintilante de energia e calor. Sua massa era tanta que já desfigurava o rosto do monstro.

— MORRA DE UMA VEZ! – Kazan entoou sua voz, que pôde ser ouvida pelos dois anjos. Agora Ralph sabia que Kazan o estava enfrentando com toda sua seriedade. – SUPERNOVA DEMONÍACA!!

A esfera de mais de quatro metros de comprimento saltou da boca do monstro feito pela névoa ardente e desceu para o encontro de seus inimigos. Ralph era o que estava mais perto de ser atingido, mas em vez de procurar recuar, ele foi para cima, assim como ele havia planejado. Reuniu toda a energia que podia no braço direito, e também toda sua força. Seu poder seria mostrado de verdade, diante de tudo o que ele havia treinado, de tudo o que ele havia passado.

— METEOR WHIRLWIND!! – A projeção do golpe elétrico produzido por Ralph aumentou diversas vezes, até produzir uma mão gigante formada por vento e faíscas. Os dois ataques grotescos e gigantes se chocaram, criando barulhos e pequenas explosões. Aquele era a técnica mais poderosa de Ralph, da qual desta vez ele a realizou da mesma forma que usara da primeira vez, porém, como agora ele já sabia como controla-la mais devidamente, não sofreria danos.

Mas a explosão resultante daqueles golpes perigosos poderia matá-lo.

Kazan esperava por isso, por saber que Ralph não ficaria parado e lutaria para proteger o parceiro e subjugá-lo. Era assim que humanos faziam uns aos outros. Os golpes se colidiram por completo, e um brilho veio com o barulho ensurdecedor da imensa explosão.

Uma névoa foi tudo o que havia restado do confronto entre poderes. Estava acabado. A estratégia de Kazan havia sido cumprida como planejara. Sua incumbência estava cumprida. Derrotara Ralph em seu próprio jogo. Ou, era o que ele pensava...

A névoa aos poucos começou a girar, até se agitar violentamente para cima, na direção de Kazan.

Não... não é possível! Ele... ele se queimou completamente apenas para dar continuidade com seu plano...?! O QUANTO ELE CONFIA EM SI MESMO?!

No centro daquele tornado estava Nessie com seu Golem e... Ralph! Estava com o corpo todo queimado. Detinha de várias queimaduras, inclusive no rosto, mas o Golem aos poucos o curava. Kazan nunca imaginara que Ralph se arriscaria tanto para confiar no parceiro de que se ergueriam da situação. Nessie pensava o mesmo. O loiro havia contado sua estratégia, do qual achara que era maluquice, mas era por isso que ele estava ali, para impedir que Ralph se matasse para salvá-lo.

— VAMOS LÁ!! – Ralph brandiu sua voz, enquanto comandava o tornado. Kazan não conseguiu encontrar alguma outra medida para impedir aquele golpe de imediato.

— Parece que não me resta escolha... – O General fitava os dois inimigos completamente enfurecido. – Vão se arrepender por isso...

Um clarão imenso surgiu no céu e explosões consecutivas se originaram uma após a outra. As grades de plasma se irradiaram ainda mais, aumentando sua velocidade. Tudo estava sendo destruído em seu caminho.

***

— O que é isso? O que aconteceu?! – Brandiu Mariah, completamente assustada. O chão abaixo deles começou a tremer, e atrás deles, os gêiseres de fogo estavam cada vez mais pertos. Eles seriam mortos em cerca de poucos minutos ou até segundos.

— Não pode ser... – Murmurou Belfrior. Do jeito que estamos não poderemos nos apressar mais...

Os outros não sabia o que fazer ou dizer, aquilo era um beco sem saída. E pelo estado de todos, não poderiam lutar ou fugir daquilo.

Mas Aziel ainda retrocedeu, invicta.

— Rimeria, congele meus órgãos internos. Que seja o bastante para que meu sangue deixe de circular durante uns instantes.

Sua parceira fez como pedido, e logo seus membros ficaram congelados. Aziel suava frio e sua consciência ameaçara apagar várias vezes, mesmo assim, ela ainda se mantivera firme.

— O que está fazendo? Você está fraca, não está? Não deveria se esforçar a tanto...

— Cala a boca! Eu não estou fazendo isso por vocês! – Ela se encolheu, devida a tamanha náusea que estava sentindo. – S – Se eu apenas tenho uma chance de salvar meus companheiros, farei isso a todo custo. Não vamos perder para vocês, rebeldes! – Neste instante, ela irradiou sua aura flamejante, sem vomitar como era de praxe. O truque dera certo, mas em vez disso, Rimeria acabou vomitando muito sangue negro. Só que ela foi auxiliada por Belfrior, que tocara em sua testa, acalmando-a.

— Acalme-se, só vou fazer você parar de ter tanta náusea.

Ele se virou para Aziel.

— Entendo sua mensagem. Tudo bem, então. Faça como desejar, mas saiba que já terá nossa gratidão.

— Não preciso disso, idiota. – Ela se virou para a direção das ondas de fogo que se alastravam cada vez mais depressa na direção deles. – Andem logo.

— Espera aí, sua besta de olhos vermelhos! – Berrou a ruiva, correndo em sua direção. – Se você vai ficar para proteger seus companheiros, eu também irei ficar!

— Não seja impulsiva, Mariah! – Interviu Gigan. – Você também está fraca! Só irá exigir mais de si mesma. E quem irá te salvar depois?!

Ela não o respondeu, apenas expressou um sorriso em seu rosto.

— Rimeria... por favor.

A Legalista fizera a mesma coisa em Mariah. O truque era congelar os órgãos internos para fazer parar a circulação de sangue. No caso, ela congelava as vias que davam para os braços, enquanto o resto se acumulava no estômago. As duas sabiam que depois que o tempo limite passasse, elas vomitariam todo o sangue que estaria acumulado e poderiam morrer por isso.

Nessie... Ralph... que já tenham encerrado a luta antes que isso aconteça...

A ruiva fitara o céu cintilante das consecutivas explosões que se seguiam. Depois voltou sua atenção para a ameaça à sua frente.

— Vamos! – As duas partiram na direção dos gêiseres. Cada uma com sua própria convicção, mas mesmo objetivo. Elas tentariam de tudo para evitar daquela onda de chamas continuar avançando ou destruiriam tudo de uma vez, como era a maneira dos anjos do fogo de fazerem as coisas. Elas irradiaram seus braços com chamas e começaram seus ataques, até que seus limites chegassem ao fim.

***

Kazan havia irradiado mais do seu poder, mas o tornado de vento ainda conseguiu passar por aquela névoa espessa, desfazendo-a com o ato. Avançaram por vários metros até conseguirem alcançar as nuvens, que agora eram nada mais que puro enxofre. Os dois estavam protegidos pelo Golem. A frente deles, estava Kazan, que apenas os encarara.

Ralph saiu do Golem e continuou usando seu Controle Atmosférico. Ele apontou a Vingadora Indomável na direção do verdadeiro inimigo.

— Vamos encerrar isso de uma vez, Kazan. Apenas nós.

O General devolveu a resposta com uma risada.

— Será? - Ele se levantou de sua posição. – Vocês podem mesmo me vencer antes que seus amigos tostem?!

— ?!

— Eu ativei minhas reservas de energia. Meus gêiseres de fogo devem estar em sua velocidade máxima. Me pergunto quanto tempo será que vão levar para matar todos aqueles anjinhos inúteis?

Ralph cerrou os dentes.

— Não vão...

— O quê?

— Eles não vão... perder tão facilmente... – O loiro novamente estava envolto de uma energia obscura. Era o poder demoníaco novamente. – E nós também não iremos. – Ele o encarou com seus olhos na Primeira Possessão. – Desta vez... do jeito certo, vamos te vencer.

Os dois anjos se moveram na direção de Kazan, que desviava dos golpes com extrema percepção, mas ele notou que os ataques deles não eram movidos pela raiva, eram também calculados e, naquele momento estavam vendo como estava o estado de Kazan, que ainda se mantinha invicto mesmo após tantas perdas. A agilidade dele também era impressionante, mas ele deixou de usar isso como medida de escape quando Ralph o acertou com um soco no rosto. O golpe o fizera perder o senso de equilíbrio, e Nessie aproveitou para atacar com um Waterfall.

Só que nesse momento, Kazan mordeu o pulso de Ralph, prendendo-o.

— O quê?!

Abertura nas protuberâncias! Emissão de Radiação!

Algumas cascas de magma de sua pele se abriram, e um brilho surgiu delas, precisamente nas áreas dos ombros, cotovelos, abdômen e coxas, da qual expeliram rajadas de energia superaquecidas.

Nessie ainda conseguiu se proteger com o Waterfall, mas Ralph, além de ter o pulso ferido, tivera algumas contusões e ainda teve uma das asas feridas por se desviar por pouco do ataque surpresa. Ele forçou a se libertar dos dentes de Kazan, e conseguiu ganhar distância.

— Mas... o que foi isso?! - Entoara Ralph, se contorcendo de dor por ter sua asa ferida.

— Minha Segunda Possessão é uma réplica de um vulcão ativo. – Explicou Kazan. – Minha pele subposta armazena energia pelo calor o quanto eu quiser, do qual minha pele de magma a protege para evitar de que essa energia latente vaze. Com isso, eu posso realizar ataques poderosos em tão pouco tempo apenas abrindo minhas protuberâncias, desse jeito! – Ele mirou na direção de Ralph seus antebraços e converteu a energia armazenada em poder, lançando um raio poderoso e rápido, tendo o loiro dificuldade de desviar do ataque surpresa. – Você não poderá desviar dos meus ataques velozes, seu tolo!

— Isso... é o que veremos...! – O loiro focou sua visão em Kazan, e notou que a aura do General estava de alguma forma sincronizada com os seus movimentos. Para ver se aquilo era verdade, resolveu testar. No exato momento em que Kazan atacara novamente, o loiro dera uma piscadela e imediatamente alterara de direção.

— ?! – Kazan ficou confuso, mas continuou atacando.

Enquanto Ralph piscava, desviava dos golpes latentes do General, dada pela sua extrema velocidade, só dava para ser visto as sucessivas explosões no ar que geravam do impacto que o loiro criava no ar quando usava a técnica.

— O que está acontecendo?! – O General estava levemente enfurecido.

Nessie também estava confuso, mas confiou que aquele era um dos muitos truques que Ralph teria aprendido após dominar a energia das trevas. Logo, o loiro ressurgiu depois de cerca de quase dois minutos desviando dos golpes de Kazan.

— O que é isso? O que você fez?!

— Parece que você não é tão especialista nas diferentes habilidades dos demônios. – Entoou o loiro, provocando o inimigo. – Eu obtive esse poder com Chronos, que me ensinou essa técnica. Eu posso me transportar para outro lugar no momento em que pisco meu olho. Só preciso parar de respirar durante esse curto período de tempo, ou meus pulmões podem explodir.

— Dead Pass?! – Expressou o General, completamente atônito. – Isso é algo que somente Satanis podem fazer! – Logo após ter falado, foi atacado por outra desta investida rápida de Ralph, do qual ele não pôde prever para se defender, foi facilmente ferido no abdômen.

— Ralph, saia daí! – Berrou Nessie. O loiro logo piscou para outra direção e assim ele se afastou de Kazan para evitar de ser acertado como outrora.

— Já entendi como funciona seus padrões de ataque. – Expressou o loiro. – Você se foca na temperatura corporal dos seus inimigos. Dessa forma, quando alguém se aproxima de você, pode facilmente se tornar um alvo fácil, não é?

De repente, surgiram tufões da névoa densa de todos os lados. Junto a eles vinha acompanhado jatos de ar quente elevado a vários graus célsius. Tornou-se complicado desviar deles e ainda muito mais difícil de se aproximar de Kazan, pois eles se concentravam ao seu redor.

— Vocês não deveriam irritar um demônio como eu... dessa forma! – Os jatos de ar quente o rodearam e se combinaram com suas entradas de protuberâncias, emitindo inúmeros raios de uma vez para todas as direções. Ralph foi obrigado a chamar por seus pássaros gêmeos para ajudá-lo a se locomover já que uma de suas asas estava ferida. Nessie estava seguro em seu Golem, mas os golpes o desfiguravam completamente. O ataque era incessante, parecia que duraria até eternamente. – Dois minutos! Eu prometo a vocês que seus parceiros estarão mortos em apenas DOIS MINUTOS!

Logo, toda a névoa condensada se rodeou envolta dele, e as grades de plasma começaram a engrossar e a chiar cada vez mais. Do topo do tornado gigante era expelido fagulhas de fogo que se acumulavam pelo céu.

— Ralph, ele... – Nessie estava chocado. – Ele está se focando em destruir não somente toda essa cidade, mas também o estado inteiro!

Uma massa de ar tornou a ser absorvida violentamente pelo tornado, fazendo-os se segurarem em suas invocações. Ralph não conseguia pensar em muitas soluções, por haver apenas uma coisa em sua mente. Vencer Kazan.

— Você sabe... que só há algo a se fazer, não é?! – Ele fitou seu companheiro. – Eu acredito em você, Nessie! Você e eu temos a mesma força. Temos o mesmo ideal de prosseguir nestes momentos difíceis, não apenas nós dois, todos da Angel’s Heart! Vamos fazer o que for possível! Vamos proteger o que almejamos!

Nessie não soube o que responder, apenas soube que o que Ralph estava dizendo era verdade. Eles estavam ali enfrentando aquele inimigo difícil por estarem defendendo seus companheiros. O anjo das águas cerrou seus punhos com determinação.

— Sim... você está certo. Vamos impedir que isso aconteça, custe o que custar! A todas as pessoas que estão aqui, também! É o nosso dever!

Os dois anjos seguiram na correnteza profunda que os guiava para o interior do tornado gigante.

***

Kazan estava usando sua última cartada, e seria a sua mais difícil.

— Eu farei isso... eu serei... eu serei...

Desta vez, não tivera como impedir de suas lembranças de voltarem à tona.

***

Desde que era um anjo, Kazan era um anjo que almejava o reconhecimento acima de tudo. Sempre mostrava ser o exemplo mais correto de todos e sempre reprimia quem precisava de punição. Seu senso de dever para com tudo era o que formava sua personalidade.

Muitos oficiais e generais o elogiavam e o tomavam como braço direito, tendo esse título substituído várias vezes até ele conseguir cargos maiores, até ser enfim escalado como um oficial de alta patente para investigar as ações humanas. Até esse momento, ele não conhecia os humanos senão por histórias e relatos, sempre ouvindo falar que eles eram irresponsáveis, corruptos e indecentes.

Aquela era a sua chance de ver com seus próprios olhos se aquilo era mesmo verdade.

Ao juntar um pelotão, ele desceu à Haled até a terra de um rei, onde ele e seu grupo se disfarçaram de viajantes de outras terras. Se acomodaram naquele reino durante alguns meses para investigar as ações humanas. O Rei era um malfeitor que se aproveitava dos camponeses pelo seu título. A nobreza tinha de tudo e a pobreza, nada. Isso para Kazan foi um ato de impotência aos camponeses.

“Se eles não têm nada, não há sentido de viverem, certo?”

Algumas semanas depois se enganaria disso completamente. Enquanto caminhava pela cidade, via as crianças roubando dos nobres no meio da rua, e os guardas começaram a correr atrás delas. As crianças invadiam os becos, já conhecendo os atalhos, subiram por entre as casas por rotas quase inviáveis, dos quais elas haviam se separado uma das outras por completo. Mas aquilo não era algo para o anjo, que sobrevoou a cidade para que ninguém o visse e viu toda a situação de cima. O desfecho o comoveu. Pois, as crianças obedeciam às ordens de um líder. Este líder havia usado do melhor tesouro que o ser humano possui.

O pensamento.

As crianças separadas guardavam os itens em locais escondidos e se dirigiriam para áreas onde havia as rotas sem saída. Enganaram e prenderam os guardas pela estratégia do garoto e voltaram aos telhados, do qual pegaram os itens e dividiram entre si.

O ato em si não era nada demais para um anjo, mas a vontade para realizá-lo era algo improvável para Kazan.

“Eles não têm nada, e lutam para conseguir algo a eles. Eles não desistiram de viver ainda...”

O restante do tempo em que ficou na Haled ele conhecera essas crianças e agira junto a elas algumas vezes. O líder das crianças já o considerava um amigo. Por isso, o anjo uma vez resolvera lhe perguntar:

— Por que você fica tão animado com essas ações? Vocês só estão agindo assim para salvarem suas vidas da fome e pobreza. Por que ainda se divertem tanto?

— Por que é divertido e maneiro!

— M - Maneiro?! – Questionou Kazan, confuso. – O que é isso, uma forma de ignorar as tensões em seus pensamentos?

— Sim. Você acertou. – O jovem olhou para baixo. – Temos que encarar essa vida de pobreza e os únicos momentos em que realmente nos sentimos vivos é quando fazemos algo que pode parecer impossível. É por isso que é maneiro, não é?

— Sim...

Aquilo mudou totalmente a perspectiva de Kazan. Humanos eram traiçoeiros com eles mesmos, mas e aquelas crianças? Elas eram traiçoeiras por não haverem escolha de não serem assim. Porém, esta é outra forma de se ver o livre-arbítrio. Elas são livres para agirem como traiçoeiras e acharem engraçado. É a forma como elas acham que são verdadeiramente livres.

Liberdade... Liberdade era algo que nenhum anjo tinha.

Anjos tinham o dever de lutar pelos Arcanjos e de prosseguirem com os desígnios de sua casta. Nada mais. Kazan refletiu que não poderia viver de uma forma “maneira” como o daquelas crianças. Ele não poderia bolar estratégias para vencer uma luta por achar divertido. Aquilo não era “maneiro”. Ele não se orgulhava de viver daquela maneira.

Ele queria viver da forma como ele acharia que seria bom para si mesmo.

Logo, ele estava de volta aos Sete Céus, com toda aquela dúvida em sua mente. Até que uma presença ficou ao lado dele sem nem perceber.

— Você é Kazan, o oficial que desceu à Haled, não é? - Pelo anjo não ter virado o rosto, não soube distinguir quem era aquele que lhe perguntava. – E então, como são os humanos?

Ele resolveu apenas responder à pergunta.

— Eles são traiçoeiros. Não respeitam uns aos outros. São porcos e não sabem seu lugar. – Depois de uma pausa, ele continuou, após ele se lembrar das crianças, que agora, depois de vários anos depois, já deviam ter morrido pobres do mesmo jeito. – Mas possuem esperança de que suas vidas podem melhorar. São prósperas e aprendem rápido com seus erros. Elas respeitam seus companheiros e usam de vários estímulos para conseguir vencer um desafio...

— Oh, parece que você sabe bastante, não é? Conte-me mais. – A voz tornou a falar, e quando Kazan se virou, ficou surpreso quem era o dono daquela voz.

Lucífer.

— S – Senhor, perdoe-me! Não sabia que era vossa excelência! – Ele fizera uma reverência.

— Não precisa de formalidades. Apenas tenho curiosidade de saber sua opinião sobre o que você viu naqueles seres que o Pai criou.

— Bom... Eu não consigo do motivo deles terem tanta liberdade de escolha, mesmo sendo tão escassos e muitas vezes não podem opinar por nada. Crianças acham divertido roubar dos outros por ser quando elas podem agir por elas mesmas. Eu... eu quero entender isso, e...

— ...quer ser como elas? - Completou a Estrela da Manhã. – Parece que temos muito o que conversar, não é? Não se preocupe, o que mais gosto de fazer é saber o que fazer para quem tem dúvidas como você.

Aquela fora a última vez que Kazan havia tido um momento de dúvida enquanto era um anjo...

***

O tornado ficava cada vez mais rápido. No meio dele estava ele, o demônio Kazan, o General da Lava e Magma. O autor por ter sequestrado Mariah e absorver seus poderes e dopá-la com seu sangue negro. Ele era um monstro, mas achava aquilo maneiro. Ele sabia de seus erros, mas usava o argumento de “apenas estou sendo eu mesmo, isso é maneiro demais! ”.

As ondas da névoa estavam acompanhadas por ondas de fogo e plasma, tornando o interior do furacão uma tempestade de faíscas. Ele havia atraído os dois anjos para sua armadilha, pois assim que estivessem na correnteza do tornado, tudo se explodiria com seu poder. Aquela era toda a energia remanescente dos cinco anjos que havia absorvido. Por ter sido subjugado por Ralph, acabara usando todo aquele poder. Mas isso não importava, contanto que ele vencesse no final e ficasse satisfeito com isso.

— KAAAAAZAAAAAAAN!! – Um berro surgiu em algum lugar de dentro do tornado. O General reconheceu como sendo a voz do loiro.

Inútil. Ele acabou entrando mesmo. Agora... é hora de completar minha missão!

Seu corpo enrijecido começou a liberar energia. Todo o poder que estava armazenado seria usado para emitir uma poderosa onda de radiação que nada poderia detê-la. E mesmo que alguém a desvie ou a suporte, as fagulhas de fogo lançadas para o céu se tornariam esferas de fogo gigantes e completariam o trabalho. Não havia jeito, a vitória era sua.

— NÓS VAMOS TE DETER! – Outro berro, dessa vez do outro anjo chamado Nessie. Estas palavras não o faziam estremecer, nem mesmo o afetavam.

— Há! Acham mesmo que podem me vencer? Eu já ganhei esta luta! Vocês já não têm mais poder nenhum! – Sua voz ecoou por todo o tornado, sem resposta. – Vamos, Ralph! Venha me acertar com seu ataque rápido! Assim que me atingir, eu irei me explodir levando você comigo! NÃO HÁ MANEIRA ALGUMA DE VOCÊS ME VENCEREM!

Aquelas eram meras palavras para desencorajá-los de seus planos e forçarem a atacá-lo para provarem que está errado. Mas, durante esse momento de êxtase, o General não notou que uma mudança estava ocorrendo aos poucos.

— Hã?

As faíscas de plasma começaram a cessar.

O calor exorbitante tornou a descer.

Mas o tornado não parou.

De repente, o corpo de Kazan começou a tremer.

— Não... não é possível!

O vento ficava cada vez mais forte. O ar quente aos poucos tornava a ser substituído pelo ar frio.

— Era... era para eu ter controle absoluto sobre este tornado...!

Nesse mesmo instante, surgiu Nessie se movimentando com sua técnica de usar água sobre os pés, não com seu Golem. Mas sua aura estava por todo lugar naquele tornado. Então... onde estava Ralph?

— Você... – Nessie disse com um sorriso determinado no rosto. – Não é o único que pensa nas formas mais maneiras de se vencer um oponente, sabia?!

Os olhos de Kazan se arregalaram.

E os outros de outro alguém se abriram.

Neste momento, Nessie moveu-se o mais rápido que podia, sumindo novamente por entre as bordas do tornado, tornando indistinguível para Kazan localizar onde estava sua verdadeira posição. De repente, um vulto surgiu ás suas costas, e só então que ele notou que era a aura do seu alvo. O alvo que o movera até ali.

Mas seu corpo não pôde se mover. Seu corpo não o obedeceu. Ele estava paralisado.

MAS... COMO?!

Ele olhou para o próprio corpo e visualizou que suas protuberâncias de magma da qual se orgulhava tanto o estavam prendendo. Não estavam congelando, e sim se petrificando. A mudança de temperatura já havia alcançado níveis para fazer a crosta de magma se petrificar com facilidade.

— Mas isso é...!

— Meditação. – Respondeu Ralph. – Eu estive meditando todo esse tempo dentro do Golem de Nessie para que você não pudesse sentir minhas ondas de calor, já que não pode sentir minha aura. – Seu rosto era sério. Em sua mão brandia a Vingadora Indomável. – Meios normais não podem vencê-lo, Kazan, eu admito isso! Eu fui uma criança tentando lutar pelas minhas próprias convicções, mas nunca estou sozinho! E é por isso...

Nessie surgiu do outro lado com seu Golem, igualmente sério.

— QUE VAMOS TE VENCER DO JEITO MAIS MANEIRO POSSÍVEL!

— QUE VAMOS TE VENCER DO JEITO MAIS MANEIRO POSSÍVEL!

Diante daquelas palavras, o coração de Kazan estremeceu. Aquilo foi algo que quebrou totalmente sua mente e espírito.

Ralph ergueu a espada, e a lâmina foi se colorindo com as cores preto e branco, emitindo a aura monocromáticas da Primeira Possessão.

— AVENGER HURRICANE!!

Nessie concentrou toda a energia que tinha restante no braço de seu Golem, da qual surgiu uma lança totalmente elétrica e comprida.

— LANÇA RELÂMPAGO!!

Os dois golpes cravaram-se no corpo do anjo caído. A Vingadora Indomável havia invocado um tornado negro e branco envolto de sua lâmina, que decepou o abdômen do inimigo. A lança gigante de Nessie perfurou o coração de Kazan, destruindo-o por completo. Enquanto seu corpo desaparecia pelo entoar do tornado, sua mente divagava:

S – Será que fui maneiro o suficiente...?

O ressoar dos dois golpes criaram um impacto tremendo que abalou o tornado. As fagulhas que estavam no céu tornaram a desaparecer conforme o vento as levava embora. Os gêiseres de fogo se tornaram poças de lava, e as grades de plasma explodiram como fogos de artifício. Mariah e Aziel conseguiram destruir os primeiros gêiseres, até tudo se tornar um monte de lava derretida correndo solta pela cidade destruída. Elas ficaram assustadas e atônitas, olhando para o céu a todo instante.

Depois de alguns instantes, compreenderam que não havia mais nenhuma aura inimiga e começaram a comemorar. Rimeria e Áries começaram a chorar, Belfrior e Gigan não conseguiam esconder o sorriso e alívio em seus rostos, deixando escapar algumas lágrimas. Somente após alguns minutos depois é que conseguiram captar as auras dos dois anjos, que estava muito fraca.

O grupo todo se moveu para ir até onde os dois estavam que, felizmente, estava longe de qualquer poça de lava. Quando chegaram, presenciaram os dois curvados, exaustos, com suas cabeças cabisbaixas. Suas asas estavam estendidas, assim como suas mãos. Não muito longe deles estavam o que restara do corpo de Kazan, somente sua parte superior. Sua pele estava petrificada e destruída, onde logo seria tragada pelo vento como cinzas. Mas seu rosto havia voltado a ser de um anjo, como uma vez ele foi. Sua expressão era de que apenas estava... dormindo.

Os dois anjos contemplavam esta visão do que provavelmente foi de um dos inimigos mais fortes que já enfrentaram até ali.


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