Admiradora quase secreta escrita por Ziplens


Capítulo 22
Reviravolta


Notas iniciais do capítulo

Como diz o capitulo, podem dizer adeus a aquela fic cor de rosa de toda alegre que vcs conheciam.
Bem, eu não matei a protagonista como fiz na outra fic, mas... É melhor lerem pra saber o que aconteceu



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Hinata on:

Eu estava em casa tomando banho, ou melhor, estava mergulhada na banheira afundada em pensamentos, mais especificadamente no beijo do Naruto. O beijo não saia da minha cabeça, o desespero e as lágrimas dele… Por que ele ficou assim? É tão importante pra ele assim? Eu afundei mais ainda na água e abracei as minhas pernas deixando o meu corpo lentamente boiar na água. Limpei a minha mente e me concentrei nas sensações que a água me proporcionava, a sensação de flutuar no nada, os meus cabelos gentilmente dançando nas minhas costas, o leve calor que me rodeava, o calor dos lábios dele nos meus, affs, não, não é pra lembrar disso, concentração, concentração. Mas mesmo que eu tentasse meu coração batia mais rápido e a cada batida ele sangrava, aqueles olhos tão tristes me apunhalavam, eu deveria levar prisão perpétua por fazer lágrimas correrem por aquele rosto.

Eu tirei a cabeça da água voltando a respirar, queria ficar dentro da água para sempre, imersa naquele mundo onde nada poderia me ferir e onde parecia não ter nada além da minha própria existência. Como lidar com a realidade fora de nós mesmos? Como conciliar meu “eu” com a realidade? Parece que somos peças defeituosas que tentam desesperadamente se encaixar no mundo de peças quebradas. Coloquei meu braço sobre meus olhos, tentei relaxar novamente, não pensar em nada e estava conseguindo até o meu celular tocar ao meu lado me dando um susto. Peguei e li “Sasori” na tela, estranhei, joguei minhas preocupações para um canto obscuro da minha mente e atendi.

– Oi Sasori.

– Hinata!! - No momento que ouvi a voz agoniada do Sasori do outro lado da linha eu fiquei em alerta - Me ajuda!! A Karin desmaiou ta aqui no hospital eu queria ficar com ela mas eu tenho que ir na delegacia para prestar depoimento do pai dela que espancou el- Ele falava de um fôlego só e eu conseguia ouvir sua voz tremendo.

– Calma, calma, calma! - Eu o fiz parar e ao mesmo tempo me levantei da banheira indo pegar uma toalha - Respira fundo… - Eu o ouvi suspirando uma vez, duas vezes- Me explica direito essa história. - Ele foi me contando a história e eu abri a porta do banheiro, Sasori precisava da minha ajuda e eu me senti abrindo a porta do quartel general pronta para salvar meu amigo.

Karin on:

Eu acordei com dor de cabeça, minha visão estava embaçada e tudo parecia borrado, olhei pra um lado e para o outro, a primeira coisa que pegou meu olho foi um borrão azul escuro, esfreguei os olhos um pouco para em seguida identificar a Hinata. Apesar de sempre estar na defensiva em relação à Hinata daquela vez eu suspirei aliviada por ser ela ao meu lado, não tenho ideia de como reagiria se fosse Sasori.

– Hinata… - Eu falei chamando atenção dela que estava com um livro, distraída.

– Karin, você acordou… - Ela se aproximou de mim e gentilmente tirou alguns fios de cabelo que atrapalhavam minha visão.

– Onde está Sasori? - Eu disse conferindo os arredores, eu estava deitada em uma cama de hospital e as cortinas estavam puxadas em volta de nós, nem sinal do Sasori.

– Ele foi na delegacia… - Ela falou de um modo gentil e logo depois desviou o olhar do meu. - Ele me explicou o que aconteceu…

– Ah… - Minha voz soou rouca - Me desculpe te envolver nisso. - Eu baixei a cabeça como se os meus problemas fossem algo vergonhoso dos outros saberem.

– Tudo bem, somos amigas, né? - Hinata falou com a voz meiga e eu levantei o rosto para ela surpresa, ela tinha um sorriso carinhoso como se dissesse que realmente estava tudo bem, que eu poderia chorar ali e que tudo se resolveria. Eu dei um sorriso e fiz um biquinho.

– Amigas? Ha! – Eu sentei na cama e virei minha cabeça de lado como se estivesse chateada.

– É, provavelmente você deve se surpreender, mas eu decidi que seremos amigas, e é isso que seremos a partir de agora, você gostando ou não. – Ela falou determinada e eu dei uma risada e olhei para ela.

– Que jeito mais “carinhoso” de pedir pra ser amiga de alguém. - Falei irônica, ela apenas riu. Eu fiquei em silêncio por um momento e abaixei a cabeça olhando para as minhas mãos - Por que você iria querer ser minha amiga?

– Porque você é incrível. - Ela falou simplesmente e eu ri novamente.

– Eh? Incrível? Eu? – Eu apertei o lençol da cama e pensei “o que tem de tão incrível em alguém fracassada como eu?”. Eu ouvi um suspiro da Hinata e ela pareceu pensar um pouco antes de começar a falar.

– Minha mãe também morreu quando eu era criança. – Eu ergui os olhos pra ela, não sabia que ela também tinha perdido a mãe - Meu pai não aguentou o trauma e acabou ficando daquele jeito: frio, calculista, raivoso… - Eu dei um sorriso triste “bem vinda ao clube” - Eu não consegui aguentar essa situação e acabei desenvolvendo uma doença psicológica chamada “Dupla personalidade consciente”. – Eu olhei pra ela surpresa, ela falava tristemente olhando sem ver a capa do livro que estava em seu colo. Não sabia que ela tinha passado por tudo isso. - Mas você… - Ela levantou os olhos sorrindo - Você é incrível, tem sofrido há muito tempo, desde a morte da sua mãe, sendo agredida pelo seu pai e mesmo assim continuou forte – Eu apertei ainda mais o lençol para me impedir a dor que estava em meu peito de transbordar. Eu apertei meus dentes com raiva. O que ela estava falando? Eu? Uma pessoa incrível? O que ela acha que sabe ao meu respeito?

– Pare de brincar comigo! – Eu falei entre dentes – O que você sabe? EU? INCRÍVEL? MENTIROSA! – Eu gritava enquanto lágrimas caiam dos meus olhos – ACHA QUE EU NÃO SEI? VOCÊ E TODOS OS OUTROS PENSAM QUE EU... que eu... – “...sou uma fracassada” eu não consegui terminar, meu corpo parecia impedir que eu admitisse isso. Eu tentava limpar as lágrimas, mas mais continuavam caindo - Durante todo esse tempo eu trato todos ao meu redor grosseiramente, fiz coisas ruins com pessoas tão boas – Malditas lágrimas não querem parar! - Eu descontei tudo que eu sofria nas pessoas! – Eu me encolhi e obriguei minha boca a falar, mesmo que sussurrando -... Eu sou uma pessoa horrível.

Eu senti Hinata sentar perto de mim e me abraçar enquanto eu soluçava.

– Você é incrível sim! - Ela falou carinhosamente - Você pode falar o que quiser, mas diga o que realmente você fez de mal? – Ela me obrigou a olhar para ela e encará-la, eu não entendi o que ela quis dizer e falei ainda meio soluçando.

– O que... eu fiz? Mas... eu acabei de fa-

– Pelo o que eu saiba você apenas afastava as pessoas – Ela me interrompeu e falou como se ensinasse uma lição para uma criança - Nunca fez nada de mal a ninguém e além do mais desde que Sasori chegou você ficou muito melhor – Ela parou a pose de professora e olhou nos meus olhos séria - Eu sei que se culpa pelo modo que tem tratado Sasori, mas, você é humana...

– Meu pai… - Eu falei enxugando as lágrimas que tinham parado de cair. - Ele me mandou conquistar Sasuke, em troca eu podia ficar na casa de Sasori… Eu sei que foi uma péssima decisão, pois eu não queria me aproximar dele, porém, eu não aguentava mais aquele inferno!! - Quando menos eu percebi comecei a desabafar tudo que guardava dentro de mim há muito tempo. Nunca tinha conhecido a Hinata realmente, nunca tive uma amiga antes, mas parecia ser bom, tem um ombro onde chorar e desabafar… Afinal, não poderia contar TUDO ao Sasori, né?

De repente a Hinata se afastou olhando para o lado da porta, não dava pra eu ver o que ela olhava. Ela se virou pra mim e falou “Já volto…”, assim que ela saiu, eu puxei a cortina um pouco para ver o que estava acontecendo. Quando eu vi Sasori meu coração bateu mais rápido, ele estava na porta discutindo com a médica, Hinata chegou até ele falando alguma coisa, em seguida ele se virou para olhar para onde eu estava. Rapidamente eu me escondi dentro da cortina, merda! Isso é mau, muito mal, ele vai ver que eu chorei, tentei limpar o resto das lágrimas do meu rosto, a maquiagem... cadê minha bolsa? Hinata! Onde você pôs minha bolsa? Maldita! Seria bom uma maquiagem agora! Eu olhava para os lados tentando achar algo para usar até que vi um copo de água. Isso! Eu posso pass-

– Karin… - Sasori interrompeu minha linha de pensamento e eu olhei assustada pra ele, minha mão a meio caminho do copo. E agora? Merda! Meu coração não para de bater rápido. O que eu falo pra ele? O que eu faço? Eu deveria me desculpar? Agradecer? Será que ele vai ficar bravo? Oh Kami-sama e se ele nunca mais quiser me ver? Não! Não posso ficar vacilando assim. Ele é meu e não vou deixar ele ir embora. Eu tenho de ser forte e encarar a situação. Me endireitei e tomei coragem para olhar pra ele. Sasori me observava de pé com olhos calmos e carinhosos, droga, meu coração falhou por um momento, não faça essa cara, idiota. - Como se sente?

– Be-bem… - Droga, eu gaguejei, merda. Será que ele poderia parar de olhar assim? Está me deixando nervosa. Aí meu Deus, estou sentindo meu rosto esquentar. E agora? Olhar pra longe! Isso! Olhe outra coisa, isso, essa cortina tem uma cor maravilhosa, que cortina linda. Droga Hinata! Cadê minha bolsa com a maquiagem? Ela sempre me salva nessas horas.

– Não precisa se preocupar – Sasori falou gentilmente e eu dei uma espiada no rosto dele. Oh céus, quando ele ficou tão bonito assim? - Eu não vou ficar bravo com você. - Ele falou enquanto sentava na cadeira que antes Hinata estava, eu não consegui conter um suspiro de alivio. - Mas eu preciso saber o que está acontecendo.

Eu respirei fundo e tentei acalmar meu coração, eu olhava para minhas mãos.

– Sim, me desculpe por te envolver nisso – Era hora de coisas sérias, eu devo olhar pra ele e dizer tudo o que eu tenho ensaiado há muito tempo. Eu o fitei nos olhos. - Bem, tudo começou quando minha mãe morreu. Meu pai me buscou na casa da amiga da minha mãe onde eu estava no dia do acidente e me disse que era apenas pra eu segui-lo calada. A policia começou a investigar o acidente, mas não encontraram nada. Meu pai e eu nos mudamos para cá quando um investigador quis insistir no assunto do acidente, desde então meu pai me proibiu de cantar para quem quer que seja. A fortuna da minha mãe passou para mim deixando apenas uma pequena parte para meu pai que gastou tudo rapidamente com bebida e mulheres, foi quando seu dinheiro acabou que as agressões começaram. –Eu estremeci por lembrar daquilo e o rosto do Sasori endureceu – Ele ficava furioso sabendo que eu tinha todo o dinheiro que ele dizia ser dele. Então eu comecei a estudar em Konoha onde conheci Sasuke, que descobri ser o filho do advogado responsável pela papelada da minha herança. Quando meu pai descobriu ficou super alegre, começou a me tratar com falso carinho tentando me convencer a conquistar o Sasuke, o que eu sempre negava. Quando então você se mudou para cá, meu pai começou a me chantagear, ele disse que me deixava ficar na sua casa se eu prometesse conquistar o Sasuke.

Eu parei um pouco para respirar, era difícil falar tudo o que estava guardado, ainda mais olhando nos olhos do Sasori, mas eu devia continuar, ele esperou em silêncio até que eu recomeçasse a falar.

– Então, eu comecei a conversar com Sasuke, mas não para conquistá-lo, mas sim para poder conversar com o pai dele. Foi aí que eu soube que a investigação ainda estava em andamento e meu pai era o maior suspeito procurado pela policia do país a tempos, foi por isso que ele tinha mudado o nome dele e se mudado. O testamento da minha mãe dizia claramente que a herança era minha e que eu só poderia tê-la aos meus vinte e um anos. Eu poderia ter denunciado meu pai naquela época, mas eu queria tempo para investigar mais, apesar de querer muito entrega-lo, Fugaku me aconselhou a não faze-lo. Então Sasuke começou a namorar a Sakura, eu fiquei desesperada, meu pai descobriria cedo ou tarde, daí ele me arrastaria de volta pra casa de onde eu não poderia continuar a investigar. Foi quando eu tive a idéia de participar do concurso – Eu parei por um momento e sorri me lembrando disso - Afinal eu iria identificar que eu era a filha da Hana e a policia encontraria meu pai, mesmo eu ainda não tendo provas o suficiente contra meu pai, seria o suficiente para mantê-lo na cadeia até eu completar vinte e um anos e pegar minha herança e fugir do país.

Eu parei de falar e o silêncio caiu entre nós, Sasori baixou a cabeça pensando e eu desviei os olhos para as minhas mãos.

– Então... – Eu ouvi a voz dele e instintivamente apertei o lençol, é isso, o momento da verdade, eu deveria encarar meu destino ali. Eu tinha colocado a verdade na frente de Sasori, mas por mais que eu tentasse não conseguia levantar a cabeça para olhá-lo - Era isso que estava acontecendo esse tempo todo? - Eu murmurei um “sim” e apertei ainda mais o lençol. - E por que você não me falou nada?

– Eu não queria te envolver nisso… - Eu arrisquei olhar pra ele e vi que Sasori estava olhando pra mim de um jeito que eu não consegui desviar a vista. Nessas horas a única coisa que salva é a verdade - Se meu pai se voltasse contra você eu não poderia te proteger. Se você se machucasse eu não pod-

– IDIOTA! – Oh! Ele está bravo. Eu sabia que ele ficaria bravo – Me proteger? – Sasori falou com raiva. Ele está bravo, ele vai gritar comigo, dizer coisas ruins por eu ter mantido segredo dele – Sua boba – Ele inesperadamente (NR.: só pra você filha, eu já esperava isso a tempos, sua cega -.-‘) falou com uma voz meiga e me abraçou. Eu senti o calor dele em torno de mim - Porque não me falou? Eu que iria te proteger… Boba…

Droga, não chora... não chora!!… mas aqueles braços em torno de mim diziam que estava tudo bem, que eu poderia chorar, que eu estava protegida ali. Eu o abracei forte e comecei a chorar. Eu soluçava e deixava todas as lágrimas molharem a camisa de Sasori que me segurava como se eu fosse seu maior tesouro. Ele beijou meu cabelo e continuamos abraçados até eu me acalmar.

– Sasori, eu consegui, só não sei se… - Hinata chegou olhando para uns papeis até olhar pra gente – Ops... – e dar meia volta - ...desculpa, podem continuar o que estavam fazendo, eu vou fingir que não vi nada – Nós rimos e Sasori me soltou.

– Tudo bem Hinata, deixe-me ver. - Sasori pegou os papéis dela.

– O que é isso? - Eu perguntei confusa enquanto enxugava as minhas lágrimas.

– É o registro das outras vezes que você veio ao hospital por agressão, podemos entregar isso para à policia também. - Sasori olhava os exames. - Mas aqui não tem detalhes do que aconteceu…

– Eles só entregam os detalhes pro paciente…

– Sim, eu tenho todos os resultados das consultas e exames. Está agora com o pai do Sasuke, peraí, deixa eu ligar pra ele. – Sasori e Hinata me olharam surpresos. Eu procurei o celular até que lembrei que ele estava na minha bolsa, eu olhei pra Hinata com cara feia – Onde,raios colocou minha bolsa?

– Não olhe pra mim, quando cheguei aqui não tinha nenhuma bolsa.

– Ham? Como ass – Eu já ia começar a brigar, mexer com a minha bolsa é pegar pesado!

– Calma, calma – Sasori falou se aproximando da cama – Se não me engano eu vi eles colocarem ela aqui – E se abaixou para olhar debaixo da cama, eu me aproximei da beirada e abaixei a cabeça tentando ver onde tinham colocado a minha preciosa. O que foi um erro, pois quando o Sasori ergueu a cabeça nossos rostos ficaram a centímetros um do outro, na hora eu senti meu rosto pegar fogo e posso jurar que vi o rosto do Sasori ficar vermelho também(apesar que ele nega veementemente que não), aqueles lindos olhos e aquela boca(NR.: Uí!) me hipnotizaram e eu esqueci que deveria recuar. A Hinata pigarreou e nós nos assustamos com o som nos lembrando de nos afastar.

Eu ainda estava com o rosto vermelho e tentava olhar para qualquer lugar, menos para o Sasori.

– Pode tirar esse sorrisinho da cara, Hinata – Eu ameacei.

– Que sorriso? – Ela falou sorrindo mais cinicamente ainda.

– Esse daí! Exatamente esse daí estampado na sua cara.

– Sei de nada, essa é a minha cara não posso mudar ela assim do nada – Cínica! Quando eu ia me preparar para replicar o Sasori interveio tentando recuperar a compostura.

– Tá, ta, podem ir parando – Eu fiz um biquinho e fiz um movimento de “estou-de-olho-em-você” pra Hinata – Você não tinha que ligar pra alguém, Karin? – Ele falou me entregando a bolsa. Eu peguei meu celular e rapidamente expliquei a situação para o pai do Sasuke.

Hinata on:

Esse caso da Karin realmente mexeu comigo, nunca pensei como a Karin sofria ou pelo que ela tinha passado, mas ao chegar e ver os dois abraçados eu realmente fiquei feliz. Eu sabia que a minha nova amiga estaria bem daí pois ela teria alguém para se apoiar.

Eu fui resolver esse caso dos exames e logo depois a Karin conversou com o advogado, parecia que tudo estava resolvido por enquanto. Logo depois Sasori avisou que a Karin podia ir para casa e eu os acompanhei até uma parte do caminho, não queria ficar de vela para o novo casal.

Já em casa eu comecei a me arrumar para dormir pois já era muito tarde. Praticamente apaguei e quando acordei já era super tarde, quase duas horas da tarde, nem adiantava ir para escola, eu também não estava com humor de encarar Naruto depois do que aconteceu então me levantei e decidi dar uma volta. Peguei minha bicicleta e fui para minha praça favorita que era praticamente deserta, porém quando cheguei lá eu vi Tsunade e Jiraiya passeando, apenas sorri vendo a cena açucarada e sai de lá. Sem poder ir nessa pracinha, só tinha um lugar que eu poderia ir para ter paz.

Era uma estrada longa, ainda bem que tinha levado uma garrafinha d’água e vários lanchinhos, queria ficar lá pelo resto do dia, afinal ninguém de casa nota minha ausência, talvez Hanabi, mas ela tinha ido dormir na casa da amiga hoje. Já cansada eu cheguei ao topo do monte ao lado de Konoha onde tinha uma enorme Sakura que, infelizmente, estava sem nenhuma flor(NR.: Lembrem-se que quando a Sakura não tem flor ela fica só com as folhas verdes dela, é uma árvore, poxa). Apesar disso ainda era uma paisagem linda, Konoha podia ser vista em toda a sua grandeza lá de cima e ver o céu se encontrando com a cidade que eu amo sempre fazia meu coração bater forte. Sentei embaixo da árvore e fiquei contemplando a paisagem e minha mente começou a divagar até que ouvi passos. Quando me virei para olhar meu coração parou por um segundo e senti minha barriga esfriar. O Jiraya-sensei me falou que quando sentimos frio na barriga era por que o sangue saia de lá e rapidamente ia para os braços e pernas fazendo com que estivéssemos pronto para correr ou lutar. Naquele momento eu queria correr dali, mas Naruto vinha andando pela única rota de fuga, bloqueando meu caminho e mesmo que eu conseguisse passar por ele não poderia vencê-lo numa corrida, fugir era inútil. Então o que me sobrava era lutar, claro que não fisicamente, seria uma luta mental então respirei fundo e tentei ao menos controlar o meu corpo que começava a tremer.

– Naruto? O que está fazendo aqui? - Eu consegui dizer sem que minha voz tremesse, mas ele não falou nada e simplesmente se sentou ao meu lado, automaticamente meu rosto ficou corado lembrando a outra noite, mas ele apenas estava sério olhando para a paisagem à frente. (NR.: Muito novela mexicana isso XD)

– O que VOCÊ esta fazendo aqui? - Ele retrucou sem olhar pra mim ainda, mordi o lábio, ele parecia estar com raiva de mim.

– Eu gosto de vir aqui de vez em quando. - Eu disse e olhei para a paisagem procurando algo que pudesse distrair a minha mente, o que obviamente foi em vão. Naruto tinha esse poder sobre mim de fazer com que tudo ao meu redor desaparecesse, todos os meus sentidos pareciam querer ter uma parte dele. Minha visão o contemplava, os olhos azuis, aquele cabelo loiro e lindamente rebelde, aquela boca que noite passada eu havia provado, meus olhos iam vagueando e pareciam sempre querer mais. Eu virei o rosto novamente e abracei meus braços o mais forte que pude tentando me concentrar nessa sensação.

– Como encontrou esse lugar? - Ele falou e eu acordei dos meus pensamentos.

– Eu… - Eu parei para pensar por um tempo, como foi que encontrei esse lugar? Por mais que eu tente eu não consigo lembrar. Naruto suspirou com meu silêncio.

– Foi no nosso segundo aniversário de namoro que eu te apresentei esse lugar, lembra? - Sua voz era calma e triste e eu o olhei perplexa. Namoro? Eu namorava o Naruto? E segundo aniversário? Namoramos dois anos? Como…? - Estava frio, cheio de neve, você estava tão feliz, ficamos brincando na neve por um bom tempo.

Uma imagem. Naruto sorrindo, o mais lindo sorriso que eu já tinha visto, a neve parecia derreter diante daquele sorriso, ele usava um gorro laranja em conjunto com um cachecol vermelho, ele se defendia de uma bola de neve que eu tinha jogado nele enquanto tinha outras na sua mão. Minha cabeça latejou na hora e a imagem desapareceu. O que tinha sido aquilo? Meu corpo perdeu as forças e se eu estivesse de pé com certeza teria caído. Minha cabeça doía, não, não… eu não podia lembrar daquilo e o comecei a entrar em pânico

– Nós passamos muito tempo na neve brincando e quando você ficava com frio eu te abraçava e você rapidamente parava de tremer - Ele continuou dizendo com uma voz.

Eu lembro… aquele calor tão confortável ao meu redor e aquele cheiro que me era familiar, aquela voz que falava gentilmente nos meus ouvidos dizendo coisas que faziam minhas bochechas esquentar. Minha cabeçou doeu ainda mais. Não! Naruto, por favor pare, eu não posso lembrar, por favor… por favor Naruto pare, meu coração… ele não vai aguentar mais…

– Naru...to - Eu consegui dizer com uma voz estrangulada, mas meu corpo não me obedecia, cada palavra saia com muita dificuldade, mas Naruto mal ouviu meu sussurro e continuou falando.

– Nos últimos três anos eu tenho surtado com tudo isso, todo o dia de manhã eu tenho de juntar meu coração em pedaços e ir pra escola sabendo que eu iria encontrar você lá. Você acha que estou bravo com você? - O tom de voz dele era triste e com raiva ao mesmo tempo - Eu estou é puto da vida com você, mas sabe o que é pior? Eu mesmo ficando bravo com você a cada vez que te vejo meu coração cai por amores de novo, eu sou um tremendo idiota, e mais do que ter raiva de você eu tenho raiva de mim mesmo. Um verdadeiro idiota por amar você mais do que consigo te odiar. Eu venho lidando com isso a três anos, eu achei que ontem eu iria conseguir, que eu poderia finalmente ficar com você de novo, mas novamente você conseguiu deslizar entre meus dedos e minha felicidade foi junto, eu prometi a mim mesmo que seria a última tentativa. Eu cansei, meu coração cansou de ser remontado tantas vezes.

Ele olhou para mim e seus olhos mostravam uma tristeza profunda, aquele mar era um mar de solidão e de tristeza. Ele realmente estava cansado, e seu rosto cortou meu coração profundamente.

Outra imagem, Naruto olhava para mim completamente corado, ele tinha acabado de se declarar, o sol estava se pondo e a praça estava coberta de raios vermelhos, o vento balançava os meus cabelos e os dele, eu fiquei parada olhando para ele por um momento sem acreditar no que ele havia dito até que me aproximei lentamente, me coloquei na ponta dos pés e dei um beijo nele. Minha cabeça parecia querer explodir e eu queria gritar de dor, não… não posso lembrar disso, meu coração dói demais, por favor, não me faça mais lembrar, minha cabeça latejava cada vez mais e a agarrei para impedir ela de se partir, não… por favor… por favor… não… não me faça lembrar… por favor… ...

A paisagem linda, Konoha podia ser vista em toda a sua grandeza lá de cima e ver o céu se encontrando com a cidade que eu amo sempre fazia meu coração bater forte. O vento chegou forte e fez meus cabelos se bagunçarem, então eu ouvi alguém falando algo ao meu lado, eu me virei para olhar e encontrei dois lindos olhos azuis. Era um garoto mais ou menos da minha idade, seus cabelos eram loiros e os olhos dele pareciam um mar de tristeza, ele estava sentado debaixo da mesma árvore que eu, talvez ele tenha me perguntando alguma coisa.

– Desculpe, o que você falou mesmo? Não pude ouvir, o vento estava muito forte. - Eu disse tentando reparar meu erro. Ele olhou para mim e seus olhos ainda estavam tristes, então ele os fechou por um instante e quando os abriu seu rosto se endureceu.

– Eu disse que cansei. Cansei de amar você, Hinata.

Hinata? Ele me chamou de Hinata? Deve haver algum engano, meu nome não é Hinata, eu sou… qual era o meu nome mesmo? Apesar que Hinata me é um nome familiar… eu tenho certeza de já ter ouvido ele antes. Será que meu nome é Hinata mesmo?

– Hinata... - Eu disse, tentando ver como ele soava. Era um nome bonito, se eu tivesse um nome desses não teria o que reclamar. Quanto mais eu penso, mais esse nome me agrada, então deve ser isso mesmo, meu nome é Hinata. Agora o que foi que esse garoto falou mesmo? Algo sobre estar cansado e me amar.... OMG! Ele gosta de mim? Eu nunca recebi uma declaração antes, como eu devo reagir? Estou sentindo minhas bochechas esquentarem e até meus ouvidos devem estar vermelhos. O que eu falo pra ele? Eu lembro de algum lugar que diziam que a verdade era o melhor em situações complicadas, então... - Me desculpe, mas eu acabei de te conhecer então não posso corresponder aos seus sentimentos, mas fico fe-

– Ah não… Hinata!! - O garoto entrou em pânico e me segurou pelos ombros - Não faz isso comigo!!! - Os olhos dele eram tão lindos, mas estavam a ponto de chorar, eu me senti culpada por ter rejeitado ele, mas eu não poderia fazer nada, tinha acabado de conhecê-lo. Eu tentei me esquivar dele.

– Desculpe, mas não posso simplesme- Eu me interrompi pois eu vi as lágrimas correndo pelo rosto dele, os olhos dele eram pura agonia.

– Não… por favor... de novo não… - As suas mãos ficaram sem forças e cairam de meus ombros, ele falava com a voz estrangulada pela dor - Eu… sou um tremendo idiota… - Ele colocou suas mãos no rosto e começou a chorar a ponto de seus ombros tremerem.

Eu estava angustiada, não sabia o que fazer, eu queria abraçar ele e dizer que estava tudo bem, a sua dor tinha me comovido, mas eu não poderia simplesmente abraçar alguém que acabo de conhecer e tentar amenizar a dor dele, ainda mais quando acabo de rejeitá-lo.

Então eu lembrei de algo. Havia várias pessoas a nossa volta e eu olhava para esse garoto, seus olhos estavam tão tristes como os de agora e lágrimas corriam por seu rosto, ele me abraçou dizendo para eu não me arrepender. Minha cabeça doeu e latejou por diversas vezes, meu corpo foi perdendo as forças e parecia que toda a vida se esvaía do meu corpo, a última coisa que eu vi foram aqueles olhos azuis.

Naruto on:

Eu estava no banco do hospital, eu estava de punhos cerrados, tentando controlar a raiva e a tristeza, qualquer coisa para descontar o que eu sentia naquele momento. Eu sou um idiota! O que eu fiz? A psicóloga da Hinata tinha me alertado um monte de vezes para não pressioná-la, que ela iria se curar com o tempo, ela estava tão bem, mas como sempre eu acabo estragando tudo. Idiota! Eu me levantei e sem pensar duas vezes soquei a parede. Imbecil! Imbecil!

– Naruto… - Ouvi a voz da doutora e me virei para ela, me afastando do meu imóvel inimigo - Se eu ver algum buraco nessa parede pode ter certeza que terá de pagar. - Ela disse com um sorriso suave.

– Me desculpe. - Eu disse de cabeça baixa.

– Tudo bem, é bem melhor descontar na parede do que no médico né? - Ela continuou sorrindo e se virou indicando o caminho - Você pode me acompanhar? -

Eu a segui até a sala dela, assim que ela sentou em sua mesa, ela mudou sua expressão para a de uma médica séria.

– Então, o que aconteceu?

– Foi tudo culpa minha, eu a pressionei para que se lembrasse de mim - Eu tentava desviar do olhar da psicóloga - Ela ficou confusa e de repente perdeu a memória novamente

– Entendo... mas antes, como ela estava indo?

– Bem... ela estava indo bem. Nossos amigos a chantagearam para que ela fosse cupido deles… - Eu ri sem humor. - Ela gostou muito de ser cupido. Ah, ela começou a pensar que tinha uma segunda personalidade chamada Dark que era forte e estressada. Na mente dela, a Dark namorava uma segunda personalidade que eu tinha que ela também inventou chamada Menma, eu acabei entrando na onda e fingindo que eu tinha realmente uma segunda personalidade como ela e… - Eu parei por um momento tentando controlar minhas emoções, era complicado pensar que todos aqueles momentos que passamos juntos foram jogados no lixo. A doutora esperou eu me recompor, eu respirei fundo e continuei. - De qualquer forma, depois de um tempo, ela e a segunda personalidade, que ela disse que tinha, foram se tornando a mesma pessoa, ela quase nem se lembrava dela. Porém, ainda não lembrava que eu era seu namorado. Ai no concurso, nós acabamos nos beijando. - Eu ainda lembrava claramente como tinha sido a sensação, mas tentei me controlar e respirei fundo. - No outro dia, ela foi ao lugar que eu mostrei pra ela no nosso aniversário de dois anos de namoro. Foi ai que eu a pressionei e ela perdeu a memória novamente. - Eu terminei a explicação de cabeça baixa.

– Entendo… - A doutora falou enquanto terminava de anotar tudo. - Naruto, pode ficar tranquilo, você não prejudicou Hinata. - Eu levantei a cabeça sem entender. A doutora me olhava com um sorriso doce. - A Hinata esta ótima, a perca de memórias dela mostra que ela esta fazendo uma espécie de back up nas memórias dela. Apesar de que ela vai ter que ficar na clínica alguns dias e vai acordar em choque ao descobrir os problemas mentais que ela realmente tem, mas isso irá apenas ajudar no tratamento.

– Então… Eu… - Eu engoli seco tentando me controlar - ...não piorei a situação dela?

– Não, você apenas a ajudou. Porém, ainda tem riscos no tratamento, estamos otimistas, porém, não podemos ignorar as possibilidades de fracasso, claro que são poucas as chances disso acontecer. - Ela respondeu com um sorriso.

Antes que eu percebesse as lágrimas começaram a correr, eu a senti escorrendo quentes pelo meu rosto, eu curvei a minha cabeça e disse com uma voz embargada.

– Obrigado… estou feliz… ela está bem… que bom… obrigado… obrigado.

Eu chorava e as lágrimas caiam nas minhas mãos, eu estava tão aliviado, ela está bem, eu não piorei a situação dela. O Kami-sama no alto céus, tenha piedade desse fraco garoto e termine esse pesadelo. Eu estava cansado, meu coração estava cansando de ser remendado, mas… por que não consigo parar esse sentimento de felicidade que invade meu peito?


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Notas finais do capítulo

To indo correndo pro ENEM agora gente, só queria postar antes de ir para ter boas noticias (Os comentarios) quando eu chegasse. Até mais e me desejem boa sorte T-T