A Seleção Semideusa escrita por Liz Rider


Capítulo 36
Serviço de Limpeza America's


Notas iniciais do capítulo

Então, gente, eu gostaria de me desculpar por não ter postado nas duas últimas semanas. Meu computador e minha internet deram problema, então não pude postar. Não vou prometer que algo parecido não vai voltar a acontecer, porque isso está fora do meu alcance, mas farei o possível para que não ocorra mais.



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P.O.V America

Logo após ouvir o berro esganiçado de desculpas, eu, assim como muitas garotas viramo-nos na direção da voz. Teoricamente – mas, sem dúvidas, ficou só na teoria –, Celeste, ao saber da existência de Maxon atrás delas naquele salão, virou-se bruscamente e o conteúdo de sua taça voara e atingira o vestido de Kriss, arruinando-o. De fato, parecia que Kriss havia levado várias e várias facadas consecutivas e sem dor, o que, talvez, fosse a real vontade de Celeste.

E esta até se justificou – para qualquer pessoa que não a conhecesse, suas palavras podiam soar verdadeiras e suas ações genuínas, mas para qualquer um que já tivesse ficado a sós com Celeste, podia-se ver que não era o caso –, mas sua justificativa também não pareceu verdadeira ou suficiente à Kriss, que começou a chorar e saiu do salão quase tão rápido quanto o Flash, pondo um fim à festa. Maxon sequer pestanejou ao segui-la, de uma forma bem mais civilizada e ao estilo Maxon, apesar de todos os meus pedidos mentais para que ele ficasse. Queria saber por que ele se afastou.

Celeste se defendeu para quem estivesse disposto a ouvir, dizendo que tudo não tinha passado de um acidente. Tuesday concordou, dizendo ter testemunhado a cena. Os olhares entediados e o sacudir de ombros da maioria, porém, mostraram que o apoio era inútil.

E tinha guardado discretamente meu violino e planejava ir para o meu quarto também, quando Marlee me agarrou pelo braço e sussurrou:

– Alguém precisa fazer alguma coisa com ela.

Se Celeste pôde levar alguém tão adorável como Anna à violência, ou achar aceitável tentar tomar meu vestido, ou ainda fazer uma pessoa bondosa como Marlee chegar à beira do ódio, significava que ela estava sobrando na Seleção.

E eu, decido, não só agora, mas como também naquele momento que quem tinha que limpar a bagunça seria eu.

Na verdade, eu achava que tinha que encontrar Maxon e contar-lhe e que, apesar de nossa atual e estranha distância, achava também que ele me ouviria e que no momento seguinte Celeste estaria voltando para sua casa.

Mas não foi bem assim que aconteceu.

– Mas eu estou dizendo, Maxon, não foi acidente.

Ambos estávamos no jardim novamente. Esperei o dia inteiro para encontrar um momento em que pudesse conversar com ele.

– Ela pareceu triste, e pediu tantas desculpas – ele argumentara. – Como pode não ter sido acidente?

Han... por que ela é uma cobra peçonhenta, falsa e calculista, amigão? Isso serve como justificativa?

Bufei de irritação.

– Estou dizendo. Vejo Celeste todos os dias, e aquele foi seu jeito discreto de arruinar os quinze minutos de fama de Kriss. Ela é supercompetitiva, fria e extremamente discreta.

– Bem, se a intenção dela era tirar minha atenção de Kriss, falhou. Passei quase uma hora com a garota. Bem agradável, por sinal.

Tentei ignorar a pontada de ciúme que beliscou meu peito. Eu não queria saber disso. Tinha certeza de que existia uma ligação tênue entre nós, e não queria falar de nada que pudesse mudá-la. Não até que eu entendesse meus sentimentos.

– Quanto a Anna? – tento.

– Quem? – ele parece confuso.

– Anna Farmer, a garota que bateu em Celeste e que você depois enxotou. Anna foi provocada.

– Você ouviu Celeste dizendo alguma coisa? – ele ergue uma sobrancelha para mim, seu tom de voz cético.

– Bem... não. Mas eu conhecia Anna e conheço Celeste. Anna não é o tipo de pessoa que parte direto para a violência. Celeste deve ter dito algo muito maldoso para ela reagir daquele jeito.

– America, estou ciente de que você passa mais tempo com as meninas do que eu, mas você realmente as conhece? Sei que gosta de ficar escondida no quarto ou na biblioteca. Ouso dizer que tem mais intimidade com as criadas do que com qualquer uma das Selecionadas.

Bem, ele tinha um ponto. Mas eu não ia recuar, tampouco deixar transparecer que ele estava certo.

– Isso não é justo. Eu estava certa quanto a Marlee, não estava? Ela não é uma garota legal?

Ele faz uma careta e eu deveria ter tentado decifrar o que essa bendita careta dizia, mas a ignorei enquanto ele respondeu:

– É, ela é legal... acho. – mas sua resposta soa meio hesitante. Não tomo isso como algo importante, ele me deu um ponto e vou perseguir meu ponto de vista até convencê-lo.

– Então por que não acredita em mim quando digo que Celeste agiu de propósito?

– America, não é que eu ache que você esteja mentindo. Tenho certeza de que acha que foi de propósito. Mas Celeste pediu desculpas. E ela sempre é boa comigo.

– Aposto que é. – resmungo, contrariada. Aquela biscate.

– Chega. – Maxon diz, com um suspiro enfado. – Não quero falar das outras meninas.

– Ela tentou roubar meu vestido, aquela zinha. – reclamo, fazendo bico, mas acho que ele não me ouve.

– Eu já disse que não quero falar dela – ele rebate, furioso.

Este é o máximo que irei conseguir com ele hoje. Bufo e dou um tapa na minha própria perna. Estou tão frustrada e com tanta raiva que quero gritar até minha garganta doer.

– Se vai agir assim, vou procurar alguém que realmente queira a minha companhia. – ele dispara e se levanta, começando a se afastar.

– Ei!

– Não! – ele se voltou para mim com um raiva que jamais o vi possuir e jamais achei possível vir dele, tampouco voltada para mim. Sua voz era tão dura como pedra e não pude deixar de perceber quanto aquilo não combinava com ele e quanto combinava. – Você se esquece de sua situação, senhorita America. Faria bem lembrar-se que sou um deus, herdeiro de Zeus, o Deus dos Deuses – “Mais três milhões de crianças em todo mundo”, eu acrescento mentalmente com raiva, amargura e um quê de divertimento, apesar de não sentir de fato aquilo –, e seria um coitado se deixasse você me tratar assim em minha própria casa. Não precisa concordar com minhas decisões, mas deve submeter-se a elas.

Ele se vira e vai embora.

– Eu também não queria falar com você mesmo! – eu grito, com raiva, e com lágrimas se formando em meus olhos.

Ele não ouviu – ou não quis ouvir – o tom de choro e mágoa em minha voz, nem tampouco viu – ou, novamente, não quis ver – as lágrimas que se formavam em meus olhos. Ele me ignorou, ele não se voltou novamente para mim.

Tentei não olhar para Maxon durante o jantar, mas era difícil ignorá-lo. Peguei-o olhando para mim duas vezes, e em ambas ele mexeu na orelha. Não correspondi. Não queria falar com ele. Minha única expectativa para a conversa era mais uma bronca, e eu não precisava daquilo.

Fui para meu quarto quando o jantar não havia nem ao menos terminado de verdade, aleguei uma indisposição e fui a primeira a sair, tão irritada e magoada com ele que mal conseguia pensar. Por que não me escutava? Será que me considerava uma mentirosa? Pior: será que pensava que Celeste jamais mentiria?

Talvez Maxon seja apenas um cara normal, e Celeste apenas uma garota bonita. No fim das contas, a beleza dela prevalece. Depois de toda aquela história de querer uma alma gêmea, quem sabe ele não quer mesmo era um corpo sem alma?

E se ele é esse tipo de pessoa, por que me incomodar? Burra, burra, burra! E eu o tinha beijado! E tinha prometido a ele que teria paciência! E para quê? Eu só...

Viro no corredor onde ficava meu quarto e lá estava Christian de pé ao lado da porta. Toda a minha fúria se desfaz em uma estranha incerteza. Pelo regulamento, os guardas devem olhar para a frente e ficar em posição de sentido. Mas Christian está olhando para mim com uma expressão indecifrável.

– Senhorita America. – ele sussurra, duas palavras apenas tem tanto significado.

– Soldado Roosefild.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? ;)