A Seleção Semideusa escrita por Liz Rider


Capítulo 40
Um Anúncio


Notas iniciais do capítulo

Então, gente, já tamo acabando o ano, já tamo acabando a Fic e é incrível como ela durou quase exatamente um ano, né? Esse é o penúltimo capítulo. Aproveitem.



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P.O.V America

 

As meninas que pediram para sair após o ataque foram Tallulah, Amy, Reeli e Fiona. Talvez a filha de Hermes não tenha achado tão engraçado quase morrer, ou a filha de Hércules achou que, apesar de não ser um ato tão heroico, seria melhor sair, enquanto a filha de Atena deve ter achado mais inteligente perder a Seleção ao invés da vida e a de Hipnos que a dormida no abrigo não fora tão confortável, mas eu estava sendo maldosa. Elas só viram o óbvio: não valia arriscar a vida por uma Seleção boba. Não entendia porque eu mesma não via isso.

Elas foram embora rapidamente, algumas horas depois do ataque e eu me perguntava se isso se devia à eficiência de Silvia ou ao pavor das garotas. Talvez meio a meio.

E então as trinta e cinco tornaram-se dezenove, e tudo pareceu começar a ir mais rápido. Mesmo assim, eu jamais poderia prever a velocidade que as coisas tomariam dali em diante.

Na segunda-feira depois dos ataques, retomamos nossa rotina. O café da manhã está delicioso como sempre e fico imaginando se chegará o dia em que deixarei de gostar dessas refeições espetaculares.

— Kriss, isso não é divino? – pergunto.

Eu estou mordiscando uma fruta em formato de estrela. Nunca tinha visto nada igual antes de chegar ao palácio, mas não me importava, ela era deliciosa. Kriss está de boca cheia, mas mesmo assim concorda com um aceno de cabeça.

Dá para sentir um clima cálido de irmandade hoje. Após termos sobrevivido a um grave ataque rebelde juntas, parece que os pequenos laços que nos uniam se tornaram indestrutíveis. Ao lado de Kriss está Emily, que me passa o mel. Perto de nós, Tiny me pergunta, com olhar admirado, onde eu tinha conseguido meu pingente de passarinho. O clima lembra os jantares da minha família de uns anos atrás, antes de Kota se transformar em um babaca e de perdermos Kenna para o marido: cheio de gente, radiante e com muita conversa.

Dou-me conta na hora de que eu manterei contato com essas meninas ao longo dos anos. Irei querer saber se todas tinham se casado e lhes mandarei cartões de Natal. Relembraremos tudo por que passamos e riremos disto como se tivesse sido uma aventura, não uma competição.

Por mais incrível que possa parecer, a única pessoa com aparência perturbada na sala de jantar é Maxon. Ele nem ao menos tinha tocado na comida. Em vez disso, corre várias e várias vezes os olhos pelas fileiras de garotas com a expressão de quem está se concentrando. De tempos em tempos, para para pensar e parece discutir consigo mesmo sobre alguma coisa. Depois recomeçava o processo.

Quando chega a vez da minha mesa, o príncipe me flagra olhando para ele e abre um sorriso fraco. Tirando o breve diálogo da noite do ataque, não conversávamos desde nossa discussão, e algumas coisas ainda precisam ser ditas. Eu é que tenho que tomar a iniciativa. Com uma expressão que revela tratar-se de um pedido, e não de uma exigência, mexo na minha orelha. Seu rosto permanece distante, mas ele também mexe na dele.

Respiro aliviada e por acaso olho para as portas daquela sala enorme. Como suspeitava, outro par de olhos está fixo em mim. Tinha notado Christian ao entrar na sala de jantar, mas tentei não demonstrar. Era difícil ignorá-lo, até porque não entendo essa necessidade de reaproximação dele. Talvez ache que me tornarei famosa no mundo olimpiano e quer voltar a ser sua amiga para que ele também torne-se famoso. A ideia me incomoda e, sinceramente, não me lembra Christian. Pelo menos não o Christian que eu conhecia antes dele se afastar, mas as pessoas mudam às vezes, né?

O príncipe se levanta. Aquele movimento repentino fez a cadeira chiar com o atrito contra o chão. E esse barulho é suficiente para atrair a atenção de todas. Ao ver todos aqueles rostos voltados em sua direção, Maxon parece querer sentar novamente, sem que ninguém percebesse, mas ele também parece saber que isso será impossível, porque ele começa a falar:

— Senhoritas. – começa, saudando-nos e fazendo uma reverência com a cabeça. Ele parece estar se corroendo, como se enfrentasse um duelo interno. – Receio que após o ataque de ontem eu tenha sido obrigado a repensar profundamente o funcionamento da Seleção. Como sabem, quatro garotas pediram para sair ontem, e eu cedi. Não quero ninguém aqui contra sua vontade. Além disso, não me sinto confortável mantendo no palácio, sob a constante ameaça de risco de vida, pessoas com quem estou certo de que não terei futuro.

Pela sala, a confusão dá lugar à compreensão infeliz e inequívoca dos fatos.

— Ele não vai... – murmura Tiny, parecendo infeliz e ansiosa.

— Vai sim. – respondo no mesmo tom baixo sem tirar meus olhos de Maxon.

— Embora me doa tomar essa atitude, conversei com minha família e com alguns conselheiros íntimos, e decidi proceder ao afunilamento da Seleção para a Elite. Contudo, em vez de dez, como fora planejado, decidi dispensar todas vocês, com exceção de seis. – ele afirma, ainda parecendo aflito, em uma voz bem formal.

— Seis? – Kriss parece chocada.

— Isso não é justo. – resmunga Tiny, parecendo prestes a chorar. Será que ela não acredita mesmo em suas chances? Bem, eu também tenho minhas dúvidas quanto às minhas.

Corro os olhos pela sala de jantar conforme o burburinho de reclamações cresce e diminui. Celeste junta coragem, como se estivesse disposta a lutar por uma vaga. Bariel fecha os olhos e cruza os dedos, talvez na expectativa de que aquela pose lhe sirva alguma simpatia. Marlee, que tinha admitido não querer nada com o príncipe, parece muito tensa. Por que ela quer tanto ficar se não sente nada por Maxon?

— Não quero estender o assunto além do necessário. Assim, apenas as seguintes moças permanecerão aqui: senhorita Marlee, senhorita Kriss...

Marlee suspira aliviada e leva a mão ao peito. Kriss ensaia uma dança feliz e contente na cadeira, olhando para as meninas ao redor esperando que elas estejam felizes também, apesar de eu ter certeza de que elas não estão. Eu até que estava também, mas me dou conta de que duas das seis vagas já tinham sido preenchidas. Com uma discórdia entre Maxon e eu, será que ele me mandaria para casa?

Ao longo de todo esse tempo, eu tivera nas mãos o poder de decidir sobre minha saída. Naquele instante, percebo o quanto era importante para mim continuar.

— ...senhorita Natalie, senhorita Celeste... – continua Maxon, olhando para cada uma delas.

Eu me contorço ao escutar o nome de Celeste. Ele não pode deixá-la aqui e me mandar embora. Eu nem acredito que ele não vai dispensá-la, aliás. Mas será esse um sinal de que eu vou embora? Brigamos exatamente por causa da presença dela.

A filha de Íris, Natalie, no entanto, alheia ao meu conflito interno, pula e parece que vai puxar uma varinha magica e distribuir arco-íris para todos, enquanto a filha de Afrodite olha para Maxon com uma postura de predador, enquanto nos olha com desdém, como se dissesse: “Eu fiquei, vocês não. Convivam com isso.”

Eu, pessoalmente, pretendia não conviver.

— ...senhorita Elise... – ele anuncia.

A filha de Belona não emite nenhum som, tampouco comemora, apenas dá um sorriso discreto, como se, caso comemorasse, fosse terrivelmente castigada.

Quando Maxon abre a boca novamente, o suspense e ansiedade faz toda a sala se calar e prender a respiração à espera do último nome, cada uma das não chamadas esperando seu nome sair dos lábios de Maxon. Nem me dou conta direito de que eu e Tiny estamos de mãos dadas, em expectativa.

— ...e senhorita America.

Maxon olha para mim e sinto cada músculo do meu corpo relaxar, enquanto uma vontade insana de comemorar me corrói o sistema, mas não o faço, pois Tiny, ao meu lado, cai em prantos e me sinto no dever de consolá-la. Apesar de tudo, ela não está sozinha: a lista de Maxon provoca muitos soluços.

— A todas as demais, meu sincero pedido de desculpas. Espero, contudo, que acreditem em mim quando digo que fiz isso para seu bem. Não quero alimentar suas esperanças nem arriscar suas vidas à toa. Se alguma das que estiverem de saída quiser falar comigo, estarei na biblioteca ao final do corredor. Podem me encontrar lá assim que terminarem de comer. Também gostaria de informar às que permanecerão que teremos um convidado em breve.

Maxon se retira o mais rapidamente possível, sem correr, parecendo meio contrariado. Observo-o até que passe na frente de Christian, quando minha atenção se desvia. O rosto de Christian parece uma mistura de sentimentos conflitantes que não me dou ao trabalho de tentar entender.

O segundo comentário, sobre o convidado, no entanto, passa meio que despercebido pelas meninas, preocupadas demais em consolar às que se vão ou ocupadas demais sentindo o abandono. Imaginava que Anteros teria bastante trabalho nos próximos dias e também me perguntava quem seria o tal convidado e porque Maxon não parece feliz em tê-lo em sua casa.

Nem bem se passa um segundo e Emmica e Tuesday já estão correndo atrás do príncipe, sem dúvida em busca de uma explicação. Algumas garotas choram, claramente com o coração partido. E recaiu sobre as que ficaram a responsabilidade de confortá-las.

A situação é de uma bizarrice insuportável. Tiny acaba por soltar violentamente minhas mãos e correr para o quarto. Eu espero que ela não fique com raiva de mim.

Todas deixam a sala em poucos minutos, já sem fome. Eu mesma não demoro muito sair; não sou capaz de lidar com aquela torrente de emoções.

Quando passo por Christian, ele sussurra:

— Parabéns. – mas alguma coisa em seu rosto me diz que ele não está de fato feliz com isso, no entanto eu não me dou ao trabalho de tentar entender, apenas subo para meu quarto para tentar entender a magnitude do que acabou de acontecer.


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Notas finais do capítulo

Então, o próximo, dando um curto e pouco significativo spoiler para os que não leram o livro da Tia Ki, é o que tem a conversa entre o Maxon e a America e ele lhe explica porque ele escolheu tais garotas para a Elite. No próximo capítulo, também, haverá uma grande surpresa e talvez a maior diferença entre a história original e a versão crossover com PJO de minha autoria. Não sei se perceberam, mas aquele tal convidado não é citado no livro. Quem será ele? QUERO ESPECULAÇÕES.
Outra: Quero a opinião de vocês: "A Elite - Seleção Semideusa - Segunda Temporada" ou "A Elite Semideusa"? Eu prefiro mais a primeira, é meio que mais explicativa, mas quero mesmo as suas opiniões, então votem.
Amorzinho,
Liz, a menina que se esforçou para postar em dia e que já está indo correndo escrever os próximos dois capítulos.
ANSIOSOS PARA O CAPÍTULO FINAL?