Por: Amy

Havia se passado uma semana desde minha mudança para o palácio Sakamaki, eu sentia a falta de todos com quem convivi no palácio dos meus tios, mas estava me divertindo aqui!

Era simplesmente engraçado e irônico, conheci as mães dos meninos, todas são uma graça! E ainda por cima sou amiga da irmã deles, Íris.

Íris era a filha adotiva de Cordélia, fora deixada no portão pouco depois do nascimento dos trigêmeos, outra coisa que eu adoro... Irritar os irmãos (nem todos... já vi o Subaru quebrar uma parede, e acreditem: eu não quero estar no lugar dela da próxima vez que ele se irritar!)

Resmunguei quando senti uns poucos raios solares invadirem o cômodo, atingindo meu pé esquerdo que estava descoberto, sentei-me resmungando, fitei o despertador e o ser que abria as cortinas, Íris cantarolava enquanto abria as cortinas e andava pelo quarto, pegando roupas do meu closet e olhando um retrato meu que estava em cima da escrivaninha.

_Alguém morreu?_Indago, sonolenta.

_Como?_Indaga Íris.

_Para você me acordar de madrugada! Alguém morreu?_Indago.

Íris soltou uma sonora gargalhada, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás.

_Não vais ficar viúva tão cedo!_Afirma Íris, colocando a ponta do dedo indicador na ponta do meu nariz.

Fiz uma careta e fingi choramingar, ela riu e arremessou um monte de tecido em mim.

_O que é isso?_Indago.

_Sua roupa... Laito sugeriu que eu cortasse as laterais da saia até a altura das coxas e deixasse seu cabelo solto... Mas sei que se fizer isso quem vai ser estrangulada vai ser eu, por isso não arrisco! Agora você tem exatos vinte minutos para se arrumar, ou o próprio Ayato virá te buscar!_Afirma, fitando o relógio em seu pulso.

Suspirei, um dia eu ainda mato o Laito, só quando entendi o que aquilo queria dizer, corri da cama e entrei no banheiro, tomando todo o cuidado do mundo. Estava traumatizada com o banheiro desde o meu primeiro dia aqui!

“ Uma semana atrás...

A partir daí a viagem foi em silêncio... Como seria meu novo “lar”?

A pergunta rondava minha mente, pregando peças, sabia que lá eles não poderiam me atacar... ou poderiam? Estremeci com o pensamento e me encolhi minimamente, tirei a jaqueta de dentro da bolsa e a vesti. Fitei os garotos pelo canto do olho.

Eles não são irmãos?

Então porque não interagem? O único que fazia algum tipo de som naquele carro era o garoto superfofo que cochichava com o ursinho e ria. Não tremi e nem fiz qualquer movimento, alternava meu olhar entre a janela e o ursinho que vibrava com as risadinhas discretas do garoto.

Logo paramos diante de um enorme e elegante palácio, era bem diferente e maior que o dos meus tios.

O estilo era medieval, os altos muros de pedra, com algumas ervas subindo por eles. Logo o carro parou e eles saíram do carro, saí por último, não esperando por nenhum ato cavalheiro vindo da parte deles.

Logo pude ver através dos portões de grades, vários empregados estavam na porta da frente, de cabeça baixa, não sorriam e suas expressões pareciam ter abandonado a vida. Um casal estava mais a frente, e outras duas mulheres estavam perto.

Logo notei as semelhanças entre eles, a mulher que usava a coroa era alta, os cabelos roxos como os do garoto risonho, e os olhos verdes como o de outros dois. A outra era alta, cabelos loiros e olhos azuis, logo a reconheci sendo como mãe ou irmã do loiro ignorante que não trocara uma palavra comigo desde que nos vimos. E a outra era bem parecida com o esquentadinho de cabelos róseos.

O homem não tinha muita semelhança com os garotos, apenas pude notar uma coisa que o fazia parecido com apenas dois dos garotos... Os olhos, vermelhos.

Fiz uma reverencia ao casal real e as outras duas mulheres, eles retribuíram a reverencia e eu endireitei a postura, mantendo distancia de qualquer um dos seis, passos à frente ou passos atrás, tanto faz!

_É ela?_Indagou a mulher alta de cabelos roxos.

_É..._Responde o moreno.

Logo as três mulheres sorriram para mim e se aproximaram, não sabia o que fazer, em circunstancias normais eu me afastaria ou correria atrás do carro para retornar a casa. Mas fiquei quieta, parada elas sorriram e me abraçaram. Fiquei surpresa, não sabia o que fazer... Corro ou fico? Fico ou corro?

_É um prazer finalmente conhecer minha futura nora!_Afirma a loira.

_Nossa futura nora... Ela ainda não decidiu! Ou decidiu?_Fala a de cabelos roxos.

Elas me olharam como se esperassem que eu falasse alguma coisa, eu olhei para os lados, esperando que alguém visse me salvar... Talvez um dos seis pudesse me ajudar. Mas estes apenas me encaravam, como se esperassem uma resposta também... E agora?

_E-eu..._Começo, gaguejando um pouco._ A-ainda não decidi, quero conhecê-los melhor, afinal acredito que para casar precisa ter amor!_Falei, deixando minha voz vacilar na última frase.

_Ela está certa!_Afirma a de cabelos claros.

_Por falar em conhecer os meninos... Sei que parece tolice minha perguntar mas já se apresentaram?_Indaga a loira.

_Claro!_Menti, forçando um sorriso.

Se eu falasse que não, ficaria mal para eles, e não queria criar inimizades logo no meu primeiro dia!

_Ah! Que bom! Reiji, leve-a a seus aposentos!_Fala a loira.

O moreno deu um passo a frente, suspirei de alívio... Pelo menos o nome de um!

_Fique tranqüila! Na hora do jantar Subaru irá buscá-la!_Fala a mais quieta.

O garoto de cabelos róseos estava aéreo e pela forma que a mulher falou deu a entender que ela falara com ele. O moreno acenou com a cabeça e eu o segui, era enorme lá dentro e quase não deu para ouvir os empregados que vinham atrás de nós, trabalhando silenciosamente.

Assim que chegamos as escadas, tomei cuidado para não tropeçar e acabar caindo, com aqueles saltos estava complicado! Eu parei no meio da escadaria e tirei os saltos subindo o que restava das escadas com os sapatos na mão.

O garoto já estava longe, e pude vê-lo olhar reprovadoramente para mim e resmungar algo. Revirei os olhos e logo paramos diante de portas duplas e pintadas de branco, logo que as abri pude notar os detalhes dentro do cômodo, a cama de casal estava no centro, uma enorme parede atrás da cama pintada em rosa claro, o chão de mármore fazia um barulho engraçado quando eu andava. Havia uma escrivaninha ao lado de uma porta de vidro que dava para a sacada, as portas fechadas do closet ficavam logo ao lado da porta de um outro cômodo que julguei ser o banheiro. Suspirei e olhei ao redor.

_O jantar será servido ás 20h00min em ponto! Subaru virá buscá-la ás 19h55min, esteja pronta!_ Fala o moreno.

“Petulante!” _Penso comigo mesma, segurando a vontade de soltar tal opinião em voz alta.

O mesmo falou mais algo que não consegui entender direito.Revirei os olhos e cruzei os braços.

_Okay papai!_Falo.

O mesmo ficou vermelho de raiva, seu olhar petulante sobre mim.

_O que você disse?_Indaga, a voz irritantemente indiferente.

_Você me lembra meu pai quando mais novo... e isso vai ser estranho!_Afirmo, puxando a mala, e rezando que não notasse o celular escondido dentro do bolso da jaqueta.

O garoto de cabelos negros e olhos num tom que ficava entre vinho e vermelho, mantinha seu olhar fixo num ponto, meu pescoço...

Ah não! Meu pescoçinho não!

Bati palmas três vezes e soltei um suspiro, jogando disfarçadamente o cabelo dos dois lados do ombro, cobrindo meu pescoço.

_Bem... Mãos a obra! Obrigada Reginaldo! Até mais!_Falo, empurrando-o para fora do meu quarto.

_É Reiji!_Repreende.

_Tanto faz!_Retruco, fechando a porta em seguida.

Pude ouvi-lo resmungar algo sobre boas maneiras e revirei os olhos, fazendo uma careta e engrossando a voz, sacudindo as mãos e gesticulando enquanto franzia bem o cenho e fingia repreender alguém.

Ri de minha imitação mal-feita e abri a porta do banheiro, suspirando de alívio, fitei meu reflexo no espelho por alguns segundos, estava até bonitinha... Coloquei a toalha pendurada num canto e abri o armário tirando de lá um sabonete, cantarolava “Run this town” de “Lucy Hale” enquanto fazia tais coisas.

_ “I'm climbing high but there ain't no net
You like to see me jump a bit
Well everyday's just like Russian roulette
I'm gonna play, play, play with no regrets
Cause I'm tired of second best
Tired of doing this
Tired of hypocrites
Twisted like licorice
I'm crushing them in my fist
Hushing their ignorance
You had your chance, now's mine...”

Cantarolava distraidamente até a parte de desabotoar o vestido, tirei a jaqueta fazendo alguns passinhos e comecei a desabotoar o vestido, até que um barulho me chamou a atenção, água para ser mais exata. Franzi o cenho e olhei para a banheira deparando-me com o loiro do carro.

Quase tive um ataque do coração, calei-me na hora e catei a jaqueta cobrindo a parte desabotoada do vestido que deixava minhas costas expostas.

_Que susto criatura! Queria me matar do coração?_Indago, pondo minha mão em cima do lugar em que ficava meu coração.

Ele apenas me ignorou.

_O que faz aqui?_Indago.

_Estou tomando banho._Responde simplesmente.

_Não... Correção: Eu que vou tomar banho!_Afirmo, tentando não surtar, aproximando-me da banheira.

Ele revirou os olhos, passando seu olhar para mim repentinamente, o olhar era avaliativo demais, e aquilo me incomodou. Observei-lhe melhor nesse meio tempo, e admito ele é lindo! Assim como o moreno que me deixou no quarto minutos atrás... Qual é o nome dele mesmo? Reginaldo? Ronaldo? Alguma coisa com “r”.

_Vai tomar banho vestido?_Indago, curiosa.

Era ritual vampiro aquilo?

Ele revirou os olhos, e antes que ele pudesse soltar qualquer comentário malicioso, resolvi sair do banheiro, apertando a jaqueta, até que por culpa de um pano de chão caí de cara no mesmo. Choraminguei massageando meu rosto, olha só o meu azar! E ainda havia conseguido me cortar tropeçando.

Meu joelho sangrava, e tudo o que pude fazer foi encarar o líquido vermelho que se espalhava logo abaixo de meu joelho, resmunguei, tentando me levantar, e logo que elevei meu olhar vi o garoto se aproximar, seu olhar tinha um brilho diferente, um brilho sedento... Logo que eu entendi o que aquilo queria dizer, arregalei meus olhos e recuei, tentando me levantar, em movimentos rápidos e precisos, se eu não me levantasse e corresse dali, acabaria com marcas de presas em meu pescoço, e o que eu menos queria era jantar pela primeira vez ali fraca devido a quantidade de sangue que eu havia perdido.

_Droga!_Resmungo, esticando-me e pegando a toalha, secando meu joelho, e tentando estancar o sangue.

“Não se esqueça! Mesmo se forem psicopatas você estará em boas mãos!” _Ouvi a voz de Castiel.

“Sentiremos sua falta!” _A voz de Nathaniel ecoou.

“Volte logo!” _Ouvi Lysandre.

“São lindos! Aproveite!” _A voz de Catherine ecoou.

“Eu vou sentir saudades!” _Choramingou Lynn.

“Te amamos!”_Ouvi Rosalya.

“Bons sonhos querida...” _Ouvi minha mãe.

“Queremos protegê-la!” _Minha tia falou, decidida.

“Foi apenas um pesadelo... Acalme-se querida...” _Embalou-me meu pai, cantarolando para que eu pudesse voltar a dormir.

“Te amo priminha!”_Fala Castiel.

Logo uma risadinha maldosa ecoou.

“Não pode fugir de seu destino, querida... Isso apenas piorará sua situação! Bons sonhos!” _Afirma uma voz conhecida, a voz era doce e ingênua, seu tom era frio. Pude ver grandes olhos vermelhos.

Não havia me dado conta do que fazia, até sentir uma mão em meu braço, eu gritava e chorava feito uma criança assustada, o loiro encarava-me perplexo, e os outros seis irmãos também, ergui meu olhar e deparei-me com uma ruiva, ela tinha um sorriso simpático nos lábios e olhos claros.

_Está bem?_Indaga.

Eu ainda assustada apenas assenti.

_Shuu e companhia, saiam do banheiro! Ela precisa se banhar e ficar bonita para o jantar!_Afirma a ruiva.

Os seis saíram, e fecharam a porta.

_Obrigada!_Falo, minha voz saiu por um fio.

_De nada Amy!_Fala a ruiva.

_Como se chama?_Indago.

_Íris!_Fala sorridente.

...”

Estremeci com a lembrança e acabei de me arrumar, Íris me ajudou com meu cabelo, e maquiagem. Sorri com o resultado e saímos do quarto juntas.

É apenas mais um dia “comum”!