A Seleção Semideusa escrita por Liz Rider


Capítulo 34
A Grande Campeã


Notas iniciais do capítulo

Então, me desculpem se estereotipei demais alguns deuses, como Afrodite. Sei que ela não é assim como descrevi, fácil, com altos decotes e várias frescuras ou Ares, que só pensa em guerra e, se me permitem, sexo. Ou Zeus, que não foi realmente uma estereotipagem, mas eu tinha que incorporar alguns traços de personalidade do Rei Clarkson a ele. Então, galera que se sentiu ofendido ou similar por causa da minha representação de seus respectivos pais, saibam que não foi por maldade, preconceito ou coisa similar, só porque as coisas tem que ser do jeito que são para tudo ser do jeito que é.
~Não tentem entender minha lógica, só saibam que ela é válida.~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/581962/chapter/34

P.O.V America

Minha respiração fica tensa. Acho que ele já falou, mas não sei ao certo, nada ouço, nada consigo ouvir além do barulho de minha respiração.

Mas então o leve estupor parece se romper de um segundo para outro e posso ouvir Gavril falar claramente:

– ...pelo seu belo número de humor. – ele sorri ao concluir a frase que jamais ouvi o início.

Olho em volta, enquanto aplaudo educadamente, estranhando. Nenhuma das meninas havia feito um show de comédia... não intencionalmente. Olho para os deuses, Zeus e Atena têm a mesma expressão contrariada e posso perceber alguns poucos traços de semelhança entre pai e filha. Hermes está rindo-se e Ares parece envergonhado... não, humilhado – apesar de seu olhar ainda estar no decote da deusa da beleza.

Mal percebo quando Gavril inicia outra frase. Bufo, frustrada, quero saber quem diabos ganhou o terceiro lugar, mas, pelo menos, tenho certeza que não sou eu e meu coração se acelera. Será?

– Em segundo lugar, cujas ganhadoras terão um encontro com o príncipe, ficaram... – ele faz novamente aquela pausa dramática – as belas senhoritas Bariel Pratt e Celeste Newsome pelo sua belíssima apresentação de arte corporal.

Afrodite só falta arranjar pompons para comemorar, fica orgulhosíssima, pulando de um lado para o outro e Ares, a sua frente, também parece bastante contente, já que a cada salto, os seios de Afrodite parecem pular cada vez mais do vestido – e me pergunto se Christian está neste salão neste momento, se está vendo como a mãe está e o que está achando, mas não o vejo em lugar nenhum e meus pensamentos voltam-se novamente para os deuses ali presentes. Zeus também parece feliz.

Eu só falto engasgar enquanto aplaudo de mau gosto. “Arte Corporal?”, “Belíssima apresentação de Arte Corporal?”, insinuação e exposição desnecessária de pele não seria um termo mais adequado? Olho para Bariel e Celeste. Bariel está saltitante, Celeste parece incrivelmente frustrada e com raiva, como se fosse socar a primeira coisa que aparecesse em sua frente, que no caso seriam os peitos – quase tão saltitantes quanto os da deusa do Amor – de Bariel.

E uma tensão se instala pela sala. Olho para a garota ao meu lado, Tuesday, e lhe pergunto, com um pouco de timidez e vergonha:

– Quem ficou em terceiro lugar? Acho que fiquei um pouco aérea. – me desculpo.

Ela parece ficar em dúvida entre a vergonha, alegria e frustração quando fala:

– Eu, Reeli, Elizabeth, Fiona e Zoe. – ela olha para Gavril. – “Pelo seu belo número de humor.” – resmunga ela, contrariada. – Acho que perdemos alguns pontos porque Fiona cochilou no meio da música. Isso que dá colocar uma filha de Hipnos no coral. – ela revira os olhos.

Então entendo. Atena estava decepcionada com a filha, Zeus com a colocação e Hermes estava rindo porque ele é um deus bem humorado, eu acho...

A tensão, ainda forte, quase palpável, parecia oprimir cada um naquela sala, até mesmo os imponentes e grandiosos deuses greco-romanos.

Gavril, parecendo alheio a tensão, recomeça a falar:

– E em primeiríssimo lugar... – ele faz uma pausa novamente, e meu coração dispara. Não quero ter esperança, mas não posso deixar de tê-las. Por alguns instantes tenho a vontade de esganar o apresentador – com direito a uma pequena viagem com o príncipe para o local de sua preferência e a acompanhá-lo na valsa de abertura... – algumas meninas aproveitam para suspirar durante a pequena não tão pequena pausa. – A senhorita... America Singer!

E por um momento eu acho que apagaram as luzes.

Mas, graças a Zeus – ou certamente que não, já que este me olha com cara feia nesse momento –, volto a mim apenas segundos depois. Tuesday está me abanando discretamente e quando percebe a cor voltar ao meu rosto, ela sorri e me parabeniza, assim como as garotas que estão ao meu redor, portando seus melhores sorrisos falsos de boas perdedoras.

Mas não é o olhar delas que procuro achar. Por cima dos ombros delas, não sei ao certo quem quero ver, a meu pai ou a Maxon. O olhar de Maxon encontra o meu primeiro e ele sorri confiante e docemente para mim e eu me sinto um pouco melhor, mesmo estando no meio desse circo.

O olhar de meu pai se trava com o meu assim que desvio meus olhos de Maxon. Ele parece orgulhoso, mas ao mesmo tempo furioso e convencido, como quem diz “eu sempre soube que ela ganharia.”

Eu desvio novamente o olhar e sorrio para as meninas.

– Obrigada. – digo, timidamente e não sei exatamente o que devo fazer agora.

Felizmente, Gavril assume o microfone.

– Parabéns à bela senhorita, cuja voz é tão bonita quanto ela própria! E além de seu talento inigualável no violino, superior ao de vários outros filhos de Apolo que conheço, essa senhorita é mesmo de um raríssimo talento além de seus dons herdados de seu pai. – diz Gavril e sei que pelo menos uma câmera está em mim e desejo que a maquiagem de Mary consiga cobrir o forte rubor que sobe pelo meu rosto.

Vejo Zeus tossindo ao fundo e me controlo para não revirar os olhos. Mas também percebo que Maxon não consegue a mesma proeza.

– Então vamos dar início ao baile! – Gavril anuncia animadamente e, como filho de Dionísio, creio que não poderia se esperar ao divergente a isso.

Todos se levantam ao mesmo tempo e espero um caos, mas de algum jeito bastante curioso, todos saem em uma perfeita e estranha ordem, em filhinhas organizadas.

Os deuses arranjam um lugar, alguns vão encontrar seus filhos, outros ficam em seus tronos e outros – Afrodite e Ares – arranjam um cantinho para se pegar. As meninas fazem um semicírculo involuntário. Eu e Maxon nos encontramos no centro desse círculo agora completo e me sinto como Cinderela no filme que acabou de lançar.

– Olá, minha querida. – ele brinca e seus olhos faíscam para mim.

– Nem comece, Alteza. – sorrio para ele, pegando sua mão, enquanto a outra se posiciona na minha cintura.

A música começa e nós dançamos por alguns segundos em silêncio.

– Então, o guarda tem feito seu trabalho direito? – ele pergunta e está nitidamente sem assunto e acredito que um pouco desconfortável.

– Oh. – não havia pensado em Christian muito naqueles dias, na verdade, só neste momento me dou conta que ainda não topara com ele. – Na verdade eu ainda não o vi. Mas deve estar sendo competente como sempre. – dou um sorriso forçado.

Mais segundos se passam em um silêncio desconfortável, apesar do grande barulho no resto do salão, mas parece que eu e Maxon estamos em nossa pequena bolha pessoal.

– Para onde quer ir? – ele pergunta de repente.

– An? – estava perdida em pensamentos, havia me deixado levar pelo perfume inebriante de Maxon.

– A viagem que você ganhou. Quer ir para onde?

Não havia pensando nisso. Na verdade, nem tinha me ligado muito para o fato de que eu e Maxon viajaríamos aparentemente sozinhos para algum lugar de minha escolha. Para onde eu quero ir? Orlando? Miami? LA? Inglaterra? França? Brasil? México? Mais longe? Eu não sei...

– Pensei que você pudesse me ajudar a escolher. – meu tom de voz e frase soam mais manhosos do que eu tinha imaginado que soariam em minha mente.

– Ah, claro. – Maxon cora e eu tenho vontade de fazer algum comentário esperto, mas a música para e somente o som das palmas ecoa pelo salão.

Maxon solta vagarosamente minha cintura e mãos.

– Sorte a sua que ainda tem os pés. – sorrio para ele e ele me retribui um meio sorriso.

Maxon não me dirigiu nenhum outro sorriso durante a festa após aquele momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E essa viagem, hein? Maxon iggynorou a Meri heuheu. Christian não apareceu nesse capítulo... prevejo tretas.