Dust and Shadow escrita por Liv


Capítulo 2
PRÓLOGO OO2: Elize


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que comentaram, favoritaram e estão acompanhando a fanfic! Significa muito mesmo para mim. Se o feedback continuar positivo, postarei um dia sim e um dia não.


Boa leitura!



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Um mês atrás...

— O que você acha que é? — perguntou Joshua. — Estão falando de várias hipóteses, desde religião como Juízo Final a zumbis.

Elize parou de arrumar as flechas e virou o rosto para seu primo.

— Zumbis é uma boa hipótese.

Ela sorriu, e ele sorriu junto. Mesmo que fossem sorrisos falsos. Elize lembra-se muito bem do dia em que tudo aconteceu. Ela estava apenas lendo um dos gigantescos livros da faculdade de Direito, mesmo que tenha passado alguns segundos da meia-noite e seu cérebro implorava para dormir, quando ouviu alarmes e sirenes começarem a toucarem loucamente na rua. Pensou ouvir outro som, diferente de todos. Repetido um atrás do outro, como se diversas bombas estivessem sendo jogadas pela cidade. Mas, ainda assim, era um som distante. Não perto o suficiente para representar uma ameaça para ela. Entretanto, pôde jurar que viu o chão da pequena casa tremer um pouco. No final das contas, era somente a barreira surgindo, adultos sumindo e metade da cidade se tornando em poeira pura.

Nada demais.

Tinha total noção de que fora uma das únicas pessoas de que não haviam pirado por causa de tudo aquilo. Ela sempre fora assim, e ao ver que sua mãe havia sumido como todos os outros adultos, pensou somente em uma coisa: buscar seu primo de onze anos, o único familiar que tinha em New York que não havia desaparecido, Joshua, para sua casa. Ele não teria ninguém para ajudá-la, como ela mesma não tem.

E, agora, ele estava com ela. Olhando-a com seu jeito intelectual de sempre, como se soubesse de tudo. Ela não se incomodava e gostava disso, porque também tinha o mesmo olhar. Talvez fosse uma característica da família.

— Eu não vou demorar muito. Tudo bem? — Todas as flechas estavam arrumadas e o arco pronto. Pegou a faca e a enfiou na cintura. Desde pequena, ela praticava arco e flecha profissionalmente. Tiro ao alvo era sua especialidade. — Não faça nada estúpido.

— Como o que?

— Como sair de casa.

— Posso ser o mais novo, mas o antissocial nesta casa sou eu.

Elize riu e o beijou na testa antes de partir. Joshua forçou uma cara de nojo, mas não a afastou. Ela bagunçou seus cabelos crespos como os dela, e então, definitivamente, partiu para as ruas da cidade.

Caminhava de modo discreto pelas ruas. Quanto mais longe chegava, mais era notável que aquela não era a mesma New York que todos conheciam e estavam acostumados, mas que havia se tornado em um genuíno cenário de algum filme pós-apocalíptico. Cada pessoa que via e que não parecesse idiota ou ignorante de mais, ela parava e fazia uma lista de perguntas do que tinham visto. Anotava tudo em um pequeno bloco. No fundo, não era um grande plano, mas era um meio para onde começar e não enlouquecer como os outros.

Depois de falar com um casal, ela diminuiu um pouco o ritmo dos passos. Foi algo baixo demais, mas Elize pôde ouvir claramente uma voz ao passar por perto de um beco. Parecia de um garotinho assustado. Parou de andar imediatamente, e viu a cena de relance: haviam dois jovens que deveriam estar na faixa de vinte e dois e vinte e três, encurralando duas crianças, um menino e uma menina, provavelmente irmãos gêmeos pelas semelhanças físicas gritantes. Ela viu a garotinha virar o rosto e a ver. Elize levantou o dedo indicador e o levou até a boca para silenciá-la, depois apontou discretamente para o arco e flecha e a garotinha pareceu entender, pois virou o rosto para o outro lado.

Com todo o cuidado, Elize se enfiou atrás de um contêiner de lixo na frente do beco. Um dos jovens, que tinha os cabelos cacheados e loiros, virou o rosto um pouco e focou o olhar no contêiner, mas ele não pareceu vê-la. Ele deveria ter pelo menos uns 1,80 metros, enquanto o outro, o moreno, que era mais sério deveria ter 1,90. Ela suspirou baixinho ao vê-lo voltando o olhar para as crianças e o moreno.

— É tudo que nós temos. — o garotinho falou, apertando mais firme a mão da irmã enquanto a puxava para trás dele. Estava tentando protegê-la. — Não temos mais nada.

O loiro riu.

— É claro que não. — ele respondeu, ainda rindo. — Vocês podem servir para mais alguma coisa. Considerem-se nossas cobaias pessoas a partir de agora. Se conseguirem se comportar direitinho, deixamos irem. — Parou um pouco. Fez uma cara pensativa, então abrindo um sorrisinho, continuou: — Se sobreviverem, no caso.

O moreno, que até agora ficara encostado em uma das paredes de concreto mexendo no dinheiro entre as mãos, impulsionou o corpo para frente e caminhou até ficar lado a lado do loiro. Ele continuava com a mesma expressão séria, agora mais indiferente do que nunca.

— Não se mexam. — falou e em seguida levantou a palma da mão esquerda, direcionando-a aos gêmeos.

Elize sabia o que viria em seguida.

Eles eram aberrações, como diziam por aí. Eram um dos que ganharam inexplicavelmente habilidades depois da barreira surgir. E, pelo o que havia ouvido pelas ruas, o centro de todo o poder ficava na palma das mãos. Não sabia qual poder o moreno tinha, mas não importava. Ela saiu de trás do contêiner e mirou o arco e flecha em direção ao rapaz. O loiro se virou bruscamente, e quando a viu, franziu os cenhos.

— Jordan, tem al...

Ele não conseguiu terminar. Elize o flechou no abdômen antes que o loiro pudesse gritar mais.

— Fique parado. — Ela ordenou e o moreno levantou as mãos em forma de redenção. Ela franziu o cenho. — Não levante as mãos, a não ser que queira que eu coloque uma flecha no meio delas! Abaixa!

Jordan abaixou as mãos devagar. Parecia estar de divertindo.

— Não faça gracinhas. — Elize disse, então deu dois passos para frente, ainda em posição de atirar e não desgrudando os olhos dele. — Vocês dois, vão embora. Agora.

Em menos de um segundo, os gêmeos haviam evaporado, correndo para fora do beco. Ela continuou encarando-o.

— Então, você sabe? Poder localizado na palma da mão. Onde é ativado e essas coisas. — Jordan falou e sua voz era tão temível quanto sua altura, mas ele mantinha o tom neutro, como uma conversa amigável. — As notícias correm mais rápido do que o esperado.

— Sei de muitas coisas.

Ele abriu um sorriso.

— Não sabe disto.

Ele ergueu as duas mãos e faíscas começaram a surgir por entre as palmas das mãos, Elize atirou, até uma corrente elétrica atingir seu braço que carregava o arco. Ela gritou, mas não largou a arma. Tinha desviado o suficiente para não ter o braço atingido completamente, mas pôde senti-lo ficando dormente e a flecha não atingiu onde queria. Parou no ombro de Jordan. Ele a olhou, e ela mirou novamente.

Ele começou a correr quando a flecha voou e errou por pouco.

Ela bufou. Então correu junto.

Ele era rápido, mas Elize também era. No mesmo momento em que Jordan virou a esquina, não tão distante dela, ela parou e mirou. Era hora de arriscar, mesmo que não tivesse tempo para isso. Com apenas uma flecha, ela mirou no tendão de Aquiles. Em um segundo, ele estava em pé, e em outro, estava no chão, caído.

Elize havia acertado.


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Notas finais do capítulo

O capítulo não ficou como eu imaginava, mas enfim... A última parte do prólogo está chegando e a história realmente começará a partir daí. Espero que estejam tão ansiosos quanto eu estou.

Comentem o que acharam, seus lindos. :3



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