Tenshi no Tamashi escrita por AoiTakashiro


Capítulo 136
Capítulo 136 - Inferno de Gelo - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me pelo atraso! GOMENASAI *__________________________*



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O retorno para o esconderijo só não foi tão silencioso por causa do bater das asas dos anjos. Ralph se manteve calado, apenas olhando para frente com Jack em seus braços, Fred se encontrava logo atrás. Toda vez que Mariah e Nesse tentavam se aproximar do loiro, se assustavam com a aura que ele emanava, e ambos se viam obrigados a recuarem. Jack recebeu os primeiros socorros assim que chegaram, e Ralph ainda se viu sob pressão ao responder as perguntas a todos. Em meio ao alvoroço de palavras, ele apenas disse:

— Tenham calma. Eu responderei a todos. – O dia se passou em total tensão. Após as incessantes perguntas, o loiro explicou tudo o que sabia e o que ocorrera até ali, a identidade do verdadeiro inimigo, Lucífer; a mensagem dos Generais da Morte; O convite de Lucífer e a aparição de Nesse e Mariah no encontro. A única coisa que deixou de surpreendê-lo foi à expressão de todos. O puro espanto, choque e indignação. Ele deixou a todos e ficou de espera no quarto de Jack, para saber como ele estava.

Até que Jack enfim despertou.

Ele acordou meio tonto, sem saber o que acontecera. Levou alguns segundos para se localizar, até que fitou Ralph bem a sua frente sentado numa cadeira. De repente tudo viera como uma enchente: A sua aparição aos outros; a surpresa estampada no rosto deles; e a sua incontrolável fúria. Ele mordeu o lábio para tentar se agarrar novamente à realidade.

— Jack... – Ralph citou seu nome.

— C – Cale a boca... – Retrucou o garoto. – Me deixe em paz. Eu... Eu quero ficar sozinho. – O garoto virou-se para o outro lado da cama, mas antes que pudesse se deitar, Ralph fizera uma pergunta:

— Você tem o poder de um Dragão, não é? Foi o que aconteceu quando formos enfrentar os Anjos Caídos. Você se descontrolou lá também, não é?

O garoto cerrou os dentes, rangia em silêncio, mas Ralph sentia que ele estava se segurando para não berrar de fúria.

— Me deixe...

— Não. Até que me diga o que o levou a nos seguir e a ficar daquele jeito. – Expressou o loiro, sem mudar o tom da voz. – O que tem tanto com Lucífer que o deixou daquele jeito?

Primeiro, uma ranhura se ouviu da boca do garoto, depois ela se transformou numa risada irônica.

— Lucífer?! Esse cara não é nada para mim. E não diga “daquele jeito”, você nunca...

— Não é verdade. Já enfrentei um usuário com poder de Dragão. – Respondeu o loiro.

— Como?! – O garoto surpreendeu-se.

Um instante de silêncio tomou o quarto.

— E daí?! – Retrucou Jack, nervoso. Provavelmente ansioso. – O que te faz pensar que pode me entender?! Eu me lembro do seu rosto, como me olhava! Acha que eu sou um monstro também!

O olhar irrelevante do loiro finalmente mudara.

— Eu só...

— Exatamente! Não sabe nem o quê eu estava sentindo! – Lágrimas começaram a despencar do seu rosto. – Mesmo que eu lhe responda, não irá entender os mesmos sentimentos!

O olhar de Ralph se fechou.

— Por que... Por que todos dizem a mesma coisa? – Expressara, mais para si mesmo. – Sempre dizem que não entenderei, sem nem antes tentar. – Seu rosto também estava com lágrimas. – Será que sou um capitão tão ruim assim?

Jack encarou o rosto sincero do loiro, e mesmo que estivesse com fúria, não conseguia respondê-lo.

— Você está assim só por causa disso?

— Não. Por todos. Toda a dor de vocês. – Ele tocou sua mão no próprio peito. – Eu consigo senti-las. Não agüentei em ouvir que todos vocês sofriam pela mesma pessoa. Isso... Isso é uma coisa horrível! E mesmo... Mesmo assim... Queria poder explicar direito toda essa situação... Para que pudéssemos resolver isso juntos! Mas... – Ele se conteve, suspirando fortemente.

— Não espere me confortar com isso...

— Não estou confortando ninguém. – Ele secou as lágrimas com as mãos. –Só estou dizendo que, diante de tudo o que aconteceu, o que menos esperava era ver que você estava se sentindo pior do que todos.

Jack ficou sem reação.

— Não está falando sério...

— Quando eu o vi se aproximando, eu achei que não poderia haver algo pior. Era ver que logo você estava sofrendo por causa dele! – Ralph chorava, mas falava com força, pelo o que precisava falar.

O quarto entrou em silêncio novamente.

— N – Não está bravo comigo?

— Não. Como posso ficar bravo? Você só descontou na pessoa errada. – Ele foi meio irônico nessa parte.

— Achei... Que as pessoas não poderiam mudar... Mas você é muito flexível.

— Jack. Eu quero ajudar. Eu quero ajudar a todos. Mas não posso fazer isso sozinho. – Expressou. – Se não ficou daquele jeito por causa de Lucífer, o que foi então?

— É como eu disse... Achava que as pessoas não pudessem mudar, mas, no entanto, você mudou Fred. E pensar que ele quase te matou... – Jack levantou a cabeça. – Quando soubemos que ele era o seu irmão, achei que ficasse abalado o suficiente para tentar esquecê-lo, mas... Em vez disso, você foi até atrás dele. Arriscou sua vida para alguém que não se importava. Acho que você me mudou um pouco também. – Expressou o garoto.

— Jack...

— Muito bem. Se quer tanto saber, contarei por que sou desse jeito...

***

Era Glacial.

O momento em que o mundo sofria com os congelamentos. Tudo era coberto por neve e gelo. Nessa época, os humanos viviam em aldeias, caçavam cautelosamente, passavam suas vidas escondidos pelo intenso e contínuo inverno gélido. Mas, em uma dessas aldeias, uma família era mais especial.

A Família Frost.

Seu nome completo é Jack Frost. Filho caçula. Junto a seu pai e sua mãe ele viveu com seu irmão. Jack era sete anos mais novo que o irmão, por isso nunca participou das caçadas com seu pai. A Família Frost era composta por anjos, e o pai de Jack era um, mas sua mãe era humana. Com esta benção, esta família sempre se manteve em boas condições, tendo até um castelo para viverem melhor. Jack era brincalhão, mas nada aventureiro, sempre ficando perto de sua mãe para tudo. Naquela época, ter 6 anos não o fazia ter muitas lembranças, mas sempre achou que sua família era feliz. Achava...

Por incrível que pareça naquele castelo havia um imenso porão. Jack havia escutado que seu irmão passaria por um tipo de teste. Sua curiosidade o motivou a seguir os outros membros até o fim das escadarias que conduziam para o centro do porão. Lá era um lugar escuro, muito mais frio que o térreo, e ali dava calafrios. O seu pai, Frost, acendera uma tocha, e outros fizeram o mesmo. A iluminação revelou uma imensa grade à frente deles, e o que havia além era um mistério, por causa da escuridão. Jack, escondido, ficara quieto para tentar escutar o que os outros estavam dizendo.

— Eis aqui. – Dissera Frost. – Um dos triunfos que tentamos obter durante séculos, mas sempre tivemos fracasso. Hoje, poderá ser um dia glorioso a nós! – Todos gritaram menos o irmão de Jack, que se manteve calado. Ele era muito parecido com Jack, possuía o mesmo cabelo arrepiado e branco. Os membros se dispersaram, formando uma roda. Frost foi até o filho com uma vasilha com sangue. O irmão ficara sem camisa, e logo após, o seu pai fez marcas na sua pele usando o sangue, que tinha um brilho peculiar. Frost fizera marcações de gelo envolvendo o filho, deixando-o no centro de um círculo de camadas de gelo. – Agora o ritual está pronto.

Frost jogou sua tocha para o além da imensa grade, que se iluminou, e nela mostrou a imagem de um dragão branco totalmente acorrentado por correntes de gelo, tão fortes que não o deixavam sequer se mexer. O dragão era imenso. Deixava a todos os homens no tamanho de formigas. Os olhos cintilantes do dragão detinham uma enorme pupila num tom verde glacial, e suas escamas pareciam inúmeros diamantes, brilhando a iluminação na chama com um brilho metálico. Aquela criatura não parecia ser real, mas era.

— Gletscher! O Dragão do Gelo! Ceda-se a este garoto como teu recipiente! – Proferiu Frost, estendendo seus braços a Gletscher.

ESTE É DIGNO DE ME TER COMO HOSPEDEIRO? – Retrucou o Dragão.

O seu irmão não gostara nada da resposta.

O ritual se prosseguiu. A aura do Dragão se expeliu e se concentrou nas camadas de gelo, e pouco a pouco se aproximaram do garoto, até a aura o atingir e o levitar. O garoto arregalou os olhos, ele se contorcera, seus berros ecoaram por todo o porão. Seu rosto estava sem vida perante os seus gritos. O ritual era a transição da aura do dragão para o interior da própria aura. Mas o irmão de Jack não era forte o suficiente o bastante. Frost interrompeu o ritual criando uma cortina de gelo que atrapalhou a transição. O garoto caiu no chão, desmaiado, suando frio.

ELE NÃO É FORTE O SUFICIENTE. – Disse Gletscher. – SUA ALMA NÃO É DIGNA DE AGUENTAR O MEU PODER.

Desde aquele dia, tudo iria mudar para a vida de Jack...


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