A Seleção Semideusa escrita por Liz Rider


Capítulo 29
O Beijo


Notas iniciais do capítulo

Estão ansiosos para esse capítulo? Ain, é que tipo, eu estou acostumada a escrever um capítulo, terminá-lo e logo em seguida postar. E como agora eu não termino o capítulo, mas posto algum já terminado, eu não sei bem do que falar, sabem? Então desculpa por isso :'( ;)



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Ás dez horas daquela mesma noite, eu ouvi as batidas. Abri a porta com um só movimento e vejo Maxon fazer cara feia.

– Seria muito bom você ter uma criada aqui durante a noite. – ele simplesmente diz.

– Maxon! – exclamo, jogando os braços em volta de seu pescoço. – Sinto muito mesmo. Não queria chamar você pelo nome na frente de todos. Fui tão idiota.

– Você acha que estou bravo para isso? – ele pergunta, entrando no quarto, e sinto que ele está se segurando para não soltar um sorriso divertido, mas o sorriso já está em sua voz. – America, você me chama pelo nome o tempo todo. Eu já sabia que ia acabar escapando. Só esperava que fosse em um local mais reservado – eu não entendo o sorriso malicioso que ele dá quando fala isso –, mas não vou pegar no seu pé por isso. Pode relaxar.

– Sério? – digo, me afastando e observando sua expressão.

– Aham. Já disse, relaxe.

– Ai, eu me senti tão idiota hoje à noite. Não acredito que você me fez contar aquela história.

– Mas foi o melhor momento da noite! Minha mãe ficou muito impressionada. No tempo dela, as garotas eram mais reservadas que Tiny, e aí você vem e diz que me achava superficial... Ela não se conformava.

Maravilha! Agora a deusa da sorte estava me achando inadequada e certamente também me odiava. Sete anos de azar? Besteira, isso é para noob. Cruzamos meu quarto e acabamos na sacada, observando as estrelas e o jardim. Bate uma brisa suave e morna, carregada com o aroma adocicado e delicado das flores do jardim. A lua cheia brilha sobre nós, deixando as luzes da Mansão ainda mais fortes e davam ao perfil de Maxon um brilho misterioso.

– Então eu fico feliz que você esteja tão impressionado. – digo, meio sem jeito, correndo os dedos pelo parapeito.

Com um pulo, Maxon sentou-se no parapeito. Por um instante eu achei que ele fosse cair, lá, do segundo andar, mas ele simplesmente se firmou e ficou me olhando.

– Você é sempre impressionante. – ele diz, me observando. – Acostume-se com isso.

Hum... Ele está meio estranho... não parece o mesmo...

– Então... o que você disse... – ele começa, completamente meio sem jeito.

– Que parte? Quando chamei você pelo nome, quando disse que eu agia como uma completa barraqueira com a minha própria mãe ou quando sugeri que a comida era minha motivação? – pergunto, com ar de desdém.

Ele soltou uma risada que me pareceu levemente forçada antes de continuar:

– A parte que você disse que eu sou uma boa pessoa...

– Ah, o que tem? – pergunto, por um instante quase captando no ar o que ele tinha.

Mas essas poucas palavras parecem as mais idiotas e vergonhosas que eu poderia ter dito. Abaixo meus olhos para o vestido e fico brincando com a barra do mesmo.

– Admiro que você queira soar sincera, mas não precisava ir tão longe.

Ergo os olhos para ele, minha testa vincada, uma expressão confusa no rosto. Como ele podia pensar algo do tipo de mim?

– Maxon, não fiz aquilo pelo programa. Se você tivesse perguntado um mês atrás qual era minha opinião sincera sobre a sua pessoa, minha resposta teria sido bem diferente. Mas agora conheço você de verdade. Você é tudo o que eu disse. E mais.

Ele permanece em silêncio, mas posso vê que há um pequeno sorriso colorindo seu semblante.

– Obrigado. – ele finalmente fala, ainda encarando um ponto fixo no horizonte que não consigo identificar.

– Ao seu dispor.

Maxon limpa a garganta.

– Ela também será um homem de sorte. – ele fala, como se estivéssemos conversando sobre algum mesmo assunto há muito tempo e esse fosse só mais um comentário sobre aquele tema. Mas é só um comentário solto.

Enquanto ele fala, ele desce de seu “assento” e anda para o meu lado da sacada.

– Quem? – pergunto, levemente confusa.

– Seu namorado. Quando ele cair em si e implorar seu perdão.

Não sabia ao certo o que levava a crer que eu perdoaria Noah. Ele havia acabado comigo. Talvez o estado emocional que ele me deixara fez Maxon acreditar que eu realmente o amava e que iria perdoá-lo por esse motivo. Mas por esse mesmo motivo é que eu não iria perdoá-lo.

Sendo que eu não penso nisso logo assim que Maxon fala, penso no modo sem rodeios que ele o faz e isso me faz rir. Coisas do tipo não aconteciam no meu mundo. Pelo menos não para mim.

– Ele não é mais meu namorado. E deixou bem claro que terminou comigo. – mas ao contrário do que eu insistia em acreditar, havia uma ponta de esperança em minha voz que até eu pude perceber.

– Impossível. Ele deve ter visto você na TV e se apaixonado mais uma vez. Embora, na minha opinião, você continue a ser areia demais para o caminhãozinho dele.

Não queria lembrar a Maxon que os mortais não viam o Programa e que Noah era mortal, por isso só pude rir novamente do jeito que Maxon falava, quase como se estivesse aborrecido, como se tivesse visto a cena um milhão de vezes.

– A propósito – ele prossegue, elevando um pouco a voz –, se você não quiser que eu me apaixone, não pode ficar assim tão linda. A primeira coisa que farei amanhã será mandar suas criadas costurarem uns sacos de batata para você usar.

Dou-lhe uma cotovelada leve no braço, tentando ignorar o leve flerte, o elogio e meu rosto vermelho.

– Cale a boca, Maxon.

– Não é brincadeira. Você é bonita demais para o seu próprio bem. Quando sair, vamos ter que mandar alguns guardas para acompanhá-la. Nunca sobreviverá sozinha, coitada, todos os deuses tentarão assediá-la. – ele zomba, fingindo pena.

– Não posso fazer nada – suspiro, entrando na brincadeira. – Não pedi para nascer perfeita. A culpa é toda de Afrodite por ter despejado todas as suas bençãos em mim. – abano-me com as mãos para mostrar que ser linda era muito cansativo, segurando-me para não rir.

– É, não acho que seja possível evitar. Vou ter que ter uma séria conversa com minha tia Afrodite.

Dou uma risada gostosa, porém não noto que para Maxon aquilo parecia ser algo realmente sério.

Começo a observar o jardim, contemplando a bela vista que eu tinha a sorte de ter e percebi, pelo canto do olho, que Maxon tem o olhar fixo em mim. Seu rosto está pertíssimo do meu. Quando me viro para perguntar o que diabos ele estava olhando, fico surpresa: seu rosto está perto o suficiente do meu para me beijar.

Mas a surpresa maior vem quando ele de fato me beija.

Me afasto imediatamente, quase como num impulso e dou alguns passos para trás, gesto que é imediatamente repetido como num espelho por Maxon. Sendo que os seus reflexos do espelho nunca te beijam.

Sabia que meu rosto estava em chamas, mas por incrível que pareça, o de Maxon deve estar mil vezes pior.

– Desculpe. – ele murmura, mil vezes constrangido.

– O que você está fazendo? – eu pergunto, minha voz fraca e abalada, não compreendia direito o que tinha acontecido.

– Desculpe. – ele repete.

Ele se vira para o lado, ocultando sua face, certamente sentindo-se mais envergonhado ainda.

– Por que você fez isso? – pergunto, confusa, levando meus dedos aos lábios.

– É que... – ele começa, atrapalhado, a vergonha fazendo as palavras se atropelarem. – o que você disse no programa... E ontem você me procurou... Seu modo de agir... Pensei que seus sentimentos tinham mudado. E eu gosto de você. Achei que já tivesse notado.

Ele se vira para mim antes de continuar:

– E... Ah, o que fiz foi terrível? Você não parece nem um pouco feliz.

Tento limpar qualquer expressão do meu rosto. Maxon parecia realmente se importar. Maxon parecia realmente sofrer.

– Sinto muito, demais. Nunca beijei ninguém antes. Não sei o que estou fazendo. Eu só... desculpe-me, America.

Ele respira fundo e passa a mão no cabelo várias e repetidas vezes, encostando-se no parapeito.

Foi meio estranho quando um calor completamente inesperado começou a subir por meu corpo.

Ele queria que seu primeiro beijo fosse comigo... ownt, que meigo! Eu poderia não ser filha de Afrodite, mas tinha que admitir que aquilo foi o máximo do romantismo já visto e não pude deixar de compará-lo com Noah. Nesse quesito Maxon dava de dez a zero nele.

Eu rapidamente penso no Maxon que agora eu conheço, um homem cheio de qualidades; capaz de me ceder o prêmio de uma aposta que eu perdera; de me perdoar depois de eu ter machucado seu corpo e seu coração.

Pensando nisso, descubro que não me importava de ser beijada por ele.

Claro que eu ainda sinto alguma coisa por Noah. Isso é algo que eu não posso desfazer. Mas se não podia tê-lo, o que me impedia de ficar com Maxon? Ignoro o quão aquela frase parece... estranha, amarga, aproveitadora, má, e aos meus preconceitos, aqueles que estão bem distantes da verdade e me aproximo de Maxon, esfregando minha mão em sua testa.

– O que está fazendo? – não há irritação em seu tom, só... curiosidade.

– Apagando a lembrança. Sei que podemos fazer melhor do que isso.

Abaixo a mão e me aconchego ao seu lado. Seu olhar permanecia voltado para o quarto. Ele não se moveu... Mas sorriu.

– America, acho que nós não podemos mudar a história. – apesar de suas palavras, havia uma ponta de esperança em seu rosto e voz.

– Claro que podemos. Afinal, quem vai saber disso além de nós dois?

Maxon me encara por alguns segundos, claramente se perguntando como é que aquilo poderia ter algum sentido. Vejo uma confiança cuidadosa tomar conta de sua expressão aos poucos, enquanto ele mantêm seus olhos nos meus. Permanecemos assim por uns minutos até eu conseguir lembrar do que ele acaba de dizer.

– Ninguém pede para nascer perfeito. – eu sussurro.

Ele se aproxima, envolvendo minha cintura com seus braços e puxando-me para si. Nossos narizes se tocam brevemente. Ele acaricia meu rosto e minhas bochechas de um jeito tão terno e delicado que parecesse temer que eu quebre.

– É. – ele concorda e por um momento tento me lembrar com o que ele está concordando. – Realmente não deve ser possível evitar.

Com sua mão aproximando lentamente meu rosto do seu, Maxon inclina a cabeça e, quando seus lábios tocam levemente os meus, me dá os mais tímidos dos beijos.

Algo em sua hesitação fez com que eu me sentisse bela e preciosa. Sem precisar de palavras, pude compreender quão emocionado ele estava com aquele momento, mas também quão assustado estava. E por trás de tudo isso, vi o quanto ele parecia gostar de mim.

Então era assim que uma dama se sentia...

Depois de um tempo, ele se afasta e me pergunta, seus olhos brilhando:

– Melhorou?

Tudo o que consigo fazer é concordar com a cabeça, estou definitivamente sem palavras e Maxon parece a ponto de dar piruetas. Meu peito carrega uma emoção semelhante. Tudo tão inesperado, tão rápido, tão estranho. Meu rosto certamente denunciou minha confusão, porque Maxon ficou sério de repente.

– Posso dizer uma coisa?

– Não sou burro o bastante para crer que você esqueceu seu antigo namorado. Sei pelo que vocês passaram e que as circunstâncias aqui não são exatamente normais. Sei que você acha que há moças aqui mais adequadas para mim e para a vida da eternidade conjugal. Não quero me apressar e tentar ser feliz com qualquer uma. Eu só... só quero saber se é possível...

Isso era realmente uma pergunta difícil de responder. Por acaso eu desejaria uma vida que jamais quis? Estaria disposta a vê-lo em encontros alegres com as outras apenas para se certificar de que não estava errado? A assumir todas as responsabilidades de ser uma deusa e tal? Eu queria amá-lo?

– Sim, Maxon... – eu sussurro, sabendo que aquela minha resposta mudaria para sempre tanto a minha vida quanto a dele. – É possível.


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Notas finais do capítulo

O Maxon é TÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO perfeito. E a America é meio tontinha. Aproveita, idiota!



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