Na manhã seguinte, Ralph havia acordado mais cedo do que todos. Pois queria continuar treinando para se aperfeiçoar mais. Mas não demorou muito para os outros acordarem após ouvirem a bagunça de Ralph. O quintal estava todo destruído. Ralph havia testado o Whirlwind em todas as árvores, que já estavam destroçadas ou destruídas, além de testar a técnica no chão, esburacando todo o local.

– Isso que eu chamo de treino. – Comentou Nesse vendo o estrago de Ralph.

– Treino pesado. – Corrigiu Mariah. – Isso sim.

– Tudo bem. – Comentara Dona Melly. – Afinal essa não fora a primeira vez que Ralph fizera um estrago assim.

– “Um estrago assim”? – Questionou Mariah.

– Nada. Esquece.

Ralph terminara de fazer mais um buraco no chão. Então ele percebeu que os outros já haviam levantado.

– Opa. Desculpem se eu acordei vocês. – Ralph estava um pouco envergonhado. – Não era a minha intenção.

– Na verdade...

– É bom você se preocupar mesmo em se desculpar. – Mariah havia interrompido Nesse. – Estava tendo um bom cochilo pra você me acordar.

– Poxa. Desculpe.

– Tudo bem. Chega de briga. – Disse Dona Melly encerrando aquele assunto. – Vamos. O café da manhã tá pronto.

– A propósito, Ralph. – Nesse finalmente conseguira falar. – Como você conseguiu usar o Whirlwind de uma hora pra outra?

– É mesmo. – Mariah entrara na conversa. – Foi algo tão de repente...

– Ah, sim. – Ralph se lembrara da noite anterior. – Eu escutei uma voz e ela me ajudou a me concentrar.

– Uma voz?! – Os dois falaram ao mesmo tempo. Foi até que engraçado.

– Essa é nova. – Comentou Mariah.

– Mas é verdade. – Continuou Ralph.

– Bem, se isso o ajudou... – Nesse ainda estava um pouco confuso. – É o bastante.

Mas mal eles sabiam, Slace os estava observando de um local próximo. Ele esperou cuidadosamente todos saírem. Primeiro saíram Ralph, Nesse, Mariah e o pequeno Gotay. Mas naquele momento seu alvo ainda não era eles.

Quando Dona Melly fechou o portão que dava para a rua, Slace a prendeu nos braços com força, e ela não conseguiu reagir.

– Menos uma. – Comentou Slace desaparecendo com Dona Melly.

Quando os quatro chegaram em frente à escola. Nesse e Mariah deram um aviso para Ralph:

– Escute, Ralph. Nós três ficaremos aqui fora de olho em você. Se vir alguma coisa suspeita, ligue para nós e viremos ajudá-lo.

– Nós estaremos em nosso esconderijo. Fica um pouco longe. – Esclareceu Mariah. – Mas mesmo assim viremos como um raio.

– Ok. – Ralph acenou para os dois enquanto se afastava. - Então até a hora da saída!

– Até! – Os dois responderam juntos.

Quando Ralph se aproximou mais da escola, ele avistou Belle. Ela não estava conversando com ninguém. Mas não era isso que o preocupava. Será que ela se lembra de ontem? Pensara Ralph. Eu preciso saber. Ele se aproximou da garota ruiva, que ao vê-lo, deu um grande sorriso. Ele não deixou de ficar com o rosto vermelho, ainda se sentia estranho ao falar com ela.

– Ei, Ralph! – Ela se cumprimentou normalmente. – Sabe o que aconteceu aqui?

– Ahn, não. – Ela não sabia do que havia acontecido? Será que ela perdera a memória? – Você não se lembra de ontem?

– Na verdade, só de algumas coisas. – Belle parecia confusa. – Eu acho que desmaiei ontem na escola e meu pai me levou para o hospital. Mas eu mal pude falar com ele, porque ele viajou ontem mesmo.

– Hum. Entendo. – Então ela realmente não sabia o que havia acontecido. Para Isabelle, ela só se lembrava de quando conheceu Ralph, que foi antes da escola. Ufa. Pensou Ralph aliviado. Não vou ter mais que me preocupar em explicar à ela sobre Gotay.

– Aconteceu alguma coisa? Sabe de algo? – Isabelle percebera que a expressão de Ralph tinha mudado.

– Não. Não é nada, Belle. – Ralph tentou confortar a amiga. – Infelizmente eu não sei de nada também.

O portão da escola abriu e os dois entraram juntos. Quando eles iam se dirigir para as escadas, Ralph tomou coragem para falar:

– Ei, Belle. Eu não te encontrei no meu intervalo.

– Ah, sim. Infelizmente nossos intervalos são diferentes. – Ralph se mostrou desapontado. Mas então ela falou:

– Mas, sinceramente. Adoraria que nossos intervalos se juntassem. Eu adoro falar com você. Você é uma companhia melhor do que os outros.

Dito isso, Ralph ficou paralisado. Viu Isabelle cruzando as escadas no meio de vários alunos.

– Cara... – Comentou para si mesmo. – Acho que eu gamei.

No lado de fora da escola, Mariah e Nesse estavam em uma esquina ali perto, conversando com Gotay.

– Gotay. – Começou Nesse. – Precisamos que você fique aqui e olhe Ralph.

– Pra algum caso de emergência. – Completou Mariah. – Se alguma coisa muito ruim acontecer, nós dois podemos não chegar a tempo.

– Tudo bem. – Afirmou a pequena gotinha. – Eu vou ficar aqui até ele sair.

– Ótimo. Nós dizemos aquilo para ele, mas na verdade nós dois precisamos investigar sobre o tal Quarteto Sombrio.

– Vamos achar pistas enquanto o Ralph tá na escola. – Concluiu Mariah.

– Beleza. Boa sorte para os dois. – Incentivou Gotay.

– Valeu. – Disse Nesse agradecido, já se afastando.

– Obrigada. – Agradeceu Mariah.

Os dois anjos rapidamente se afastaram dali e se desmaterializaram. Nesse estava mostrando suas asas cor de azul bebê, enquanto Mariah mostrava asas flamejantes que cintilavam até no outro plano.

Gotay saíra dali da esquina e estava procurando um local para ficar escondido. Mas logo uma aura aparece do nada e ele se assusta. Slace o surpreendera e antes que ele pudesse reagir. Slace o agarrou e deu um sorriso que o assustou.

– Menos dois. – E sumiu junto com Gotay, deixando as ruas desertas.

Ralph estava no intervalo. Com sorte, Nando não estava por ali. Ele soubera que, por causa dele ter arremessado Nando, ele ficara internado no hospital por ter fraturado algumas costelas e de ter batido a cabeça. Ralph se sentiu meio mal por ter feito aquilo, mas fora necessário, ou então ele morreria.

Ralph se sentou no pátio e começou a pensar em Isabelle. Ela era linda. Pensava ele. E ela gostava de ficar com ele. E então ele não parou de rever seu rosto várias vezes em sua mente, ficando corado cada vez mais que pensava nela.

– Droga, assim vão me perceber. – Comentou Ralph, ainda amargo por se sentir ser excluído por todos ali, e não queria que ele gostava de alguém. Não mesmo.

Ele foi no banheiro lavar o rosto. Quando alguma coisa vibrava em seu bolso. Ele então percebeu que era o seu celular tocando. Ele rapidamente secou suas mãos e viu quem era. Nesse. Era problema. Ralph tinha certeza disso, sem escolha, atendeu.

– Alô? Nesse? O que houve?

– Ralph. – Nesse tinha um tom muito preocupado. – Quero que saia daí. Agora!

– Mas porquê? – Ralph não entendia tanto alvoroço. – O que está acontecendo, Nesse? – Ralph começou a ficar nervoso. – O que houve?!

– Vou ser direto. – Nesse parecia se segurar para não gritar. – Gotay e sua mãe sumiram! Saia logo daí antes que você suma também!