Tenshi no Tamashi escrita por AoiTakashiro


Capítulo 153
Capítulo 153 - A Queimadura da Ignorância


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOHHHHH MAIS UM CAPÍTULO SEMANAL!



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O ambiente estava escuro demais para se enxergar alguma coisa, mas uma coisa estava certa, Mariah fora raptada. Desde que tentara sair do local de sua última batalha, fora capturada e agora estava a mercê do inimigo. E o pior, estava fraca, e esse era o motivo mais aterrorizante.

A maneira de como ela ficava mais fraca.

— Ora, ora. A ruivinha acordou. Hora de outra dose. – Soava uma voz desconhecida para ela. Tratava-se de Kazan, o General da Morte, ele que se encarregara de capturara. Eles estavam numa espécie de caverna, ou algo do tipo, e a escuridão era para que sua identidade não fosse revelada. Naquele dado momento, ele injetara algo usando uma seringa no braço da ruiva, o que a fez se contorcer. Aquela era pelo menos a terceira vez que tomara aquilo de novo.

Queria gritar. Chamar por ajuda. Mas sua garganta estava seca, e agora estava ainda mais fraca por causa da injeção. Dentro de segundos, começou a sentir náuseas, sua cabeça começou a girar de tontura, seus olhos ficaram trêmulos, seus músculos pareciam dormentes e enrijecidos. Até que por fim, ele se pôs a vomitar. Uma poça de líquido negro estava agora sobre os seus pés, onde mais daquilo se encontrava. Já não havia mais nada no seu estômago.

— E então? Como ela está? – Surgiu outra voz que ela não conhecia. Era uma voz feminina, firme e direta. Era Suiren, que observava as ações que estavam acontecendo.

— Mais e mais fraca. Sua aura reduziu bastante. – Respondeu Kazan, satisfeito. – Agora podemos colocar o plano em prática.

— O efeito vai durar por quanto tempo?

— Umas duas horas. Até que ela vomite e expele a maioria, mas agora é questão de dias até que ela morra de vez. – Ele segurava o braço dela, para verificar seu pulso. – Esses tipos de brinquedo não duram para sempre, né?

Suiren bufou.

— Você que tem a mania de achar que tudo é maneiro. Isso é nojento até para mim.

— Bom, vamos nos divertir um pouco primeiro antes do embate principal. – Disse Kazan, meticuloso. – Quero ver algumas carinhas tremerem de terror!

Os dois se distanciaram de Mariah, a deixando sozinha nas trevas.

Não há mais motivos para se viver. Meu objetivo já está cumprido... E eles ainda querem me usar de isca...

***

Os anjos sobrevoavam a cidade, com exceção de alguns que ainda não podiam se mover, levaram o dia todo analisando as cidades mais próximas, para testar a capacidade de Áries de reconhecer a aura do inimigo das trevas à distância. Quando o sol já estava se pondo, eles voltaram.

Após as análises dentre as localizações vistas, foi montada uma conclusão:

— Áries consegue sentir qualquer tipo de aura maligna até 40 metros de distância. – Disse o loiro. – Dessa forma, olhamos todas as rotas de estradas oficiais e não-oficiais.

— E o que concluíram? – Perguntou Nesse.

— Que a maioria das rotas está limpa. Parece que o inimigo está fazendo o dever de casa. – Respondeu Race. – Levamos um mapa para nos ajudar a definir as rotas.

— Riscamos nele as rotas onde ela sentiu auras malignas. – Belfrior pôs na mesa de centro da sala de estar um mapa cheio de riscos em determinadas rotas por toda a região. Os riscos estavam em vermelho.

— Então devemos começar a procurar nas rotas onde há maior concentração?

— É a conclusão lógica, mas pode ser uma armadilha. – Refletiu Ralph. – Estou de olho nas rotas onde há pouca movimentação.

— Temos que pensar no ambiente também. – Continuou Race. – Há lugares discretos onde podem dar bons esconderijos.

— Mas e quanto as distinções? Qual delas são as do inimigo e as de demônios? – Questionou Nesse. Estava muito preocupado.

— Não tive muito sucesso em conseguir diferir os traços de aura. Terei que tentar amanhã outra vez... – Disse Áries, exausta. Sua voz estava serena e cansada, quase rouca.

— Droga... – O anjo das águas coçava a nuca, impaciente.

— M – Mas consegui encontrar pequenas semelhanças do traço dele em rotas nessa direção! – Ela apontou em um local do mapa, que de certa forma era perto do local das Sete Torres.

— Parece ser um lugar distinto de onde costuma ir... – Analisou o loiro. – Hum. Mas ainda precisamos verificar um pouco mais...

— Me parece o certo. Não vai ajudar se formos tão apressados. – Disse Nesse, confortando os outros, mas para Ralph, parecia que ele tentava confortar a si mesmo. – Amanhã vamos encontrar um paradeiro mais confiável.

A noite veio, e com ela um grande alívio a todos. Os dias passaram a ser longos depois que este assunto veio, então a noite é o único momento onde os anjos podem descansar tranquilos para se prepararem para o dia seguinte. Ralph caminhava pelo corredor quando avistou o anjo das águas parado na parede.

— Parece um pouco abatido. – Brincou o loiro, segurando no ombro do amigo. – Também sinto falta dela.

— Ela... me parecia angustiada, por causa do irmão. Ela me contou a história dela uma vez...

— Adoraria que me contasse. Quero saber de tudo para poder confortá-la quando a resgatarmos. – As palavras de Ralph tranquilizaram o anjo. Diante de tudo aquilo, o apoio entre eles era o mais essencial.

— Claro.

No dia seguinte, os anjos retornaram com a patrulha. Nesse já estava recuperado em dois dias de descanso. Mas algo estava diferente nos ambientes onde percorriam. Em algumas regiões, havia um aglomerado de pessoas todas do mesmo uniforme.

— Raptores. – Notou Race. – Dá para sentir o fedor deles daqui.

— Entendi. Então eles querem disfarçar as mudanças de território. – Analisou o loiro. – Vamos nos dividir para descobrir se eles se juntarão em algum lugar.

Os anjos se dispersaram, mas Ralph e Nesse ainda estavam um pouco próximos.

— Cuidado para não exagerar, você acabou de se recuperar.

— Tudo bem. Terei cuidado. – Afirmou Nesse se distanciando ainda mais. Ele se aproximou ainda mais nas ruas, procurando alcançar os raptores para ouvir o que eles têm a dizer, ou simplesmente poderia capturá-los, mas ele não estava tão seguro de si para fazer isso.

Os Raptores daquela região entraram em veículos e caminhões e saíram nem tão apressados, mas dava para notar que estavam com pressa. Significava que Nesse já fora percebido. Ele se esforçou para tentar acompanha-los, então, só depois notou que já estava os perseguindo durante muitos metros, o bairro parecia uma periferia, onde as estradas de terra levantavam poeira quando veículos passavam. As moradias eram rudimentares. Muitas não eram acabadas, outras nem haviam o telhado completo. Em dado momento, o anjo percebeu a aura da amiga. O súbito o fez parar e analisar o local. Ele olhava para todas as direções aflito, como se quisesse achar uma agulha num palheiro. Nisso ele já havia esquecido os Raptores, que ganham mais distância a cada segundo.

Relaxe. Relaxe! Ela está aqui! Só você pode salvá-la!

Nesse suspirou várias vezes. E quando finalmente se acalmara, notara a direção da aura com mais clareza. A energia vinha debaixo de um bueiro no beco ao lado dele. Ele tirou a tampa e não hesitou em entrar. Desceu as escadas cobertas de musgo até o piso de concreto. O fedor pútrido que vinha da água irritava seu nariz, o deixando nauseado. Estava perto. Caminhou bem devagar para não se exaltar.

Mariah, eu vou te salvar! Custe o que custar!

Longe dali, num morro perto daquela periferia, Kazan observava pacientemente. Suiren logo o acompanhou, e notou enquanto a boca dele esboçava um sorriso.

— Ah, cara. Como anjos puderam parecer tanto com os humanos? – Questionou o anjo caído, como se estivesse falando sozinho. – Viraram tão ignorantes com os seus ideais que esquecem seu verdadeiro propósito.

— E por que está tão contente? Você é esquisito. – Amargurou Suiren. – Se não fossem por muitos, você seria considerado o pior anjo caído.

— Fazer o quê? Digamos... – Ele continuava a encarar o bairro, quando de repente um gêiser de fogo surgiu diante do bueiro em que Nesse acabara de entrar, causando uma forte explosão, levantando uma fumaça negra até o céu. - ... que adoro irradiar sentimentos de gente inúteis!

***

Ralph continuava a perseguir os Raptores, até aquele momento, eles nada faziam. Quando de repente, a velocidade dos veículos aumentou drasticamente. Ameaçavam atropelar qualquer um pela frente. O loiro percebeu que perseguir não seria o suficiente.

— Hora de atacar! – Ele aumentou sua velocidade, se aproximando cada vez mais dos demônios. Mas quando eles passaram de um bueiro, a tampa dele voou junto a um gêiser de fogo bem quando Ralph foi passar. Com o seu instinto, ele parou bem na hora e conseguiu desviar do ataque soturno. Mas a distração o fez se distanciar do alvo, e como os Raptores estavam a toda a velocidade, logo sumiram da visão do loiro. Ele ganhou altitude para tentar encontra-los no céu, mas em vez disso, presenciou a aparição de vários gêiseres de fogo ao mesmo tempo!

Logo o céu se irradiou de fumaça, fazendo-o tossir. Mas o mais estranho disso era que a aura de Mariah estava presente ali, de algum jeito. Só que estava perigoso demais para se aproximar. Frustrado, resolveu deixar os Raptores fugirem daquela vez. Enquanto voltava, notou que os ventos de outras regiões estavam irradiados. Aquilo só poderia representar uma coisa: outra cidade sofreu dos gêiseres de fogo!

Ele se preocupou com os outros e resolveu ir atrás deles.

Mas para sua coincidência, os outros fizeram a mesma coisa.

— Pessoal! O que houve?!

— Não sei! – Inspirou Race, sem fôlego. – Só sei que...

— A aura de Mariah! Ela está aqui em algum lugar! – Interviu Áries.

— Eu também senti, mas logo depois surgiram esses gêiseres... – Comentou Gigan. – Não deu para tentar investigar.

— Isso foi claramente uma armadilha. Em todas as regiões que fomos, sentimos a aura dela. – Notou Belfrior. – Ela não está aqui.

— Uma armadilha...! – Ralph não conseguia entender o que estava acontecendo. Os Raptores claramente foram a distração, mas quem eles queriam enganar?

O loiro começou a suar frio.

— NESSE! – Ele voou em alta velocidade na direção onde o seu amigo tinha ido, mas ao chegar lá, a cidade toda estava banhada de fogo e fumaça. Completamente coberta de chamas. O forte calor o fazia suar constantemente, e isso o estava deixando ainda mais nervoso, tentava sentir a aura do amigo, mas nada. A irradiação do local irritava seus olhos, dando-lhe um segundo motivo para chorar. Nesse estava desaparecido.

***

Os dois anjos caídos estavam de volta à caverna, onde Mariah continuava presa. Ela estava tão fraca que nem se quer movia-se. Sentia seus membros formigarem novamente. Um calafrio percorreu por todo o seu corpo.

— Ah, queria ter encontrado o outro anjo! – Kazan reclamava chutando a parede da caverna. – Seria divertido jogar na cara deles!

— Pelo menos eliminamos mais um deles. A distração da aura dela deu certo. – Concluiu Suiren. – Sua habilidade é mesmo impressionante, apesar de tudo.

— Não é? – Ele caminhou até Mariah, e segurou sua testa com a mão, cobrindo-lhe os olhos com a palma. – Tenho a habilidade de copiar a aura de anjos do tipo fogo.

— Então porque você injeta seu sangue nela? – Questionou a mulher. – Não precisa só tocá-la para copiar sua habilidade?

— É que eu tenho uma sub-habilidade que é a melhor de todas! – Ele pressionou sua mão contra o rosto dela, fazendo-a resmungar de dor. – Se eu injetar meu sangue dentro de um anjo e usar minha habilidade de copiar a aura, eu posso suga-la! Quando ela estiver completamente vazia, ela morrerá como uma casca de ovo! Vai ser descartada com o lixo que é!

— E se ela morrer, idiota?

— Ainda tenho outros anjos no meu estoque! – A risada do anjo caído ecoou por todo o recinto. Mariah nem a escutou. Havia desmaiado novamente.


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