Continuando pelo caminho, o barco dos anjos piratas prosseguia pelo rio Styx. Pelo alívio de Ralph, o seu destino estava muito próximo. De acordo com Ortobeu, após eles chegassem ao Porto das Almas, ele poderia seguir rapidamente até o local onde aconteceria a Execução de Fred. Parecia ser coisa fácil, mas não era bem por aí.

– Garoto. Quando chegarmos ao Porto das Almas, terá que ser tão rápido quanto um raio. – Instruía Ortobeu. – Lá estará cheio de demônios, e muito fortes. Sempre que chegamos em qualquer porto por aqui, somos revistados para se assegurarem de nós não termos algum objeto ou artefato poderoso que possa causar problemas. Esta é a área mais rígida de monitoramento de todos os Nove Reinos do Inferno.

– Entendi. Tomarei cuidado. – Respondera, prestando atenção em cada coisa que o amigo lhe contava.

– Outra coisa. Depois do Porto, você estará sozinho. Não poderemos te ajudar a resgatar o seu colega. Milhares de olhos ficaram nos vigiando após partirmos do Porto.

– Não precisa se preocupar. Muito obrigado por me ajudar a chegar até aqui. Ficarei te devendo uma.

Ortobeu dera uma de suas grossas gargalhadas.

– Você é o melhor, garoto! Só de pensar em fazer uma boa ação para um anjo aqui, já me conforta e muito sobre os meus pecados. Talvez um dia eu ainda possa me redimir com os caras lá de cima.

***

O Porto das Almas era um caís onde os barcos poderiam atracar além de depois venderem suas mercadorias a qualquer um que se interessasse por eles. Alguns demônios possuem ainda o desejo da ganância, querendo encontrar coisas valiosas para ainda se mostrar ser o tal entre os outros. Os guardas demônios também ficam de vigia, pois para não haver nenhuma brecha de algum possível ataque inimigo dos barqueiros. Muitos anjos caídos possuem raiva de Lucífer pelo o que ele fez. E basicamente a tarefa desses guardas demoníacos é a de verificar todos os barcos que atracam nesses portos, sendo o Porto das Almas o mais conhecido e mais utilizado entre eles.

O barco onde Ralph estava já se encontrava atracado no caís. Ele estava escondido por entre a carga, que aos poucos era descarregada pelos marinheiros de Ortobeu. O plano seria ele distrair os guardas enquanto Ralph saísse dali o mais rápido possível. Logo os guardas chegaram, contando ao todo uns dez daqueles demônios robustos.

– Ei, o que cê tá trazendo? – Perguntara um dos guardas.

– Ah, nada demais. Achei alguns artefatos de Ophanins. Alguém está interessado? – Negociava Ortobeu, enrolando o quanto podia o aglomerado de demônios.

– Hum? Por acaso você é burro?! Não sabe que objeto de Ophanim dá azar? – Retrucara um dos guardas.

– Calma. Vamos dar uma olhada. – Instigou outro, já entrando no barco.

– É. Por acaso tem algum anjo por aqui? – Dissera mais um, com certa malícia.

– Anjo? Não. Por onde eu fui não havia nenhum. – Enrolava Ortobeu.

– Ei! Estou sentindo cheiro de anjo! – Pestanejara um deles.

Ralph engoliu em seco.

– Tá doido?! Eu não tô cheirando nada disso.

– Deve ser porque você cheira merda o dia inteiro! Seu bosta! Estou sentindo cheiro de anjo sim!

– É. Mas é um cheiro fraco... – Notou um deles.

– I – Isso é por causa dos objetos de Ophanim que eu mencionei antes! – Mentiu Ortobeu, sendo meia verdade. – Se entrarem no convés, vão confirmar por vocês mesmos.

– É, tem razão. Eu também acho. – Concordou um deles. Logo todos seguiram por entre o barco. Com isso, Ortobeu dera um sinal com a mão atrás das costas para Ralph, que logo entendeu como “Está liberado. Pode ir!”.

Obrigado, Ortobeu. Agradecera mentalmente. E seguira em frente com sua velocidade de vento. Aos poucos deixava o Porto das Almas para trás, e também a honrosa companhia da Tripulação Octo-Land. Ralph corria o mais rápido que podia, contornando rotas abertas de onde os demônios apareciam aqui e ali. Agora, eu só preciso achar o local da Execução a tempo!