Era um lugar escuro. Não existia nada lá, além uma garota de longos cabelos negros, usando um típico uniforme de marinheiro japonês com um casaco verde-água. Ela olha pros dois lados. Ela estava naquele lugar a algum tempo, mas só agora tinha percebido que estava lá. Ela logo se pergunta onde está. Ela então faz outras perguntas:

― Olá? Tem alguém aí? Oi?

Ela então percebe que algo estava a seguindo. Ela olha pra trás. O vulto negro que estava atrás dela se expande e toma uma forma amedrontadora. O vulto a ataca e ela grita. Ele tenta preenchê-la de escuridão, mas ela grita por socorro duas vezes. Quando ele estava prestes a consumir-la de escuridão, ela grita por socorro pela terceira vez e então, ela acorda. Ela estava deitada em uma cama, que estava em um quarto, aparentemente pertencente a garotas. Ela começa falar, aliviada:

― Puxa, ainda bem que foi só um sonho... ― ela olha para o lugar onde estava. ― Mas onde estou? ― ela levanta da cama e olha para o próprio cabelo. ― Por que meu cabelo está curto? O que foi que aconteceu?

― Ah, você acordou. ― uma garota de cabelos roxos, que usava o mesmo uniforme da menina, mas do uniforme só tinha a blusa de verão. Ela usava um short jeans, botas de cano alto pretas, meias longas, um sobretudo preto com detalhes azul escuro e uma boina azul. Ela tinha uma expressão de indiferença.

― Quem é você? ― a garota pergunta.

― Sou Nanami Karen. Bem vinda à divisão especial. ― Karen falava com um tom indiferente, um pouco frio.

― Divisão especial? O que é isso? ― a menina pergunta.

― É onde o Colégio Kenzaki joga os alunos, digamos, anormais. Fica no subterrâneo da escola e não tem nenhuma saída.

A menina retruca, um pouco assustada:

― ESPERA! Eu vou ficar trancada aqui com você?!

― Bem, não estamos completamente sozinhas. Venha comigo. Ah, e qual é o seu nome?

― Tanaka Hikaru.

― Prazer. Agora vamos.

Um tempo depois:

― Espera um pouco, anormal? Mas eu sou completamente normal! Por que estou aqui então? Droga, eu não consigo lembrar o que aconteceu nas últimas 72 horas!

― Sei lá, só vi uma pessoa te trancar aqui e sair correndo.

― Que seja. Eu preciso falar com um professor.

― Não tem professores aqui, eles têm medo de nós. Só deixaram uns livros para nós estudarmos.

Ela fica decepcionada:

― Fala sério... Vou ter mesmo que ficar aqui T.T ?

Hikaru não percebeu, mas havia uma figura suspeita atrás dela, em cima de um muro. Karen se vira e começa a dizer àquilo:

― Kouta! Esqueça isso de assustar a novata e desça já daí! ― A figura revela-se como um cara de cabelo azul-marinho, preso em um pequeno rabo de cavalo. Ele usava um pano negro, que cobria metade do rosto dele. O uniforme dele era todo surrado.

― Desde quando ele tava aí?! ― Hikaru diz, surpresa.

Ele resmunga:

― Droga Karen! Você estragou tudo! Eu ia pular do muro e pegar ela de surpresa!

― Pelo jeito vocês não desistiram desse plano idiota... ― Karen o olha com desprezo.

― Qual é a desse pano? Parece um carinha aí de um anime que esqueci o nome... ― diz Hikaru.

― Bem, acho melhor eu me apresentar. Meu nome é Sagara Kouta.

― Hikaru Tanaka, prazer em conhecê-lo... E qual é a desse plano?

Ele então a responde:

― Bem, na verdade é uma aposta que fiz com o Yuu e a Mii (Nota: Kouta gosta de dar apelidos aos seus amigos, exceto Karen, ele diz que é um nome difícil de dar apelido.). Quem te assustasse primeiro iria ganhar 50 favores irrecusáveis.

Hikaru olha para Karen e diz:

― Tem razão, é mesmo idiota.

― Eu te disse. ― Karen responde, enquanto Kouta entra em uma mini depressão. ― Bem, vamos logo procurar a Mi- ― Karen é interrompida por uma risada que era para ser assustadora, mas era uma voz infantil de menina. ― Não precisa mais. ― ela diz, enquanto Kouta e Hikaru perguntavam-se se aquela risada eram para assustar. A risada tinha vindo de trás de outro muro. A dona da risada dizia a si mesma:

― He He! A novata deve ter morrido de me- ― ela é interrompida por alguém e deixa cair o megafone que estava segurando. Eram Karen, Hikaru e Kouta.

― Ah, você está aí, Michiru. ― diz Karen.

― Uma criança?! ― diz Hikaru. ― Michiru tinha um cabelo avermelhado, próximo de castanho, amarrado em dois com pompons rosa. Os olhos dela eram amarelos e o uniforme dela estaria ok, se ela não vestisse meia-calça colorida e sapatinhos de lacinho.

― Esse foi o plano dela -_-‘ ? ― diz Kouta. Em seguida, ele diz: ― Que plano idiota foi esse, Mii?!

― Desculpa, foi de última hora... ― a menina responde.

― O seu plano era idiota também, Kouta. Aliás, alguém pode me explicar como uma criança está no ginasial? ― Hikaru diz.

Michiru responde, resmungando:

― Ei! Eu tenho 13 anos! Só tenho puberdade atrasada! Não é minha culpa se pareço ter 9!

Hikaru começa a pensar: “Que gente estranha...”

Karen pergunta a Michiru:

― Você sabe onde está o Yuichi?

― Sei lá, acho que ela tá na sala de aula.

― Tá bom. Vamos logo pra sala acabar com essa besteira. ― diz Karen.

Hikaru pergunta, surpresa:

― Peraí, por que tem uma sala de aula? Achei que não tinham professor...

― E não temos. Mas eles aplicam as provas na sala. ― Karen responde.

― Os caras que vão aplicar a prova ficam morrendo de medo da gente! ― diz Michiru.

O grupo avista a sala.

― Chegamos. ― diz Karen.

― Deixa que eu abro. ― diz Hikaru, abrindo a porta.

Quando ela abre, ela é recebida o uma voz:

― Olá novata. Seja bem vinda. ― A tal figura usava um capuz preto. Não dava para ver o rosto. Estava escuro atrás dele, um vento balançava parte da capa e tocava uma música sinistra. Ele então fala, em um tom tenebroso― Eu sou Yuichi, o Mestra das Trevas!!!! Ajoelhe-se perante a mim, novata!!

Na verdade, a escuridão atrás dele era apenas um fundo preto de papelão. Atrás do fundo, a música tocava em um aparelho de som e um ventilador fazia o vento balançar a capa. Hikaru estava achando isso ridículo. Ele continuou a falar:

― Por sentir um pouco de pena de vocês, mortais, decidi encapuzar meu rosto para evitar que suas almas sejam sugadas pelo- ― Hikaru tira a capa dele, tentando acabar com aquela palhaçada. Ele grita nesse mesmo momento e imediatamente cobre o rosto com as mãos.

― MEU ROSTO! Como pôde?! Agora, prepare-se para ter a sua alma sugada pelo meu rosto amaldiçoado! ― ele dizia, enquanto Hikaru achava aquele cara um idiota completo. Ele então se vira na direção dela e tira as mãos do rosto.

Hikaru ficou chocada ao ver o rosto dele.

― Você... Até que é bonitinho. ― ela disse, um pouco corada. Yuichi tinha cabelos castanhos claros, bem próximos de serem loiros, e eram um pouco bagunçados, mas nem tanto. Ele tinha olhos castanho-escuro, que harmonizavam bem com a cor do cabelo. Ao contrário de Karen, Kouta e Michiru, ele usava o uniforme de forma correta, sem um rasgo sequer ou item fora do código de vestimenta escolar.

Mas após receber essa resposta, ele ficou horrorizado:

― NÃÃO! Como eu vou ser um mestre das trevas assim?! ― ele logo foi pro canto da sala, entrando em um modo depressivo. Foi aí que o resto do grupo entrou na sala. Karen e Kouta foram logo até Yuichi, ainda depressivo, enquanto Michiru foi até Hikaru:

― Deixa eu adivinhar, ele disse que era um mestre das trevas, né?

― Isso... Mesmo... ― Hikaru ainda estava contemplando o rosto de Yuichi mentalmente.

― Só pra você saber, ele vem com esse papo de mestre das trevas o tempo todo, tá? ― Michiru disse a Hikaru, mas a garota ainda estava pensando em Yuichi.

― Aquele rostinho lindo... ― Depois disso, Hikaru toma um choque de realidade. ― Mas ele é estranho, isso é o que importa!

De repente, Kouta faz uma pergunta:

― Espera aí! Então ninguém ganhou a aposta?

Hikaru o responde:

― Vocês me causaram mais vergonha alheia do que medo.

Yuichi, Kouta e Michiru ficam decepcionados:

― 50 favores irrecusáveis não vão ser usados... ― Hikaru apenas olha para eles e pensa: “Sério?!”. É aí que ela começa a pensar sobre algo:

― Eu ainda não entendo. Por que uma escola comum como o colégio Kenzaki cria um lugar como esse apenas pra colocar eles aqui? Quer dizer, fora o fato de que são meio doidos e de que são um atentado ao código de vestimenta escolar, eles são normais. ― Karen ouve Hikaru.

― Bem, não foi esse tipo de anormal que eu quis dizer...

― Mas como a- ― Hikaru não viu, mas tinha uma luva flutuante atrás dela. A luva a cutuca. Hikaru olha para trás, vê a luva e grita na mesma hora. Quem estava controlando a luva era Michiru, que usava telecinese.

― Yay! Eu consegui assustar ela! ― Michiru comemorava, até Yuichi e Kouta ficarem incomodados com isso.

― Ei! ― eles disseram em coro ― Nada de poderes na aposta, você esqueceu?!

― Eu não ouvi nada sobre poderes... ― ela dizia, com um sorriso maroto.

― Ah é? ― disse Kouta, irritado. ― LOBO! ― após dizer isso, Kouta se transformou em um grande e feroz lobo, que encarava Michiru, que estava tremendo de medo, mas a reação dela foi diferente da de Hikaru, que ficou mais assustada do que já estava e começou a correr.

― Para com isso Kouta! Eu tenho medo de lobos! ― disse Michiru.

― Vai pedir desculpas então? ― perguntou Yuichi.

― Por ganhar? Sem chance! ― disse a menina, com desdém.

Yuichi suspirou.

― É, acho que não tenho escolha... ― uma aura negra apareceu ao redor de Yuichi. O rosto dele foi coberto por um vulto negro e logo depois, os olhos castanhos pacíficos dele tornaram-se olhos totalmente vermelhos e amedrontadores, que pareciam sugar qualquer alegria e sonhos das mentes das pessoas, deixando apenas medo e desespero.

― NIGHTMARE EYES!

O brilho vermelho dos olhos de Yuichi ficou mais forte, e infelizmente Hikaru, Kouta e Michiru foram atingidos por esse olhar. Os três encontraram-se em um estado quase depressivo, cheio de pesadelos em seus pensamentos. Os olhos de Yuichi voltaram ao normal, menos a íris de seus olhos, que continuava vermelha. Era possível ver o rosto dele, mas a aura negra ainda o envolvia. Ele então ri, mas era uma risada má. Não daquelas risadas do tipo “MUAHAHAHA”, mas daquelas que tinham um tom maníaco. A expressão do rosto dele não era mais aquela expressão ora cômica, ora gentil. Ele estava com a cara de um assassino perigoso, que via diversão na morte de suas vítimas. Ou melhor, como um demônio sádico. Yuichi então fala,diante das expressões de medo dos outros:

― Tolos. Agora vocês vão realmente saber o que é sofrer.