Tenshi no Tamashi escrita por AoiTakashiro


Capítulo 161
Capítulo 161 - Cooperação, Intuição e... Race!


Notas iniciais do capítulo

E FINALMENTE TENSHI NO TAMASHI SAIU DO HIATOOOO!!! Trago-lhes mais um capítulo emocionante para vocês! *3*



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Alguns minutos antes da explosão criada por Kazan acontecer...

Race e Gigan estavam de prontidão para enfrentar Suiren, que até instantes atrás estava esbravejando, parando sem razão evidente.

Ela estava pensativa, mas não tinha como os dois Querubins notarem isso.

Seja de qualquer maneira, eu preciso acabar com eles e sair daqui!

Mas ela começou a arquitetar uma maneira de desconcentrá-los.

— Ora, ora. Serafins são realmente seres repugnantes, não é?

Aquilo instigou os dois guerreiros.

— O que está dizendo, sua maluca? – Questionou Race, totalmente sem paciência.

— É claro que você não deve saber, afinal, é só um cachorrinho dessa garota que se esconde atrás dos seus músculos. Já deve ter controlado totalmente sua mente, Querubim. – Suiren se movimentava cautelosamente para evitar suspeitas, mas sua forma humanoide estava se dispersando. – Todos sabemos que os Serafins se juntaram as Legiões de Miguel para subjugar ainda mais os guerreiros...

Race começou a tremer de pura raiva.

—... E eles continuam agindo como se tivessem total certeza de tudo! Mesmo depois de tantos anos terem se passado, ainda falam das mudanças que os Ishim deviam fazer sobre os...

— CALA A BOCA! – O guerreiro esbravejou.

— ESSA É A VERDADE! VOCÊ ESTÁ A PRESTES A MORRER POR UMAZINHA QUE PERTENCE A RAÇA DOS ANJOS IGNORANTES! VOCÊ SÓ É APENAS UMA MARIONETE!

Dessa vez, Race a intimidou com um sorriso determinado.

— Infelizmente, você se enganou em duas coisas, minha cara. Primeiro: a Áries e o Belfrior não são como os outros, que podem se explodir se quiserem, mas eles são meus preciosos companheiros... – O Querubim virou seu rosto para os dois companheiros e deu um sorriso sincero. – E nunca que deixaria de salvar minha grande parceira!

Os dois Serafins simplesmente não conseguiam segurar a emoção que sentiam perante o guerreiro que estava à frente deles os protegendo. Um guerreiro que, para a casta deles, não passa de um peão usado nas batalhas. Foi o que sempre ouviram dos seus superiores.

Mas eles não pensavam assim.

Eles não pensavam daquele jeito!

— Está correto, Race... – Belfrior não conteve suas lágrimas, Áries estava do mesmo jeito, com o rosto até mais enrubescido. – Somos parceiros de verdade!

Essa mudança de atmosfera fizera Suiren perder sua concentração momentaneamente.

Race apoiara sua imensa espada no seu ombro.

—... E segundo... – Race a olhou com olhos ferozes, que Suiren fizera realmente pensar que havia uma águia feroz beirada à sua frente. – Nem eu, nem Gigan iremos morrer aqui, sua vaca. SOMOS OS VENCEDORES DESDE O COMEÇO!

— SEU... SEU CONVENCI... – Suiren não conseguiu completar a frase, pois Race se aproximou num instante e a atacou com vários ataques latentes com a imensa espada, que eram tão poderosos que cada rajada de vento criada pelos golpes definhava o corpo de Suiren, que se seu corpo não fosse todo formado por água e vapor, o campo ficaria todo coberto de sangue.

Após seu rosto ter sido coberto de cortes, assim como seu corpo, Suiren não viu outra escolha a não ser tentar recuar, mas isso deixou a sua guarda aberta para que Gigan entrasse na briga, ainda tão violento quanto Race. Ele a acertou com suas mãos nuas, num combo de poderosos socos que desfaziam a essência da mulher, parecia mais que os dois guerreiros estavam arduamente dispersando um monte de vapor.

Como a mente da Zanathus se mantinha intocável, ela não perderia a batalha tão facilmente. Mas aquilo certamente a irritava, por não poder agir em nenhum momento. Sua estratégia de perturbar os anjos havia falhado completamente.

Aquilo só colocara mais lenha na fogueira. O Querubim chamado Race parecia mais vívido do que nunca, mesmo estando quase morto.

Droga! Não poderei atacá-los nessa onda de frenesi. Sendo assim, terei que acabar primeiro com aqueles malditos que criaram esses malditos escudos psíquicos!

Ao se decidir prontamente, ela dispersou-se completamente na forma de vapor e como uma areia ao vento, ela escapou dos golpes esmagadores dos Querubins e seguiu na direção dos Serafins, que estavam responsáveis pela proteção dos guerreiros com os Escudos Psiquês, por isso, não poderiam se mover, senão perderiam sua concentração.

Eram presas fáceis.

Mas é claramente óbvio que eles também sabiam disso.

Imediatamente, uma parede invisível bloqueou o caminho de Suiren até eles.

— O que é isso?!

— Exatamente o que pensa que é, sua idiota. – Dissera Belfrior, totalmente confiante. – Achou mesmo que eu deixaria a guarda aberta assim como da outra vez?

A mulher se dispersara ainda mais e tentara rodear o escudo, mas ele parecia de largura e altura infinitos.

Na verdade, era um escudo na forma de cúpula ao redor dos anjos.

Como assim? Achei que era impossível deles poderem se defender enquanto estão com estes escudos ativos!

Suiren murmurava consigo mesmo com muita irritação, estava sendo completamente subjugada.

Gigan aproveitou essa distração dela para desferir mais uma série de ataques contra ela, mesmo que estivesse acertando vapor, ele não hesitava nos seus ataques.

— É claro que, você não percebeu que tive que reduzir a resistência do escudo para fazer este feito. – Explicou o Serafim, enquanto seu parceiro continuava a atacar a mulher.

Variação de Aura! Ele me enganou!

Era algo relevante dos anjos enquanto estão em batalha usar várias técnicas de ataque e defesa, mas quem detinha de como a magnitude de como estes ataques eram realizados era, sem dúvidas, os Serafins. Afinal, eles eram anjos que não desperdiçavam suas energias com lutas exaustivas, sendo sua estratégia mais clássica a de cansar o inimigo com seus escudos psíquicos poderosos. Como eram peritos em manterem suas mentes frias, seus cálculos eram perfeitos, incluindo a precisão de saber como distribuir suas auras em técnicas simultâneas.

Suiren havia achado que Belfrior tinha enfraquecido com o ataque surpresa que levara nas costas, e de fato ele estava. Mas o discurso de Race o havia motivado novamente, e sem hesitar, tomou as devidas medidas para se proteger e regular o seu escudo.

Mas isso tinha um motivo.

Ele sabia que Gigan se sentira da mesma maneira.

Isso tudo ocorrera em somente alguns instantes antes da batalha, e o Serafim não havia nem mesmo se comunicado para tanto.

— Droga, eu preciso me reconstituir logo, senão... – Suiren pestanejava em tentar escapar dos ataques de Gigan, mas isso se mostrou impossível, e logo ele a dispersou ainda mais.

— Soco Selvagem! – O guerreiro desferiu um soco no queixo com sua técnica angelical contra a oponente, que fez o vapor de tornar simplesmente vento.

Os ataques cessaram.

— A – Acabou... – Race estava cambaleando devido ao cansaço exercido para atacar ferozmente com sua espada. Apenas perdera o ritmo para prosseguir como Gigan.

De repente, tentáculos de água se agarraram ao seu pescoço e membros. O Querubim segurou sua espada com força. Mas ele estava quase perdendo sua consciência.

— Race! – Áries usou sua Expansão Mental em alguns pontos dos tentáculos, que se explodiram, libertando o guerreiro.

— Hum? Eu não sabia que você podia fazer isso também, Áries. – Expressou Belfrior, surpreso.

— B – Bem, eu não posso fazer como você, mas posso forçar um pouco!

Race deu um pulo para trás. Logo à frente dele, uma massa de água parecendo uma gelatina gigante estava se contorcendo, contando com vários daqueles tentáculos. Gigan se aproximou do companheiro.

— Parece que ela estava nos testando... – Murmurou o guerreiro.

— Acho que sim. Que saco. – Reclamou Race, tocando em seu pescoço. – Isso foi muito desagradável!

Um pouco daquela gelatina de água formou a parte superior do corpo de Suiren. Porém, seus cabelos negros estavam soltos, parecendo uma pequena cascata de águas totalmente escuras. Eles realçavam seus olhos demoníacos mostrando sua Primeira Possessão.

— Seus vermes irritantes, me fazendo ter que usar meu poder demoníaco...!

— Relaxa, velha. Todos que a gente enfrenta é a mesma coisa. – Zombou Race.

— V – VELHA?! VOCÊ ME PAGA! – Ela esbravejou, lançando seus tentáculos, que num instante ficaram escuros iguais ao seu cabelo. Porém, a estrutura gelatinosa que a mantinha continuava da mesma cor natural. Race notou algo, enquanto desviava rapidamente dos ataques dos chicotes aquáticos.

Ele olhou de relance para Gigan, pensando que o parceiro iria pedir para que recuassem, mas...

— Race, vamos avançar! Temos os Escudos Psiquês, lembra?

O Querubim ficou pensativo durante uns momentos, até que dera um tapa na testa, como se tivesse esquecido completamente do fato.

— É mesmo! Eu tinha me esquecido completamente!

Ele assumiu uma pose séria e avançou sem nenhuma hesitação, mesmo que os tentáculos os prendia, eles não os machucavam. Sem esse sentimento de medo, ele superou facilmente essas emboscadas e cortava rapidamente os chicotes de água com sua imensa espada.

De longe, os Serafins olhavam surpresos.

— Não importa quanto tempo eu o conheça, ele sempre me surpreende. – Áries estava com uma expressão irritada, suas bochechas estavam enrubescidas e inchadas. – Seu idiota!

Belfrior deu uma risada leve.

— É incrível como ele consegue nos motivar num momento tão tenso como este...!

Áries deixou sua aura nervosa de lado, e concordou com um sorriso sincero.

Imediatamente, os dois combinaram seus poderes.

— Expansão Mental!

Alguns dos chicotes se explodia pelos ataques dos dois Serafins.

Suiren estava sem palavras.

Eles a estavam vencendo!

Impossível! Como podem se sincronizar tanto assim?!

Ela esbravejou sua fúria num berro alto, e isso deixou os movimentos dos chicotes de água mais violentos. Os tentáculos negros eram muito resistentes, que pareciam aço flexível. Race os analisava com seus olhos, e rapidamente recuou, contornando a inimiga calculosamente.

— O que está fazendo? – Questionara Gigan, enquanto ele tentava se aproximar da oponente, esmurrando todos os tentáculos que via pela frente.

Mas Race o ignorou naquele momento.

— Áries, me mentalize!

— O – O quê? – Ela certamente não entendeu o pedido, mas ficou corada por algum motivo. Porém, ela refletiu durante uns instantes e entendeu o recado. – Certo!

O recado era de se conectar em sua mente.

Áries, preciso que avise ao apressado do Gigan para se concentrar dos tentáculos negros.

C – Certo, mas por quê?

Esses tentáculos são do cabelo dela! Temos que prendê-los para conseguir imobilizá-la!

Mas e se ela tentar se tornar vapor novamente?

Pense! Se ela está atacando com seu cabelo, ela não pode se tornar vapor por agora, não é?!

Ah! Tem razão! Deve haver algum limite de tempo até onde ela pode se tornar vapor por completo!

Isso significa que ela estava escondendo toda essa água enquanto lutávamos com sua versão gasosa!

Gigan havia recebido as mensagens.

O que pretende fazer, Race?

Vou agir como isca para prender toda a atenção dela nos seus cabelos. Vamos precisar do seu soco mais potente!

M – Mas Race! Agir como isca não é uma...

Não temos tempo! Vamos nessa!

Vamos encerrar logo com esta luta!

Belfrior havia encerrado a questão.

Race não esperava e nem esperou por uma resposta de Áries. Ele saltou em direção à oponente, mirando nos tentáculos negros, no exato momento em que Gigan se afastou dela, e num instante, ele havia agarrado a todos, com as duas mãos! Segundos antes ele havia colocado o cabo da sua imensa espada na boca. Ele derrapou num movimento semicircular e ficou de frente para Suiren.

Hora de usar as duas mãos! Vou forçar minhas mãos o máximo que eu puder!

— NHEM NI FEHAR, SHUA NHACA! (Vem me pegar, sua vaca!)

— S – Seu Maldito! – Ela estava completamente enfurecida, ainda mais quando Race agarrara violentamente suas madeixas. Ele havia descoberto sua tática. Mas isso não era tudo.

Race começou a sentir fortes pontadas de dor, que vinham de suas mãos! Ele notou que algo pegajoso escorria das madeixas de cabelo que estava agarrando.

Aquilo era ácido.

Mas não era um ácido comum.

— Seu insolente! No meu estado demoníaco, eu produzo uma enzima nos meus fios de cabelo que além de deixá-los tão fortes quanto aço, podem corroer qualquer coisa!

Ou seja, ácido demoníaco.

E ainda, se era algo demoníaco, significava que poderia ultrapassar as defesas do Escudo Psiquê.

— NGH! – Race segurava a dor, mas sua expressão era das piores. Além disso, ele estava sofrendo a pressão de sua imensa espada.

Mas mesmo sabendo disso, ele não soltou dos fios de cabelo. Em vez disso, ele os agarrou com muito mais força.

— NHAI PRO IRHERNO! (VAI PRO INFERNO!)

Suas mãos ficavam ainda mais vermelhas por causa do veneno.

Suiren começou a ataca-lo com seus chicotes de água, mas Race não se movia de jeito nenhum. Estava tão firme quanto uma estátua. Esses míseros instantes foram decisivos para os outros atacarem.

— EXPANSÃO MENTAL!

— SOCO SELVAGEM!

Foi como se fosse uma explosão sonora. Num instante, a enorme gelatina que Suiren se sustentava sumiu em inúmeras gotículas de água. O ataque simultâneo simplesmente a deixou sem chão. Ela caiu desajeitadamente no solo. Tudo o que sobrara fora seus longos cabelos negros, ainda segurados por Race.

Logo, o Querubim os largou com uma terrível expressão de dor.

— Race, você está bem? – Gigan foi ao seu encontro.

Áries não hesitou em correr atrás do companheiro, totalmente preocupada.

Mesmo assim, o guerreiro se manteve em pé. Ele agora sustentava o cabo da espada com os antebraços. Mas nunca se desgrudava dela.

Suas mãos tremiam.

— Á – Áries... tem como cuidar?

— P – Por ora, n – não tem como... – Ela não conseguia evitar de soltar lágrimas. – Mas vou conter a corrosão com minha aura, isso deve bastar para que não perca suas mãos...!

— Ah, valeu! – Ele estava com muita dor, talvez algo inimaginável de se contar, dado pela luta anterior contra os Raptores, e agora por ter queimado suas mãos. Mas, ele sempre queria cuidar da parceira, e por isso, não deixava de sorrir por isso.

Ela sabia disso muito bem.

Sabia mais que qualquer um.

Se Race atacasse novamente, ele iria desmaiar.

Gigan estava a postos para atacar Suiren, mas ele teve um alerta de Belfrior.

— Ei...! O que é aquilo lá encima?!

Um brilho sem igual ressoava pelos céus, e aumentava cada vez mais.

Um forte calor também surgiu.

— Ei, ei. Isso é uma técnica de fogo? De quem? – Murmurou Race.

A pergunta não teve resposta.

Gigan olhava relutantemente para Suiren, mas ela nada dizia ou expressava.

Em vez disso, seu corpo começou a se tornar vapor.

— Ei, ela está fazendo aquilo novamente! – Gigan a agarrou violentamente. – Não vai escapar tão facilmente!

— Não há nada que vocês possam fazer agora. – Ela o encarou com olhos frios. – Esta é a última cartada de Kazan para cuidar de vocês.

— Última...

— Espere, isso é um ataque do General?! – Race cobria o rosto para a enorme emissão de luz. – Que exagero!

— N – Não, espere. E – Essa aura... não pode ser...! – Belfrior chegava a gaguejar.

— Esse poder... são anjos? – Murmurara Áries, olhando para o céu.

— E não é apenas de um, certo? – Gigan moveu sua cabeça devagar, totalmente aterrorizado.

Naquele instante, o corpo de Suiren havia se tornado vapor por completo, sendo levado pelo vento.

Belfrior ficara de joelhos, incrédulo.

— Ei, tem como nos defender disso com seu escudo psíquico?!

— Não, impossível! – Belfrior estava tão assustado quanto qualquer um. – É uma quantidade muito maciça de aura...! Mesmo que eu nos defenda, ainda morreremos queimados!

— Droga! – Relutou Gigan, até que sentiu que Race estava caminhando para sua direção.

— Gigan, leve todos daqui. Sei que não somos capazes de salvar os outros moradores, mesmo assim, temos que fazer nosso melhor...!

— Não, Race! Não me diga que você vai...

— Ah, qual é! – Ele deu um esbarrão no outro Querubim. – Você sabe que não temos opção se um de nós cuidar disso, não é? Pelo menos deixa eu fazer minha vontade antes de bater as botas.

— DROOOOGA!! – Gigan avançou com tudo e segurou os dois Serafins nos braços, um de cada lado, e correu o máximo que pôde.

— O QUE ESTÁ FAZENDO?! – Áries esbravejava completamente assustada. – RAAAAAAAAAAACEEEEEEEEE!!

O guerreiro encarava a morte à sua frente com um sorriso totalmente levado.

Ele ignorou a dor nas mãos e apanhou o cabo da espada com o braço esquerdo. E no braço direito, ele o girou algumas vezes, mas não havia dúvidas, ele estava realmente quebrado.

Ele não deixou de dar risada.

— Justo numa hora dessas, estou mais quebrado do que nunca! Que demais!

Ele cerrou o punho com força.

A rajada de energia pura vinha claramente na direção dele, e o brilho dela já não irritava mais seus olhos.

— MANDA A VER! – Ele berrou com toda a sua força. O punho cerrado ficou amarelado da aura concentrada por Race, uma assistência ínfima, que não correspondia nada do seu poder. Ele brandiu seu braço quebrado para cima, gritando com a sua alma: - SOCO SELVAGEM COM FORÇA TOTAL!

Um brilho surgiu.

Uma rajada amarelada tão poderosa chocou-se contra a rajada de energia pura angelical, num embate que gerava faíscas brancas e laranjas. A pressão exercida era tanta que o braço de Race nem dava para ser visto. Isso mostrava a quantidade de poder que ele usou para tal ato.

Mas mesmo reduzindo a velocidade do ataque maciço, o páreo estava em desvantagem de Race. Aos poucos, seu ataque era subjugado pela imensa quantidade de poder do ataque latente de fogo. O chão abaixo do guerreiro formava uma cratera, e aumentava e aumentava cada vez mais.

— N – Nem mesmo com a minha força total atual vai dar conta... – Race murmurava, totalmente assustado, mesmo sorrindo. – Que assustador. Acho que me ferrei feio dessa vez...

Seu rosto ficou cabisbaixo.

Mas ele o levantou novamente, sem alterar sua expressão de determinação.

— Foi mal, minha Mestra. E -Eu prometo... – É de certo expressar que uma lágrima escorreu do rosto dele. – Que eu vou treinar... ao menos quatro vezes mais...! Saco... ser aluno de alguém como ela é REALMENTE UM SACOOOO!!!

O recinto começou a se iluminar ainda mais.

O calor era absurdo.

Race já não conseguia ouvir mais nada.

Mas era aí que seus sentidos de Querubim se aguçaram ainda mais.

—...ixa...

— Hã? O que é isso? Já é a voz que chama os humanos no além?

— ... abaixa...

Ele conhecia aquela voz.

Era uma voz familiar, parecia com...

— Abaixa logo a sua cabeça, Race! – Era Áries, berrando tanto que sua garganta já havia ficado rouca.

O guerreiro olhou para trás, num cenário todo branco.

— Sabia que viria...

Determinadamente, o Querubim abaixou-se, assim como sua parceira havia lhe mandado. E ele apenas ouviu as palavras proferidas pelos dois Serafins:

— SAIA DAQUI! – A rajada de fogo teve sua trajetória levemente alterada forçosamente pelos dois anjos, fazendo uma curva antes de quase acertar Race e atingir toda uma área que estava perto dele. Um cenário todo alaranjado surgiu das explosões e muito, muito barulhento.

Áries o fitava, sem se aguentar em chorar.

— Por que, s -sempre... por que sempre você me faz passar por isso...?!

Race a encarava com um sorriso cansado, e seus olhos fechados, talvez pela luminosidade, rindo levemente.

— Deve... ser por que... somos parceiros, né...

Áries apenas assistiu a Race despencar. O guerreiro, após fortes embates contra uma imensa horda de demônios, depois percorrer uma longa distância para chegar ali, enfrentar uma General Demoníaca e por fim, cuidar de um potente ataque destruidor, tombou no chão.

Esse intervalo de descrição para o pensamento de Áries entender o que realmente havia acontecido foi relativamente curto.

— RAAAAAAAAAAAAAAACEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!

Eles foram atrás dele. O anjo mais folgado de todos que estava fora de combate.

Havia sido literalmente como Áries havia previsto, mesmo ela odiando a si mesma por estar certa.

Após mais um ataque, Race desmaiaria.

***

Num cenário caótico de batalha, uma coisa é certa mais do que tudo.

Um de seus aliados não aguentar o tranco.

Mas, isso numa visão estratégica era algo ínfimo, irreparável e até necessário.

Isso é o que chamam de Requisitos de Batalha.

Mas e se você estivesse em desvantagem numérica?

Certamente que essa visão seria alterada.

É exatamente o sentimento expresso na visão dos anjos.

Perder um aliado custava muito.

Eles não eram infinitos, pois anjos não se reproduzem. Eles enfrentaram dúzias e dúzias de lutas através do tempo, que nunca em hipótese nenhuma poderia ser contada pelos humanos.

E isso é bem a cara dos Querubins.

Querubins são anjos guerreiros. Sua maior vontade é viver num campo de batalha. Anseiam isso mais do que qualquer coisa.

Alguns o consideram monstros por esse ímpeto.

Na visão dos Serafins, que agem como estrategistas, um Querubim é o mesmo valor de uma formiga. Fora também os Malakins, as outras castas consideram que enfrentar um Querubim seja um páreo duro.

Mas essa definição também pode ser construtiva.

Veja, se tiver um Querubim ao seu lado, você sentiria que ganharia qualquer luta.

Além de todos, era Ralph que não considerava muito bem isso.

O pensamento do loiro sempre considerou que Race era muito mais teimoso que ele, e sempre o considerou como um pilar de força na equipe.

Foi por essa razão que ele o escalara para agir junto a ele na linha de frente. Pelo pensamento pairado na experiência de Race, de que ele poderia conduzir aquela sangrenta batalha para uma direção mais derivada, onde poderia ser feita mais coisas.

Ralph pensou em tudo isso.

Junto com Belfrior, que era o estrategista da equipe. Claro, que aderir as ideias malucas de condução de batalha foi do partido do loiro.

Por outro lado, Belfrior tivera a instrução de Ralph para que ele instruísse o guerreiro no momento em que mais precisasse. A função de ajuda-lo era tão e somente de Áries.

Belfrior sabia a razão, mas ainda ficou relutante sobre isso...

***

O corpo de Race estava ainda há alguns metros.

Incontáveis lágrimas caiam do rosto de Áries, que já correndo na direção do parceiro, mal conseguia ver o caminho à sua frente pela visão borrada.

Ela corria com todo o fôlego que tinha, chegando a ofegar constantemente.

Há uns metros acima, uma quantidade de vapor começou a se juntar, e formou a aparência de Suiren, a General da Morte encarregada de cuidar deles. O ataque de Kazan havia falhado, mas agora ela nem se dava conta disso.

— ELE FINALMENTE CAIU! YAHAAHAHAHAHHAHAHAHAHAH!!!

A gargalhada totalmente afinada dela ecoou por todo aquele campo de batalha.

Aquilo sem dúvidas abalara os anjos.

Então, tudo o que eles queriam primeiro era deixar Race incapaz de lutar?!

Gigan a olhou com toda a expressão de ódio que poderia conseguir ter.

— MALDITAAA!!

Aquilo fizera Belfrior ficar incontestado.

Eu... eu poderia ter previsto isto...! Mas...

O Serafim cobrira seu rosto com sua palma, escondendo o desgosto que sentia, os olhos lacrimejando, a enorme frustação que estava sentindo.

Enquanto estes dois estavam num impasse sobre o que deveriam fazer, Áries simplesmente continuou correndo.

Suiren orquestrou seu próximo ataque.

— BASTA EU DAR O GOLPE FINAL NESTE MALDITO ANJO QUE PODEREI MATÁ-LOS COM TODA FACILIDADE!!!

Garras e espinhos feitos de vapor surgiram ao redor dela e se esticaram na direção do anjo guerreiro derrubado. Tudo foi feito e agido em questão de segundos.

Mesmo assim, Áries ainda se mantinha a correr.

—... não se aproxime...!

Ela cerrara os punhos com força.

— NÃO HÁ NADA QUE VOCÊ POSSA FAZER PARA ME IMPEDIR, SUA SERAFIM INÚTIL!!! NESTE MOMENTO, DEVE SER O QUE ESSE ANJO DE BOSTA DEVE ESTAR QUERENDO!!

Suiren decidira naquele momento que atacaria a Áries também.

Afinal, ela parecia estar indefesa, pensando em somente ir até seu parceiro.

Esse foi o seu primeiro erro.

Áries virou-se abruptamente para a direção da oponente, que vinha com um ataque gigante feito de vapor.

Instantes de isso acontecer, Suiren havia notado seu segundo erro, apenas.

— RACE ME DISSE QUE ELE QUER VIVER!!! – As pupilas da Serafim cintilaram de um azul claro tão profundo quanto o céu. Ao visualizar isso, Suiren entra em um estado de confusão. Tudo à sua volta começa a se distorcer, essa perda de concentração cessa os ataques múltiplos. Mas havia acontecido muito mais que isso.

O grito da garota fez ressoar uma onda de energia que perturbou até a Gigan e Belfrior. Essa onda de confusão os tirara de seus pensamentos de fúria e frustação. O guerreiro robusto não teve como aguentar tanta pressão mental e cambaleou. Mas Belfrior presenciou o que estava acontecendo.

E isso o fez relembrar algo que Ralph lhe dissera.

***

— Somente Áries pode ajudar o Race num momento difícil. – Dissera o loiro.

— Por que diz isso? Você sabe se ela tem alguma habilidade para lidar com ele? – Perguntara Belfrior, analisando as palavras do capitão com seriedade.

— Ah, ela tem sim. – Ralph o respondeu rindo. – E uma completamente infalível.

— E o que seria?

***

As palavras de Ralph couberam direito naquela situação.

Ás vezes, ela consegue ser tão feroz quanto ele, acho que depois dela, eu sou o único que ele escuta.

O Serafim estava a fitar uma imagem totalmente distorcida com mais de quatro metros de comprimento. Sua aparência era parecida com um monstro de três cabeças de feras completamente indistinguíveis. Não somente ele viu, mas também Suiren, que simplesmente teve um colapso mental ao ver uma figura daquelas.

O – O que é isso?! O – O que é isso?! O – O que é isso?! O – O que é isso?!

Instantaneamente, Belfrior criou um escudo mental.

Algo aconteceu ali.

Belfrior sentiu um traço de aura vindo de Áries, certamente uma técnica usada por ela, e era totalmente similar a um Mente em Branco. Uma técnica que elimina toda e qualquer informação do seu oponente. Era como se alguém arrombasse seu baú de tesouro com toda a força, arruinando a fechadura. Foi essa a definição sobre a mente de Suiren.

No instante que sucedeu esse ataque impulsivo, Belfrior notou que os Olhos Demoníacos de Suiren havia sumido. Ela havia cedido completamente àquele poder. Isso lhe deu uma brecha.

— Gigan! Agora!

— Certo! – O Querubim usou toda a sua força para saltar até onde Suiren estava, pronto para esmurra-la com todo o seu poder.

Droga!

Suiren resmungara mentalmente. Para ela, felizmente, não recebera um Mente em Branco definitivo de Áries por ela não estar totalmente sã. Mas o ataque psíquico a deixara que a Serafim entrasse em sua mente, e isso a desconcentrou de vez.

Vou ter que esperar para realizar um ataque...

Logo antes de decidir isso, ela recebeu um soco diretamente no rosto por Gigan, que logo se tornou um monte de vapor novamente. Só que dessa vez, o vapor foi totalmente apagado pela aura do guerreiro.

***

Suiren era uma Ishim Artesã que amava pairar sob as águas de Tártaro, o Primeiro Céu. Ela sempre deteve de uma beleza extraordinária e encantava a qualquer um. Mas essas definições sobre “encanto” e “amor” era algo dotado somente aos humanos.

Em diversas missões que tivera na Haled ao longo dos anos antes da Queda de Lucífer, ela presenciara várias situações em que humanos amavam e traíam seus pretendentes. Isso a deixava confusa, mas isso era de certo complicado de explicar por que esse tipo de amor ela não conhecia. Para ela, “amar” era a mesma coisa que adorar a natureza, esta que a originou, e que é tudo para ela.

Um dia, isso tudo mudou.

Enquanto estava sentada à beira de um riacho, ela encontrou um homem loiro. Seus cabelos eram tão dourados e belos quanto raios de sol. Vestia uma túnica branca como a qual qualquer diplomata usava. Era conhecido pelos seus lindos olhos azuis, tão límpidos quanto um oceano.

Este era Lucífer.

— Ora, ora. O que traz a vós, Estrela da Manhã? – Perguntou a mulher, totalmente formal perante o Arcanjo.

— Bem, nada em especial, eu acho. – O Arcanjo respondeu meio desajeitado. – É só que eu notei que este é seu local favorito, não é?

— Ah, sim. Penso em pedir para vós Arcanjos que nomeassem este riacho com o meu nome, pois eu realmente o amo com todo o meu coração. – Expressou a Ishim, totalmente concentrada nas pequenas ondulações das ondas do riacho.

Lucífer fitou por alguns momentos o curso do pequeno rio.

— Ah, entendo. Já que foi você mesma que o criou, não é?

Suiren não teve o que responder.

O Belo Arcanjo sentou à beira do riacho, junto a ela.

— Isso não é bom, sabia? – Ele falou com uma voz serena. – Orgulho é algo que tomos devemos ter, para não termos arrependimentos, mas amor próprio é algo que não leva a lugar algum.

— M – Mas... – A mulher se engasgou com as próprias palavras.

A expressão de Lucífer ficou séria.

— O que fará caso se apaixone por alguém? Dará o seu nome a ele para ser seu?

— M – Me apaixonar? Mas isso não nos é permitido, não é?

O Arcanjo soltou um suspiro.

— Isso foi o que o Pai nos deixou. Uma vida sem escolhas, com uma tarefa de lutar e resguardar nossas missões. E no fim, há quem não sabe como distribuir isso e cria fetiches e manias, não é mesmo?

Suiren enrubesceu um pouco de vergonha.

— Veja, Suiren. Essa é uma barreira que você deve percorrer e ultrapassar. Se você começar a notar as coisas de uma visão diferente, notará fatos que não podem ser ignorados.

Dito isso, ele se levantou e tornou a caminhar novamente.

Suiren nunca esquecera daquelas palavras.

Nas missões que se sucederam, ela notou os vários costumes dos humanos, e acabou se apaixonando por um Querubim.

Eles se encontravam às escondidas ás vezes, e em um destes encontros, ela o levara para o riacho que ela criara. Por amá-lo tanto, ela nomeara aquele riacho com o nome dele. E então, ela enfim entendera o que Lucífer lhe dissera.

Mas sofreu para entender por completo.

Pelos relatos do seu amado Querubim, ela soube que ele odiava os Serafins, por eles fazerem estratégias que custavam muito aos seus companheiros.

Suiren não sabia o que sentir deles por isso.

Até que em um fatídico dia, seu amado havia morrido por uma emboscada de demônios. O resto da equipe voltara à salvo, mas ele ficara para protege-los. O Serafim por conta de ser o cabeça da equipe reclamara que o Querubim não havia cumprido corretamente suas ordens, por isso que agora ele estava morto.

Suiren, envolta por puro ódio, sorrateiramente o matara. Ninguém nunca descobriu quem havia feito o homicídio.

Ninguém, exceto Lucífer.

Mas em vez de incriminá-la, ele estendeu sua mão a ela.

— Não precisava fazer isso, você sabe, não é?

— M – Mas eu estava com muita raiva! E – Ele merecia algo assim, não é?!

— Claro que merecia, mas a de lhe dizer que quem merece algo receberá este, não importa o tempo que passe.

Logo, Suiren se juntou a causa de Lucífer, e nunca largou de seu lado. Ela queria ter o mesmo direito que os humanos de poder amar alguém e poder lutar para protegê-lo fora de uma hierarquia.

Aquele sentimento perdurara, mesmo quando ela virara um demônio.

***

Isso acalmara as coisas naquele momento.

Áries piscara várias vezes, e logo sua visão voltara ao normal.

Nem se tocara de que havia invocado aquela “imagem” novamente. Mas ela nem se preocupou com o que tinha acontecido, resolveu guardar para si o que tinha visualizado na mente de Suiren e se lembrara de que recebera uma mensagem mental de Race falando que queria logo ser levado dali para poder se recuperar.

Ou seja, ele estava vivo, mas inconsciente.

Áries desabou perto dele, deixando que sua touca caísse. E pela primeira vez, ela deixara que os outros vissem seus longos cabelos dourados soltos serem esvoaçados por aquele vento quente.

Ela ajeitara o guerreiro caído, e pousara seu rosto contra seu peito, da mesma forma que ele havia feito com ela na estrada. Neste momento, ela poderia sonhar que ele estava dormindo encima dela, não fosse pelos graves ferimentos que tinha tanto no rosto quanto no corpo inteiro. Ela afagava seus cabelos verdes desgrenhados.

Mas ela não conseguia deixar de conter as lágrimas que caíam sob seu rosto.

— D – Desculpe, Race, mas... estou aqui! Eu... estou aqui, ... né?


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