White Is The New Black escrita por Vitor Matheus, Chery Melo


Capítulo 6
Deixar as Palavras Fluírem


Notas iniciais do capítulo

Bom, tô com tanta vergonha de falar alguma coisa que pela primeira vez na história vou apenas pedir a vocês para que leiam o capítulo sem raiva da demora... ou seja, boa leitura. Nos vemos nas notas finais ;)



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Ponto de Vista – Finn Hudson

Santana estava realmente disposta a mudar minha situação social na universidade. Eu não dava muita importância para tal, já que nunca fui o mais popular dessa porcaria – e que o reitor não esteja lendo isso, amém – mas confesso que, na mesma semana na qual eu retornei aos estudos, fiquei incomodado com os olhares estranhos de outros estudantes.

Amigos, eu não sou um ET pra vocês ficarem me encarando, isso é ultrajante”, pensei comigo mesmo várias vezes durante esse meio tempo. Não encarei ninguém. Apenas foquei na minha própria vida e nos minutos que faltavam para a próxima sessão de tratamento contra a AIDS presente em mim. Não que eu esteja animado para enfrentar mais uma daquelas coisas que eu prefiro não descrever, mas prefiro ir ao hospital por um motivo muito especial cujo nome é Rachel Barbra Berry. Não sei o porquê, mas ela apenas... me faz feliz como ninguém faz.

Algumas pessoas encontram a felicidade de suas vidas na família – o eterno porto seguro. Eu? Não encontro mais isso nos meus próprios pais, e segundo fonte segura chamada Santana Lopez, com certeza não encontraria nos familiares que me “adotaram” nessa jornada épica que todos chamam de vida. Outras pessoas acham esta felicidade em pessoas especiais, que não são necessariamente os amores dos seus sonhos. No meu caso, eu poderia citar minha própria prima, que tem atazanado o meu juízo de uma forma que só a graça de Deus pode reverter, mas ainda me ama porque somos família; e poderia falar também de Rory Flanagan. Sim, eu poderia citá-lo por aqui. Porque, apesar de não ser uma relação tão explicitamente amorosa (gente, somos só amigos, vê lá o que vão dizer sobre isso), ambos sabemos que temos um apreço único chamado “amizade filha da puta e temos orgulho disso”. Afinal, que tipo de pessoa põe um rato morto embaixo do seu travesseiro apenas para te ver sorrir?

Mas também existe aquela felicidade única, irrefutável e que só pode ser sentida em casos de amor verdadeiro. E era exatamente aqui onde eu queria chegar... porque eu acho que posso estar sentindo isso por Rachel. É normal você acordar todo dia e ter seu lindo rosto como primeiro pensamento? É normal você premeditar suas próprias ações apenas para que ela note o que você faz ou apenas abra um sorriso com tais atitudes? É normal você pensar em um futuro possível onde você e sua paixão estejam juntos, saudáveis e dividindo as escovas de dente? Isso tem acontecido comigo nos últimos dias. E não me arrependo de pensar em todas essas coisas. Porque se amar Rachel Berry é uma loucura, então está na hora de me internarem numa clínica psiquiátrica.

— Finn Christopher Hudson, recém-HIV.

.::.

Para que eu possa inspirar outros portadores do vírus HIV a terem uma razão para não se matarem – literalmente, os índices de suicídio entre pacientes desse tipo são absurdos para tal nível – a grande e asiática enfermeira Tina me encorajou a criar um blog, onde eu desabafasse sobre os meus desafios de recém-descoberto com o vírus da AIDS. Inicialmente eu recusei a ideia pelo simples fato de que sou um escritor tão bom quanto cientista (ou seja, nada), mas duas pessoas me fizeram repensar de verdade e tomar a iniciativa: a primeira delas, o médico George O'Malley.

Pense nisso, Finn. Você poderia ajudar outras vidas a conviverem com a doença... afinal de contas, não é à toa que o exemplo de superação deste hospital aqui é você mesmo.

Por favor, não me elogie tanto. Posso me tornar um narcisista. — Ri.

Mas é sério, cara. — Sorriu brevemente. — Dado o seu histórico de “vida feliz”, tanto eu como a Dra. Grey pensamos que você poderia até entrar em depressão por causa da descoberta... mas você apenas fez um “ah, não é como se eu fosse morrer em um minuto” e ainda se dispôs a fazer os tratamentos necessários, coisa incomum por aqui.

Acho que preciso conhecer um pouco mais deste hospital para só então entender o seu lado e pensar no assunto do blog.

Lembre-se: você não precisa fazer bons textos. Apenas transcreva suas sensações.

O'Malley me incentivou a escrever sobre meu dilema para outras pessoas. Mas a outra incentivadora deste ato tem o nome de Rachel Berry e... bem:

Escuta, Finn... por que você não faz isso por si mesmo?

Explique melhor. Sou um pouco lerdo.

Jura? — Socou meu antebraço de leve. — Tudo bem, eu explico: se você escrever sua rotina e mostrar que pode muito bem conviver com este vírus, pode provar à sua própria família que você está bem consigo mesmo e com as poucas pessoas ao seu redor... talvez, depois disso, seus familiares possam se reaproximar de você. Não é uma boa ideia?

Até parece que eles mudam de ideia tão fácil assim... Rach, eu conheço aquelas pessoas. Eles têm cabeça dura pra cacete. Nunca mudarão apenas com a opinião do próprio doente.

Eles vão acreditar em você algum dia, Finny. Nem que o mundo todo tenha de fazer isso por você.

Tá, vou fingir que acredito e depois pensar no assunto.

Pensa com carinho, tudo bem? — Beijou minha testa. — E lembre-se: do que o mundo precisa agora?

Deixou-me a pensar na resposta, saindo do quarto onde eu fazia alguns exames pré-tratamento naquele dia.

Tomando esses dois motivos como incentivo para mim mesmo, criei um domínio na internet chamado “Recém-HIV” e iniciei a jornada. Primeiramente contando sobre como eu descobri o vírus e como estava a minha vida antes disso; depois parti para a nova fase da minha rotina diária – que, por sinal, não mudara tanto; mas tinha suas diferenças.

P.S. Obviamente, Rachel ainda não descobriu qual é o meu blog porque ela também não sabe o que eu sinto por ela, mas OK.

— Finkenstein, eu ordeno que você levante essa bunda da cama e me acompanhe. — Rory jogou um travesseiro na minha cara enquanto eu relembrava esses momentos.

— Faz um favor e me obrigue. — Resmunguei.

— E se eu te disser que estamos indo na sala da nova reitora agora mesmo?

— Fazer o quê lá? — Logo fiquei de pé, e com olhos arregalados.

— Ué, você foi intimado a ir lá. Esqueceu, idiota?

Arqueei ambas as sobrancelhas, lembrando rapidamente do que ele estava falando.

Tecnicamente, Rory Flanagan e Santana Lopez não é uma combinação muito leal com a minha vida. Os boatos de que outros estudantes se afastavam de mim quando eu chegava perto chegaram a esses dois, que, sem pensar duas vezes, contaram diretamente à reitoria. O antigo reitor, David Martinez, não faria nada a não ser um discurso motivador no auditório principal; mas a reclamação chegou aos ouvidos de Cassandra July, a nova reitora, logo em seu primeiro dia de trabalho na Hogwarts University. Ela, então, resolveu ter uma conversa comigo a respeito de tudo o que estava acontecendo.

— Merda, esqueci mesmo. Mas tem que ser agora?

— Não, cara, depois do centenário de morte do Roberto Bolaños a gente vai, pode ser? — E então deu um tapa na minha cabeça. — Não acredito que fui arranjar um colega de quarto tão otário como você, Hudson.

— Faço das suas palavras as minhas.

Ponto de Vista – Narrador

Saindo de mais um dia de aula ensinado no colégio cujo nome não precisa ser citado porque não fará porra de diferença alguma por aqui – “nossa, narrador, você tem um palavreado tão sujo”; “seria pior se a Santana Lopez narrasse, queridinha, garanto” - Will Schuester se encaminhava ao seu carro para retornar ao seu lar, e consequentemente às discussões recorrentes com Holly sobre Finn, quando ele se deparou com a própria Santana em pessoa, recostada ao seu carro como se fosse uma aluna pronta para dar tudo ao professor. (E com “tudo”, vocês sabem muito bem o que eu quero dizer.)

— Santana Lopez?

— A diva em pessoa. Vejo que se lembrou da minha figura, ex-tio. — Provocou a latina, afastando-se do carro para que Will entrasse no mesmo. Andou até o lado do passageiro e abriu a porta para entrar como se fosse a coisa mais normal do mundo. — Eu acredito que nós precisamos conversar.

— Primeiro: eu ainda sou esposo da sua tia, não tem essa de “ex-tio”. — Por mais que fosse um amor de pessoa, o “cabelo de miojo” – como a própria Santana o chamava antigamente – tinha seus momentos de estresse. — Segundo: o que te trouxe até aqui?

— Minhas pernas. Legal, não? — Ela respondeu, irônica, enquanto o via acionar o motor do carro e pisar no acelerador. — Interessante, você tirou o carro do lugar. Quando eu queria aprender a dirigir, você sempre dava um jeito de dizer que o carro morria bem na hora.

— E vejo que você ainda não aprendeu a ligar um mísero carro, Lopez.

— Cuidado com as suas palavras. Posso contar tudo pra tia Holly.

— Porcaria de parentesco. — Will revirou os olhos. — Enfim, o que você quer?

— Quero saber por que diabos nem você e nem a tia visitaram o próprio filho nesse momento difícil que ele passa.

— Não é da sua conta. E ele não é nosso filho.

Santie ficou tão chocada com a última frase que saiu do próprio lugar e tomou as rédeas do carro, tapando a visão do mais velho, pondo as mãos no volante e fazendo o carro dele parar num instante. E no meio da pista.

— Sai da minha frente, garota!

— Saio, sim. — Ela fez o que falou, e ainda fez mais: deu o fora do carro, mas não sem antes falar pela janela. — William Schuester que é William Schuester nunca diria o que você disse. Finn não tem o seu sangue, mas ele é tão filho seu quanto ele é meu primo. Pense no que está fazendo antes que seja tarde demais.

Dito isso, a Lopez saiu do encalço de Will, sorrindo vingativa e – literalmente – parando um carro com a sua beleza antes que ele a atropelasse. O esposo de Holly ficou embasbacado com a atitude louca da sobrinha de sua mulher, mas ele precisava acreditar naquela verdade: Finn ainda era um filho para ele, mesmo que a Holiday já não achasse mais o mesmo. Ele não queria ter se afastado do jovem, mas foi obrigado a tal não só pela loira como pela família da mesma. Tudo isso, somado ao fato de que ninguém lhe contara o motivo pelo qual estavam deixando o universitário de lado, o fez cair em si e notar o que fez.

Não se faz isso com o próprio filho, mesmo que ele não seja seu parente de verdade.” Lembrando-se das palavras que vira em algum livro, ele deu partida no carro novamente, voltando a percorrer seu caminho de volta para casa. Estava determinado a consertar a burrada que cometeu quando saiu do caminho de Finn Hudson e ganhou a ira de Santana.

— Amor, o que houve? — Sua mulher perguntou ao vê-lo esbaforido na porta do lar.

— Eu me afastei do meu próprio filho. Por sua culpa. Isso é o que houve, e eu estou indo dar um jeito nisso.

— Will... — Ela olhou séria. Não era a primeira vez que ele tentava ir até a universidade do Hudson. — Eu já te falei...

— Dane-se o que você falou, Holly! Não se abandona a família!

— Finn não é da família!

— Você é quem pensa. Finn se tornou ao menos parte da minha família quando eu o encontrei escondido naquela escadaria depois de ver a morte dos próprios pais. E se você não concorda com isso, então temos de conversar sobre o nosso casamento!

Após jogar tais palavras, o Schuester encaminhou-se ao seu quarto, pegando uma mala e enfiando pares de roupas dentro dela. Colocou também objetos de higiene pessoal e o carregador de seu telefone celular. “Preciso fazer isso antes que eu mude de ideia”, pensou consigo mesmo enquanto realizava tal ação.

Holly chegou no quarto a tempo de vê-lo fechando a mala.

— O que diabos você está fazendo?

— Vou falar com o meu filho. Vou pedir o perdão dele pelo que fiz, e você não vai me impedir.

Pegou as chaves do carro, e contra os protestos da Holiday, saiu dirigindo pela cidade até o aeroporto. Assim que chegou lá, ele telefonou para Santana.

Mudou de ideia, cabelo de miojo o qual eu tenho o prazer de chamar de “ex-tio”?

— Se eu te contar uma coisa, você logo vai me chamar de tio novamente.

Hum... fale.

— Eu quero consertar isso.

— Então hoje é o seu dia de sorte, tio Schue.


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Notas finais do capítulo

Todo mundo tendo seu lugar ao sol, não é lindo? Finn, Rory, George, Rachel, Santana, Holly... até o Will, gente! Gostaram do capítulo? Eu realmente espero que sim, foi uma luta fazê-lo hehehe :P
Deixem seus comentários no final, e espero que me perdoem pela demora. É que justamente na minha vez de escrever WITNB, tive bloqueio criativo não só aqui, como em TODAS as minhas fics. Mas estou voltando aos poucos e esta aqui é a primeira, okay? Okay. Próximo capítulo é da Chery!
P.S. Comentem, por favor. Eu agradeceria a todos vocês.



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