Modernidade escrita por Kethy


Capítulo 10
Derrapar


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Eu sei que demorei... BASTANTE! A coisa está fluindo aos poucos, mas vai valer a pena! A parte dos prólogos está quase acabando.

Alguns avisos são necessários: Mudei o nome da cidade para Diamantina. Nenhum motivo em especial, só tem mais haver com o ploth da história. E também mudei a aparência da Maria e da Maysa para ficarem como seus pais. Isso se deve a aquela teoria que envolve as cores dos cabelos das personagens. Nada muda o enredo em si, mas seria bom ler de novo para ter uma noção melhor de como as irmãs seriam sem os poderes.

E, mais uma vez, desculpem a demora.

BOA LEITURAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/582206/chapter/10

POV MARIA - ELSA

Me animo ouvindo meus CD’s enquanto sigo o carro do papai e o caminhão da mudança. Abro um pouquinho à janela ao meu lado para sentir – Praticamente, pela primeira vez. – o ar fresco, é uma sensação boa. Minha música preferida começa a tocar, aumento o volume e me animo mais ainda. Meu carro desvia um pouquinho, me assusto, mas depois começo a rir. Decidi que era melhor prestar mais atenção.

Tudo bem aí, majestade?— Meu rádio liga e ouço a voz do meu pai. Ele me chama de “majestade” quando está zangado ou chateado. Ele tem vários apelidos para diferentes humores. Falo sobre isso mais tarde.

— Tá sim, papai! – Falo de um jeito meio “fiz besteira e não quero que ele saiba.”. - Eu só tô um pouco distraída.

Não deve. A estrada está calma, mas tem árvores demais aqui.— Ele fala entrando na brincadeira, mas ainda assim preocupado.

— Não se preocupe, já voltei pra terra. Cambio, desligo.

Até!

Esperei até ele dizer tchau para desligar o telefone.

A viagem foi muito longa, mas depois de mais pouco tempo dirigindo chegamos até a cidade para a qual quisemos nos mudar.

Deve estar se perguntando por que eu estou aqui. Basicamente, eu fiquei muito confusa, barra perdida, barra depressiva sobre a faculdade. Eu fiz cursos e tudo direitinho, mas... Foi de má vontade. Não me orgulho disso. Eu tive um tipo de “crise existencial” por não saber que carreira seguir. E meu pai, grassas a Deus, ao invés de ficar bravo e discutir comigo e me chamar de coisas que se arrependeria depois, ele foi super-gentil; me abraçou quando comecei a chorar, me ouviu, me deu apoio. Então decidimos nos mudar temporariamente para um lugar mais calmo onde poderíamos ficar até eu me sentir melhor. A charmosa e pitoresca cidade de Diamantina! Ele não disse porque logo essa cidade, suspeito que seja onde ele conheceu a minha mãe. Ele não fala muito dela, só se eu implorar, mas quando fala, ele faz isso com tanto amor e com um sorriso tão sincero...

E eu sinto inveja toda vez!

Quer dizer, pelo menos ele tem alguém real. O único homem que eu já amei só existe na minha imaginação. Muitos teriam medo de ele, afinal, ele parece ter saído de um filme de terror japonês; todo de preto, pele cinza, – Não, não é branca demais, é cinza mesmo. – Cabelo todo arrepiado para o alto, sem sobrancelha, dentes afiados e cinzas... Mas... Eu sentia que tinha algo nele. Apenas não sei explicar o que é. Por algum motivo, para mim ele era um herói, apenas se esqueceu disso. “Quem ama o feio, bonito lhe parece.” Apesar disso, de certa forma, eu o odiava por ama-lo. “Você queria nunca ter tido esse sonho? ” Quem dera fosse tão simples. O que eu sinto em relação a ele, ao sonho, as pessoas que eu conheço nesse lugar... É algo muito complicado que apenas eu posso entender.

Divido a atenção entre a frente e os lados para ver o máximo possível da cidade. E sim, ela é linda! Um estilo colonial típico e brasileiro; prédios antigos, estrada de pedras e até bondinhos. É tão aconchegante, acho que as coisas podem começar a dar certo por aqui. Sinto como...

Quase derrapo ao olhar para o lado e ver um homem. Não porque ele estava no caminho, ele estava na calçada e parou para ver se tinha algum problema, mas sim porque olhando de relance eu vi o Homem de Negro que aparece em meus sonhos. Meu coração acelera por muitos motivos e não melhora quando este mesmo homem, que olhando direito era bem diferente, sai andando meio assustado.

Maria? Maria?!— Meu pai chama preocupado. Já devia estar tentando a um bom tempo.

— D-desculpa! A-a-acho que eu vi um esquilo na minha frente... – Minha voz vacila nervosa.

— Não se mecha.

Papai sai do carro, prende nossos carros juntos e vai dirigindo por mim. Morro de vergonha de mim mesma. Não é que eu dirija mal, apenas aconteceram algumas coisas durante a estrada que me deixaram com uma imagem ruim! Papai sabe disso. Só espero não ter ficado com a imagem manchada no meu primeiro dia aqui.

— Então... Conseguiu dormir noite passada? – Ele pergunta tentando achar respostas. – Ele volta a falar no[rádio.

— Sim... – Respondi sem ânimo.

Quer parar para tomar um café?

— Não.

Vai continuar sendo assim, seca, até chegarmos?

— Pode ser...

Paramos de conversar.

Continuo o caminho tentando me convencer de que aquilo foi coisa da minha cabeça. Que eles apenas tinham a mesma silhueta, mas o restante era tudo diferente. Tentando me lembrar dos exercícios de respiração que o meu médico me ensinou e repetindo o meu mantra: “Encobrir, não sentir, não deixar saber.” Ninguém me ensinou isso, mas de alguma forma, me faz sentir... “Calma”, eu acho.

Quando dou por mim, chegamos em nossa nova casa. Fazia parte de um cortiço antigo, muito bem cuidado, todo pintado de azul gelo. Eu e papai íamos morar na casa que ficava no meio. Ela parecia uma torre e tinha dois andares. Decidi que eu iria morar na parte de cima. Cada andar era uma kitnet com seu próprio banheiro e fogões antigos pequenos e paredes pela metade que "dividiam" os cômodos. O resto, nós trouxemos. Apenas o básico, camas baratas, livros, cadeiras... Não pretendíamos ficar por muito tempo, por isso tão pouca coisa.

Depois de dar um jeito na arrumação, eu e papai ficamos com fome, então eu decidi procurar alguma coisa para levar pela cidade. Antes, é claro, passei por um comitê de boas-vindas pelos moradores do tal “Cortiço”. Todos eram meio gordinhos e simpáticos, porém, um tanto inconvenientes. Não paravam de falar o quanto eu era bonita, dentre outros assuntos paralelos e constrangedores... Eles eram gentis, mas eu só queria me livrar daquilo.

Quando eu finalmente consegui, cheguei a um café muito bonito e aconchegante. Que, por muita sorte, vendia sopas e caldos no mesmo dia da semana em que eu cheguei a cidade! Enquanto não ficava pronto, bati um papo com a garota de lá.

— Então, você já fez o curso e tudo?

— Sim. Mas não quero pensar em faculdade por enquanto, sabe? - Falei isso com minha expressão denunciando tudo o que eu não queria dizer.

— Te entendo. Olha, eu não sou nenhuma terapeuta, mas sou como aquele clichê de barmen que escuta tudo o que as pessoas dizem. Então se quiser conversar, sou toda ouvidos.

— Nossa, obrigada! – Disse eu feliz e agradecida. Meio desconfiada, mas ela passava confiança.

— Disponha! Sempre terá uma caneca de chocolate quando você aparecer. – Rimos.

Ela me entregou os potes de isopor embrulhandos em uma sacola de papel. Nos despedimos e fui para casa. Estava rolando um tipo de festinha; haviam crianças brincando de cartas, dominó e correndo, uma fila de sopão e pães, karaokê e dancinhas de casais. Vi papai numa roda com os novos vizinhos comendo algumas sopas e caldos que eles fizeram. Grunhi de falsa raiva.

— Desculpe, fofa, você saiu sem nos deixar explicar sobre a tradição de sexta-feira! – Uma mulher baixinha veio falar comigo e me puxou de leve para a roda.

— Que tradição? – Perguntei e me servi de uma caneca e pão que alguém me ofereceu.

— Toda sexta-feira, nos juntamos para fazer uma reuniãozinha com comida música e brincadeiras. – Respondeu um homem bem velhinho de bengala sorrido e se aproximando. – Prazer, sou Joaquin, o síndico. Mas os mais novos me chamam de Vovô Quin. – Ele apertou a minha mão. – Sinto muito pelos meus companheiros, eles adoram visitas, mas até que é fácil entendê-los. Queríamos uma boa recepção para vocês.

— Muito prazer! E não se preocupe, está tudo perfeito. – Falei sorrindo.

Sim, estava tudo perfeito. E eu já estava começando a me sentir melhor por tudo. Mas eu devia ter aprendido que quanto mais perfeito, mais frágil.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Modernidade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.