Tenshi no Tamashi escrita por AoiTakashiro


Capítulo 104
Capítulo 104 - Roberta


Notas iniciais do capítulo

PARABÉNS ROBERTA!!!!!
Uma das minhas leitoras favoritas, tenha muitos anos de vida!
Estou aqui com o capitulo especial, a pedido da própria leitora, então espero que goste mto!
Obrigado tbm aos leitores, em especial tbm coloquei alguns leitores na história para deixar mais emocionante!
Então... É isso! Aproveitem a leitura, apesar de um pouquinho longa kkkkkk ;D



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Prólogo

Sudoeste Asiático.

Os céus mudaram, naquela era tão distante. Uma tempestade se aproximava, mas pela visão dos mortais que a viam e se assustavam naquela tribo, um deles, porém, ao sair de sua cabana, conforta a todos.

– Meus amigos, digo-lhes que o que vem por ai não é mal. Isso eu garanto. – O ser, que não era mortal, seguiu por entre a cordilheira até chegar ao ponto onde as nuvens turbulentas se coloriram de vermelho, ele apenas vestia uma tanga, não era jovem e nem velho, com sua grande barba se destacar pelo rosto. Das nuvens, surgiu um turbilhão, a aura do Gigante que cruzava o plano etéreo se materializou bem em frente ao enviado, sem medo.

– Depois de tanto, tanto tempo... Finalmente lhe vejo novamente, Gabriel. – Entoou, maravilhado.

– É bom ver você também, Sentinela. – Respondeu Gabriel, retirando seu elmo dourado, para ser visto melhor. Suas feições jovens encantavam a qualquer um, e sua armadura dourada cintilante era capaz de ofuscar qualquer invejoso. – Meu grande amigo.

– O que o traz para cá, Gigante? – Perguntou o Sentinela, curioso. – Há muito queria revê-lo. Contei-lhe aos meus filhos, e todos estão curiosos para conhecê-lo. – Disse, entusiasmado.

Gabriel mudou de expressão.

– Eu sinto, mas não poderei ser mais breve. Estou aqui para lhe dar uma proposta.

– Proposta?

– Os tempos mudaram velho companheiro. – Disse O Mensageiro, com um tom de voz agora sério. – Peço-lhe que retorne a casa de Deus para que nos preparemos.

– V - Voltar? – Surpreendera o Sentinela. – Com que finalidade?

– Nós por fim decidimos que os humanos não são dignos de ainda viverem. – Disse Gabriel, elegante. – Devemos destruí-los antes que as coisas piorem ainda mais.

– O quê?! Como? Por quê?!

– A resposta é bem simples: nós congelaremos as calotas polares. Esta foi à ordem de Miguel. Congelaremos todo o planeta, para que eles não possam mais sujar a criação.

– Não... Não podem...

– Como?

– Vocês não podem fazer isso! – Entoou o Sentinela. – Esqueceram das ordens de Yahweh?

– Você fala como se eu fosse um mísero anjo, Metraton. – Retrucou o Gigante, estressado. – Nós precisamos que vocês, os Sentinelas, retornem a casa de Deus.

– Não posso fazer isso, Gabriel. Deus me deu ordens de orientar os seres humanos ao caminho do amor, da paz e da justiça.

Gabriel achou tudo aquilo irônico, ele até poderia rir, se não fosse tudo tão trágico.

– Veja bem, Metraton. Vocês tentaram, mas viram que fracassaram. Eles só sabem matar, roubar, mentir e destruir.

– Fracassamos?! – Retrucou o sentinela, agora furioso.

– Miguel sabia que seria difícil convencer vocês, por isso me enviou. – Disse Gabriel, sincero. – A proposta é simples: Volte e seja recompensado, ou fique e morra com eles.

Metraton fitava o Gigante com outros olhos.

– O – O que aconteceu nos Sete Céus, Gabriel? O que aconteceu para vocês, Arcanjos, mudarem seus ideais?

– Esse é o problema, Metraton. Aconteceram coisas demais. – Entoou o arcanjo, já não mais tão paciente.

– O que Rafael acha disso? – O Sentinela havia dito o nome do Arcanjo Rafael, a Cura de Deus.

– Ele não tem poder algum sobre nós. – Ponderou Gabriel. – E vocês também não.

– Não pode ser...

– E então? Eu aguardo a sua resposta.

O Sentinela fechou seus punhos.

– Eu ficarei e os protegerei! Não abandonarei a missão que Yahweh dera a mim. Nenhum de nós irá com vocês, isso eu garanto! – Confrontara Gabriel.

– Essa é a sua resposta final? – O Arcanjo tocara na bainha de sua espada, mas não chegara a sacá-la.

– É a única resposta. – Respondeu Metraton, firme.

O turbilhão voltara, levando Gabriel, e conforme sua aura se esvaía, ele dera o seu último aviso.

– Sinto lhe dizer. Mas você se arrependerá do que escolheu fazer, Metraton. Vai se arrepender.

– Eu digo o mesmo, Gabriel. – Encarou o sentinela, fitando o enorme turbilhão de energia indo embora.

***

– Então... Ele os quer convencer dessa maneira? – Entoou, dentro de seu templo. Estava curvado, rezando. Falava com ele mesmo. – Meu nobre, Metraton. Devo-lhe também lhe fazer uma visita breve.

Ele encarou o altar que estava bem à sua frente com seus olhos azuis. Levantou-se, e pegou a sua espada que estava presa á bainha que havia sido desatada da armadura. Enquanto a colocava de volta, seguia para a entrada do templo. O que ele tinha que fazer, ele já sabia.

***

Gabriel estava inconformado. Andava de um lado para o outro, num dos andares do enorme Castelo da Luz, em Acheron, o Quarto Céu. Ele não aceitava aquilo, tudo podia fazer, então porque não convencer os Sentinelas, os primeiros anjos criados por Deus? Eles não tinham casta, eram tão incríveis quanto os arcanjos, por isso tão preciosos.

– Não posso dizer isso a Miguel... – Murmurara, sem saber o que pensar. Algo lhe veio á mente. – Se eu não pude convencê-lo por bem, eu o convencerei pelo mal.

***

Metraton voltara de mais uma bela caçada. Conseguira um bom jantar e todos ficariam felizes, faltavam apenas poucos metros até chegar. Mais a expectativa se tornara num susto quando ele vira ao longe fumaça, na direção de sua aldeia. O Sentinela deixara a caça ali mesmo e correra para ver o que havia acontecido, ou se ainda poderia salvar alguém.

Pelo morro, ele vira o desastre. Tudo fora destruído, as cabanas, ainda pegavam fogo, homens, mulheres e até crianças estavam mortas, carbonizadas, desmembradas. Nem os animais sobreviveram. O local se tornara um cemitério ardente, e o único grito de terror fora do próprio sentinela.

Metraton sentiu uma energia, muito forte, se aproximando. Ele se virara, e estava lá. O gigante. Gabriel estava flutuando com seus três pares de asas, bem à frente. A raiva e a tristeza consumiam o Sentinela.

– O – O que você fez?!

– Eu apenas dei a minha resposta. – Entoou o Gigante, indiferente. – Agora você não tem mais laço nenhum com mais ninguém aqui.

– O QUÊ?! – O anjo liberou suas asas, que tinham uma coloração arenosa. Em demonstração de prontidão de batalha. – Eu o desafio, Gabriel!

– Não vim até aqui para lutar, Metraton. – Retrucou o arcanjo, sem se importar com a raiva do sentinela. – Eu irei te arrastar até os Sete Céus.

– Tente se puder! – Ameaçou, em posição de batalha. – Eu vingarei meus filhos, minha família e meus amigos!

– Que decepcionante... – Expressou Gabriel, enojado. – Como pode querer lutar por criaturas tão fracas como... – Ele foi interrompido quando o Sentinela o atacara com um soco no rosto. O arcanjo, surpreendido, ficou sem reação. Metraton atacou novamente, mas Gabriel se defendeu, o expelindo com a sua aura.

– Pare Metraton...

– Me chame... De Primeiro Anjo! – Entoou, irrompendo sua aura, onde feixes de energia surgiram contra o arcanjo, que se defendeu apenas com uma mão. O Primeiro Anjo partiu para cima, seus punhos se encheram de energia e ele confrontou de igual para igual o arcanjo, que se irritava mais a cada minuto, até que ele irrompeu sua aura também, e sua energia liberada fora o bastante para repelir o ataque de Metraton, que pousou sobre o chão.

– Não deveria ter feito isso... – Entoou o arcanjo, com seus olhos ardendo em fogo, sua fúria se mostrara, mesmo assim isso não intimidou o anjo. Gabriel desembainhou a Flagelo de Fogo, sua lâmina cresceu ainda mais perante a fúria do dono. O arcanjo rasou e com uma simples mexida com sua arma, um impacto de fogo surgiu durante alguns metros, devastando tudo como um raio poderoso, desviando por pouco, Metraton confrontou o Gigante com mais investidas furiosas, porém com mais cautela, por causa do extremo poder do Flagelo de Fogo que poderia acabar com ele com um simples golpe. Gabriel dera outro golpe de espada, criando um abalo sísmico na terra que a partiu, formando um enorme tremor, levantando rochas e poeira sob o ar. Metraton aproveitou essa distração para se esconder entre a poeira do ar, e Gabriel estava com tanta raiva que não o via.

– Maldito! Onde você está?!

– Aqui! – O Primeiro Anjo acertou mais um soco na cara do arcanjo, que se desequilibrou e caiu no chão. Metraton apareceu no ar, se preparando para o golpe final.

– Isto é por todos que você matou! – O Sentinela mirou seu punho no coração do arcanjo, mas antes que pudesse acertar, Gabriel interceptara o ataque, fincando sua poderosa lâmina no coração do anjo.

Metraton se contorcia no chão, morrendo por ter sido atingido num órgão frágil. O coração é o ponto fraco de qualquer avatar de anjo. Porque é onde fica armazenada a energia do anjo, que é muito vital. Gabriel se deu conta do que fizera.

– Não... O que foi que eu fiz? – Disse, fitando o corpo do anjo já falecido.

Um clarão no céu apareceu.

– Você fez o que achou certo fazer. – Uma voz, saiu do clarão, que se formava alguém, alguém que ele conhecia. – E isso é errado.

– Rafael?! O que está fazendo aqui?

A Cura de Deus se materializara, mostrando seu rosto angelical. Seus cabelos eram curtos e dourados, de vestimenta, apenas usava uma toga tão branca quanto a luz, e em sua cintura, sua espada estava presa à bainha.

– Meu caro irmão. – Expressou, com sua voz que parecia um coro cantando. – Veja no que se tornou, não foi essa a missão que nosso Pai deixou.

– Mas... Eu não queria que isso acontecesse! – O Arcanjo se achava incompreendido. – Eu apenas fiz o que Miguel havia me pedido. Eu só queria salvá-lo da extinção dos humanos!

– Salvar? Pare de agir como ele. – Rafael se referia a Miguel. – A salvação está onde os justos pensam e agem.

A Cura de Deus se aproximou do corpo de Metraton.

– Por Deus, meu grande amigo. – Expressou, fitando o rosto morto do anjo. – Sinto-lhe.

– O que fará meu irmão? – Perguntou Gabriel.

– Eu apenas farei o que me foi concedido. – O Arcanjo desembainhou sua espada, sua lâmina era um feixe de luz. – Meu poder, não é matar ou destruir. Mas é curar, reviver e amar.

Ele tocou a ponta da lâmina no peito do corpo de Metraton. Um brilho mágico aconteceu, e algo mais mágico aconteceu depois. O anjo, antes morto, se levantou atordoado, e começou a andar, parecia que nem havia visto os arcanjos.

– I – Incrível... – Gabriel estava maravilhado, chocado. Sem palavras. – Esse... É o seu poder...

– Meu irmão. Não cabe a nós querer decidir pelos outros. – Rafael pôs sua mão no ombro de Gabriel. – Somos anjos, mas podemos fazer a diferença.

– Está dizendo que estou errado? Que Miguel está errado?

– Isso quem tem que descobrir é você, meu irmão. – Disse Rafael, sincero. Sua voz confortou o arcanjo. – Não decida as coisas pela raiva. Não use o poder que tem para matar, mas para proteger. Você tem poder para isso.

Gabriel se sentia perdido. Ele se curvou perante o irmão.

– O que devo fazer? Que caminho devo seguir?

Rafael também se curvara, e seu rosto se mostrou ser a própria luz para Gabriel.

– Contorne os seus erros, ache uma nova solução. Encontre sua própria verdade no que acredita. – O Arcanjo começou a se desmaterializar, voltando a ser luz, sua presença sumira dali, deixando o arcanjo com seus pensamentos pesados.

***

Tempo atual

Quarto Céu, Acheron.

Acheron é o lar dos Querubins, os anjos guerreiros. Nesta época, o período pré-dilúvio, os guerreiros tinham inúmeras missões, pois nesse tempo, a mente dos humanos era testada. Mas com o novo plano de Miguel de congelar as calotas polares e as geleiras, e todo o planeta, os arcanjos queriam a todo custo chamar os anjos que estavam na Haled, para que não fossem envolvidos, e os Sentinelas eram peças muito importantes.

Mas os guerreiros não eram os únicos a se destacarem por suas habilidades.

Uma flecha zumbiu de lugar nenhum e cruzou centenas de Querubins em seus treinos, e por incrível que pareça, nenhum deles fora atingido. A flecha atravessou uma sala inteira de combate, e enfim acertou o seu alvo de pontaria.

– Caraca... – Expressou um dos guerreiros, surpreso. – Essa Querubim não é mole, não.

– Eu ouvi isso. – Entoou a guerreira, saindo de uma das torres do castelo, com suas asas brancas, ela deu um rasante e pousou em pé, sendo aplaudida depois. – E obrigada.

Roberta era a melhor das arqueiras. Seu arco dourado era mágico e suas flechas eram infinitas, surgiam perante o comando da dona. Ela também era forte, diferentes das guerreiras Querubins, as arqueiras possuem sua maior habilidade na precisão de mira. Seus longos cabelos castanhos escuros chegavam até a cintura, que balançavam perante o forte vento que contornava o Castelo da Luz. Sua vestimenta era basicamente uma armadura leve de malha e tecido branco. Sua habilidade de mira e sua precisão nas batalhas a tornaram uma das mais confiáveis de Gabriel, sendo muito elogiada pelos comandantes.

Até que então ela fora chamada para ser uma dos Sete Anjos Espadachins.

Um dos guerreiros se aproximara dela para dar uma comunicação.

– Roberta, Mestre Gabriel a está convocando. Uma dos Espadachins. – Esse era o termo para Sete Espadachins. A guerreira acenou com a cabeça e se dirigiu ao aposento onde seu comandante se encontrava.

Gabriel estava sentado, pensativo, até que ela entrou.

– Mandou me chamar, senhor?

– Sim. Que bom que veio. Preciso que faça algo para mim. – Esclareceu o arcanjo, meio formal.

– O que quiser. – Respondeu. Roberta era conhecida por Olho de Falcão, mas somente os que não a conheciam direito a chamavam assim.

– Hum. Acho que já entende da nossa atual situação. – Expressou o arcanjo. – Nós iremos congelar tudo na Haled, mas para isso, precisamos dos Sentinelas conosco. Depois do que houve antes, estamos indefesos.

– Entendo. Mas... Sem querer insultá-lo, você não fora na Haled achá-los?

– Fui. Mas não deu certo.

– Se quiser que eu vá atrás do Primeiro Anjo, eu...

– Não. Quero que vá encontrar outro sentinela, vou deixá-lo por enquanto. Eu... Preciso pensar um pouco. E eu quero que você adiante esse trabalho o quanto antes. Vá atrás de outro sentinela, e descubra a localização dos outros. Precisamos que os convença.

– Como desejar. Farei isso com prazer.

– Mais uma coisa. Os Sentinelas são anjos muito poderosos, e você pode não dar conta.

– O quê? Mas eu...

– Sim. Eu sei que você é uma dos Espadachins, mas precisa saber que estará confrontando um Sentinela, que é quase no nível de um arcanjo. Não são anjos normais.

– Certo comandante. Eu chamarei alguém de minha confiança.

– Ótimo. – Gabriel voltou-se aos seus pensamentos. O que ele havia feito não se perdoaria, mas as palavras de Rafael ficaram gravadas em sua mente, e... Em seu coração.

Roberta havia percebido que ele estava estranho, pensativo. Ela saiu do aposento e seguiu novamente para os salões de combate. Havia uma pessoa pela qual ela confiava muito e era sua melhor parceira.

Um círculo de anjos que estavam reunidos chamara a atenção. Significando que havia uma luta acontecendo. Roberta se apressou em ver quem estava lutando, e viu que era justamente a quem estava procurando. Os anjos combatentes eram um guerreiro e uma guerreira, que lutava usando um bastão. Num golpe calculado, ela venceu fazendo o oponente desmaiar.

– Há! Se ajoelhe perante a poderosa Karla! – Berrara, anunciando sua vitória aos demais.

– Karla! – Expressou Roberta. – Lutando de novo?

– Hã? Roberta? O que faz aqui?

A Querubim puxou-a para ao seu lado.

– Sua doida! Temos uma missão para cumprir.

– Ah, então tá bom. – Concordou, ansiosa. Karla era mais uma ajudante, mas em comparação aos outros, era muito mais forte e esperta que vários guerreiros experientes, sendo que outra qualidade sua era de lutar com a cabeça fria, nunca fazendo seu sangue subir a cabeça. Porém sua personalidade era de ser bem brincalhona e meio criança ás vezes, mas era isso que Roberta tanto gostava da amiga e parceira. Juntas, eram praticamente imbatíveis. – Qual é a missão?

– Vamos ter que nos encontrar com um sentinela. – Disse Roberta. As duas já estavam fora do salão de combate.

– Um sentinela?! – Karla berrara de surpresa. – Que demais!

– Francamente, porque você tem que ser desse jeito? – Expressou a Olhos de Falcão, fazendo careta. Karla fez o mesmo.

– Ora, é mais divertido assim. Quero ver o quanto ele é forte.

As duas saíram do Quarto Céu (naquela época, era mais fácil de sair dos Sete Céus e ir para a Haled) e se materializaram onde agora é a Dinamarca. Antes da era glacial, as áreas da Dinamarca eram praticamente todas fazendas, mas, o tempo começava a mudar, sinal de que os Ishins já estavam começando a fazer o seu trabalho. As duas guerreiras contornaram uma das fazendas, e analisando o clima, elas pousaram numa montanha, onde o seu pico estava coberto pelas nuvens, e a brisa dali começava a esfriar.

– Onde será que esse Sentinela está? – Perguntou-se Karla, ansiosa.

– Não sei. Sinto sua aura pulsante nessa região. Ele provavelmente mora naquela fazenda que passamos, podemos voltar lá e...

– Ei! Olha lá! Eu tô vendo ele! – Karla apontara ao norte, após a montanha. Sem dúvidas, a visão dela era muito boa. Usando sua visão aguçada, Roberta também viu. O Sentinela seguia andando num campo praticamente desértico, mas enfrentando um vento cortante e gelado, muito gelado. Imediatamente, as duas seguiram para onde ele estava. Sem um segundo a perder.

– Oh, parece que tenho companhia... – Disse o Sentinela, sentindo rapidamente a aura das duas Querubins. Logo, todos já estavam se encarando.

– Senhor Sentinela, é um prazer em te conhecer. – Apresentou-se a arqueira. – Eu sou Roberta, Olhos de Falcão. Venho em nome de Gabriel.

– E eu sou Karla, Presa Feroz. Prazer em te conhecer!

– Oh, nunca tinha visto guerreiras com uma aura tão forte. – Expressou o anjo, surpreso. – Prazer em conhecê-las. Eu sou Berserk. O que o nobre Gigante se vem a me contatar?

– Precisamos que volte conosco aos Sete Céus, nobre anjo. Os arcanjos planejam congelar tudo, e necessitam que vocês retornem.

– Hum? Como isso? Ficaram loucos?

– Como assim? – Perguntou Karla.

– Nós, os sentinelas, viemos a terra para cuidar dos humanos. Eles não podem planejar uma atrocidade dessas contra esses seres!

– Nós viemos em nome de Gabriel. O que nós dissemos é o que ele diria. Então é o que te digo. Volte conosco, ou sentirá a fúria deles. – Entoou Roberta.

– E eu digo que não irei a lugar algum! Ficarei e protegerei meus amigos! Que venha esse gelo!

– Não me dá escolha... Preciso levá-lo a força, então... – Expressou Roberta, sacando seu arco.

– Me desculpe. Nada pessoal, mas... – Karla se armou com seu bastão.

– Desculpem-me vocês, não quero ferir nobres guerreiras com corações puros. Mas tenho um dever que devo cumprir.

– Nós também temos! – Roberta lançou rapidamente uma de suas flechas douradas, e mesmo em meio segundo, Berserk se deixou atingir em seu braço, pois a flecha mirava no coração.

– E eu digo que não sabeis o que fazem! – Retrucou Berserk, contra-atacando, ele criou uma forte pressão no ar apenas o socando. O golpe fora em direção à Karla, que se defendeu girando seu bastão, não fora atingida.

Em plena batalha, Roberta precisou de apenas um segundo para saber onde lançar suas flechas, com sua visão aguçada e sua agilidade, ela lançara duas flechas precisas numa fração de segundo, e como o Sentinela era grande e não tão rápido, só pôde se defender sendo atingido nos braços, evitando ser atingido em algum ponto vital. Mas a distração fora perfeita.

Karla apareceu imediatamente atrás do anjo e começou a atacá-lo com seu bastão, ainda mais com sua agilidade. Berserk se defendia lerdamente aos olhos da guerreira, mas sua resistência era impressionante. Até que enfim ela conseguiu desajeitar um pouco o anjo, para que então sua amiga pudesse atacar. Roberta surgiu no céu e lançou sua flecha com força total, usando sua aura para deixá-lo mais forte. A flecha zumbiu dos céus e acertou em cheio o Sentinela. O impacto do golpe levantou muita poeira do local.

– Essa foi boa! – Disse Karla, retirando os cabelos castanhos escuros do rosto por causa do vento.

– É, mas não foi bom o bastante. – Expressou Roberta, em alerta.

Berserk apareceu praticamente inalterado, a não ser pela flecha fincada um pouco abaixo do pescoço, se fosse um pouco mais acima, teria sido fatal.

– Vejo que errou de propósito. – Disse o Sentinela, calmo.

– Lógico. Não posso matar alguém que ninguém me mandou matar. – Respondeu a guerreira. Karla estava sem palavras ao ver o estado paciente do Sentinela.

– Entendo. Se fosse Gabriel, ele teria vindo pra cima de mim com tudo. – Berserk arrancou a flecha como se não fosse nada, ela se dispersou como pó.

– Meu comandante não é assim. – Retrucou Roberta.

– Tem certeza? Para concordar com algo tão absurdo quanto isso?! Ele já não acredita nos próprios ideais.

– Eu... – Ela ficou incerta. Gabriel a confiava muito, e Berserk não estava errado. O estado de como ele a recebeu a deixou com certo desconforto. O que estava acontecendo?

– Esqueçam dessa missão. – Disse o anjo. – Voltem e o avisem que os sentinelas ficaram e lutaram pelo o que acreditam. E vocês, que lutem pelo o que acreditam. – Ele virou as costas e voltou a seguir o seu rumo como se nada tivesse acontecido.

– Sério o que foi que aconteceu aqui? – Expressou Karla, ainda surpresa.

– O que faremos? Gabriel irá nos matar. – A cabeça de Roberta estava fervendo.

Ela sentiu um abalo no tecido da realidade, alguém estava vindo.

De repente, um anjo aparece entre as duas. Era um dos Espadachins.

– Matheus? O que faz aqui?

– Olá, Roberta. Venho aqui porque tenho uma mensagem urgente. – Matheus era um dos Espadachins. Sua espada era mágica e com ela o anjo poderia atravessar as dimensões facilmente apenas cortando o tecido. Trajava uma armadura simples de malha e na cintura pendia várias penas, que era a sua marca.

– Uma mensagem? De quem? Gabriel? – Ela estava apreensiva.

– Não. É um de nós. Rambo precisa de ajuda, e só você pode ir lá ajudá-lo.

– Rambo? Aquele imbecil. Onde ele está?

– Se eu não estou enganado, ele foi capturado e se mantém no Sheol.

– Sheol?! Aquele cara é retardado? – Questionou Karla.

– Pode nos enviar até lá?

– Posso. Ele está com uma das minhas penas. Posso criar um portal para enviá-las.

– Obrigada.

Matheus se concentrou. Acumulando energia necessária, ele brandiu sua espada, uma espécie de adaga, e “cortou” o tecido do plano etéreo em forma circular. As duas guerreiras já conseguiam identificar o Sheol pelo portal criado.

– Pronto. Ele está provavelmente nessa região. Deixe que eu avise a Gabriel sobre essa mensagem repentina.

– Obrigada. Avise-o que não conseguimos convencer o Sentinela.

Matheus assentiu, e criando outro portal, ele sumira por ele. Deixando-as sozinhas novamente.

– Eu também quero ser um espadachim! É muito legal! – Expressou Karla, acompanhando Roberta pela passagem do portal.

Após cruzarem o portal, ele se desfez. Analisando o local, pareciam que elas estavam num desfiladeiro. O céu do Sheol era vermelho, que até parecia que sangrava. As pedras eram ásperas e secas. Roberta sentiu a presença de alguém, e sendo cautelosa, ela avistou demônios, grandes e feios, criaturas gigantes cheias de coisas pontiagudas espalhadas pelo corpo.

– Insepultos... – Murmurara. Insepultos são demônios criados com várias almas humanas, unidas pelo ódio. O processo de criação é usado também o ambiente ao redor, para reforçar mais os corpos dessas aberrações. E havia muitos. Poderia ser por isso que o amigo dela estaria em perigo.

– Roberta, eu estou sentindo a aura do Rambo... – Karla cochichou perto da amiga. Ela indicava uma caverna na parede de um dos lados do desfiladeiro, um pouco acima da passagem dos insepultos.

– Só pode estar de brincadeira... – Expressara a guerreira, contendo sua aura para não ser descoberta. Numa coordenação, as duas conseguiram atravessar o desfiladeiro e entrar na caverna sem serem descobertas.

– Rambo! Onde você está? – Entoou Roberta. A caverna era escura e estreita.

– Aqui. – Uma voz conhecida e meio rouca apareceu em meio a escuridão. Avançando um pouco, elas viram o amigo. Com suas visões aguçadas, viram que ele estava ferido. Por isso ele estava deitado e quase não se movia.

– Você está bem?

– Estou. Um pouco dolorido, mas tudo bem. – Rambo era um Querubim esbelto, com pele clara. Tinha cabelos castanho-avermelhado e curto. Ele tinha uma mania de pintar o rosto, portanto, metade da cara (a parte da região entre a boca) estava cheia de listras de tinta azul. Sua vestimenta era uma roupa de malha cinzenta com listras pretas. Sua espada pendia ao seu lado, com o lado da lâmina cheio de pontas afiadas.

– O que deu em você para se meter nessa enrascada? – Questionou Roberta, estressada.

– Eu fui capturado. Tentei escapar, mas fui ferido por esses malditos insepultos. Precisamos acabar com todos eles para podermos escapar.

– Entendo. Acho que Karla pode ajudar. – A pedido da amiga, Karla curara o anjo usando os primeiros socorros. Rambo conseguia se levantar.

– Valeu. Vamos detonar com esses demônios! – Anunciou novinho em folha, pegando sua espada e seguindo em direção a saída da caverna.

– Quem os criou? – Perguntara Roberta.

– Azazel. Aquela peste está se tornando um problema.

– Vamos cuidar dele! – Disse Karla, brandindo seu bastão.

Os três anjos saíram da caverna de uma vez, surpreendendo os Insepultos, que começaram a atacar. Porém os anjos lutavam com mais fervor, ambos eram Querubins, viver para eles era lutar.

Quando um deles se aproximou deles em posição de ataque, Rambo se anunciou.

– Muito bem. Expandir e Destruir! – Num segundo, sua espada se expandiu até ficar com quase três metros de comprimento, e no mesmo segundo, a velocidade do golpe fatiou o demônio ao meio.

– Uau! – Expressou Karla. – Essa é à força de um Espadachim?!

– Sim. – Disse Roberta, desviando de um ataque de um dos Insepultos.

– Então eu também vou mostrar a minha força! – Karla invocou sua Aura de Fúria, seu bastão ficou dourado, e sua personalidade. Ficou mais agressiva. – Saiam da frente, seus monstros idiotas! – A força do bastão crescera tanto, que somente um golpe destruía um dos membros dos Insepultos com leveza. Roberta se mantinha na defensiva, apenas dando os golpes finais com suas flechas douradas. Mas percebeu que Azazel estava de olho. Com sua visão, ela o viu direito, envolto de vários daqueles demônios.

– Seus anjos malditos! Vou destruí-los com os meus Insepultos! – Berrara Azazel, confiante. Porém, de todos ali, Roberta já estava cansada de tudo aquilo e só queria que tudo acabasse. Ela levantou vôo, e lá de cima, ela invocou sua aura de fúria. Com a sua aura irrompida, ela começou a brilhar muito intensamente, ofuscando tudo o que havia ali. Atrapalhando o passo dos Insepultos, impressionando Karla e Rambo.

– Nossa...

– E é por isso que ela é uma dos Espadachins... – Expressou Rambo.

Focando sua precisão e mira em Azazel, ela criara uma flecha diferente, muito mais brilhante e lógico, mais mortal. Para que nada interrompesse daquele instrumento de acertar o alvo.

– Aos meus olhos, tudo posso ver... Não há nada que eu não possa acertar! – Entoou Roberta, focando toda a sua energia brilhante na flecha.

– Você vai errar, sua idiota! – Provocou Azazel.

– No dia em que eu errar, eu morrerei! – Respondeu Roberta, lançando sua gloriosa flecha, que mais parecia um feixe de luz, que destruía tudo o que tocava, acabando com vários insepultos antes que ela acertasse o peito de Azazel com tudo, que ficou sem ar. A flecha dourada criara uma explosão de luz muito intensa, que acabou com todos os demônios remanescentes daquela região.

Depois de terem salvo Rambo, Roberta e Karla seguem até o Quarto Céu para explicar a Gabriel o fracasso de sua missão. Ao chegarem lá, tudo estava desorganizado. Soldados corriam de um lado para outro. Todos estavam aflitos.

– O que houve por aqui? – Perguntara para um dos soldados.

– Houve uma discussão entre Gabriel e Miguel que quase destruiu o Castelo da Luz. – Respondera o soldado.

Ela correra para o aposento onde Gabriel estava, e tudo estava bagunçado. O arcanjo, por sua vez, estava sentado num trono com a mão sobre a cabeça.

– Comandante... – Murmurara Roberta, ela fez um comando para Karla esperar. O Gigante, quando a reparou, recebeu-a para saber do relatório.

– Pode me dizer o que aconteceu. – Disse Gabriel, agora calmo.

– C – Certo. Infelizmente não pudermos convencer o Sentinela a vir conosco. A missão foi um fracasso. – Disse, repreendida.

– Entendo. Não a culpo por isso. – Respondeu Gabriel, sereno.

– Como? O senhor não está nervoso por isso?

O arcanjo deu um suspiro e se levantou.

– Roberta, eu fiz uma coisa muito terrível. Mas me abriram os olhos. Deveremos aprender com os nossos erros, sei que acharemos uma solução de convencer os Sentinelas a virem conosco, não por que mandamos, mas por que precisamos.

– Eu compreendo. Obrigada. - Roberta saiu do aposento e se aliviou.

– E então? – Perguntou Karla.

– As coisas estão mudando. – Disse Roberta, feliz.

– Ei, Roberta. – Disse Rambo, surgindo pelo corredor.

– O que foi dessa vez?

– Lembra-se do evento que aconteceu tempos atrás com um de nós?

– Hum. O que foi expurgado?

– Sim. Parece que Gabriel encontrou o substituto. E ele quer que você vá conhecê-lo.

– Tudo bem. – Ela se despediu de Karla e Rambo e foi ao encontro do novo Espadachim. As portas se abriram, e surgindo do escuro, um anjo um pouco menor que ela se manifestou.

– V – Você é um dos Espadachins?

– Sim. Eu sou Roberta, Olhos de Falcão. Diga o seu nome, novo integrante.

– Bem... Eu sou Race, Fúria de Deus. – O anjo que mais parecia um garoto se aproximou mais, mostrando sua aparência, estava praticamente sujo, seus cabelos verdes estavam bagunçados, e suas roupas, rasgadas. – Você me aceita para ser um Espadachim, mesmo eu sendo assim?

Roberta expressou-se com um sorriso.

– Não tem problema. Eu, Roberta, te aceito como um novo integrante. Bem-vindo, companheiro.


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Notas finais do capítulo

Roberta, por favor, se puder recomendar a história, será de mta ajuda!
Obrigado pelo apoio de todos! Semana que vem a programação será normal! ;D