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Impressões Enganam, as escrita por MyKanon
Capítulo 6
Ela adora seu trabalho
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Eu mal podia pagar minha faculdade. Já tinha cogitado umas duas vezes a possibilidade de abandoná-la, e retomá-la assim que conseguisse uma boa posição financeira. Mas conseguiram me convencer que o tempo que levaria para conseguir uma boa posição financeira sem estudos adequados, seria tempo suficiente para me fazer desistir para sempre.
_ Droga... - reclamei desanimado colocando as folhas dela sobre sua mesa.
_ Não, não! Eu quis me desculpar por ter falado isso! Eu... Eu... - ela parecia muito nervosa, como se a culpa fosse mesmo dela.
_ Não precisa se preocupar Veri, não vou dizer a ninguém...
_ Você não entendeu, é que é brincadeira! É só brincadeira!
_ O que é brincadeira?
_ Isso... Eu fiz uma piada.
_ Quê? Piada sobre o quê?
Eu estava meio impaciente com o fato de engrossar a fila dos jovens desempregados, então não estava conseguindo raciocinar direito.
_ Você não vai ser demitido... Está tudo bem com o projeto 10.003... - a voz dela foi perdendo o ritmo até parar.
_ Tudo bem?
_ Sim... Eu só quis... Eu pensei que... Ah, deixa pra lá. Me desculpe... Foi uma panaquice minha! Eu não queria mesmo te chatear... Eu só achei que você não se importaria...
_ Em ser demitido?
_ Não, com uma piada... Mas eu fui infeliz, me desculpa...
Então eu não ia ser demitido, meu trabalho não seria cancelado e eu poderia pagar a faculdade. Fora tudo uma inocente brincadeira. Não conseguiria dizer o quanto me sentia aliviado, mas... O que levaria a Veridiana a fazer tal brincadeira?
Sua expressão estava verdadeiramente preocupada, então eu não conseguia acreditar que fosse vingança pela minha piada do almoço. E também, ela parecia não ter capacidade para guardar ressentimentos. Sua memória parecia se reciclar de hora em hora.
E uma pessoa tão pacífica como ela não se vingaria, mesmo que guardasse mágoas.
Talvez o problema fosse comigo. Eu não conseguia aceitar que ela também fazia piadas. Pudera! Sua personalidade era tão inconstante que eu já não sabia mais o que esperar!
_ Não, que isso! Eu que caí feito besta! - fingi uma risada.
Ela também riu, dessa vez parecendo aliviada. Então colocou as folhas que ainda tinha nas mãos sobre a mesa e tornou a me encarar apreensiva:
_ Não está mesmo bravo?
Não aguentei segurar uma risada.
_ Claro que não, Veri.
Ela agia como uma criança. Depois da minha confirmação resoluta, ela voltou sua atenção para as folhas e tentou colocá-las em ordem.
Olhei no relógio de pulso. Já tinha passado em quinze minutos o meu horário de saída, e era sexta-feira. A Veri estava envolvida no trabalho de planejamento dos projetos, e um deles era aquele no qual eu estava trabalhando. Decidi ficar mais um pouco ajudando-a.
_ É essa numeração aqui que você está olhando? - perguntei, indicando o rodapé de uma folha.
_ Sim...
_ Então vou te ajudar, assim você termina mais rápido.
_ Não... Eu já disse que não precisa! Já te atrasei, olha só!
_ Que nada. Hoje é sexta-feira. - justifiquei, já me concentrando na tarefa de organizar as folhas que eu havia recolhido.
_ E o que tem?
_ Ué, sexta-feira, oras... Sexta-feira é o dia do “tudo bem”.
_ Mas... Você não tem aula?
_ Tenho, mas não pega nada. Dá tempo de sobra. Vai, vamos arrumar essas folhas.
_ Ah... Tá bom, então.
Ela agradeceu com um sorriso e começamos a organizar toda aquela papelada. Hora ou outra a minha sequência terminava e eu trocava com ela, ou vice-versa.
Mesmo que fosse apenas contagem, ela parecia muito compenetrada no que fazia. Não falou nada comigo além de pedir meus blocos, quando o dela acabava. Estranhamente, eu esperava que ela dissesse alguma bobeira.
_ E fim. - eu disse entregando o último bloco a ela.
_ É mesmo. Obrigada.
_ Quer ajuda em mais alguma coisa?
Ela riu e disse:
_ Não, obrigada. Se o Barasal vir isso, é capaz de brigar com a Marissol. Os chefes são meio possessivos com seus funcionários...
_ A Marissol é possessiva com você?
_ Não... Mas ela é diferente.
_ Diferente? Por quê?
_ Ah, não sei... Nós nos damos bem.
“Talvez ela também seja meio doida...” Imaginei.
_ E outra coisa... - conferi se não tinha ninguém por perto antes de perguntar – Ela também é chefe do Barasal, não é não?
_ Chefe? - repetiu confusa.
_ É. Achei que fosse, por causa do e-mail que recebi.
_ Ahn... Bem... - ela pensou por um momento – Não diria “chefe”... É que ele tem que atender os requisitos dela... Então... Não acho que seja isso...
_ Hum-hum. Então tá certo, agora é mesmo hora de ir.
_ Claro, e me desculpe novamente pelo seu atraso.
_ Não tem problema. Você vai demorar muito para sair, ainda?
Ela olhou umas duas vezes da pilha de papéis sobre a mesa para mim, e pareceu relutar antes de dizer:
_ É... Acho que vou...
_ Cuidado hein, a Marissol vai acabar com a sua vida social desse jeito. - brinquei.
_ Não se preocupe. Tenho tempo suficiente para a minha vida social durante o almoço. - e sorriu outra vez.
Como uma pessoa que tinha vida social apenas durante o almoço podia sorrir tanto? E o que ela chamava de vida social? Só a vi interagir com alguém no almoço quando nós almoçamos juntos...
_ Bem... Você vem almoçar com a gente segunda-feira? - acabei me sentindo obrigado a convidar.
_ Eu? Ahn... Se vocês não se importarem...
_ Que nada. Então tá. Até segunda, Veri.
_ É, até, Vítor.
Ela acenou para mim e mais uma vez voltou a se concentrar no seu trabalho. Observei-a por mais alguns segundos e então fui para o elevador.
Através da porta de vidro, era possível vê-la digitando freneticamente, enquanto lia algumas informações nas folhas sobre a mesa.
Queria ser comprometido com o meu trabalho como ela.
E novamente, mais rápida que nunca, ela voltou. Aquela chata e indesejada... A segunda-feira.
_ Bom dia Veri... - cumprimentei sonolento passando por ela.
_ Bom dia, Vitor! - ela respondeu, como sempre muito cheia de energia.
Como podia gostar tanto de sua função?
Meneei a cabeça achando engraçado, enquanto me acomodava no meu lugar.
Liguei o computador e comecei meu trabalho. Como de costume, alguém ligou perguntando pela minha colega de baia, e eu dei a mesma resposta habitual.
Através de uma pequena fresta na divisória, pude vê-la digitando agilmente como sempre, mas com a feição extremamente tranquila.
E decidi que já estava na hora de parar de espreitá-la.
As horas renderam, e parecia muito difícil chegar a hora do almoço.
_ Nossa, hoje vai dar seis da tarde, mas não dá meio dia... - reclamei comigo mesmo.
_ Isso é fisicamente impossível... E matematicamente também. Logicamente e até biblicamente. - ouvi do outro lado da divisória.
Ajeitei-me na cadeira para poder vê-la.
_ Falei tão alto assim? - perguntei preocupado.
_ Ah, me desculpe! Talvez eu é que tenha me intrometido... - ela cogitou, arregalando os olhos.
_ Não, eu devo te agradecer. Já pensou se eu estivesse xingando meu chefe e ele estivesse passando? Às vezes eu tenho esse mau hábito...
Ela pareceu se preocupar com a minha revelação.
_ Ah Veri, você já teve vontade de xingar seus superiores, não?
_ Ahn... É, de vez em quando, né. - mas visivelmente ela só queria concordar comigo.
Me senti tão anti-ético depois disso...
_ Olha só! Faltam quinze! Você vai com a gente, não é?
Então ela pareceu relaxar, quando concordou:
_ Sim... Ah... Eu só vou... Preciso levar isso no andar de cima. Já volto.
Ela pegou uma pasta de plástico e deixou a mesa. Voltei para o meu serviço, contando cada minuto para a hora do almoço.
_ E aí cara, beleza?
_ Robinson! Belezinha. E você?
_ Tranquilo. Como não ouvi rumores, vim aqui perguntar como foi seu fim de semana.
_ Ah meu... Nem virou. Tive uns contratempos e não consegui falar com ela.
_ Tá moscando hein...
_ Muita calma nessa hora. Ela vem com a gente pro almoço?
_ Eu chamei, achei que você fosse mesmo gostar. Don Juan.
_ Engraçadão. Eu também chamei a Veri.
Ele silenciou, e eu ainda não tinha entendido que tinha uma problema. Como eu não perguntei, ele se precipitou:
_ Sobre a Veri...
Continuei quieto aguardando que terminasse. Ele parecia não muito à vontade. Checou se ela ainda não havia voltado, para então prosseguir:
_ Cara, não é por nada, mas é melhor não continuar a chamá-la pra sair com a gente...
_ Hã? Por quê?
_ Pô, você sabe que ela trabalha na área da qualidade, para a Marissol. Quem garante que ela não é leva-e-trás?
_ Como assim? Meu, você tá...
_ Você viu muito bem que ela curte a chefe dela. Eu prefiro não arriscar. A corda sempre estoura no lado mais fraco!
_ Mas do que é que você está falando...?
_ Vitor, desculpa, mas nós não ficamos à vontade com ela.
Então era isso, constatei decepcionado.
_ Você ainda vem almoçar com a gente? - ele perguntou.
Com aquele convite, ele deixava bem claro que já existia uma condição.
_ Eu já a convidei...
_ Hum.
Eu não pretendia causar um mal estar maior que o Robinson já havia me causado.
_ Esquenta não cara. Vai lá. Eu vou esperar a Veri.
_ Não, vamos todo mundo hoje, e depois-
_ Não, obrigado. - cortei já não lhe dispensando mais atenção.
Vi pelo canto dos olhos ele encolhendo os ombros antes de deixar a minha baia.
Como podiam pensar que a Veridiana fosse tão mesquinha? Essa sim era uma postura mesquinha.
Continua
_ Droga... - reclamei desanimado colocando as folhas dela sobre sua mesa.
_ Não, não! Eu quis me desculpar por ter falado isso! Eu... Eu... - ela parecia muito nervosa, como se a culpa fosse mesmo dela.
_ Não precisa se preocupar Veri, não vou dizer a ninguém...
_ Você não entendeu, é que é brincadeira! É só brincadeira!
_ O que é brincadeira?
_ Isso... Eu fiz uma piada.
_ Quê? Piada sobre o quê?
Eu estava meio impaciente com o fato de engrossar a fila dos jovens desempregados, então não estava conseguindo raciocinar direito.
_ Você não vai ser demitido... Está tudo bem com o projeto 10.003... - a voz dela foi perdendo o ritmo até parar.
_ Tudo bem?
_ Sim... Eu só quis... Eu pensei que... Ah, deixa pra lá. Me desculpe... Foi uma panaquice minha! Eu não queria mesmo te chatear... Eu só achei que você não se importaria...
_ Em ser demitido?
_ Não, com uma piada... Mas eu fui infeliz, me desculpa...
Então eu não ia ser demitido, meu trabalho não seria cancelado e eu poderia pagar a faculdade. Fora tudo uma inocente brincadeira. Não conseguiria dizer o quanto me sentia aliviado, mas... O que levaria a Veridiana a fazer tal brincadeira?
Sua expressão estava verdadeiramente preocupada, então eu não conseguia acreditar que fosse vingança pela minha piada do almoço. E também, ela parecia não ter capacidade para guardar ressentimentos. Sua memória parecia se reciclar de hora em hora.
E uma pessoa tão pacífica como ela não se vingaria, mesmo que guardasse mágoas.
Talvez o problema fosse comigo. Eu não conseguia aceitar que ela também fazia piadas. Pudera! Sua personalidade era tão inconstante que eu já não sabia mais o que esperar!
_ Não, que isso! Eu que caí feito besta! - fingi uma risada.
Ela também riu, dessa vez parecendo aliviada. Então colocou as folhas que ainda tinha nas mãos sobre a mesa e tornou a me encarar apreensiva:
_ Não está mesmo bravo?
Não aguentei segurar uma risada.
_ Claro que não, Veri.
Ela agia como uma criança. Depois da minha confirmação resoluta, ela voltou sua atenção para as folhas e tentou colocá-las em ordem.
Olhei no relógio de pulso. Já tinha passado em quinze minutos o meu horário de saída, e era sexta-feira. A Veri estava envolvida no trabalho de planejamento dos projetos, e um deles era aquele no qual eu estava trabalhando. Decidi ficar mais um pouco ajudando-a.
_ É essa numeração aqui que você está olhando? - perguntei, indicando o rodapé de uma folha.
_ Sim...
_ Então vou te ajudar, assim você termina mais rápido.
_ Não... Eu já disse que não precisa! Já te atrasei, olha só!
_ Que nada. Hoje é sexta-feira. - justifiquei, já me concentrando na tarefa de organizar as folhas que eu havia recolhido.
_ E o que tem?
_ Ué, sexta-feira, oras... Sexta-feira é o dia do “tudo bem”.
_ Mas... Você não tem aula?
_ Tenho, mas não pega nada. Dá tempo de sobra. Vai, vamos arrumar essas folhas.
_ Ah... Tá bom, então.
Ela agradeceu com um sorriso e começamos a organizar toda aquela papelada. Hora ou outra a minha sequência terminava e eu trocava com ela, ou vice-versa.
Mesmo que fosse apenas contagem, ela parecia muito compenetrada no que fazia. Não falou nada comigo além de pedir meus blocos, quando o dela acabava. Estranhamente, eu esperava que ela dissesse alguma bobeira.
_ E fim. - eu disse entregando o último bloco a ela.
_ É mesmo. Obrigada.
_ Quer ajuda em mais alguma coisa?
Ela riu e disse:
_ Não, obrigada. Se o Barasal vir isso, é capaz de brigar com a Marissol. Os chefes são meio possessivos com seus funcionários...
_ A Marissol é possessiva com você?
_ Não... Mas ela é diferente.
_ Diferente? Por quê?
_ Ah, não sei... Nós nos damos bem.
“Talvez ela também seja meio doida...” Imaginei.
_ E outra coisa... - conferi se não tinha ninguém por perto antes de perguntar – Ela também é chefe do Barasal, não é não?
_ Chefe? - repetiu confusa.
_ É. Achei que fosse, por causa do e-mail que recebi.
_ Ahn... Bem... - ela pensou por um momento – Não diria “chefe”... É que ele tem que atender os requisitos dela... Então... Não acho que seja isso...
_ Hum-hum. Então tá certo, agora é mesmo hora de ir.
_ Claro, e me desculpe novamente pelo seu atraso.
_ Não tem problema. Você vai demorar muito para sair, ainda?
Ela olhou umas duas vezes da pilha de papéis sobre a mesa para mim, e pareceu relutar antes de dizer:
_ É... Acho que vou...
_ Cuidado hein, a Marissol vai acabar com a sua vida social desse jeito. - brinquei.
_ Não se preocupe. Tenho tempo suficiente para a minha vida social durante o almoço. - e sorriu outra vez.
Como uma pessoa que tinha vida social apenas durante o almoço podia sorrir tanto? E o que ela chamava de vida social? Só a vi interagir com alguém no almoço quando nós almoçamos juntos...
_ Bem... Você vem almoçar com a gente segunda-feira? - acabei me sentindo obrigado a convidar.
_ Eu? Ahn... Se vocês não se importarem...
_ Que nada. Então tá. Até segunda, Veri.
_ É, até, Vítor.
Ela acenou para mim e mais uma vez voltou a se concentrar no seu trabalho. Observei-a por mais alguns segundos e então fui para o elevador.
Através da porta de vidro, era possível vê-la digitando freneticamente, enquanto lia algumas informações nas folhas sobre a mesa.
Queria ser comprometido com o meu trabalho como ela.
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E novamente, mais rápida que nunca, ela voltou. Aquela chata e indesejada... A segunda-feira.
_ Bom dia Veri... - cumprimentei sonolento passando por ela.
_ Bom dia, Vitor! - ela respondeu, como sempre muito cheia de energia.
Como podia gostar tanto de sua função?
Meneei a cabeça achando engraçado, enquanto me acomodava no meu lugar.
Liguei o computador e comecei meu trabalho. Como de costume, alguém ligou perguntando pela minha colega de baia, e eu dei a mesma resposta habitual.
Através de uma pequena fresta na divisória, pude vê-la digitando agilmente como sempre, mas com a feição extremamente tranquila.
E decidi que já estava na hora de parar de espreitá-la.
As horas renderam, e parecia muito difícil chegar a hora do almoço.
_ Nossa, hoje vai dar seis da tarde, mas não dá meio dia... - reclamei comigo mesmo.
_ Isso é fisicamente impossível... E matematicamente também. Logicamente e até biblicamente. - ouvi do outro lado da divisória.
Ajeitei-me na cadeira para poder vê-la.
_ Falei tão alto assim? - perguntei preocupado.
_ Ah, me desculpe! Talvez eu é que tenha me intrometido... - ela cogitou, arregalando os olhos.
_ Não, eu devo te agradecer. Já pensou se eu estivesse xingando meu chefe e ele estivesse passando? Às vezes eu tenho esse mau hábito...
Ela pareceu se preocupar com a minha revelação.
_ Ah Veri, você já teve vontade de xingar seus superiores, não?
_ Ahn... É, de vez em quando, né. - mas visivelmente ela só queria concordar comigo.
Me senti tão anti-ético depois disso...
_ Olha só! Faltam quinze! Você vai com a gente, não é?
Então ela pareceu relaxar, quando concordou:
_ Sim... Ah... Eu só vou... Preciso levar isso no andar de cima. Já volto.
Ela pegou uma pasta de plástico e deixou a mesa. Voltei para o meu serviço, contando cada minuto para a hora do almoço.
_ E aí cara, beleza?
_ Robinson! Belezinha. E você?
_ Tranquilo. Como não ouvi rumores, vim aqui perguntar como foi seu fim de semana.
_ Ah meu... Nem virou. Tive uns contratempos e não consegui falar com ela.
_ Tá moscando hein...
_ Muita calma nessa hora. Ela vem com a gente pro almoço?
_ Eu chamei, achei que você fosse mesmo gostar. Don Juan.
_ Engraçadão. Eu também chamei a Veri.
Ele silenciou, e eu ainda não tinha entendido que tinha uma problema. Como eu não perguntei, ele se precipitou:
_ Sobre a Veri...
Continuei quieto aguardando que terminasse. Ele parecia não muito à vontade. Checou se ela ainda não havia voltado, para então prosseguir:
_ Cara, não é por nada, mas é melhor não continuar a chamá-la pra sair com a gente...
_ Hã? Por quê?
_ Pô, você sabe que ela trabalha na área da qualidade, para a Marissol. Quem garante que ela não é leva-e-trás?
_ Como assim? Meu, você tá...
_ Você viu muito bem que ela curte a chefe dela. Eu prefiro não arriscar. A corda sempre estoura no lado mais fraco!
_ Mas do que é que você está falando...?
_ Vitor, desculpa, mas nós não ficamos à vontade com ela.
Então era isso, constatei decepcionado.
_ Você ainda vem almoçar com a gente? - ele perguntou.
Com aquele convite, ele deixava bem claro que já existia uma condição.
_ Eu já a convidei...
_ Hum.
Eu não pretendia causar um mal estar maior que o Robinson já havia me causado.
_ Esquenta não cara. Vai lá. Eu vou esperar a Veri.
_ Não, vamos todo mundo hoje, e depois-
_ Não, obrigado. - cortei já não lhe dispensando mais atenção.
Vi pelo canto dos olhos ele encolhendo os ombros antes de deixar a minha baia.
Como podiam pensar que a Veridiana fosse tão mesquinha? Essa sim era uma postura mesquinha.
Continua
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
*
N/a: Olá florzinhas. Para quem acompanha FA, não fique braba, é que essa fic já estava adiantada, só estou postando.
Kissus!