Dean saíra do inferno e nem Bobby e ele sabiam como isso fora possível. Nesse turbulento momento de suas vidas, Dean sai de seu tumulo (literalmente) e apenas uma garota havia assistido tamanha loucura. No inicio o loiro achava que a garota poderia estar envolvida, depois com o passar das horas e com o encontro de Bobby, um tanto complicado e cheio de testes, Dean estava certo que seu irmão havia feito algum tipo de acordo. Um acordo nada bom, já que o local de onde estava enterrado parecia que uma bomba fora detonada. E agora seu coração estava palpitando pela adrenalina de rever seu irmãozinho novamente. Dean elevou a mão até a porta, antes de bater olhou para Bobby, o caçador apenas assentiu com a cabeça dando-lhe coragem para prosseguir. Três batidas, um silêncio e logo a porta se abriu.

Dean respirou, mais um pouco e desmaiaria por falta de oxigênio. Uma mulher sensual, apenas de camiseta e calcinha abriu a porta e olhava para ele, antes de dizer:

— Cadê a pizza? — Dean iria argumentar alguma coisa, quando seu olhar encontrou os do irmão, que começara a arfar ainda mais ao se aproximar.

A reação de Sam não foi diferente de Bobby, e partiu para cima do “falso” Dean.

— Seu monstro! — Sam gritou desferindo um forte soco no maxilar do loiro. Neste momento Bobby revelou-se e se interpôs entre o gigante moreno e o loiro que tentava reequilibrar-se da porrada. Ambas as garotas apenas assistiam a cena.

— Pare Sam. É ele. É ele mesmo! — gritava Bobby não conseguindo aguentar por mais tempo a ferocidade de Sam.

— Não é! Nem a pau! — Sam desvencilhou-se dos braços do caçador e foi para cima do loiro que se esquivava entre a mesa e cadeiras.

— Sammy, sou eu. Eu mesmo cara! — Dean ofegava. Iria ser uma briga e tanto antes de convencer o irmão.

— Sam acredite, eu também reagi desta forma. E acredite fiz todos os testes. É realmente Dean, de volta de onde quer ele estava — Bobby não sabia explicar o inexplicável.

— Eu tô bonitão, não é?

Aquele sorriso, aquela ironia. Sam deixou os ombros caírem, e foi de encontro ao irmão em um abraço carregado de sentimentos. Dean ficara imóvel por alguns segundos, não sabia se levaria outro soco ou se a ficha do irmão havia caído. Mas aquele olhar, Dean sabia que Sam havia lhe reconhecido e retribuiu o abraço. Bobby que sabia de toda a história segurava as emoções que teimavam e se expor.

Passado alguns minutos, a mulher morena que a tudo observava resolveu quebrar o silêncio.

— Vocês são... — falou insinuando um encontro de quem se amava, um relacionamento.

— Não! — Sam disse carregado de grande euforia e medo — É meu irmão.

— Ah, sei.

Dean a olhou de soslaio, a garota parecia não acreditar. O loiro apenas rolou os olhos e sentou-se no sofá. Enquanto Sam despedia-se da jovem morena.

— Adeus Kate.

— É Kirsten... me liga, tá — disse a jovem tristemente ao perceber o erro de seu nome.

No entanto aquela encenação toda entre ela e Sam, seria revelado mais tarde. Já que Sam Winchester estava totalmente envolvido com as magias de sua nova “mentora”, Ruby.

A morena disfarçou muito bem o que viu quando abriu a porta. Aquele choque foi suprimido por uma simples indagação de “ Cadê a Pizza? ” Mas lá no fundo, onde parecia ter um coração, ela estava atônita, confusa e com medo. Quem havia tirado o Winchester do inferno? Logo agora que Sam estava quase pronto e que seus planos poderiam finalmente serem concretizados. Ruby resolveu sair, antes que Dean percebesse que ela estava em um novo corpo. Corpo esse que ela escolheu já sem vida, garantindo ao seu pupilo Sam Winchester, que o que ela estava possuindo era apenas uma casca vazia. Única forma de ganhar a confiança do mais novo. E agora o idiota do Dean Winchester estava livre. Rubyiria descobrir como isso fora possível. Quem teria esse poder? Uma sensação de medo passou-lhe pela sua pele. Sair foi a melhor maneira de não acabar se revelando.

Dean ainda estava eufórico, contando como havia acordado. E como havia sido sua experiência de estar enterrado. Nesse instante ele franziu o cenho.

— Afinal, porque me enterrou Sam? Porque não me cremou como um caçador? — Dean queria ouvir da boca de Sam o que Bobby lhe dissera.

— Eu... — Sam pensou um pouco antes de passar a mão pela cabeleira molhada — eu pensei em te trazer de volta.

— E pelo visto conseguiu, que pacto você fez seu idiota? Não vê aqui o padrão? Estamos sendo manipulados pelos demônios, me diz quanto tempo você tem? — Dean agora falou com a voz rouca e determinada.

— Eu não fiz nada, Dean — Sam disse tristemente.

O loiro enraivecido pelo que parecia uma mentira, empurrou o irmão contra a parede, olhando-o firmemente em seus olhos, refez a pergunta.

— Não minta para mim, Sammy! O que você fez para me tirar do inferno? — Melanie sentiu um arrepio, a situação estava muito estranha, mesmo ela sabendo que coisas estranhas existiam. Só que eles não sabiam, ou ela achava que não sabiam. Ficou apenas observando.

— Eu juro, Dean! Não fiz nada. Deus sabe como eu gostaria de ter feito. Mas nenhum demônio queria fazer um pacto comigo. Eles queriam você lá! Eu... — Sam sentiu a pressão das mãos de Dean aliviarem em sua camisa — me perdoe Dean, desculpa. Mas não fui eu.

— Não precisa se desculpar, Sammy. Eu... eu acredito em você — o loiro falou com o olhar de compreensão ao caçula.

No entanto, aquela revelação deixou o irmão mais velho confuso e aliviado. Será que finalmente algo de bom acontecia sem ter que darem algo em troca? Bobby levantou-se, era sua vez de começar a controlar a situação.

—Fico feliz que a alma do Sam está intacta. Mas isso levanta uma questão. Se não foi ele, quem te tirou do inferno Dean?

Agora o silencio se perfazia no recinto. Melanie continuava tentando processar toda essa insanidade. Dean realmente esteve no inferno?

— Bom, desculpe atrapalhar. Mas olha eu aqui — a garota resolveu quebrar o silencio um tanto estranho.

Dean ergueu os olhos verdes fitando os da moça. Ele havia esquecido completamente da garota.

— Me desculpe. Sammy essa é a Melanie, ela que me encontrou na floresta saindo da terra — o caçador levantou a sobrancelha em um gesto de diversão, mesmo a situação sendo tão bizarra.

— Ah, claro. Oi sou Sam Winchester, prazer em te conhecer. Você deve estar cheia de perguntas, não? — Sam sorriu ainda encarando o irmão.

Era inacreditável que ele estava ali do seu lado depois de quatro meses enterrado. Sam lembrou daqueles momentos difíceis, quando ele acolheu o corpo do mais velho no seu. O sangue quente banhado suas vestes e o brilho daqueles olhos esmeraldas desaparecendo para sempre de sua vida. Dean era sua essência, sua ancora, e o havia perdido. E agora ali estava o irmão de volta. Como acontecera esse milagre?

—Sammy? — aquele som de seu nome, como era bom ouvir novamente. O moreno olhou para o irmão e sorriu.

— Hã, desculpe. Tome isso é seu — o moreno tirou do pescoço o pingente que carregava consigo. Era o pingente de Dean.

— Obrigado — Dean o segurou entre os dedos por alguns segundos antes de colocar no pescoço novamente.

Os quatro saíram do Hotel Astoria e seguiram para casa de Bobby, havia muita coisa a se pesquisar e descobrir. Dean parecia uma criança ao entrar em seu amado impala. Claro que odiou o ipod instalado em seu carro e sem hesitar tirou fora, com um olhar fulminante a Sam.

— Sério isso Sammy? — Dean estava indgnado.

— Bom, achei que o carro fosse meu — dizia Sam dando de ombros.

Melanie estava atrás e se divertia com as “discussões” bobas dos dois rapazes. Eles realmente viviam um para o outro. A garota estava querendo seguir seu rumo, no entanto aceitou o convite de Dean em passar a noite na casa de Bobby e começar no dia seguinte sua jornada.

Após chegarem e todos estarem deitados. Melanie sentou na cama improvisada.

— O que houve Thomas? Você quer me dizer algo? — Melanie o questionava, conhecia-o muito bem — O quê? A mulher que estava com Sam? Ela é o quê? Não... não está enganado? Mas, então... talvez... ela tenha tirado Dean do inferno? Não? Caramba Thomas, estou muito confusa.

Enquanto Melanie conversava com a entidade que lhe acompanhava desde pequena, um estrondo de vidros sendo estilhaçados chamou sua atenção e correu para ver o que era.

Sam e Bobby estavam com suas armas em punho.

— Ouviram isso? — Sam falou apreensivo — Droga, onde está Dean?

Os três correram até a origem do barulho e encontraram Dean caído perto da pia, coberto por estilhaços da janela de vidro.

— Dean! — Sam correu até ele.

— Sammy. Eu... estou bem, estou bem — repetia o caçador confuso com o que ocorrera.

— Mas que droga aconteceu aqui Dean? — Bobby perguntava avaliando se o lugar estava seguro.

— Sei tanto quanto vocês, desci para beber água e num instante um zunido forte, muito forte mesmo que meus ouvidos estão tocando sino até agora. E então tudo explodiu em cima de mim.

— Dean isso aconteceu no posto de gasolina, lembra? — Melanie o relembrou daquela situação, logo que saiu de seu tumulo.

Bobby e Sam voltaram a se entreolharem. Algo estava muito errado. E esperou o loiro se explicar.

— Tem razão Melanie. É como se algo quisesse falar comigo. Achei que fossem demônios, mas depois desse forte zumbido, tudo volta ao normal. Só meus ouvidos continuam doendo, mas que merda! — disse Dean tirando um pedaço de vidro misturado ao seu sangue próximo da orelha esquerda.

Foi a vez de o velho caçador começar a falar. Toda aquela esquisitice o deixava com os dois pés atrás.

— Ok. Conheço uma vidente. Amanhã vamos falar com ela. Talvez ela nos ajude a descobrir o que está acontecendo e quem tirou Dean do inferno. Agora, já que está tudo calmo, vamos voltar a dormir. E, Dean, você fica perto da gente, ok? — Bobby colocou sua mão no ombro do rapaz transmitindo-lhe confiança e segurança. Dean apenas concordou. Estava exausto.