White Is The New Black escrita por Vitor Matheus, Chery Melo


Capítulo 7
Tem Caroço Nesse Angu


Notas iniciais do capítulo

~aquele sentimento de vergonha quando os autores passam três fucking meses sem atualizar a fanfic~ OI, GENTE! Vamos passar a borracha nesse sumiço todo e fingir que nada aconteceu?
É, acho que não dá ~momento micão~ Enfim, reviravoltas aconteceram tanto na minha vida como na da Chery Melo (do tipo "minhas notas baixaram drasticamente" e "Chery se meteu em tretas familiares", mas ninguém liga porque todos estão interessados apenas na fic, mas eu quis justificar mesmo assim. #brinks amo vocês), e por isso demoramos um tempo até lembrar que WITNB existia e precisava de atualizações.
Levei dois dias para concluir este capítulo (MILAGRES ACONTECEM!), e o resultado ficou agradável para todos. Não tem Finchel acontecendo de verdade, mas temos: Will retornando ao hospital, tretas com a reitora da universidade, uma apresentação chegando e um troço com o Rory que vocês logo verão.
Sem mais delongas, boa leitura!
P.S. Amanhã é aniversário da Chery Melo! Então vamos comentar aqui como um presente para ela? Farei-a responder todo mundo ;)



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— Vocês chegaram. Entrem, por favor. — Cassandra July surgiu por trás da porta de seu escritório, dando espaço para que eu e Rory entrássemos ali e nos sentássemos nas devidas cadeiras.

— Fui informado de que a senhora queria falar comigo, prossegue? — Perguntei.

— Exatamente. Eu soube das coisas que você tem aguentado desde que descobriu o vírus e... — Interrompeu a si mesma quando encarou o irlandês ao meu lado. — Quem é ele e por que veio junto?

— Rory Flanagan. Satisfação em te conhecer — estendeu a mão para a reitora, que prontamente a apertou — porque o prazer vem depois... — Ela o encarou com um olhar ameaçador. — Brincadeira. Desculpinha, não tô a fim de ser expulso. — Segurei um riso na hora enquanto observava a Srta. July continuar de olhos arregalados. — Enfim, sou colega de quarto do Finn e advogado deste rapaz para qualquer acusação que ele venha a receber.

— Não precisa ficar se achando só porque estuda Direito, meu caro aluno. — Ela prontamente rebateu, deixando o Flanagan sem graça por um segundo.

Mas Rory sempre dá um jeito de sair por cima das situações, anotem isso.

— Não estou me achando o maioral, só não quero que o Hudson aqui — e precisou me meter na história? — leve mais patadas da vida.

— Então, Srta. July... o que tem a dizer? — Interferi.

— Caro Hudson... estou disposta a te oferecer aulas exclusivas para o senhor, com as matérias que o senhor preferir; assim estes universitários não o incomodarão mais...

— Desculpa, o quê? — Entendi aquela sugestão com outros olhos. — Não precisa me tirar das aulas normais. Apenas quero ser tratado de igual para igual.

— Acontece que o senhor, de fato, é diferente dos outros e não podemos evitar que os outros alunos se sintam constrangidos ou com medo quando portadores do vírus HIV se aproximam. Elas têm uma ideia errônea sobre esse tipo de gente e

— Ah, para tudo, para tudo, para — eu sabia exatamente o que Cassandra July estava querendo dizer com aquilo.

Rachel e o Dr. O'Malley me prepararam para as opiniões externas. Pelo fato de muitas pessoas não saberem como o vírus é contraído, acabam tendo concepções bastante erradas de como isso se faz e acabam se afastando. Eu mesmo notei que ela não quis apertar minha mão quando eu tinha oferecido ao entrar em seu escritório, e seu olhar torto não passou despercebido por mim. Ela estava tentando ser agradável, mas só tentando mesmo, porque na minha visão, o que ela mais queria era que eu simplesmente fosse embora o mais rápido possível antes que alguma coisa acontecesse. Não era a primeira vez que isso acontecia, mas vindo de uma reitora de uma universidade nem tão conhecida, era inadmissível.

— Como assim, “para tudo”? — A reitora se fez de desentendida.

— Já notei o seu teatrinho, senhorita July. Nem estendeu sua mão quando eu estendi a minha para um aperto simples, praticamente prende a respiração quando eu falo e fica me olhando torto desse jeito. Eu não nasci ontem e já notei que a senhorita está apenas querendo ser cordial e só está falando comigo porque quer que a sua universidade seja conhecida pela inclusão social. — Seus olhos se arregalaram na última oração. — Prefere ser sincera ou prefere que eu seja sincero e vá contar ao mundo o seu medo em falar comigo?

— Olha aqui, Hudson, eu não tolero esse tipo de- — Interrompi-a antes que pudesse terminar sua frase.

— Olha aqui, digo eu — Rory beliscou meu braço, mas continuei a falar — eu é que não tolero esses tipos de preconceito por aqui. Aprendi com meus pais adotivos que reclamar meus direitos é sempre o melhor caminho, e eu garanto que se a senhorita pegar a constituição do país agora mesmo, lerá que todos são iguais perante a lei ou perante a própria sociedade.

— Minha conduta é bem diferente da conduta das constituições, Hudson.

— E vemos claramente que sua conduta não é a mais correta — dito isso, levantei-me bruscamente da cadeira e senti uma tontura. Como ato de reflexo, levei as mãos à cabeça, mas continuei na minha direção rumo à porta. — Rory, me ajuda aqui...

— Opa, calma que eu te seguro — o irlandês pegou meu braço direito e o envoltou em seus ombros. Eu continuava cada vez mais tonto — E a senhorita, não diga mais nada. Finn não merece ouvir sua voz pelos próximos 60 anos da vida dele.

— Se é que ele vai durar isso tudo... — Ouvi-a sussurrar, dando a entender que ela já tinha se levantado de sua cadeira e se aproximado de nós.

— O QUE VOCÊ DISSE? — Gritei, sentindo mais dores na cabeça. Não obtive resposta. — Repita o que você disse, July! Repita!

— Não se force tanto, Finn... secretária! Uma ajuda aqui, por favor! — Rory abriu a porta, já me passando para o apoio da moça convocada. — Vai com ela, cara... eu vou acertar umas contas aq- — De repente, não ouvi mais sua voz.

E também de repente, senti um baque. Era minha cabeça se chocando contra o chão.

[…]

Mal acordei e já dei de cara com uma... duas... três... quatro... cinco pessoas ao redor da minha cama. A única coisa em comum entre as tais era a expressão de susto estampada em seus rostos, tanto em Will como em Santana, Rachel, Meredith e George.

— Cadê o Rory? — Logo lembrei do que ele havia dito antes do desmaio.

“Vai com ela, cara... eu vou acertar umas contas aqui...”

— Sério que essas são suas primeiras palavras após uma experiência de quase morte? — Santana quebrou o silêncio de cinco segundos que se passou após minha pergunta.

— Eu vou perguntar de novo: cadê... o... Rory? — Dessa vez usei meu olhar ameaçador.

— Quer mesmo saber? — O Dr. O'Malley arqueou a sobrancelha.

— George! — Meredith bateu de leve em seu braço.

— Ué, deixa o garoto saber... o irlandês estava com ele segundos antes do que houve, certo?

— Está me assustando... o que houve, O'Malley? — Olhei diretamente para ele.

— O Rory foi preso, tá? — Rachel falou antes de todos, e logo eu senti o baque da notícia. — Ele agrediu a reitora de um jeito nada irlandês.

— Deus do céu... — Passei minha mão pelo rosto. — Ele realmente chegou a esse ponto pra me defender?

— Se isso não for camaradagem extrema, eu não sei o que é. — George comentou, recebendo outro tapa da colega médica. — Que foi? Só estou dizendo!

— É, só que o senhor é delicado demais e fala as coisas erradas nas horas erradas. Sai logo daqui, vai conferir o paciente Puckerman, vai — A Drª Grey apontou para a porta, fazendo o outro médico obedecer direitinho. Só não ri alto porque não queria causar vergonha maior. — Desculpem a indelicadeza do meu colega de trabalho. Ele tem esse problema de sinceridade extrema.

— Já me acostumei, Drª Grey. Mas e então, pode me explicar o que diabos aconteceu comigo?

— O tratamento que temos feito contra o vírus HIV no seu corpo tem surtido alguns efeitos colaterais no seu sistema imunológico, isso é normal; e somado ao fato do estresse que você provavelmente teve na sua consulta com a reitora da universidade, pode ter causado a sua queda repentina de pressão. — A médica pegou sua prancheta e começou a escrever algumas coisas, virando-se na direção do meu pai logo depois. — Senhor Schuester, o que Finn precisa é repouso. E bastante repouso. Sei que com as aulas da faculdade e a prisão do colega dele isso talvez não seja tão possível, mas é tudo para o bem dele. Não podemos passar por isso outra vez ou então o sistema se enfraquecerá ainda mais com os remédios que ele tem ingerido aqui no hospital. — Virou-se para mim novamente. — Podemos contar com a sua colaboração, Hudson?

— OK, tudo pra me ver saudável! — Ergui as mãos em sinal de rendição. — Já posso ir para casa?

— Não mesmo. Vai ficar em observação pelo resto do dia — alguém bateu à porta — deve ser a enfermeira.

— É a Tina? — Logo perguntei.

— Te interessa? — Rachel se intrometeu, fazendo cara de ciumenta.

— Eu é que pergunto: te interessa? — Rebati. — Que eu saiba, ainda não temos nada.

— Como assim, “ainda”? Perdi alguma coisa? — Will arregalou os olhos.

Claro, eu tinha esquecido de contar a ele sobre essa nova “amiga” de nome Rachel Barbra Berry.

— Garoto, você vai me explicar direitinho essa história — e eis que Tina Cohen-Chang surge vermelha de vergonha com tantas pessoas anormais num único quarto de hospital — mas depois.

— O senhor Schuester pode ficar, mas... as meninas precisarão sair.

— Ai, que m- — Rach interrompeu a si mesma — Desculpe. Melhor eu sair.

— Vai, que eu quero trocar uma ideia contigo. — Santie já foi empurrando a baixinha para fora do quarto.

— Mas eu mal te conheço!

— Vai me conhecer agora porque estou te obrigando. — E então ambas deixaram o ambiente.

— O que a Lopez vai fazer com a garota, pai? — Tratei de começar o interrogatório com meu pai. — Ah, e tenho uma outra pergunta que você com certeza quer responder: o que diabos você está fazendo aqui?

— Tina, volte depois. A treta vai ficar pesada aqui — a enfermeira prontamente obedeceu às ordens da chefe, saindo do quarto com o medidor de pressão em mãos — Vou deixar os senhores a sós. — E então, ela saiu.

Encarei William Schuester com cara de poucos amigos. Ele me largara junto com Holly há algum tempo que eu prefiro não determinar e do nada retorna todo preocupadinho com a saúde do filho adotivo? Não era possível. Havia caroço naquele angu e eu estava disposto a descobrir.

— Vai me responder ou não, Will?

— Tudo bem... eu realmente me sinto na obrigação de responder — sentou-se na beirada da cama — Santana foi até meu trabalho apenas para me incomodar quanto ao que eu estava fazendo. Acredite se quiser, mas eu me sentia muito culpado durante esse tempo todo... não queria ter seguido os passos da Holly. Juro. Mas ela me obrigou a voltar pra nossa cidade e fingir que você não existe — bateu de leve em minha perna esquerda, como se quisesse chamar minha atenção — sempre que eu podia, telefonava para a recepção do hospital e conseguia notícias do seu tratamento com a doutora Meredith ou com a própria enfermeira que cuida do seu caso. Eu me preocupo com você, Finn, por mais que hajam motivos para isso não acontecer.

— Ainda não explica o fato de você estar aqui como se nada tivesse acontecido.

— Sua prima quase acabou com o meu carro em plena estrada federal só pra me fazer enxergar o que estava fazendo com essa história toda. Enfrentei Holly e vim pra cá disposto a consertar nossa relação e, quem sabe, ajudar mais pessoas aqui neste hospital.

— Então você precisou quase perder um de seus maiores bens pra vir me rever? Ai, que lindo, que show, isso com certeza te torna uma pessoa melhor — ironizei — Mas tudo bem, você está aqui e não posso te mandar de volta. Até porque a loira oxigenada lá jamais te deixaria pisar naquela casa de novo. — Permiti-me rir do meu próprio comentário.

— Idiota — deu um soco no ar — e antes que você pergunte, essa minha ajuda tem a ver com o que Santie está conversando com aquela sua amiguinha lá fora.

— E antes que o senhor pergunte, eu e Rachel somos só amigos.

— Mas eu nem ia perguntar! — E desatou a rir. — Viu como você já está interessado naquela menina? Eu a vi com um violão nas costas quando cheguei a este andar. Ela canta?

— E maravilhosamente bem — lembranças das vezes em que a ouvi cantar vieram à minha mente — depois daquele ataque cardíaco que eu tive, acordei ouvindo-a cantar uma música da Demi Lovato e tocar seu violão. Naquele momento me deu uma enorme vontade de ter ficado doente antes só pra conhecê-la há mais tempo, se me permite a piada — sorri como um bobo apaix... não, melhor eu nem terminar essa palavra ou vocês vão pensar em finais felizes, em OTPs da vida e coisas do tipo. E já basta as colegas do Ensino Médio falando sobre isso o ano inteiro.

— Bom, se você está gostando dela, precisa ter certeza do que sente em primeiro lugar. Não pode embarcar nessa com dúvidas.

— Espera... está mandando eu “embarcar nessa”?

— Eu não diria que estou “mandando”, Finn — fez um sinal de negação com a mão — só estou aconselhando antes que você venha me pedir.

— Porque eu com certeza pediria de todo jeito — dei a razão para o Schuester — mas e então, se o senhor sabe o que elas estão conversando lá fora, já pode dizer pra mim.

— Tudo bem, eu me rendo — soltou um riso fraco — eu e sua prima estamos organizando uma apresentação aqui no hospital.

— Sério? — Ajeitei-me na cama para prestar mais atenção no que ele diria a seguir.

— Sim... sabe, sua prima também chamou a enfermeira asiática para me mostrarem outros jovens que estão com problemas de saúde. Assim como você — apontou para mim — e eles pareciam tão tristes... precisam de uma esperança, assim como você precisou quando teve uma crise de pneumonia aos doze anos de idade, lembra?

— O senhor convocou o coral da igreja inteiro pra cantar “O Holy Night” quando eu fiquei internado na clínica da cidade em plena noite de Natal. Nunca vou esquecer aquilo — como não esquecer de quase 35 vozes dentro do seu quarto de hospital cantando um hino natalino no momento em que você achou que ninguém te apoiaria? — Também já andei por esses corredores com a Rachel uma vez.

— Ah, então o nome dela é Rachel? — Fez uma expressão de segundas intenções.

— Para, pai — chutei seu braço de leve — Não me faça parecer aquela criança de doze anos outra vez.

— OK, parei. Mas, enfim, eu fui conversar com o conselho daqui e eles permitiram uma apresentação única no auditório do andar de cima. Podemos fazer audições com os pacientes lá também... quero que apenas eles atuem nisso.

— E por que a Santie foi falar pra Rachel sobre isso?

— Porque sua “amiguinha” tem dois requisitos perfeitos: ela canta e também é paciente deste hospital.

Gelei naquele momento. Como assim, Rachel ainda era paciente do hospital?

Ponto de Vista – Narrador

Depois que Finn desmaiou nos braços da secretária de Cassandra July, Rory Flanagan ficou possesso de fúria e atacou a reitora sem pensar duas vezes. E com certeza a teria matado se não fossem os seguranças do prédio convocados para apartar a agressão. O universitário foi preso em flagrante e em menos de três horas, sua fiança foi estipulada em mil e trezentos dólares.

O irlandês estava perdido. Todo o dinheiro que tinha servia apenas para pagar os estudos e a própria alimentação. Uma prisão não estava em seu orçamento anual e não fazia a mínima ideia de como sairia dali antes que seus pais descobrissem e estes fossem presos por arrancar braços e pernas do próprio filho.

— Senhor Flanagan?

— Eu? — O estudante rapidamente saiu de seus devaneios para prestar atenção no chamado do carcereiro.

— Pagaram sua fiança. O senhor está solto.

— Mas quem pagou?

— Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe — abriu a porta da cela — então venha logo, ex-prisioneiro.

Rapidamente acompanhou o agente penitenciário até a sala de espera da delegacia, onde Rory encontrou ninguém mais e ninguém menos do que o ficante da primeira festa.

Blaine Anderson havia pago sua fiança.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam deste BIG retorno de White Is The New Black? Comentem, mesmo que seja pra dizer que tá um lixo virtual. Críticas sempre são bem vindas e construtivas ;)
P.S. Lembrem-se do P.S. das notas iniciais. De nada.



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