White Is The New Black escrita por Vitor Matheus, Chery Melo


Capítulo 2
Isso Foi um Erro, Estou Tão Ferrado


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente! Sou eu de novo, o André (Vitor para os íntimos, mas não contem pra ninguém), com o segundo capítulo de "White is The New Black" para vocês. Durante esta semana a fic ganhou 12 acompanhamentos, e tenho de agradecer a vocês por isso. Os comentários também foram receptivos, o que me alegrou e me inspirou a escrever tudo que está no capítulo de hoje.
Finn vai dar uma de baterista (o sonho de todo fã Montourage sempre foi vê-lo ao vivo fazendo isso, certo?), ficar com uma pessoa e tirar vantagem do próprio colega de quarto... mas não posso dizer muito, apenas isso. Ficaram curiosos? Então #partiu #leitura!



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Cerca de 30 dias após aquela cena realmente emocionante dos meus pais me deixando na Hogwarts University (mais uma vez, não é aquela do Harry Potter), eu já não era mais o mesmo. Tudo por culpa do meu colega de quarto, Rory Flanagan, que por mais que seja um hacker fixado na tela do próprio notebook, tinha sua vida social. E obviamente, me levava junto para cima e para baixo, porque sua primeira impressão sobre mim foi mais ou menos assim.

Finn Christopher Hudson? — Um cara que devia ter mais ou menos a minha idade se encontrava parado na porta do quarto 203, que era justamente o meu.

Sim, sou eu?! — Soou mais como uma pergunta do que como resposta.

Antes de me perguntar porque eu tenho uma aparência estranhamente bonita, sou Rory Flanagan. Seu novo colega de quarto.

Não sei como ele adivinhou que eu ia perguntar aquilo, mas a julgar por seus olhos azuis – porra, de onde surgem esses pais? Quero esses para mim – e seu cabelo castanho escuro, já dava para imaginar que todos perguntavam isso.

Não preciso me apresentar. Você já sabe o meu nome, então... prazer em te conhecer. — Estendi minha mão direita.

Satisfação em te conhecer também, Hudson. — Apertou devidamente a minha mão. — Porque o prazer vem logo depois.

Desculpe, o quê?

Nunca ouviu essa piada? — Fez uma cara de interrogação que, admito, me causou medo por três segundos. — Eu, hein. Você é estranho. Mas pode entrar.

Eu tenho de entrar; é o meu quarto.

Nosso.

Nosso quarto. — Joguei minhas malas na cama disponível e voltei-me para o Rory novamente. — Vou ter de me acostumar com isso.

Relaxe, você nem vai notar tanto a minha presença aqui. Trabalho com computadores numa empresa pouco conhecida aqui perto, durante as horas que não estudo na faculdade.

Droga, tenho de procurar um emprego. — Bati minha mão esquerda na testa, lembrando-me desse detalhe crucial.

Rory sentou-se na sua cama e olhou para mim de cima a baixo como se eu fosse alguma carne de sol pronta para ser devorada. Por um segundo achei que ele jogasse no outro time, até que suas palavras seguintes desmistificaram esse pensamento.

Bom, de acordo com as minhas suposições... você é Finn, um cara que não é muito social, não entende piadas sacanas, tem um ar de nerd e tem óbvios problemas de amnésia recorrentes.

Então essa é a sua ideia sobre mim? — Arregalei os olhos. — Não tem nada melhor nessa sua cabeça?

Até que você me faça mudar de ideia... não. Não tenho outras suposições sobre você.

Sendo assim, Rory se achou no direito – pior, no dever – de fazer de mim um jovem sociável nessa universidade de nome estranho que minha mãe julgou ser a menos ruim da região. Na primeira semana de aula, ele ainda era a única pessoa dali com a qual eu tinha um pouco de intimidade. Não conversava com ninguém, não trocava olhares com nenhuma garota. E até um dos professores do curso de Publicidade e Propaganda perguntar-me sobre uma informação que não procedia, nunca chamei a atenção de nenhum deles. “A definição perfeita de aluno quieto e inerte”, segundo a Teoria Rory Flanagan Sobre Finn Hudson. E eu não inventei este nome, foi ele mesmo.

Tudo mudou quando o cara de irlandês me levou – pior, me arrastou a gritos – a uma das festas de boas vindas de Hogwarts. Como um bom jovem conservador criado numa família afetuosa, comparecer a um evento desses foi literalmente cair em tentação. Eu sabia que encontraria algo deplorável quando chegasse lá, mas não pensei que as “coisas impuras” já estariam logo na entrada: jovens se beijando loucamente como se não houvesse amanhã. Na primeira oportunidade que teve, meu adorado colega de quarto acenou para mim e se dirigiu a duas garotas próximas, praticamente ignorando minha existência. Optei por pegar um copo de ponche e sentar em algum lugar por ali.

— Pelo amor de Deus, Hudson, relaxe. Divirta-se um pouco, a vida não é feita apenas de estudos. — Rory me cutucou por trás, sentando-se ao meu lado no enorme sofá que havia naquela casa.

Ao nosso redor, dezenas de universitários dançavam, bebiam e se agarravam das mais diferentes e loucas formas, tantas que não merecem ser citadas neste parágrafo. Eu era o único que não estava com um sorriso na cara, sentado naquele estofado e bebendo um copo de ponche.

— Você sabe que eu nem queria ter vindo.

— Mas eu te obriguei, então comporte-se e dance conforme a música. — Sem mais nem menos, o irlandês se levantou do estofado, me puxando para a “pista de dança” mais à frente.

A única coisa positiva que havia ali era a banda ao vivo, que tocava grandes hits do momento e de vez em quando algumas canções memoráveis dos tempos antigos. Sei disso porque cresci em meio a uma mistura musical enorme – dádiva de William Schuester – e foi fácil reconhecê-las. Estava tudo rolando normalmente quando o mesmo Rory que conheço pegou o microfone e disse algumas coisas.

— Hey, pessoas! — Todos bradaram, erguendo as taças em mãos. — Gostaria de apresentar a vocês um amigo que além de ter o privilégio de ser meu colega de quarto – Tentativa de Espalhar Recalque: Não Concluída – também é um ótimo baterista! Finn Hudson, apresente-se aqui no palco para uma performance.

Senti uma enorme vontade de me esconder o mais rápido possível. Mas como eu também queria, e muito, socar aquela cara de fuinha do Rory, me vi obrigado a subir rumo ao pequeno palco que havia no ambiente. Ovações e aplausos surgiram. Não sei de onde tiraram que eu sou importante, até porque não faço diferença alguma em suas vidas. Mas, aparentemente, um certo Flanagan manda no pedaço.

— Você me paga por isso, irlandês. — Sussurrei, quando já estava próximo dele.

— Mal posso esperar pela sua vingança, cara. — Respondeu de volta no mesmo nível, largando o microfone no pedestal e apontando para as baquetas que eu usaria. — E faz um favor: toca música antiga. Você não vai querer ser comparado ao baterista do One Direction em qualquer música deles.

Peguei o par de baquetas e sentei em frente a bateria. Ficar de frente para uma delas é como voltar aos tempos antigos, onde eu tentava encontrar um instrumento que servisse para mim. E encontrar aquelas duas coisas que agora se encontravam em cada uma das minhas mãos foi um momento mágico. A bateria sempre esteve presente na minha vida, desde antes da morte dos meus pais.

O guitarrista perguntou em voz baixa o que tocaríamos, e eu apenas disse:

— Mustang Sally.

Comecei a tocar. Guitarra veio logo depois. Teclado em seguida. Um dos universitários aparentou reconhecer a música e começou a cantar. Continuei tocando, e a alegria de tocar me empolgou a ponto de cantar junto, involuntariamente. Alguém pôs um microfone pendurado na minha frente e entrei na onda, cantando agora para uma plateia considerável. Meu número de espectadores saltou de dois – Will e Holly – para centenas de jovens que agora bradavam e surtavam, porque eu aparentemente não cantava mal. E o cantor principal também ajudou bastante.

Nem preciso dizer que todo mundo aplaudiu ao final da “apresentação improvisada”, certo?

[…]

— Finn, eu quero que conheça Danielle, mais conhecida como Dani. — Rory voltou a lembrar que eu existia, já me empurrando para uma morena que eu quase não consegui ver o rosto, devido à pouca luz. — Espero que vocês se peguem bastante, fui!

Sem avisar, a tal Dani começou a distribuir beijos por todo o meu rosto, parando várias vezes na minha boca. “É de propósito, está tentando me seduzir”, pensei. Mas foi só ela chegar no meu pescoço que eu me soltei de vez e não segurei mais a minha timidez. Passei meus braços por volta de suas costas e retribuí os beijos que ela me dava, fazendo com que menos de dez ou quinze minutos depois...

Já tivéssemos alcançado o ápice em algum dos quartos daquela casa.

Foi rápido. Quase indolor. Não que aquela tivesse sido a minha primeira vez, mas foi tão rápido que poderia facilmente ser esquecido pela minha mente. Poderia seguir em frente como se não tivesse acontecido.

Apaguei depois da minha “performance na cama”, só acordando no dia seguinte – por mais que eu tenha virado a noite, somente é amanhã quando eu acordo e ainda assim, depois que o sol nasce. Dani ainda estava lá, aninhada aos meus braços e... bem, é constrangedor dizer isso, mas nem tinha um único lençol cobrindo nossos corpos. Por cinco segundos, tentei assimilar o que estava vendo, até que cheguei a uma conclusão.

“Isso foi um erro. Eu não devia ter me envolvido tão rapidamente com essa garota. O que ela vai achar que somos? Estou tão ferrado”, pensei primeiramente. Depois anotei na cabeça uma série de coisas a se fazer naquele dia – que felizmente era sábado:

1. Chegar no quarto são e salvo sem ter uma mulher me perseguindo;

2. Se Rory Flanagan estiver lá, esganá-lo com um travesseiro e meu canivete suíço preferido;

3. Se Rory Flanagan não estiver lá, sair atrás dele como se fosse um stalker da vida e aí sim esganá-lo com os itens citados anteriormente;

4. Telefonar para os meus pais e perguntar o que fazer, por mais que seja uma atitude típica de um “filhinho de papai”;

5. Respirar profundamente e depois soltar o ar, pronto para encarar mais um dia sabendo que cometeu um erro terrível ao beber aquele ponche que provavelmente estava “batizado”;

6. Matar Noah Puckerman, dono da festa e provavelmente o culpado por ter “batizado” aquele ponche da noite passada.

Delicadamente tirei meus braços de cima de Dani, vesti minhas roupas – o que foi difícil, supondo que a cueca estava na mão dela – e saí de fininho da casa, quase tropeçando em dois ou três corpos desmaiados no chão no caminho. Rory não estava entre eles, o que era bom e ruim ao mesmo tempo: bom porque eu queria vê-lo vivo, ruim porque ele morreria nas minhas mãos. Corri como nunca até o prédio onde ficava meus aposentos; ao chegar lá, já cumprira a meta nº1. E eu poderia muito bem ter cumprido a meta 2, porque o irlandês de merda estava lá... desmaiado na MINHA cama, com um outro jovem em cima dele. Sem camisa, diga-se de passagem. “Então essa Coca é Fanta? Interessante...”, pensei comigo mesmo, já pegando meu celular e tirando uma foto daquilo.

Não precisaria matá-lo para me vingar do maldito momento em que ele me apresentou Dani.

[…]

Cerca de um mês depois de todo o ocorrido, as aulas fluíram normalmente. Comecei a criar gosto pelas aulas e tudo o mais. E tirando alguns dias de febre repentina e tosses exageradas, eu me sentia saudável o bastante para correr por aí.

O que não fluiu normalmente foi minha reputação: cresceu da noite para o dia depois do meu showzinho em Mustang Sally. Outros festeiros me convidaram para cantar e tocar bateria em seus eventos; aceitava quase todos, quando estes podiam ser encaixados entre a minha rotina incansável de estudos.

— Festa com banda ao vivo hoje. Casa do Puckerman de novo. E muitas gatinhas... — Rory surgiu no quarto com aquela cara insuportável de irlandês. Ah, não, espera... é ele mesmo, não dá pra mudar.

— Aí você acha que com esse papinho vai me convencer a ir contigo? Não vai rolar. — Respondi, enquanto tirava meu óculos do rosto para analisar a carinha de “Gato de Botas pidão” dele. — E não, essa carinha não faz mais efeito em mim. Lide com isso.

— Porra, por que você é como uma pedra?

— Não é questão de “ser como pedra”. É uma questão de princípios, Rory; já errei uma vez por sua causa e não me deixarei ser levado por isso de novo.

— Mas, Finn, você já foi em várias comemorações nos últimos dias! Qual o problema de ir em mais uma?

— Eu vou te dizer qual é o problema. — Levantei-me da cama, chegando perto de seu rosto o suficiente para intimidá-lo. — Eis aqui o problema, Flanagan: eu não nasci pra isso. Eu não quero ter uma reputação de ótimo baterista e pegador de loiras no primeiro dia de festeiro. Prefiro ser um estudante escondido da sociedade a viver disso.

— Então por que aceitou as outras propostas?

— Já notou que todas elas não foram feitas pelo Puckerman? — Ergueu as sobrancelhas, como se tivesse entendido alguma coisa. — Também notou que você não me pressionou a ir em nenhuma delas?

— Então a culpa é minha?!

— Não necessariamente sua. Você me empurrou para isso, então lide você mesmo.

Silêncio por alguns segundos. Ele parecia calcular minuciosamente as próximas palavras.

— Odeio quando você tem razão, Hudson. Sabia?

— Como se você não tivesse me dito isso várias e várias vezes em um mês de convivência... — Ressaltei, voltando à cama. — Aliás... por que você não vai no meu lugar? Não é você quem reclama de poucas garotas no mercado?

— Sim, Finn, mas a questão é...

— Mas a questão é que tem poucas garotas no mercado para mim. Você não tá nem aí para elas. — Rory gelou ao ouvir o que eu dissera. — Achou que eu não ia descobrir seu segredinho?

— E-eu não s-sei do que você e-está falando. — Gaguejou. Estava tentando mentir, mas o grande problema de Rory Flanagan em mentir é que ele sempre gaguejava.

— Ah, você sabe, sim... — Saquei meu celular do bolso, procurando a temida foto logo depois. — Por que não contou para mim que jogava no outro time? — Exibi a foto para ele.

Outro silêncio sepulcral invadiu o quarto. Ele não conseguia dizer coisa alguma; eu apenas o encarava com a conhecida expressão de “suas últimas palavras, mentiroso”. Certamente isso não estava o ajudando; mas tudo bem, ele teria de se explicar algum dia.

— Por que não contou para mim? — Repeti.

— Desculpa, tá? — Explodiu, de repente. — Eu queria ter escondido isso de você por mais tempo... até que pudesse confiar em mim.

— Confiei em você na primeira semana e acabei deitando com uma loira qualquer. Eu já deixei disso desde aquele momento.

— Pensei que você ficaria constrangido em dividir o quarto com um cara que poderia muito bem te pegar a qualquer hora e que sabia dos seus gostos...

— Achou que eu teria medo de você? — Ri sarcasticamente. — Não, Rory. Poderia pensar em tudo, menos nisso. Não importa se você é gay. Eu não ia ficar com medo de que você pudesse gostar de mim... seria até bom, eu tiraria sarro da sua cara toda hora. — Ri outra vez, mas agora de verdade.

— Está mentindo?

— Você saberia muito bem se eu estivesse mentindo. — Arqueei as sobrancelhas, fazendo-o entender quase que instantaneamente.

Sempre que minto, movo o ombro esquerdo de modo involuntário, como se fosse um “tique”. Somente quem prestava muita atenção notaria isso, e Rory era uma dessas pessoas.

— Só uma coisa: mais alguém sabe do seu segredo mortal?

— Eu, você e esse cara da foto... Blaine Anderson. — Apontou para o meu celular. — E antes que você pergunte, nós não namoramos.

— Bom saber... porque vou usar isso contra você quando eu quiser algum favor seu. — Sorri, dando um tapinha em suas costas.

— Então eu ainda posso ser seu colega de quarto?

— Efetivamente, meu caro Watson. — Ironizei.

— Certo... então me faz um favor e venha nessa festa comigo, Mestre Sherlock.

Do nada, senti uma enorme vontade de botar alguma coisa para fora. Não sabia se tinha sido alguma comida estragada ou coisa do tipo, mas senti essa necessidade de vomitar algo.

— Tá, só espere eu ir ao...

Não deu tempo de chegar ao banheiro. Vomitei no carpete do quarto – e perigosamente perto do Flanagan – praticamente dois segundos depois de falar.


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Notas finais do capítulo

EITA, SANTA GIOVANA DOS FORNINHOS! O que está havendo com nosso Finn Hudson? Febres consecutivas e agora esse vômito repentino. Tem caroço nesse angu, podem apostar! Deem suas opiniões sobre o assunto e sobre o capítulo também!

E para aqueles que não aguentam ficar sem spoilers: me sigam no Twitter, @JustAFicwriter. Sempre posto novidades por lá. E sigam também a Chery, no perfil @StoryOfFinchel, ela mesma também fala sobre WITNB ;)

O próximo capítulo será escrito tanto por mim como pela Chery, então pode demorar um pouco mais para sair. MAS fiquem ligados!